Cap. 1: Força onde não tem.
Lavínia passou alguns minutos inconscientes até acordar com um sobressalto, uma dor aguda dilacerando-lhe a barriga. A dor era tão intensa que a imobilizava, a deixando sem forças para se mover. Sua única reação foi estender a mão trêmula e pegar o celular, que jazia no chão, ao seu lado.
/ Preciso de ajuda... — ela balbuciou com dificuldade em seguida a ligação foi abruptamente interrompida, o medo percorreu seu corpo pensando que alguma coisa tinha acontecido.
Cinco minutos tortuosos se passaram, uma eternidade para ela, que se sentia cada vez mais fraca e desesperada.
De repente, o barulho ensurdecedor da porta sendo arrombada a tirou de seus devaneios.em razão de segundos ela viu vultos de homens entrando em seu apartamento, reconheceu logo após ser bombeiros e ficou aliviada, mesmo que a situação fosse preocupante, ela não tinha percebido a poça de sangue que tinha se forçado embaixo dela.
O branco do quarto do hospital era ofuscante, contrastando com a visão embaçada de Lavínia. O bip constante do aparelho a lembrava da situação desesperadora que se enfiou. Aos poucos, sua consciência retornava, trazendo consigo a lembrança do acidente e a angústia daqueles momentos. Seus olhos se encontraram com os de sua amiga, que a observava com preocupação.
— Você está bem? — a amiga perguntou, sua voz carregada de emoção. Lavínia tentou sorrir, mas a dor a impediu.
— Por que não me contou? — sua amiga perguntou, a voz carregada de reprovação, e em seguida se virou, demonstrando sua inquietação.
— O que aconteceu? — Lavínia questionou, confusa, tentando entender a gravidade da situação.
— O que aconteceu? Como assim? Porque não contou que estava grávida? Eu que pergunto, porque só vim saber disso quando já estava com três meses de gestação? E ainda pior, quando perdeu o bebê? — sua amiga disse sem cautela, a voz embargada. Lavínia sentiu o chão se abrir sob seus pés. O mundo ao seu redor começou a girar.
— Está dizendo que... — ela não conseguiu completar a frase. A pressão em seu peito aumentou, e seus olhos se fecharam. As lágrimas continuaram a escorrer pelo seu rosto, enquanto ela desmaiava novamente.
Ao abrir os olhos, a escuridão a envolveu como um manto pesado. A dor latejava em suas têmporas, um martelo insistente martelando suas têmporas. A memória da noite anterior, fragmentada e aterrorizante, retornava aos poucos, trazendo consigo a amargura da perda e a angústia da incerteza. A notícia da perda do filho a atingiu como um soco no estômago. A dor física era intensa, mas a emocional a consumia por inteiro. Sentiu-se despedaçada, um quebra-cabeça com peças faltantes.
[...]
— Tenho que sair, desde ontem que meus pais ligam, preciso saber o que está acontecendo. — Lavínia avisou, a voz embargada pela emoção. Sabia que deveria descansar que sua amiga tinha razão, mas uma força interior a impulsionava para fora.
— Não mesmo! Eles que precisam saber o que está acontecendo com você agora! Além do fato de que você não contou realmente o que aconteceu, eu não acredito que você tenha se machucado assim com uma queda. — sua amiga insistiu, os olhos marejados de preocupação.
Lavínia a encarou, a determinação nos olhos. Sabia que sua amiga tinha razão, mas a necessidade de enfrentar seus pais era mais forte.
Respirando fundo, levantou-se da cama, a dor no tornozelo latejando a cada movimento. Vestiu o sobretudo, cobrindo as marcas em seus braços, e saiu do quarto ignorando sua amiga.
Com cada passo, sentia a dor se intensificar, mas ignorava-a. O frio da noite a envolveu como um abraço gélido, Abaixou a cabeça, tentando esconder o rosto pálido e os olhos inchados. Por trás dos óculos escuros, ninguém poderia ver a fragilidade que a consumia, naquele momento ela sentia uma enorme vontade de ver seus pais como uma criança desesperada e sem saída.
Assim que ela entrou no jardim e seguiu ao encontro de seus pais, seu brilho se apagou ao ver suas caras, sua mãe estava emburrada e seu pai com cara de desânimo, ela suspirou pesadamente e parou na frente deles se mantendo forte.
— O que esta acontecendo? — ela perguntou sentindo o peito apertar sem ânimo para mais uma discussão.
Cap.2: O peso de ser.Ela ate pensou que estava acontecendo algo grave com seus pais, mas não era nada preocupante de fato. Elas não estavam muito felizes após ela ter ocultado a decisão sobre a mudança para uma nova cidade e a compra de um novo prédio para onde toda sua empresa seria transferida, todos poderiam pensar que aquela mudança seria para que seu negócio avançasse ainda mais a tornando ainda mais poderosa, mas Lavínia esta preocupada com outras questões mais serias que a fazia perder o sono.A visita a seus pais não durou muito. Bayer suportou com firmeza as reclamações que ouvia deles, constantemente era tudo que ela tinha a receber seja de seus pais ou de outras pessoas parecia que tinha uma carga infida em suas costas a sobrecarregando.— Soube que vai mudar a empresa para um novo prédio mais no centro da cidade. Quando você ia nos contar? — sua mãe perguntou, aborrecida.— Eu já estava planejando fazer isso.— Quando já estivesse se mudando? Seu pai trabalha naquela empr
Cap.3: Sem animo para nada.Tinha tantas pessoas ao redor, dançando e aproveitando a festa, que Lavínia mal encarava a amiga. O espaço em que ela estava parecia envolto em uma aura fria e pouco amigável, afastando até mesmo olhares para não atrair seu mau-humor. — A ignorem! Mesmo que sejamos funcionários dela, hoje é o dia em que podemos curtir sem nos preocupar com a ranzinza nos dando bronca. — sua amiga gritou, tentando quebrar o desconforto dos funcionários. Em poucos segundos, a música estava alta e todos bebiam e se divertiam, exceto Lavínia. Ainda assim, mesmo com todos distraídos, sua intenção de fuga era sempre frustrada, já que sua amiga a impedia. — Você não vai a lugar algum, não antes de ver todos os homens lindos que contratei da companhia de modelos que faz as revistas mensais de advogados campeões. — Como uma empresa que faz revistas sérias pode trabalhar com esse tipo de serviço? — Lavínia protestou, irritada. — É uma indústria famosa de entretenimento e agência
Cap. 4: Desconhecidos e ácidos.Ele se virou por acaso e franziu o cenho ao ver Lavínia vindo em sua direção com um olhar determinado e um sorriso de canto, demonstrando destreza.— Ah... Você está aí? Conseguiu encontrar o quarto rapidamente. Por que não me esperou lá dentro? — ela perguntou sorrindo desconcertada, encarando-o com olhos alarmados, implorando por ajuda, enquanto sua amiga observava curiosa. Lavínia segurou no braço do rapaz ao mesmo tempo em que ele tentava tapar o alto-falante do telefone.— Você ficou maluca? — ele disse baixinho, constrangido.— Só me ajude com isso! — ela pediu em um sussurro ao se aproximar da face dele.— Não é da minha conta, estou ocupado agora! — ele rangeu os dentes tentando a afastar.— Vamos! Estou ansiosa, que bom que aceitou meu convite! — ela disse a última palavra com irritação, puxando-o para o quarto. Zara não entendeu nada, mas deu de ombros e voltou a conversar com o outro rapaz.— O que acha que está fazendo? — ele perguntou em s
Capítulo 5: Após o deslizeQuando Zen abriu os olhos, o sol já estava se pondo. Ele pulou da cama, olhando para Lavínia, que ainda dormia profundamente, sem esboçar nenhuma reação. Ele passou a mão pelos cabelos, incrédulo com o que havia acontecido. Ficou ainda mais perplexo ao verificar as horas, soltando um suspiro pesado de preocupação.— Estou ferrado... — sussurrou, encarando a tela do celular.Recolheu suas roupas e se vestiu rapidamente. Antes de sair, avistou um envelope no chão, próximo à porta de entrada. A amiga de Lavínia havia passado seu pagamento por debaixo da porta. Ele sorriu de forma irônica enquanto olhava ao redor.— Queria ver a sua cara... dona arrogante — murmurou, pegando uma caneta e escrevendo uma breve nota. Deixou-a sobre a mesa da cozinha, ao lado de um copo de água e uma jarra, sabendo que isso a atrairia depois da noite intensa e da provável ressaca com que ela acordaria.Zen saiu do quarto quase como se estivesse fugindo, enquanto tentava, repetidamen
Capítulo 6: Saiam da frente!— O que ela faz aqui? A mamãe não pode sair assim! — Lavínia asseverou, indo se trocar. Rapidamente ficou pronta e seguiu com Zara, como se estivessem indo para um funeral.— Ela está no salão onde aconteceu a festa. Desculpa, Lavínia...As duas hesitaram ao abrir a porta, mas, assim que o fizeram, encontraram a mãe de Lavínia de pé, com uma expressão imparcial.— Quem era aquele homem? — a mãe perguntou, antes mesmo de elas dizerem "bom dia".— É alguém sem importância! — Zara tentou responder.— Não é isso! Ele não é sem importância, ele... nós... — Lavínia balbuciava, sem conseguir responder direito.— Estamos nos conhecendo já faz alguns meses! — ela disse, desconcertada, enquanto Zara a olhava, petrificada.— Você já está em um novo relacionamento? — sua mãe perguntou surpresa. — Pensei que ainda estivesse com aquele desgraçado.— Mas isso já acabou faz tanto tempo... — Lavínia desviou o olhar, balbuciando. — Enfim, eu sinto muito que tenha presenciad
Cap. 7: Caminhos ligadosLavínia fixou seu olhar no homem em meio à surpresa e se agachou, tentando se esconder rapidamente após reconhecer que era o mesmo da noite passada.— O que está fazendo, senhorita? — o motorista da ambulância perguntou.— Ele está vindo? Ele não pode me ver! — ela rangeu entre os dentes.— Na verdade, ele está pedindo aos carros para se afastarem. — ele disse com o olhar fixo no rapaz.Então Lavínia se levantou e avistou Zen já a alguns metros, batendo na lateral de cada carro, avisando para abrirem caminho. O trânsito estava caótico, os carros buzinando freneticamente. A sirene da ambulância cortava o ar, um som estridente que ecoava pelas ruas. O motorista finalmente pôde seguir viagem enquanto Lavínia observava Zen até passar por ele, mas ele não tinha visto que ela estava na ambulância.Assim que chegaram ao hospital, houve tempo do pai de Lavínia ser atendido e finalmente estar fora de risco de vida. Naquele momento, ela estava sentada na recepção, pres
Cap. 8: a chefa vira funcionário?— Bom dia a todos! — começou Samuel a discursar. — Sejam bem-vindos à Alpha Corp Advogados, uma das empresas mais prestigiadas. Como vocês sabem esse prestígio não é de graça, e temos critérios rigorosos. Por isso, as avaliações já começam no momento em que vocês entram na empresa. — Ele comentou, encarando Zen, que se mantinha com postura ereta e séria, demonstrando indiferença. — Por isso, o candidato Zen Obedon pode se aproximar, por favor. — Ele chamou, sem saber qual dos candidatos era. Então, Lavínia viu o mesmo rapaz dar um passo à frente e percebeu que ele seria desclassificado.— Sim? — Zen disse ao passar na frente de todos, seguindo de forma despreocupada. A maioria já estava segurando o riso, sabendo qual seria o resultado.— Bom… você se atrasou… — Samuel arrastou a voz quando viu Lavínia dando pulos silenciosos com a mão estendida, balançando o dedo negativamente. — Você sabe que há punições para quem se atrasa. Tenha cuidado… neste mome
Cap. 9: Gato e Rato.Lavínia ficou constrangida por ter se alterado, em seguida se sentou sorrindo desconcertada e pedindo desculpas a todos, ao mesmo tempo que Zen continuava concentrado em seus papéis.— Se ela o ajudar, ele não vai passar no teste. — Samuel respondeu os observando com atenção.— Ele está fazendo sozinho sem nem prestar atenção nela, só não sei o que está acontecendo, ela claramente está desconfortável e irritada.— Relaxa, quando tudo isso acabar eu te conto, você vai ficar surpreso com a fofoca. — Zara sussurrou para Samuel.— O que está acontecendo? Lavínia deveria estar aqui na frente. — um dos homens pergunta impaciente se levantando junto com mais outros dois que demonstram indignação.— Senhores, vocês podem conversar lá fora se tiverem alguma dúvida, eu posso fiscalizar enquanto vocês resolvem qualquer problema. — o chefe de RH avisou então eles saíram imediatamente, mal perceberam seu olhar sombrio em direção a Lavínia e Zen.Quando saíram, Zara inventou um