4: Desconhecidos e ácidos.

 Cap. 4: Desconhecidos e ácidos.

Ele se virou por acaso e franziu o cenho ao ver Lavínia vindo em sua direção com um olhar determinado e um sorriso de canto, demonstrando destreza.

— Ah... Você está aí? Conseguiu encontrar o quarto rapidamente. Por que não me esperou lá dentro? — ela perguntou sorrindo desconcertada, encarando-o com olhos alarmados, implorando por ajuda, enquanto sua amiga observava curiosa. Lavínia segurou no braço do rapaz ao mesmo tempo em que ele tentava tapar o alto-falante do telefone.

— Você ficou maluca? — ele disse baixinho, constrangido.

— Só me ajude com isso! — ela pediu em um sussurro ao se aproximar da face dele.

— Não é da minha conta, estou ocupado agora! — ele rangeu os dentes tentando a afastar.

— Vamos! Estou ansiosa, que bom que aceitou meu convite! — ela disse a última palavra com irritação, puxando-o para o quarto. Zara não entendeu nada, mas deu de ombros e voltou a conversar com o outro rapaz.

— O que acha que está fazendo? — ele perguntou em seguida, não tendo outra escolha a não ser encerrar a ligação, girando a maçaneta para sair.

— Não! — Lavínia o puxou em pânico. — Eu preciso muito escapar dela.

— Escolha outro homem para usar. Até onde sei, homens do meu tipo não te trazem repulsa? — ele perguntou, encarando-a com frieza, deixando-a confusa.

— Do que está falando? — ela sorriu, desconcertada.

— Que homens como eu são interesseiros e cheios de si? — ele perguntou com ironia na voz. Ela então entendeu.

— E parece que também gostam de ficar ouvindo as conversas dos outros atrás da porta. — ela disse com desprezo.

— Não tenho culpa se não havia outro banheiro além daquele. — ele comentou em seguida, voltando a girar a maçaneta.

— Você não pode sair agora. — ela o puxou, pressionando-o contra a parede, mesmo ele sendo mais alto e mais forte que ela.

— Até que para alguém que acha que sou necessitado, você deve estar bem desesperada, não é? — perguntou, enquanto ela engolia em seco, constrangida.

— Como se atreve?

— Você não parece ser mais que aquelas mulheres lá dentro. Além disso, se eu não sou grande coisa, você é menos ainda. Não faz meu tipo. — ele disse, afastando-a. Lavínia ficou sem reação, mas riu cética, atraindo a atenção dele, que desistiu de abrir a porta e sair.

— Não faço seu tipo? Que arrogante, grande coisa.

— E você? Grande coisa também... Deixa eu pensar. — ele comentou, olhando ao redor com desinteresse, fingindo estar impressionado. — Pelo que eu ouvi, sua amiga fez essa festa para você, e agora você está nesse quarto de luxo... E... — Ele parou de falar ao ver o porta-retrato de formatura com Zara e Lavínia de alguns anos atrás. — Ah... você é a amiga pobre da amiga rica, que pode usufruir das festas e do apartamento de luxo dela.

— Ah... — Lavínia perdeu as palavras, encarando-o surpresa. — É exatamente isso, então não pense que estou desesperada, estou apenas querendo fugir disso e ir embora. — ela disse gaguejando, fazendo-o rir.

— Pelo que ouvi... a forma como ela falava, você deve ser bem amarga. Acha mesmo que tem o direito de ficar falando coisas que não sabe? — ele perguntou, repreendendo-a.

— Está defendendo seus amigos devassos? Porque a maioria foi arrastada por elas.

— Estou falando de mim! Não me interessa o que eles estão fazendo, mas não gosto de ofensas vazias.

— Não retiro nenhuma palavra, e como eu disse, não quero que pense que estou te provocando ou qualquer coisa do tipo.

— Sim, sim, eu não sou seu tipo, e eu também não estou atrás de uma mulher arrogante e desinteressante como você. Com esse gênio maldito, não sei que homem vai gostar de estar perto.

— Como se atreve? — ela asseverou, erguendo a mão contra ele, mas ele segurou seu pulso antes de ser atingido. — Está machucando meu pulso! — ela protestou, enquanto ele mantinha os olhos fixos nos dela.

— Você tentou levantar a mão contra mim! — ele asseverou entre os dentes.

— Lavínia, está tudo bem? — ela ouviu Zara perguntar do outro lado da porta.

— Tudo bem, eu vou sair! — ele asseverou, soltando-a, mas Lavínia o empurrou contra a parede, fazendo um barulho pesado que fez Zara pular para trás com os olhos esbugalhados.

— Eu estou bem. Não vamos sair do quarto esta noite! A festa já acabou para mim! — ela avisou, ao mesmo tempo em que sentia as duas mãos dele involuntariamente sobre sua cintura.

— Estou aqui no corredor se precisar de algo! — Zara avisou, empolgada.

Lavínia suspirou aliviada, encostando a testa no tórax dele, que se mantinha ereto, encarando o teto. Em seguida, ela ergueu o rosto, encarando-o. Seus olhos brilhavam em desafio, enquanto sentia as mãos firmes em sua cintura.

— Eu sou desinteressante? — ela perguntou, quando ele desceu o olhar, encontrando o dela e percebendo as faíscas. As palavras dele sumiram.

— Já posso sair agora? — ele perguntou, prendendo a respiração ao sentir o perfume adocicado dela, que o inebriava, fazendo o calor subir por seu corpo, suas mãos apertando ainda mais sua cintura.

— Eu disse que não ia sair esta noite, nem eu e nem você... — ela disse com a voz calma e suave como uma melodia, invadindo os tímpanos dele, que acabou cedendo quando ela ficou na ponta dos pés e alcançou seus lábios e soltou um gemido abafado ao sentir os dedos se afundarem em sua pele com força.

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