Tudo para te conquistar, senhora Bayer
Tudo para te conquistar, senhora Bayer
Por: Cristina Cristey
1: Perda

Cap. 1: Força onde não tem.

Lavínia passou alguns minutos inconscientes até acordar com um sobressalto, uma dor aguda dilacerando-lhe a barriga. A dor era tão intensa que a imobilizava, a deixando sem forças para se mover. Sua única reação foi estender a mão trêmula e pegar o celular, que jazia no chão, ao seu lado.

/ Preciso de ajuda... — ela balbuciou com dificuldade em seguida a ligação foi abruptamente interrompida, o medo percorreu seu corpo pensando que alguma coisa tinha acontecido.

Cinco minutos tortuosos se passaram, uma eternidade para ela, que se sentia cada vez mais fraca e desesperada.

De repente, o barulho ensurdecedor da porta sendo arrombada a tirou de seus devaneios.em razão de segundos ela viu vultos de homens entrando em seu apartamento, reconheceu logo após ser bombeiros e ficou aliviada, mesmo que a situação fosse preocupante, ela não tinha percebido a poça de sangue que tinha se forçado embaixo dela.

O branco do quarto do hospital era ofuscante, contrastando com a visão embaçada de Lavínia. O bip constante do aparelho a lembrava da situação desesperadora que se enfiou. Aos poucos, sua consciência retornava, trazendo consigo a lembrança do acidente e a angústia daqueles momentos. Seus olhos se encontraram com os de sua amiga, que a observava com preocupação.

— Você está bem? — a amiga perguntou, sua voz carregada de emoção. Lavínia tentou sorrir, mas a dor a impediu.

— Por que não me contou? — sua amiga perguntou, a voz carregada de reprovação, e em seguida se virou, demonstrando sua inquietação.

— O que aconteceu? — Lavínia questionou, confusa, tentando entender a gravidade da situação.

— O que aconteceu? Como assim? Porque não contou que estava grávida? Eu que pergunto, porque só vim saber disso quando já estava com três meses de gestação? E ainda pior, quando perdeu o bebê? — sua amiga disse sem cautela, a voz embargada. Lavínia sentiu o chão se abrir sob seus pés. O mundo ao seu redor começou a girar.

— Está dizendo que... — ela não conseguiu completar a frase. A pressão em seu peito aumentou, e seus olhos se fecharam. As lágrimas continuaram a escorrer pelo seu rosto, enquanto ela desmaiava novamente.

Ao abrir os olhos, a escuridão a envolveu como um manto pesado. A dor latejava em suas têmporas, um martelo insistente martelando suas têmporas. A memória da noite anterior, fragmentada e aterrorizante, retornava aos poucos, trazendo consigo a amargura da perda e a angústia da incerteza. A notícia da perda do filho a atingiu como um soco no estômago. A dor física era intensa, mas a emocional a consumia por inteiro. Sentiu-se despedaçada, um quebra-cabeça com peças faltantes.

[...]

— Tenho que sair, desde ontem que meus pais ligam, preciso saber o que está acontecendo. — Lavínia avisou, a voz embargada pela emoção. Sabia que deveria descansar que sua amiga tinha razão, mas uma força interior a impulsionava para fora.

— Não mesmo! Eles que precisam saber o que está acontecendo com você agora! Além do fato de que você não contou realmente o que aconteceu, eu não acredito que você tenha se machucado assim com uma queda. — sua amiga insistiu, os olhos marejados de preocupação.

Lavínia a encarou, a determinação nos olhos. Sabia que sua amiga tinha razão, mas a necessidade de enfrentar seus pais era mais forte.

Respirando fundo, levantou-se da cama, a dor no tornozelo latejando a cada movimento. Vestiu o sobretudo, cobrindo as marcas em seus braços, e saiu do quarto ignorando sua amiga.

Com cada passo, sentia a dor se intensificar, mas ignorava-a. O frio da noite a envolveu como um abraço gélido, Abaixou a cabeça, tentando esconder o rosto pálido e os olhos inchados. Por trás dos óculos escuros, ninguém poderia ver a fragilidade que a consumia, naquele momento ela sentia uma enorme vontade de ver seus pais como uma criança desesperada e sem saída.

Assim que ela entrou no jardim e seguiu ao encontro de seus pais, seu brilho se apagou ao ver suas caras, sua mãe estava emburrada e seu pai com cara de desânimo, ela suspirou pesadamente e parou na frente deles se mantendo forte.

— O que esta acontecendo? — ela perguntou sentindo o peito apertar sem ânimo para mais uma discussão.

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