Cap. 15: quem te puniu?— Não estou dizendo nada, chegamos. Apesar de você estar exausta, ainda temos que trabalhar mais tarde — ele avisou, sua voz carregada de um cansaço que contrastava com a tensão crescente entre eles. Enquanto ela abria a porta do carro, um sorriso irônico curvou seus lábios.— Boa sorte para você. Eu não preciso me preocupar com isso. Apenas vá. Você não precisa descansar e devolver esse carro que está acima das suas expectativas de vida? E só para avisar, já vai dar nove horas — ela disse com uma arrogância que beirava a crueldade, virando-lhe as costas com desprezo.Ele observou-a se afastar, a figura esguia desaparecendo no portal do prédio.“Quem olha até pensa que ela é alguma coisa, além de uma mulher que monta nas costas de sua amiga rica” pensou, e um amargo sorriso curvando seus lábios. Antes que pudesse dar partida, a porta do carro se abriu e três homens entraram, sentando-se nos bancos de trás. A calma com que o fizeram era mais aterrorizante que q
Cap. 16: De pé mesmo morrendo.— Desculpem o atraso! — ele avisou, entrando na sala com uma postura confiante. Seus olhos varreram o grupo de estagiários, analisando-os com um olhar calculista.— Soube que ainda vão separar a sala para ele, certo? — Samuel perguntou a Zara, seu tom de voz carregado de uma curiosidade que beirava o sarcasmo.— Sim, ele ainda está em avaliação, então vai estar junto com todos, mas... com uma orientadora diferente, a Cintia! — Zara respondeu, um sorriso malicioso curvando seus lábios.— A... a deusa do RH? — Samuel perguntou, fingindo surpresa.— Exatamente, Zen vai dividir mesa com ela, ela vai lhe dar as orientações diretamente e o garoto já entrou na Alpha Corp de pé direito porque vai estar do lado da mulher mais cobiçada da empresa, depois de Lavínia, é claro. — Zara suspirou, fingindo pesar.— Cintia está abaixo de você também. — comentou Samuel com indiferença, caminhando em direção ao centro da sala. — Não precisamos nos apresentar de novo, meu
Juntos, eles começaram a carregar as pilhas de arquivos, o silêncio entre eles mais pesado que o próprio papel. A cada movimento, a dor de Zen se intensificava, mas ele a ignorava, focado em ajudar Lavínia.Eles seguiram em silêncio, dessa vez ela não implicou com ele. Percebeu que ele estava bem diferente de hoje cedo, até notou uma discreta inchação na lateral dos olhos. Aquele olhar de desdém havia sido substituído por um de cansaço, quase de resignação.Já estavam na última pilha quando ele soltou um gemido baixo ao colocá-la no chão.— Até que para alguém que é jovem você está bem fora de forma, — ela comentou, o analisando com mais atenção. Mas ele nem mesmo a respondeu, suava frio e várias vezes suspirava pesado, tentando disfarçar a dor que o consumia.— Já deu a hora, está na hora de ir, certo? — ele perguntou com a voz firme, mas um tremor o denunciava.— Sim. — ela respondeu, ainda o observando. Quando ele se virou para sair, ela percebeu uma mancha vermelha discreta se for
Cap. 18: Para que você não escute.— O que você faz aqui? — ele perguntou, abrindo os olhos com dificuldade. A mão de Lavínia, macia e quente, o fez estremecer. Ela parecia tão frágil e, ao mesmo tempo tão forte, cuidando dele como uma mãe. Seus olhos, grandes e expressivos, transbordavam de compaixão.— Como você chegou a esse estado? Você estava bem ainda essa manhã. — ela perguntou, sua voz baixa para não perturbar o silêncio daquela noite.Ele piscou lentamente, tentando focar os olhos doloridos. A luz fraca da lua filtrava pelas cortinas rasgadas, iluminando apenas um canto do quarto. O ar estava carregado de um leve cheiro de sangue e desinfetante. — O que pensa que está fazendo? E se alguém te ver? — ele murmurou a voz rouca.— Isso importa agora? Eu vou te ajudar a trocar essas ataduras e fazer um curativo. Na verdade, é melhor eu te levar a um hospital, isso está muito sério. O que aconteceu com você? — ela perguntou, tentando desenrolar as ataduras que envolviam seu braço.E
Cap. 19: Um perseguidor.Lavínia foi arrastada até um ponto cego, onde a luz era escassa. O homem a soltou bruscamente, mas ela se segurou na parede, as unhas deixando marcas vermelhas na tinta. O ar estava úmido e pesado, carregado de um cheiro a metal que a fez estremecer.— Até quando vai ficar me atrapalhando? — ele perguntou, sua voz baixa e rouca ecoando no corredor.— Até você entender que eu não vou ceder! — ela asseverou, sua voz firme, apesar do medo que a consumia. Empurrou-o com todas as forças, mas ele a agarrou pela nuca, colando sua testa agressivamente à dela. Seus olhos, escuros e penetrantes, a fixavam com um ódio que parecia crescer a cada dia, como se ela fosse a causa de todos os seus problemas.— Você já está esquecida da nossa última briga? Você não tem como levar vantagem. — ele comentou, sua voz ameaçadora.— Eu posso não ter como levar vantagem fisicamente, mas pode ter certeza que enquanto continuar me intimidando, eu não vou te deixar avançar! — ela gritou
Cap. 20: Mentira atualizada.Lavínia encarou Zara em alerta enquanto ela ficava desesperada com os olhos correndo todos os lados da sala.— Bom… eu vou sair. — Zara balbuciou. — Podem conversar à vontade, espero que esse problema seja resolvido e voltem ao seu trabalho. — Ela avisou, segurando Samuel pelo braço e o arrastando para longe daquela confusão.— Por que eles acham que ele é o pai da criança que ela perdeu? — Samuel perguntou.— Os pais dela viram ele com Lavínia duas vezes. — Zara avisou enquanto continuava a arrastar Samuel.Zen, por sua vez, ainda estava de pé próximo à porta, observando os pais de Lavínia que agora o analisavam de cima a baixo como se estivessem prontos para dar uma avaliação. Tudo que ele conseguia fazer era encarar Lavínia com indagação, mas sem poder fazer as perguntas.— Como vocês se conheceram? — A mãe de Lavínia iniciou a conversa, mas Zen encarou Lavínia esperando que ela falasse algo.— Afinal, vocês estão juntos, não é? — Perguntou o pai dela
Cap. 21: Zen desiste do empregoLavínia o encarou sem reação, curiosa. A luz fraca da biblioteca realçava as sombras em seu rosto, enquanto ela tentava decifrar as intenções do rapaz.— Você pensa que a senhora Bayer é transtornada por acaso? — perguntou ele, a voz carregada de indignação, deixando-a desconcertada.— Todo mundo aqui venera essa senhora, mas desde ontem, quando entrei aqui e me deparei com essas cartas, presentes medonhos e macabros — nesse meio, tinha até mechas de cabelo e coisas que realmente não deveriam estar guardadas — me fez pensar em como essa senhora deve estar. — A voz dele ecoou no silêncio do armazém, enquanto seus olhos percorriam as prateleiras repletas de caixas e objetos.— Ela não está tão mal assim, ela tem tudo. — comentou Lavínia, forçando um sorriso.— Não, alguém que recebe tantas cartas de ódio e presentes maldosos nunca vai ficar bem de verdade. Além do fato de agora ela se esconder. Caso contrário, eu já até a teria visto em algum momento. A s
Cap. 22: Um reciclador?Zen se aproximou dela, ainda segurando os livros e algumas canetas que havia recolhido do chão. — É cada coisa que se joga fora, não é? — ela balbuciou, desconfortável. — O que está fazendo aqui? — ele perguntou, ainda confuso. — Eu queria vir pessoalmente te dar o aviso. Meus pais estavam causando problemas, mas você não saiu da empresa, por isso precisa voltar ao seu posto para não ser demitido por justa causa. — Eu voltar? — Ele sorriu, desconcertado. — Eu nem me encaixo naquele lugar, não deveria estar lá e nem sei como fui parar. — Mas está. Se quiser essa oportunidade, ela ainda é sua. Caso contrário, apenas desista. Estou te avisando para que você escolha seu destino. — Ela avisou, dando-lhe as costas, mas voltou de repente, encarando-o de cima a baixo. — Ainda assim... acredito que você precise desse emprego. Não sei por que alguém ficaria recolhendo coisas velhas do lixo dessa forma. — Ela finalizou, dando de ombros e indo embora. — Só o que falt