3: Sem animo para nada.

Cap.3: Sem animo para nada.

Tinha tantas pessoas ao redor, dançando e aproveitando a festa, que Lavínia mal encarava a amiga. O espaço em que ela estava parecia envolto em uma aura fria e pouco amigável, afastando até mesmo olhares para não atrair seu mau-humor. 

— A ignorem! Mesmo que sejamos funcionários dela, hoje é o dia em que podemos curtir sem nos preocupar com a ranzinza nos dando bronca. — sua amiga gritou, tentando quebrar o desconforto dos funcionários. 

Em poucos segundos, a música estava alta e todos bebiam e se divertiam, exceto Lavínia. Ainda assim, mesmo com todos distraídos, sua intenção de fuga era sempre frustrada, já que sua amiga a impedia. 

— Você não vai a lugar algum, não antes de ver todos os homens lindos que contratei da companhia de modelos que faz as revistas mensais de advogados campeões. 

— Como uma empresa que faz revistas sérias pode trabalhar com esse tipo de serviço? — Lavínia protestou, irritada. 

— É uma indústria famosa de entretenimento e agência de modelos. Tem muitos modelos lá que são contratados para eventos, não sabe o quanto foi difícil selecionar todos eles. — ela se mantinha indiferente, mesmo após a entrada de quase dez homens vestidos como garçons. Aos poucos, quase não havia mais roupas para ver, quando as meninas começaram os jogos enquanto Lavínia se mantinha no canto, observando todos, até que mais um dos modelos entrou. 

Foi a mesma vibração empolgada das meninas ao avistarem o homem alto e de boa aparência, que sorriu educadamente e tentava parecer gentil, mas seu olhar transmitia certo mistério, como se houvesse algo que o incomodasse, ainda mais quando todas aquelas mulheres se aproximaram dele, tornando-o o centro das atenções. Assim como a atenção de Lavínia, que mantinha seu olhar fixo nele, lendo cada gesto e movimento. 

— O que está fazendo? — perguntou Lavínia à sua amiga quando Zara se aproximou, puxando-a. 

— Você vai mesmo ficar emburrada o tempo inteiro? — ela perguntou de forma repreensiva, puxando Lavínia para o banheiro. — Você vai acabar morrendo cedo! — Zara berrou de repente. 

— O que está falando? Ficou louca agora? 

— Não, só que... a festa está incrível, é uma festa das garotas, e você está simplesmente sentada com essa cara de limão azedo, como se estivesse tudo errado. 

— E não está? 

— É sério... eu fiz essa festa para você e pensa... você viu aqueles caras? Não gostou de nenhum? Eu só vou sair daqui quando você se divertir e ao menos dançar com um deles. O último que chegou então... 

— Nada excepcional, é só um cara se prestando a um papel ridículo, nenhum desses homens faz meu tipo. — ela disse com convicção, deixando Zara sem reação. 

— Que homem faz seu tipo? O desgraçado que te atormentou e, se é que não te atormenta ainda? 

— Nós não temos mais nada há muito tempo, você sabe! 

— E de quem era...? — Zara ia tocar no assunto por descuido, mas silenciou, sabendo o quanto o tema era delicado para Lavínia. 

— Olha... para de tentar ajudar dessa forma... Você só está piorando e agora quer jogar para cima de mim homens que usam sua beleza para ganhar dinheiro. Sabe lá com quantas eles ficam apenas em uma noite para se divertir e ganhar dinheiro? Não consigo ter uma visão boa de nenhum deles, ainda mais o último. Você viu o quanto as mulheres estavam em cima dele? Com certeza ele gosta de se aproveitar das mulheres para benefício próprio. Eles poderiam estar fazendo coisas mais... 

— Chega! — Zara gritou, se descabelando. — Você me deixa doida! — ela asseverou, saindo do banheiro, e Lavínia a seguiu, dando de ombros, indiferente ao surto da amiga. 

Agora com o banheiro vazio, uma das portas do box se abriu, e o rapaz que tinha saído por último apareceu com o telefone na mão. Ele estava em uma ligação antes delas chegarem e teve que encerrar antes, mas acabou ouvindo toda a conversa e sorriu, cético. 

— Ela estava falando de mim? — um sorriso leviano se formou em seus lábios, e em seguida, ele saiu do banheiro. 

Lavínia voltou para seu lugar e continuou com sua vibe de desgosto, até olhar ao redor e perceber que Zara não estava mais por perto. Foi sua oportunidade de ouro. Sem pensar duas vezes, ela se esquivou e conseguiu sair, podendo finalmente respirar ar puro. Ela sorriu, vitoriosa, ajeitando seus fios longos e castanhos para trás com um olhar determinado e orgulhoso. 

— Onde está indo? — ela ouviu a voz calma de sua amiga, que estava a alguns metros, perto do elevador, conversando com um dos modelos. 

Lavínia petrificou ainda em frente à porta, enquanto praguejava para si. Em seguida, olhou ao redor, tentando encontrar uma justificativa, até avistar um dos rapazes. Era o mesmo que estava no banheiro; ele decidiu continuar a ligação do lado de fora.

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