Cap. 18: Para que você não escute.— O que você faz aqui? — ele perguntou, abrindo os olhos com dificuldade. A mão de Lavínia, macia e quente, o fez estremecer. Ela parecia tão frágil e, ao mesmo tempo tão forte, cuidando dele como uma mãe. Seus olhos, grandes e expressivos, transbordavam de compaixão.— Como você chegou a esse estado? Você estava bem ainda essa manhã. — ela perguntou, sua voz baixa para não perturbar o silêncio daquela noite.Ele piscou lentamente, tentando focar os olhos doloridos. A luz fraca da lua filtrava pelas cortinas rasgadas, iluminando apenas um canto do quarto. O ar estava carregado de um leve cheiro de sangue e desinfetante. — O que pensa que está fazendo? E se alguém te ver? — ele murmurou a voz rouca.— Isso importa agora? Eu vou te ajudar a trocar essas ataduras e fazer um curativo. Na verdade, é melhor eu te levar a um hospital, isso está muito sério. O que aconteceu com você? — ela perguntou, tentando desenrolar as ataduras que envolviam seu braço.E
Cap. 19: Um perseguidor.Lavínia foi arrastada até um ponto cego, onde a luz era escassa. O homem a soltou bruscamente, mas ela se segurou na parede, as unhas deixando marcas vermelhas na tinta. O ar estava úmido e pesado, carregado de um cheiro a metal que a fez estremecer.— Até quando vai ficar me atrapalhando? — ele perguntou, sua voz baixa e rouca ecoando no corredor.— Até você entender que eu não vou ceder! — ela asseverou, sua voz firme, apesar do medo que a consumia. Empurrou-o com todas as forças, mas ele a agarrou pela nuca, colando sua testa agressivamente à dela. Seus olhos, escuros e penetrantes, a fixavam com um ódio que parecia crescer a cada dia, como se ela fosse a causa de todos os seus problemas.— Você já está esquecida da nossa última briga? Você não tem como levar vantagem. — ele comentou, sua voz ameaçadora.— Eu posso não ter como levar vantagem fisicamente, mas pode ter certeza que enquanto continuar me intimidando, eu não vou te deixar avançar! — ela gritou
Cap. 20: Mentira atualizada.Lavínia encarou Zara em alerta enquanto ela ficava desesperada com os olhos correndo todos os lados da sala.— Bom… eu vou sair. — Zara balbuciou. — Podem conversar à vontade, espero que esse problema seja resolvido e voltem ao seu trabalho. — Ela avisou, segurando Samuel pelo braço e o arrastando para longe daquela confusão.— Por que eles acham que ele é o pai da criança que ela perdeu? — Samuel perguntou.— Os pais dela viram ele com Lavínia duas vezes. — Zara avisou enquanto continuava a arrastar Samuel.Zen, por sua vez, ainda estava de pé próximo à porta, observando os pais de Lavínia que agora o analisavam de cima a baixo como se estivessem prontos para dar uma avaliação. Tudo que ele conseguia fazer era encarar Lavínia com indagação, mas sem poder fazer as perguntas.— Como vocês se conheceram? — A mãe de Lavínia iniciou a conversa, mas Zen encarou Lavínia esperando que ela falasse algo.— Afinal, vocês estão juntos, não é? — Perguntou o pai dela
Cap. 21: Zen desiste do empregoLavínia o encarou sem reação, curiosa. A luz fraca da biblioteca realçava as sombras em seu rosto, enquanto ela tentava decifrar as intenções do rapaz.— Você pensa que a senhora Bayer é transtornada por acaso? — perguntou ele, a voz carregada de indignação, deixando-a desconcertada.— Todo mundo aqui venera essa senhora, mas desde ontem, quando entrei aqui e me deparei com essas cartas, presentes medonhos e macabros — nesse meio, tinha até mechas de cabelo e coisas que realmente não deveriam estar guardadas — me fez pensar em como essa senhora deve estar. — A voz dele ecoou no silêncio do armazém, enquanto seus olhos percorriam as prateleiras repletas de caixas e objetos.— Ela não está tão mal assim, ela tem tudo. — comentou Lavínia, forçando um sorriso.— Não, alguém que recebe tantas cartas de ódio e presentes maldosos nunca vai ficar bem de verdade. Além do fato de agora ela se esconder. Caso contrário, eu já até a teria visto em algum momento. A s
Cap. 22: Um reciclador?Zen se aproximou dela, ainda segurando os livros e algumas canetas que havia recolhido do chão. — É cada coisa que se joga fora, não é? — ela balbuciou, desconfortável. — O que está fazendo aqui? — ele perguntou, ainda confuso. — Eu queria vir pessoalmente te dar o aviso. Meus pais estavam causando problemas, mas você não saiu da empresa, por isso precisa voltar ao seu posto para não ser demitido por justa causa. — Eu voltar? — Ele sorriu, desconcertado. — Eu nem me encaixo naquele lugar, não deveria estar lá e nem sei como fui parar. — Mas está. Se quiser essa oportunidade, ela ainda é sua. Caso contrário, apenas desista. Estou te avisando para que você escolha seu destino. — Ela avisou, dando-lhe as costas, mas voltou de repente, encarando-o de cima a baixo. — Ainda assim... acredito que você precise desse emprego. Não sei por que alguém ficaria recolhendo coisas velhas do lixo dessa forma. — Ela finalizou, dando de ombros e indo embora. — Só o que falt
Cap. 23: indícios de desequilíbrio.Ele não conseguiu ouvir tudo e correu para dentro de seu quarto, sentindo uma ânsia de vômito agressiva, a ponto de vomitar, enquanto um ódio crescente invadia seu peito. Seus pais ouviram um grito intenso e algo se quebrando, mas não entraram para ver como ele estava. Naquele momento, não só ele estava abalado, mas também sua mãe e seu pai, pois sabiam o quanto Zen protegia aquela menina.— Ele está tendo um surto de novo, deixe-o sozinho. — O pai de Zen segurou o braço de sua esposa quando ela tentou ir até o quarto.— Sei o quanto deve estar sendo difícil para ele, depois de passar por tanta coisa no passado... e nem mesmo se lembrar de nada, mas acredito que ele possa ter um pouco de apoio nesses momentos. — Ela comentou, apreensiva.— A menina que ele protegia foi morta após ter sido abusada. O que você acha disso? Não existem palavras para isso. — Ela disse, enquanto continuava a ouvir o barulho.Zen continuava a esmurrar o espelho com força,
Cap. 24: Amiga? Amiga da onça.A porta do elevador se abriu, revelando a sala de espera. Bayer, elegante e impassível, observava a cena. Samuel e Zara, encostados na parede, trocavam um olhar cúmplice, um sorriso malicioso curvando seus lábios. Zen, com passos firmes, atravessou a sala, seus ombros tensos.— Olá, senhora... — Cintia, a psicóloga tentou cumprimentar Lavínia como bayer., mas foi interrompida por Zara que, com um gesto rápido, a puxou para um abraço apertado e desesperado.Cintia estranhou a demonstração de afeto, aquilo era super incomum desde que não se davam tão bem, então seus olhos, por trás das lentes dos óculos, revelavam uma certa inquietação. Zara, aproveitando a proximidade, sussurrou algo no ouvido de Cintia, um segredo compartilhado que fez a psicóloga sorri encarando Lavínia. Zen, sentindo-se cada vez mais desconfortável, afundou as mãos nos bolsos do paletó mantendo seus olhos distante de Lavínia que estava o encarando com preocupação, mas ele não tinha p
Cap. 25: isso não é para mim.— O que está dizendo? — Lavínia questionou, erguendo uma sobrancelha com desafio. Seus olhos cintilaram com uma raiva contida.— Isso mesmo! — Zara sorriu, um sorriso falso e cruel. Escondendo-se atrás dos dois estagiários como se fossem escudos, ela continuou: — Como sua superior, eu ordeno que você lave o piso do pátio e tire todo o musgo. E como sabe, eu sou sua superior, mas se quiser deixar isso como está e desistir, será demitida antes mesmo de ser admitida oficialmente. Você tem liberdade para escolher.Lavínia riu, uma risada curta e amarga."Liberdade", pensou com ironia. "Que tipo de liberdade é essa?"— Eu sei qual liberdade eu queria agora, mas com certeza a lei me proíbe. — Ela se aproximou de Zara, seus olhos fixos nos dela. A sua amiga recuou um passo, surpreendida pela audácia de Lavínia. Com um sorriso perverso nos lábios, Lavínia se virou e saiu, deixando Zara e seus escudos atônitos.— Zara não sabe a merda que vai acontecer com sue com