Cap. 8: a chefa vira funcionário?
— Bom dia a todos! — começou Samuel a discursar. — Sejam bem-vindos à Alpha Corp Advogados, uma das empresas mais prestigiadas. Como vocês sabem esse prestígio não é de graça, e temos critérios rigorosos. Por isso, as avaliações já começam no momento em que vocês entram na empresa. — Ele comentou, encarando Zen, que se mantinha com postura ereta e séria, demonstrando indiferença. — Por isso, o candidato Zen Obedon pode se aproximar, por favor. — Ele chamou, sem saber qual dos candidatos era. Então, Lavínia viu o mesmo rapaz dar um passo à frente e percebeu que ele seria desclassificado.
— Sim? — Zen disse ao passar na frente de todos, seguindo de forma despreocupada. A maioria já estava segurando o riso, sabendo qual seria o resultado.
— Bom… você se atrasou… — Samuel arrastou a voz quando viu Lavínia dando pulos silenciosos com a mão estendida, balançando o dedo negativamente. — Você sabe que há punições para quem se atrasa. Tenha cuidado… neste momento vai te custar dois pontos. — Ele disse, desconfortável, tentando inventar uma desculpa.
— Senhor? Como assim pontos? — Uma das candidatas perguntou, e Samuel encarou Zara como se pedisse socorro a ela.
— É um dos nossos critérios. Quando você entra na empresa, você tem dez pontos. À medida que você é avaliado, aquele que tiver cinco pontos ou mais é aprovado. — Ela avisou com desconforto, e naquele momento todos ficaram animados.
Eles foram levados para a sala, e Lavínia teve que se sentar junto com os candidatos. Zen continuava a observá-la até que a primeira atividade fosse anunciada: trabalho em dupla. As equipes seriam sorteadas pelos entrevistadores.
— O que está acontecendo? — Perguntaram os outros entrevistadores, enquanto Lavínia mantinha seu olhar de alerta em direção a eles.
— É melhor deixar as coisas como estão se quiserem manter seus empregos. Tem dias que ela não está bem, e esse deve ser um desses dias. Ela agora é uma das candidatas. — Samuel avisou com indiferença, enquanto organizava os currículos à sua frente na mesa.
— O que acha de uma brincadeira? — Perguntou Zara a Samuel, com a lista de candidatos. Ela segurava em suas mãos dois papéis, cada um com nomes diferentes.
— Você percebeu algo? — Perguntou Samuel.
— Depois te conto. — Ela disse, sorrindo de forma maliciosa.
Quando foram anunciadas as duplas, Lavínia encarou Zara e percebeu que ela estava contendo o riso. Então, percebeu que foi ideia dela, mas não podia sair do papel agora. Então, se levantou e seguiu em direção a Zen, sentando-se na cadeira ao seu lado. Naquele momento, dividiriam a mesma mesa.
— Acordou bem depois do que aconteceu? — Ele perguntou de forma discreta, com um sorriso malicioso, assim como seu olhar.
— Não sei do que você está falando. — Ela balbuciou, desviando o olhar.
— Acredito que você não bebeu o suficiente para se esquecer das coisas dessa forma. — Ele comentou com indiferença, pegando os documentos que foram entregues a eles.
— O teste é simples. Vocês devem lidar com esses casos. São simples, não requerem muito conhecimento. Respondam às questões e serão avaliados. Lembrem-se que é um trabalho em equipe. Todas as respostas devem ser de ações feitas em equipe.
— Você vai mesmo fingir que não se lembra?
— Por que não foca no seu teste ao invés de ficar me incomodando? Eu não faço ideia de quem você é. — Ela respondeu com frieza, sem o encarar, mas Zen sorriu de canto, jogando os papéis na mesa. — Desse jeito, não vai nem ter a chance de passar, sendo que já perdeu dois pontos.
— Não faz diferença. Sendo bom ou ruim, eu não vou passar nem se tivesse uma nota perfeita. — Ele comentou, sentando-se de forma relaxada.
— Mas essa é uma empresa séria. Se pode ter um bom resultado, apenas tenha. Você acha que não consegue?
— Eu consigo ser bom em tudo que eu quiser. — Ele disse com arrogância.
— Então por que não tenta passar nisso?
— Porque essa é a única coisa que não importa se eu vá bem ou mal, então eu não quero tentar. — Ele disse indiferente, cruzando os braços e agora ignorando Lavínia também.
— Você é extremamente desagradável. — Ela resmungou, pegando os papéis.
— Bom… Alguém tem que passar no teste. — Ele comentou com indiferença, enquanto ela começava a responder.
— Pode ter certeza que você não será aprovado mesmo. — Ela finalizou, focando no papel. — Como vi, não passa de um arrogante com limitações. — Ela comentou, demonstrando irritação.
— E diz que não se lembra de mim? Como pode querer atacar alguém que você não conhece? — Ele perguntou, mantendo-se focado na leitura, como se não esperasse uma resposta dela.
— Você poderia apenas fazer de conta que não aconteceu? — Ela perguntou de forma repentina, tentando se manter discreta para que sua amiga Zara não percebesse a conversa, mas tanto ela quanto seu amigo Samuel estavam atentos.
— O dinheiro foi suficiente? Afinal, não se pode viver só dos privilégios de ter uma amiga rica. — Ele comentou com deboche, fazendo Lavínia o encarar de esgueio.
— Seu! — Ela se levantou de forma abrupta, demonstrando irritação e atraindo o olhar de todos.
Cap. 9: Gato e Rato.Lavínia ficou constrangida por ter se alterado, em seguida se sentou sorrindo desconcertada e pedindo desculpas a todos, ao mesmo tempo que Zen continuava concentrado em seus papéis.— Se ela o ajudar, ele não vai passar no teste. — Samuel respondeu os observando com atenção.— Ele está fazendo sozinho sem nem prestar atenção nela, só não sei o que está acontecendo, ela claramente está desconfortável e irritada.— Relaxa, quando tudo isso acabar eu te conto, você vai ficar surpreso com a fofoca. — Zara sussurrou para Samuel.— O que está acontecendo? Lavínia deveria estar aqui na frente. — um dos homens pergunta impaciente se levantando junto com mais outros dois que demonstram indignação.— Senhores, vocês podem conversar lá fora se tiverem alguma dúvida, eu posso fiscalizar enquanto vocês resolvem qualquer problema. — o chefe de RH avisou então eles saíram imediatamente, mal perceberam seu olhar sombrio em direção a Lavínia e Zen.Quando saíram, Zara inventou um
10: por que ele não consegue emprego?Lavínia hesitou por um momento, franzindo o cenho. Uma ligação daquele homem era realmente algo muito inusitado.— Alpha Corp advogados…— Dispenso formalidades. — ela ouviu a voz ríspida, mas calma do outro lado da linha. — Boa noite, senhora Bayer.— Boa noite, senhor Romanov. — ela respondeu sem vontade.— Estive pensando em sua empresa alguns dias. Vocês têm ido bem, mas soube que está buscando parcerias nos negócios. Eu gostaria de poder conversar com você e pensar em uma forma de nos unirmos. Podemos ser uma potência inabalável.— O senhor sempre rejeitou a parceria de negócios. Me lembro que alguns anos atrás você até mesmo humilhou a nossa empresa, dizendo que não iríamos evoluir e que não éramos bons advogados. Sei que crescemos além do esperado, mas ainda não é motivo para querer uma parceria, mesmo que estejamos avançando para ser uma empresa de advocacia de excelência.— Você está certa, meu contato não é em vão. Na verdade, soube que
Cap. 11: Respira e finge.Ela foi obrigatoriamente levada para a sala de reunião e, assim que todos se acomodaram em suas cadeiras, ela se pôs de pé em frente a todos com um olhar rígido.— Somos uma rede de advogados e, como vocês sabem, a empresa Romanov, mesmo sendo uma das que está no topo da economia do país, deu indícios de que também pode ter algum trabalho ilegal. E vocês todos sabem, então não entendo o motivo de estarem causando toda essa comoção. O que vocês querem? Que futuramente, quando tudo isso cair na mídia, continuemos os mesmos? Estamos avançando sem os Romanov, mas se fizermos parte e carregarmos uma associação como essa, seremos destruídos junto com essa empresa um dia! — ela asseverou, e foram as últimas palavras ouvidas naquela sala. Então, se retirou seguindo para seu escritório. Ainda assim, um dos acionistas bateu à sua porta.— Entre! — ela avisou.— Senhora Bayer, ainda temos uma dúvida sobre essa questão. O senhor Romanov ligou para mim, então eu pedi para
Cap. 12: antipatia por você.O chefe de RH apenas observou Bayer sem dizer muito. Continuou organizando os papéis e, após guardá-los na gaveta de forma despreocupada, permaneceu em silêncio enquanto ela esperava ansiosa por uma resposta.— Estou desatualizado do assunto. O que você está querendo, senhora Bayer? — perguntou, calmo e sereno, como se ela tivesse chegado de forma amigável.— Você sabe como eu prezo por cada contratação. O que pensou que estava fazendo ao aprovar alguém que eu não permitiria entrar na empresa? — questionou, irritada.— Não sei do que está falando — respondeu ele, confuso.— O funcionário Zen Obedon, isso te diz algo?— Ah... Ele não é um dos seus funcionários, realmente. Zen Obedon vai trabalhar na área de saúde mental, sabe? Desde que entrei nessa empresa, há três anos, tenho percebido que os funcionários estão sob uma carga de trabalho e uma pressão psicológica altíssimas vindo da sua parte. Horas extras, casos exaustivos e raras folgas. A Alpha Corp Adv
Cap. 13: Relacionamento secreto.— Me empresta a chave do seu carro, eu preciso levá-la a um hospital. — ele pediu com um olhar de súplica. — Ele me contou que você falhou, essa foi a primeira falha depois de anos, mas ele não tolera falhas, você sabe. E agora está desobedecendo... O que foi? Foi com essa mulher que você passou a noite? — E se for? — ele perguntou, irritado. — Ela já lhe trouxe problemas e agora está fazendo de novo, mesmo que de forma inconsciente. — ele avisou, entregando a chave a Zen. — Eu não vou fugir, vou enfrentar o problema que arrumei. — Boa sorte. Você sabe que eu tento te ajudar o máximo que consigo, mas já não tenho controle dessa situação. Você tem sido descuidado, não posso me meter em coisas de família. — ele disse, em seguida se virando e indo embora.Zen colocou Lavínia deitada no banco de trás e seguiu para o hospital, suspirando pesadamente várias vezes, demonstrando preocupação. Quando finalmente chegou ao hospital, ela foi atendida, enquanto
Cap. 14: Interessado na sua vida.— Lavínia sempre foi uma mulher muito difícil de lidar, então era de se esperar que ela escondesse seu relacionamento para que seus pais não interferissem. Ela deve gostar muito de você. — comentou o médico. — Ela pensa que está protegendo as pessoas quando esconde as coisas e, por isso, pode não ter te contado sobre o que aconteceu há dois meses. Ela estava cheia de machucados, e estava óbvio que tinha sido agredida por alguém a ponto de perder a criança, mas ela diz que tinha caído. — Queda? — ele perguntou, com uma aura sombria se apossando de seu semblante. — Enfim... ela perdeu a criança ainda no primeiro trimestre, estava para fazer três meses. Faz dois meses, e ela não teve os devidos cuidados ou veio ao hospital para fazer exames. Agora que ela está aqui, posso fazer isso, e se não for muito incômodo, conto com sua ajuda para o bem-estar dela. — o médico pediu apreensivo. — Você é próximo dela? — Zen perguntou, desconfiado. — Sou um amigo
Cap. 15: quem te puniu?— Não estou dizendo nada, chegamos. Apesar de você estar exausta, ainda temos que trabalhar mais tarde — ele avisou, sua voz carregada de um cansaço que contrastava com a tensão crescente entre eles. Enquanto ela abria a porta do carro, um sorriso irônico curvou seus lábios.— Boa sorte para você. Eu não preciso me preocupar com isso. Apenas vá. Você não precisa descansar e devolver esse carro que está acima das suas expectativas de vida? E só para avisar, já vai dar nove horas — ela disse com uma arrogância que beirava a crueldade, virando-lhe as costas com desprezo.Ele observou-a se afastar, a figura esguia desaparecendo no portal do prédio.“Quem olha até pensa que ela é alguma coisa, além de uma mulher que monta nas costas de sua amiga rica” pensou, e um amargo sorriso curvando seus lábios. Antes que pudesse dar partida, a porta do carro se abriu e três homens entraram, sentando-se nos bancos de trás. A calma com que o fizeram era mais aterrorizante que q
Cap. 16: De pé mesmo morrendo.— Desculpem o atraso! — ele avisou, entrando na sala com uma postura confiante. Seus olhos varreram o grupo de estagiários, analisando-os com um olhar calculista.— Soube que ainda vão separar a sala para ele, certo? — Samuel perguntou a Zara, seu tom de voz carregado de uma curiosidade que beirava o sarcasmo.— Sim, ele ainda está em avaliação, então vai estar junto com todos, mas... com uma orientadora diferente, a Cintia! — Zara respondeu, um sorriso malicioso curvando seus lábios.— A... a deusa do RH? — Samuel perguntou, fingindo surpresa.— Exatamente, Zen vai dividir mesa com ela, ela vai lhe dar as orientações diretamente e o garoto já entrou na Alpha Corp de pé direito porque vai estar do lado da mulher mais cobiçada da empresa, depois de Lavínia, é claro. — Zara suspirou, fingindo pesar.— Cintia está abaixo de você também. — comentou Samuel com indiferença, caminhando em direção ao centro da sala. — Não precisamos nos apresentar de novo, meu