CAPÍTULO 1.1

Penny

- Certo. Isso é apenas meio louco. Não me leve a mal, eu respeito a sua opinião, mas não entendo como alguém consegue sentir prazer em ser espancada.

- Não se trata de ser espancada. É tudo uma questão de conhecer os seus limites e se permitir. – Isabel disse seriamente. Não era a primeira vez que esse assunto vinha à tona. Ela estava explorando esse estilo de vida recentemente. Sim, antes disso ela era como eu. Pasmem! – Eu sei exatamente tudo o que você está pensando. Eu já estive aí cheia de preconceitos e ignorância. Mas quer saber? Eu me encontrei. Eu descobri um mundo de possibilidades de sentir prazer e estou satisfeita comigo mesma.

Eu tomei um longo gole da minha cerveja e recoloquei a garrafa long neck sobre a mesa – E se você e Bruno terminarem?

- Eu não estou fazendo isso por Bruno. Não mesmo. Eu estou fazendo isso por mim. Eu nunca me senti plenamente realizada sexualmente e, quando eu conheci Bruno nós começamos devagar. Ele se segurou comigo por que ele não queria me assustar, mas aos poucos eu fui desbravando e me descobri. Então, respondendo a sua pergunta, se um dia eu e Bruno terminarmos, eu ainda vou querer fazer isso, pois isso é apenas parte de mim. Mas eu só descobri isso porque pus de lado os meus preconceitos e abri a minha mente. Mas, principalmente, experimentei.

- Ok. Vou fazer isso. – Eu disse surpreendendo a mim mesmo.

Ela bufou – Benito não é um dominador. Isso não pode ser feito de qualquer forma. É muito sério.

- Tá bom. Então, vamos a esse tal clube e eu quero ver em primeira mão. Você foi que disse outro dia que os filmes pornôs eram muito surrealistas. Então eu quero ver a coisa real.

- Você não tem que provar nada pra mim, Penélope. Eu só falei sobre esse assunto por que você começou. Se você está feliz com o seu baunilha, então siga em frente. Eu respeito. As pessoas são diferentes.

Eu bebi mais um pouco – Tá tudo bem. Vamos lá. Eu quero fazer isso. Quero ver, quem sabe experimentar e só então eu vou poder dizer pra você o que eu achei.

Foi a vez da Isabel beber. Ela tomava um coquetel de frutas vermelhas e nós duas estávamos beliscando alguns petiscos – Isso não funciona desse jeito. 

- Olha, eu só quero ver de perto como as coisas são. Eu tenho essa curiosidade. É só isso. Não tem a menor chance de eu entrar nessa.

- Não sei. Vou ter que falar com Bruno. Estamos frequentando esse clube há pouco tempo e ele é muito exclusivo. Só fomos agora pra ele, porque Bruno conheceu um dos donos e conseguiu ser admitido. Mas é muita burocracia. Mesmo para visitantes. Precisamos de exames de sangue e eles fazem uma pesquisa sobre seus antecedentes.

- Eu fiz exames recentes. Todos disponíveis digitalmente. Posso enviar pra você. 

- Você tá falando sério, não é?

- Sim – eu disse com firmeza. Embora surpresa com a minha decisão repentina, eu não estou insegura quando a minha visita ao local. Eu confiava em Isabel e, apesar do gosto sexual duvidoso, eu também confiava em Bruno. Não era como se fossem me estuprar lá dentro. Isabel já havia me explicado antes sobre todo o aparato de segurança que eles proporcionam. Ninguém faz nada a não ser que queira.

- Vou falar com Bruno e amanhã te falo. Mas eu vou querer uma resposta de novo amanhã, quando você não tiver nem uma gota de álcool em seu sangue.

- Sem problemas.

*****

Eu embolei na cama até alcançar meu telefone sobre o criado-mudo e atendi com a voz rouca de quem havia acabado de despertar – Alô.

- Finalmente, senhora determinada – Era Isabel – estou entrando em contato para que você me diga que desistiu de ir ao clube.

- Você falou com ele?

- Sim. Mas, como eu disse, não quero que faça isso para provar nada a mim e nem a ninguém. As pessoas são diferentes umas das outras e têm gostos diferentes, o que...

- Ok. Corta o papo de politicamente correto e vamos ao que interessa. Eu declaro agora, totalmente sóbria, embora tenha acabado de acordar, que por livre e espontânea vontade vou ao clube de sexo pervertido.

- É Gaming Club.

- Ah! Que seja.

Ela soltou um longo suspiro – Enviei um e-mail pra você, Bruno falou com um dos donos do clube e ele autorizou a sua ida, desde que cumpridas algumas exigências, como os resultados dos exames, que precisam ser atuais, e algumas informações básicas. Está tudo no e-mail. Você precisa responder isso até o meio-dia para que Bruno possa encaminhar para o clube. Depois disso, temos que esperar. Creio que até as 19h00 teremos uma resposta. 

- Sem problemas – falei, já de pé, a caminho da minha escrivaninha onde estava o meu computador. Eu sentei diante dele e liguei.

- Ok. Qualquer dúvida é só ligar. Se em algum momento quiser desistir, não se sinta mal com isso.

- Eu não vou.

- Claro que não. Essa é você. Chamo você mais tarde.

Terminei a chamada e me concentrei na tela a minha frente. Quinze minutos depois eu enviei o questionário respondido, meus dados e meus exames. Já passava das dez horas da manhã e eu ainda não havia comido nada. Saindo do quarto, passei pelo quarto da minha amiga, Giovanna, com quem eu dividia o apartamento, mas ele estava vazio. Aliás, a casa estava. Ela provavelmente estava na cafeteria, há poucas quadras daqui, onde ela costumava trabalhar. Honestamente, eu não entendia como trabalhar em uma cafeteria podia ser melhor do que o silêncio do quarto dela. Além disso, era sábado. Mas, então, estávamos falando sobre Gi. Ela escrevia alguns artigos para jornais e blogs sobre assuntos variados e era mesmo muito boa nisso, o que me fazia questionar por que ela não fazia algo realmente grande. Giovanna era uma menina doce e muito quieta, era uma leitora voraz e extremamente culta. Eu costumava dizer que ela era uma enciclopédia ambulante, pois discorria tranquilamente sobre qualquer assunto, exceto sexo. É claro. Era inaceitável que alguém com tão boas qualidades não fosse mais além, não almejasse algo realmente desafiador para a sua vida. Meu palpite era que ela era muito tímida, talvez a pessoa mais retraída que eu conheci na vida e isso acabava empatando a vida dela e a impedindo de alçar voos maiores. Vez ou outra eu tentava tirá-la de casa e incentivá-la a fazer novos amigos, tirá-la da sua zona de conforto, mas era quase impossível. 

A primeira coisa que eu fiz ao entrar na cozinha foi ligar a cafeteira. Em seguida, vasculhei a geladeira em busca de alguma coisa para comer. Peguei algumas bolachas salgadas e um pouco de requeijão. Isso era tudo que eu poderia pensar em fazer por agora. Mais tarde eu sairia para almoçar ou talvez estivesse mais disposta a ponto de preparar um almoço decente pra mim.

Enquanto comia, avaliava o que eu poderia fazer do resto do meu dia. À noite, se tudo desse certo, eu já sabia o que faria. Antes, porém, eu poderia trabalhar um pouco. A Ferrara Planejamento e Marketing - FPM era uma empresa nova com menos de dois anos de mercado. Depois de estagiar em uma empresa e trabalhar um ano e meio em outra, eu decidi que eu não poderia fazer um trabalho que exige de mim toda criatividade, se a mim eram impostas um sem número de limitações. Infelizmente, as empresas com as quais eu trabalhei eram apenas réplicas de outras tantas por aí e ia de encontro a tudo que eu havia aprendido.

Foi aí que eu tomei a decisão de trabalhar por conta própria. Eu abri um escritório virtual, com uma sala disponível apenas para reuniões com clientes, mas todo o trabalho era efetivamente feito no meu quarto. Graças aos contatos que eu havia feito em trabalhos anteriores e também a um projeto de marketing para a nossa empresa, eu consegui, um ano depois, alugar um espaço permanente e contratar dois funcionários: Isabel e Dino. Benito era apenas um freelance. Ele fazia alguns trabalhos específicos de diagramação, mas não fazia parte efetivamente da empresa, o que serviu de excelente desculpa para dormir com ele. Mas não estávamos namorando nem nada parecido. 

Bem, a questão era que eu tinha algum serviço para fazer, mas diante da possibilidade de sair hoje à noite, talvez fosse bom apenas ir a um SPA e ficar linda. Quem sabe eu não encontro alguém interessante essa noite e, se ele for muito sexy, talvez eu possa permitir que ele me amarre com uma corda e me dê umas palmadinhas. Revirando os olhos com o pensamento idiota, eu terminei de comer e em seguida me arrumei e saí.

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