O herdeiro do meu inimigo é meu amante secreto.
O herdeiro do meu inimigo é meu amante secreto.
Por: Cristina Cristey
1: tudo para te animar.

Cap. 1

J

— Já haviam se passado três meses, mas a dor ainda era cruelmente fresca para Lavínia. Por fora, ela mantinha a compostura impecável, mas, por dentro, sentia-se devastada, como se uma parte de si mesma tivesse sido arrancada à força. A possibilidade do que poderia ter sido — e do que havia perdido — a assombrava em silêncio, após ter enfrentado um dos piores momentos de sua vida.

Foi para Zara que Lavínia ligou, com a voz entrecortada de desespero, pouco antes de perder a consciência no chão frio. Zara chegou a tempo de socorrê-la, sem entender o que havia acontecido e por que havia tanto sangue e machucados.

O aborto foi um golpe devastador, mas o peso das mentiras que contou para proteger a si mesma parecia ainda mais sufocante.

Agora, Lavínia se agarrava à carreira como uma tábua de salvação. Cada sorriso forçado, cada reunião bem-sucedida era uma armadura cuidadosamente polida para esconder o trauma. Mas Zara sentia o peso que a amiga carregava, mesmo que Lavínia nunca se abrisse para aliviar o que a atormentava. Para tentar ajudá-la, Zara fazia de tudo para distraí-la — e, naquele dia, preparava uma de suas ideias mais extremas.

— Isso vai dar mesmo certo? — uma das moças que Zara levou para ajudar perguntou, receosa.

— Claro. Só me ajude a tirá-la daquele escritório, ou vamos acabar perdendo nossos empregos se ela não conseguir relaxar — respondeu Zara, pisando no acelerador.

— Como uma mulher com menos de trinta anos pode ser tão louca? — outra comentou, encolhida no banco, preocupada.

— É para o bem dela. Hoje, Lavínia vai esquecer os problemas e relaxar um pouco.

Assim que chegaram à empresa, o novo prédio ainda parecia um labirinto para elas. Logo, porém, estavam no andar superior, diante da sala de Lavínia. As paredes de vidro revelavam a figura esbelta e elegante da mulher andando de um lado para o outro, seus cabelos castanhos ondulados esvoaçando enquanto ela ia de estante em estante, pegando folhas e mais folhas e formando uma pilha.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Lavínia perguntou, confusa.

— Vamos! — Zara disse, aproximando-se e pegando Lavínia pelo braço, puxando-a para fora. As outras moças ajudaram, arrastando-a para fora do prédio, sem dar tempo para explicações. Zara continuava a puxá-la até que ela estivesse dentro do carro.

— O que você está aprontando desta vez? — Lavínia questionou, desconfiada, conhecendo bem a amiga.

— Nunca mais dançamos, bebemos ou nos divertimos! Eu planejei uma festa para comemorar a mudança da nossa empresa. Compramos um prédio famoso e agora somos uma empresa de grande porte! — Zara discursava com entusiasmo. — Isso não merece comemoração?

— Bom... — Lavínia olhou o relógio de maneira meticulosa. — Está tendo um jantar da empresa agorinha.

— Sem jantar. Vamos a uma festa bem melhor — asseverou Zara, pisando fundo no acelerador.

— Que tipo de festa? — Lavínia perguntou, mas Zara apenas aumentou o som, ignorando a curiosidade da amiga, enquanto as outras moças no banco de trás riam e cantavam junto.

A música suave preenchia o ambiente, e Lavínia observava o reflexo no espelho do carro. Seu semblante, marcado pelo cansaço, tentava esconder a inquietação.

— Vai me contar agora ou só quando chegarmos? — perguntou Lavínia, arqueando uma sobrancelha.

— Se eu contar, estrago a surpresa. Só relaxa. Você precisa disso — respondeu Zara, animada, sem tirar os olhos da estrada.

Lavínia suspirou, ajustando o casaco que escondia sua figura um pouco pálida, marcada pela ausência de apetite e pelas noites mal dormidas.

Quando chegaram ao local, Lavínia se surpreendeu. Suspirou aliviada ao perceber que estavam indo para um prédio familiar. Mas, ao entrar no elevador, sua sensação de alívio deu lugar à desconfiança. Assim que abriram a porta da suíte presidencial, a música alta e as luzes intensas quase a cegaram.

— Surpresa! — gritaram em coro.

Lavínia congelou, olhando ao redor. Um grupo de mulheres aguardava na entrada, todas com taças nas mãos e roupas de festa. Zara a arrastou para dentro, acompanhada pelas outras.

— O que é isso? — Lavínia perguntou, atônita, mas sua voz foi abafada pela música.

— Hoje é o dia de você esquecer os problemas! — Zara respondeu, já começando a dançar.

Era a última coisa que Lavínia queria naquele momento. Mas, conhecendo Zara, sabia que seria difícil parar a amiga agora que ela havia começado.

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