5: Após o deslize

Capítulo 5: Após o deslize

Quando Zen abriu os olhos, o sol já estava se pondo. Ele pulou da cama, olhando para Lavínia, que ainda dormia profundamente, sem esboçar nenhuma reação. Ele passou a mão pelos cabelos, incrédulo com o que havia acontecido. Ficou ainda mais perplexo ao verificar as horas, soltando um suspiro pesado de preocupação.

— Estou ferrado... — sussurrou, encarando a tela do celular.

Recolheu suas roupas e se vestiu rapidamente. Antes de sair, avistou um envelope no chão, próximo à porta de entrada. A amiga de Lavínia havia passado seu pagamento por debaixo da porta. Ele sorriu de forma irônica enquanto olhava ao redor.

— Queria ver a sua cara... dona arrogante — murmurou, pegando uma caneta e escrevendo uma breve nota. Deixou-a sobre a mesa da cozinha, ao lado de um copo de água e uma jarra, sabendo que isso a atrairia depois da noite intensa e da provável ressaca com que ela acordaria.

Zen saiu do quarto quase como se estivesse fugindo, enquanto tentava, repetidamente, ligar para alguém. Cada vez que a ligação era rejeitada, ele ficava mais tenso.

— Por Deus! — exclamou ao entrar no elevador, passando por uma senhora que o observava incrédula, como se tivesse visto algo assustador.

Ele chegou em casa em menos de vinte minutos, jogando o celular sobre a cômoda antes de seguir para o banheiro, onde tomou um banho rápido. Ao sair, encontrou seu pai com o celular em mãos.

— Ah... ele vai te atender agora — avisou o pai, falando com a pessoa do outro lado da linha.

— O que está fazendo? — Zen perguntou, pegando o celular abruptamente, como se estivesse escondendo algo.

— Não é nada, só atendi porque você estava no banho. É uma ligação importante. Não sabia que você tinha tentado uma vaga em uma empresa tão prestigiada. Melhor continuar a conversa! — pediu o pai, cheio de expectativas.

Zen o encarou surpreso e atendeu a ligação.

— Alô, senhor Zen Obedon? — perguntou uma voz masculina.

— Sim... — respondeu Zen, com insegurança na voz, enquanto seu pai o observava ansioso.

— Estou ligando para parabenizá-lo. Você foi selecionado para a entrevista na Alpha Corp Advogados — anunciou o homem, fazendo Zen franzir o cenho.

— Como assim? Eu não me inscrevi para nenhuma vaga — disse, ainda mais inseguro, agora com sua mãe ao lado, também observando a situação.

— Você não é Zen Obedon, filho de Zacarias Obedon? Estuda psicologia e trabalha meio período em uma casa de acolhimento para vítimas de agressão? — perguntou o homem de forma meticulosa, fazendo Zen encarar o telefone com um olhar sombrio, como se estivesse ouvindo algo ameaçador.

— Coloque no viva-voz — pediu sua mãe baixinho, e ele obedeceu.

— Como sabe de tudo isso? — questionou Zen.

— Seu currículo. Você se candidatou à vaga de Saúde Ocupacional. A Alpha Corp Advogados está recrutando um grande número de funcionários para a nova sede, e você foi um dos selecionados. A entrevista será às 14h. Podemos confirmar sua presença? — perguntou o homem.

Seus pais balançavam a cabeça, ansiosos para que ele aceitasse.

— Claro, estarei lá no horário da entrevista — confirmou Zen, desconfiado.

— Pode ser que, desta vez, você consiga um emprego decente. Esses trabalhos temporários que você arruma não são dignos da sua inteligência — comentou seu pai.

Após entrar no quarto, Zen recebeu outra ligação.

— Você está se divertindo com mulheres? Tinha um trabalho a cumprir. O que faz nos seus tempos vagos não me interessa, mas no horário de trabalho, é bom que cumpra as regras — repreendeu uma voz séria e grave.

— Foi um imprevisto... além disso, eu gostaria de tirar uma dúvida... — Zen hesitou. — E se eu arrumar um emprego?

— Até parece — respondeu a voz com tom sarcástico, encerrando a ligação. Zen percebeu que aquela pessoa não havia sido a responsável por indicá-lo para a vaga, o que o deixou ainda mais pensativo.

Enquanto isso, Lavínia se levantou da cama sentindo uma dor de cabeça devastadora. Olhou ao redor, vendo tudo girar suas roupas espalhadas, mas ainda estava em negação. Só despertou quando sentiu seus pés pisarem em algo pequeno. Ao olhar para o chão, viu a aliança.

— Minha aliança? — murmurou ela, analisando a peça de ouro com um diamante legítimo. Em seguida, encarou a cama com medo e suspirou aliviada. Não havia ninguém ali.

Ela queria acreditar que tudo havia sido um sonho. Não poderia ter passado a noite com um estranho, de jeito nenhum. Suas mãos tremiam de medo enquanto ela analisava tudo ao redor. Não encontrava nada que comprovasse o que acontecera. Foi até a sala, esperando encontrar algum indicio. Apesar da dor de cabeça latejante, notou que um dos porta-retratos, com uma foto dela e de sua amiga Zara, estava faltando.

— Então eu realmente fiz isso! — resmungou, tapando a boca com as mãos ao mesmo tempo que se perguntava porque a sua foto tinha sido levada por aquele estranho.

Ela Seguiu até a cozinha e, ao ver um copo com água e um bilhete embaixo dele junto de um envelope, leu a nota: "Você com certeza deve precisar desse dinheiro mais do que eu."*

— Ah! Desgraçado! — exclamou Lavínia, amassando o envelope. — O que ele pensa que eu sou? — murmurou, sentindo a cabeça latejar como se fosse explodir. Antes que pudesse pegar o copo de água, sua amiga Zara entrou apressada.

— Você está com problemas! — Zara anunciou, aflita, indo em direção a Lavínia.

— O que foi? — perguntou Lavínia, confusa.

— Sua mãe chegou... e ela viu aquele homem saindo do seu quarto! — avisou Zara, desesperada. Lavínia quase caiu para trás, levando as mãos à cabeça.

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