Capítulo 6: Saiam da frente!
— O que ela faz aqui? A mamãe não pode sair assim! — Lavínia asseverou, indo se trocar. Rapidamente ficou pronta e seguiu com Zara, como se estivessem indo para um funeral.
— Ela está no salão onde aconteceu a festa. Desculpa, Lavínia...
As duas hesitaram ao abrir a porta, mas, assim que o fizeram, encontraram a mãe de Lavínia de pé, com uma expressão imparcial.
— Quem era aquele homem? — a mãe perguntou, antes mesmo de elas dizerem "bom dia".
— É alguém sem importância! — Zara tentou responder.
— Não é isso! Ele não é sem importância, ele... nós... — Lavínia balbuciava, sem conseguir responder direito.
— Estamos nos conhecendo já faz alguns meses! — ela disse, desconcertada, enquanto Zara a olhava, petrificada.
— Você já está em um novo relacionamento? — sua mãe perguntou surpresa. — Pensei que ainda estivesse com aquele desgraçado.
— Mas isso já acabou faz tanto tempo... — Lavínia desviou o olhar, balbuciando. — Enfim, eu sinto muito que tenha presenciado essa situação. Que tal tomarmos café juntas? — ela sugeriu, tentando mudar de assunto, mas a mãe voltou a ficar séria.
— Eu vim para falar sobre seu pai. Ouvi boatos de que você quer demiti-lo!
— Mãe... vamos conversar a sós, no meu quarto! — Lavínia pediu, desconfortável, ao ver que alguns funcionários haviam entrado para limpar a sala.
Após uma longa conversa com sua mãe, Lavínia saiu do quarto com Zara, ambas cansadas da discussão.
— O que você vai fazer? Você literalmente disse que está namorando o cara que nem sabe o nome! — Zara a repreendeu.
— Não há problema nisso. Quais as chances desse cara aparecer de novo? E você não vai mais contratar esses tipos de serviços. — Lavínia disse, indiferente.
— Bom... agora é melhor não, mas não precisava mentir. Sua mãe sabe que você já é uma mulher adulta e pode fazer o que quiser. Vamos concordar: uma carrasca nos negócios, que pode derrubar qualquer rival, não precisa do freio da mamãe só porque dormiu com um cara lindo de morrer, né?
— Você sabe que minha mãe me criou com costumes tradicionais. Aquilo foi um acidente! Desde que terminei com meu antigo marido, não toquei mais em nenhum homem, e, por um deslize, fiz algo idiota! — ela asseverou, ainda constrangida.
— Espera... tem muita coisa estranha. Você sempre diz que já tinha terminado há muito tempo, mas, três meses atrás, você teve um aborto. Como isso é possível se não ficou com nenhum homem? — Zara perguntou, petrificada.
— Como é isso? — perguntou uma voz atrás delas. As duas congelaram, o estômago de Lavínia revirou, e tudo que ela queria era correr para o banheiro... ou simplesmente matar Zara. Após meses escondendo esse segredo de todos, sua amiga acabara de jogá-la na cova.
— Mãe... eu posso explicar! — Lavínia disse, insegura.
— Você ainda está com aquele homem? — a mãe perguntou, aborrecida. — Ele fez algo e você perdeu o bebê, é isso?
— Não! Não é isso! — ela respondeu rapidamente. — Ele não é o pai, não era ele!
— Ah... entendi. Então foi aquele rapaz que saiu daqui, certo? Por que está nos escondendo essas coisas?
— Não é nada disso que está pensando, eu vou levá-la para casa agora. — Lavínia avisou, tentando acalmar a mãe, mas, antes que pudesse convencê-la, seu pai também chegou.
— Como vai lidar com isso? Seu pai está desapontado porque você quer acabar com o emprego dele.
Lavínia já estava ficando louca com seus pais.
— Eu preciso ir. Não esqueça que hoje você tem que estar na sede da Alpha Corp. Você tem menos de duas horas a partir de agora. — Zara avisou, saindo como uma fugitiva.
Após a saída de Zara, o drama continuou. Seu pai começou a reclamar, mas não era Lavínia que queria demiti-lo. Sua equipe de superiores não a deixava em paz.
— Não fui eu que disse que você deveria sair! — Lavínia asseverou, estressada, mas seu pai continuava a acusá-la.
— Não é isso que estou ouvindo. O que você está fazendo com nossa família agora? — ele insistiu, irritado.
— Isso de novo? Vocês ainda estão ressentidos por causa daquele relacionamento? — Lavínia perguntou, chateada.
— Eu sei que você mentiu para nós dois! Como pode manter aquele homem escondido de nós?
— Pai... isso já acabou! — ela gritou, estressada.
— Depois de ceder milhões do seu patrimônio para ele! Sei que você acabou deixando um de seus prédios para ele!
— Como sabe dessas coisas? É com isso que tem se preocupado, ao invés de estudar os casos para ajudar as vítimas? Pai... não fui eu que sugeri tirá-lo da empresa, mas o fato de você ter perdido cinco casos seguidos está deixando minha equipe preocupada com os resultados! — ela berrou, batendo os pés.
Seu pai paralisou, levando a mão ao peito, e logo caiu inconsciente no chão. Foi preciso chamar uma ambulância com urgência.
Conseguiram prestar os primeiros socorros, e agora estavam a caminho do hospital, até se depararem com o trânsito travado. Mesmo com a sirene da ambulância, os carros não abriam caminho.
— O que está acontecendo? — Lavínia perguntou, desesperada.
— Se seu pai não chegar ao hospital a tempo, ele não vai resistir! — o motorista alertou, enquanto o paramédico tentava reanimá-lo no fundo.
— Por que os carros não estão abrindo caminho?! — ela gritou, em pânico, enquanto o motorista continuava buzinando incansavelmente. De repente, a porta de um carro à frente se abriu, e um jovem saiu.
Lavínia ficou petrificada ao ver o rapaz sair, com uma expressão ranzinza. Ele vestia calça social e uma camisa de botões com mangas até os pulsos.
Cap. 7: Caminhos ligadosLavínia fixou seu olhar no homem em meio à surpresa e se agachou, tentando se esconder rapidamente após reconhecer que era o mesmo da noite passada.— O que está fazendo, senhorita? — o motorista da ambulância perguntou.— Ele está vindo? Ele não pode me ver! — ela rangeu entre os dentes.— Na verdade, ele está pedindo aos carros para se afastarem. — ele disse com o olhar fixo no rapaz.Então Lavínia se levantou e avistou Zen já a alguns metros, batendo na lateral de cada carro, avisando para abrirem caminho. O trânsito estava caótico, os carros buzinando freneticamente. A sirene da ambulância cortava o ar, um som estridente que ecoava pelas ruas. O motorista finalmente pôde seguir viagem enquanto Lavínia observava Zen até passar por ele, mas ele não tinha visto que ela estava na ambulância.Assim que chegaram ao hospital, houve tempo do pai de Lavínia ser atendido e finalmente estar fora de risco de vida. Naquele momento, ela estava sentada na recepção, pres
Cap. 8: a chefa vira funcionário?— Bom dia a todos! — começou Samuel a discursar. — Sejam bem-vindos à Alpha Corp Advogados, uma das empresas mais prestigiadas. Como vocês sabem esse prestígio não é de graça, e temos critérios rigorosos. Por isso, as avaliações já começam no momento em que vocês entram na empresa. — Ele comentou, encarando Zen, que se mantinha com postura ereta e séria, demonstrando indiferença. — Por isso, o candidato Zen Obedon pode se aproximar, por favor. — Ele chamou, sem saber qual dos candidatos era. Então, Lavínia viu o mesmo rapaz dar um passo à frente e percebeu que ele seria desclassificado.— Sim? — Zen disse ao passar na frente de todos, seguindo de forma despreocupada. A maioria já estava segurando o riso, sabendo qual seria o resultado.— Bom… você se atrasou… — Samuel arrastou a voz quando viu Lavínia dando pulos silenciosos com a mão estendida, balançando o dedo negativamente. — Você sabe que há punições para quem se atrasa. Tenha cuidado… neste mome
Cap. 9: Gato e Rato.Lavínia ficou constrangida por ter se alterado, em seguida se sentou sorrindo desconcertada e pedindo desculpas a todos, ao mesmo tempo que Zen continuava concentrado em seus papéis.— Se ela o ajudar, ele não vai passar no teste. — Samuel respondeu os observando com atenção.— Ele está fazendo sozinho sem nem prestar atenção nela, só não sei o que está acontecendo, ela claramente está desconfortável e irritada.— Relaxa, quando tudo isso acabar eu te conto, você vai ficar surpreso com a fofoca. — Zara sussurrou para Samuel.— O que está acontecendo? Lavínia deveria estar aqui na frente. — um dos homens pergunta impaciente se levantando junto com mais outros dois que demonstram indignação.— Senhores, vocês podem conversar lá fora se tiverem alguma dúvida, eu posso fiscalizar enquanto vocês resolvem qualquer problema. — o chefe de RH avisou então eles saíram imediatamente, mal perceberam seu olhar sombrio em direção a Lavínia e Zen.Quando saíram, Zara inventou um
10: por que ele não consegue emprego?Lavínia hesitou por um momento, franzindo o cenho. Uma ligação daquele homem era realmente algo muito inusitado.— Alpha Corp advogados…— Dispenso formalidades. — ela ouviu a voz ríspida, mas calma do outro lado da linha. — Boa noite, senhora Bayer.— Boa noite, senhor Romanov. — ela respondeu sem vontade.— Estive pensando em sua empresa alguns dias. Vocês têm ido bem, mas soube que está buscando parcerias nos negócios. Eu gostaria de poder conversar com você e pensar em uma forma de nos unirmos. Podemos ser uma potência inabalável.— O senhor sempre rejeitou a parceria de negócios. Me lembro que alguns anos atrás você até mesmo humilhou a nossa empresa, dizendo que não iríamos evoluir e que não éramos bons advogados. Sei que crescemos além do esperado, mas ainda não é motivo para querer uma parceria, mesmo que estejamos avançando para ser uma empresa de advocacia de excelência.— Você está certa, meu contato não é em vão. Na verdade, soube que
Cap. 11: Respira e finge.Ela foi obrigatoriamente levada para a sala de reunião e, assim que todos se acomodaram em suas cadeiras, ela se pôs de pé em frente a todos com um olhar rígido.— Somos uma rede de advogados e, como vocês sabem, a empresa Romanov, mesmo sendo uma das que está no topo da economia do país, deu indícios de que também pode ter algum trabalho ilegal. E vocês todos sabem, então não entendo o motivo de estarem causando toda essa comoção. O que vocês querem? Que futuramente, quando tudo isso cair na mídia, continuemos os mesmos? Estamos avançando sem os Romanov, mas se fizermos parte e carregarmos uma associação como essa, seremos destruídos junto com essa empresa um dia! — ela asseverou, e foram as últimas palavras ouvidas naquela sala. Então, se retirou seguindo para seu escritório. Ainda assim, um dos acionistas bateu à sua porta.— Entre! — ela avisou.— Senhora Bayer, ainda temos uma dúvida sobre essa questão. O senhor Romanov ligou para mim, então eu pedi para
Cap. 12: antipatia por você.O chefe de RH apenas observou Bayer sem dizer muito. Continuou organizando os papéis e, após guardá-los na gaveta de forma despreocupada, permaneceu em silêncio enquanto ela esperava ansiosa por uma resposta.— Estou desatualizado do assunto. O que você está querendo, senhora Bayer? — perguntou, calmo e sereno, como se ela tivesse chegado de forma amigável.— Você sabe como eu prezo por cada contratação. O que pensou que estava fazendo ao aprovar alguém que eu não permitiria entrar na empresa? — questionou, irritada.— Não sei do que está falando — respondeu ele, confuso.— O funcionário Zen Obedon, isso te diz algo?— Ah... Ele não é um dos seus funcionários, realmente. Zen Obedon vai trabalhar na área de saúde mental, sabe? Desde que entrei nessa empresa, há três anos, tenho percebido que os funcionários estão sob uma carga de trabalho e uma pressão psicológica altíssimas vindo da sua parte. Horas extras, casos exaustivos e raras folgas. A Alpha Corp Adv
Cap. 13: Relacionamento secreto.— Me empresta a chave do seu carro, eu preciso levá-la a um hospital. — ele pediu com um olhar de súplica. — Ele me contou que você falhou, essa foi a primeira falha depois de anos, mas ele não tolera falhas, você sabe. E agora está desobedecendo... O que foi? Foi com essa mulher que você passou a noite? — E se for? — ele perguntou, irritado. — Ela já lhe trouxe problemas e agora está fazendo de novo, mesmo que de forma inconsciente. — ele avisou, entregando a chave a Zen. — Eu não vou fugir, vou enfrentar o problema que arrumei. — Boa sorte. Você sabe que eu tento te ajudar o máximo que consigo, mas já não tenho controle dessa situação. Você tem sido descuidado, não posso me meter em coisas de família. — ele disse, em seguida se virando e indo embora.Zen colocou Lavínia deitada no banco de trás e seguiu para o hospital, suspirando pesadamente várias vezes, demonstrando preocupação. Quando finalmente chegou ao hospital, ela foi atendida, enquanto
Cap. 14: Interessado na sua vida.— Lavínia sempre foi uma mulher muito difícil de lidar, então era de se esperar que ela escondesse seu relacionamento para que seus pais não interferissem. Ela deve gostar muito de você. — comentou o médico. — Ela pensa que está protegendo as pessoas quando esconde as coisas e, por isso, pode não ter te contado sobre o que aconteceu há dois meses. Ela estava cheia de machucados, e estava óbvio que tinha sido agredida por alguém a ponto de perder a criança, mas ela diz que tinha caído. — Queda? — ele perguntou, com uma aura sombria se apossando de seu semblante. — Enfim... ela perdeu a criança ainda no primeiro trimestre, estava para fazer três meses. Faz dois meses, e ela não teve os devidos cuidados ou veio ao hospital para fazer exames. Agora que ela está aqui, posso fazer isso, e se não for muito incômodo, conto com sua ajuda para o bem-estar dela. — o médico pediu apreensivo. — Você é próximo dela? — Zen perguntou, desconfiado. — Sou um amigo