Penny
- Certo. Isso é apenas meio louco. Não me leve a mal, eu respeito a sua opinião, mas não entendo como alguém consegue sentir prazer em ser espancada.
- Não se trata de ser espancada. É tudo uma questão de conhecer os seus limites e se permitir. – Isabel disse seriamente. Não era a primeira vez que esse assunto vinha à tona. Ela estava explorando esse estilo de vida recentemente. Sim, antes disso ela era como eu. Pasmem! – Eu sei exatamente tudo o que você está pensando. Eu já estive aí cheia de preconceitos e ignorância. Mas quer saber? Eu me encontrei. Eu descobri um mundo de possibilidades de sentir prazer e estou satisfeita comigo mesma.
Eu tomei um longo gole da minha cerveja e recoloquei a garrafa long neck sobre a mesa – E se você e Bruno terminarem?
- Eu não estou fazendo isso por Bruno. Não mesmo. Eu estou fazendo isso por mim. Eu nunca me senti plenamente realizada sexualmente e, quando eu conheci Bruno nós começamos devagar. Ele se segurou comigo por que ele não queria me assustar, mas aos poucos eu fui desbravando e me descobri. Então, respondendo a sua pergunta, se um dia eu e Bruno terminarmos, eu ainda vou querer fazer isso, pois isso é apenas parte de mim. Mas eu só descobri isso porque pus de lado os meus preconceitos e abri a minha mente. Mas, principalmente, experimentei.
- Ok. Vou fazer isso. – Eu disse surpreendendo a mim mesmo.
Ela bufou – Benito não é um dominador. Isso não pode ser feito de qualquer forma. É muito sério.
- Tá bom. Então, vamos a esse tal clube e eu quero ver em primeira mão. Você foi que disse outro dia que os filmes pornôs eram muito surrealistas. Então eu quero ver a coisa real.
- Você não tem que provar nada pra mim, Penélope. Eu só falei sobre esse assunto por que você começou. Se você está feliz com o seu baunilha, então siga em frente. Eu respeito. As pessoas são diferentes.
Eu bebi mais um pouco – Tá tudo bem. Vamos lá. Eu quero fazer isso. Quero ver, quem sabe experimentar e só então eu vou poder dizer pra você o que eu achei.
Foi a vez da Isabel beber. Ela tomava um coquetel de frutas vermelhas e nós duas estávamos beliscando alguns petiscos – Isso não funciona desse jeito.
- Olha, eu só quero ver de perto como as coisas são. Eu tenho essa curiosidade. É só isso. Não tem a menor chance de eu entrar nessa.
- Não sei. Vou ter que falar com Bruno. Estamos frequentando esse clube há pouco tempo e ele é muito exclusivo. Só fomos agora pra ele, porque Bruno conheceu um dos donos e conseguiu ser admitido. Mas é muita burocracia. Mesmo para visitantes. Precisamos de exames de sangue e eles fazem uma pesquisa sobre seus antecedentes.
- Eu fiz exames recentes. Todos disponíveis digitalmente. Posso enviar pra você.
- Você tá falando sério, não é?
- Sim – eu disse com firmeza. Embora surpresa com a minha decisão repentina, eu não estou insegura quando a minha visita ao local. Eu confiava em Isabel e, apesar do gosto sexual duvidoso, eu também confiava em Bruno. Não era como se fossem me estuprar lá dentro. Isabel já havia me explicado antes sobre todo o aparato de segurança que eles proporcionam. Ninguém faz nada a não ser que queira.
- Vou falar com Bruno e amanhã te falo. Mas eu vou querer uma resposta de novo amanhã, quando você não tiver nem uma gota de álcool em seu sangue.
- Sem problemas.
*****
Eu embolei na cama até alcançar meu telefone sobre o criado-mudo e atendi com a voz rouca de quem havia acabado de despertar – Alô.
- Finalmente, senhora determinada – Era Isabel – estou entrando em contato para que você me diga que desistiu de ir ao clube.
- Você falou com ele?
- Sim. Mas, como eu disse, não quero que faça isso para provar nada a mim e nem a ninguém. As pessoas são diferentes umas das outras e têm gostos diferentes, o que...
- Ok. Corta o papo de politicamente correto e vamos ao que interessa. Eu declaro agora, totalmente sóbria, embora tenha acabado de acordar, que por livre e espontânea vontade vou ao clube de sexo pervertido.
- É Gaming Club.
- Ah! Que seja.
Ela soltou um longo suspiro – Enviei um e-mail pra você, Bruno falou com um dos donos do clube e ele autorizou a sua ida, desde que cumpridas algumas exigências, como os resultados dos exames, que precisam ser atuais, e algumas informações básicas. Está tudo no e-mail. Você precisa responder isso até o meio-dia para que Bruno possa encaminhar para o clube. Depois disso, temos que esperar. Creio que até as 19h00 teremos uma resposta.
- Sem problemas – falei, já de pé, a caminho da minha escrivaninha onde estava o meu computador. Eu sentei diante dele e liguei.
- Ok. Qualquer dúvida é só ligar. Se em algum momento quiser desistir, não se sinta mal com isso.
- Eu não vou.
- Claro que não. Essa é você. Chamo você mais tarde.
Terminei a chamada e me concentrei na tela a minha frente. Quinze minutos depois eu enviei o questionário respondido, meus dados e meus exames. Já passava das dez horas da manhã e eu ainda não havia comido nada. Saindo do quarto, passei pelo quarto da minha amiga, Giovanna, com quem eu dividia o apartamento, mas ele estava vazio. Aliás, a casa estava. Ela provavelmente estava na cafeteria, há poucas quadras daqui, onde ela costumava trabalhar. Honestamente, eu não entendia como trabalhar em uma cafeteria podia ser melhor do que o silêncio do quarto dela. Além disso, era sábado. Mas, então, estávamos falando sobre Gi. Ela escrevia alguns artigos para jornais e blogs sobre assuntos variados e era mesmo muito boa nisso, o que me fazia questionar por que ela não fazia algo realmente grande. Giovanna era uma menina doce e muito quieta, era uma leitora voraz e extremamente culta. Eu costumava dizer que ela era uma enciclopédia ambulante, pois discorria tranquilamente sobre qualquer assunto, exceto sexo. É claro. Era inaceitável que alguém com tão boas qualidades não fosse mais além, não almejasse algo realmente desafiador para a sua vida. Meu palpite era que ela era muito tímida, talvez a pessoa mais retraída que eu conheci na vida e isso acabava empatando a vida dela e a impedindo de alçar voos maiores. Vez ou outra eu tentava tirá-la de casa e incentivá-la a fazer novos amigos, tirá-la da sua zona de conforto, mas era quase impossível.
A primeira coisa que eu fiz ao entrar na cozinha foi ligar a cafeteira. Em seguida, vasculhei a geladeira em busca de alguma coisa para comer. Peguei algumas bolachas salgadas e um pouco de requeijão. Isso era tudo que eu poderia pensar em fazer por agora. Mais tarde eu sairia para almoçar ou talvez estivesse mais disposta a ponto de preparar um almoço decente pra mim.
Enquanto comia, avaliava o que eu poderia fazer do resto do meu dia. À noite, se tudo desse certo, eu já sabia o que faria. Antes, porém, eu poderia trabalhar um pouco. A Ferrara Planejamento e Marketing - FPM era uma empresa nova com menos de dois anos de mercado. Depois de estagiar em uma empresa e trabalhar um ano e meio em outra, eu decidi que eu não poderia fazer um trabalho que exige de mim toda criatividade, se a mim eram impostas um sem número de limitações. Infelizmente, as empresas com as quais eu trabalhei eram apenas réplicas de outras tantas por aí e ia de encontro a tudo que eu havia aprendido.
Foi aí que eu tomei a decisão de trabalhar por conta própria. Eu abri um escritório virtual, com uma sala disponível apenas para reuniões com clientes, mas todo o trabalho era efetivamente feito no meu quarto. Graças aos contatos que eu havia feito em trabalhos anteriores e também a um projeto de marketing para a nossa empresa, eu consegui, um ano depois, alugar um espaço permanente e contratar dois funcionários: Isabel e Dino. Benito era apenas um freelance. Ele fazia alguns trabalhos específicos de diagramação, mas não fazia parte efetivamente da empresa, o que serviu de excelente desculpa para dormir com ele. Mas não estávamos namorando nem nada parecido.
Bem, a questão era que eu tinha algum serviço para fazer, mas diante da possibilidade de sair hoje à noite, talvez fosse bom apenas ir a um SPA e ficar linda. Quem sabe eu não encontro alguém interessante essa noite e, se ele for muito sexy, talvez eu possa permitir que ele me amarre com uma corda e me dê umas palmadinhas. Revirando os olhos com o pensamento idiota, eu terminei de comer e em seguida me arrumei e saí.
TonyEu poderia dizer o quanto o Gaming Club estava lotado apenas pela quantidade de carros que havia no estacionamento. Avancei até a garagem privada e acionei o controle. A porta se ergueu e estacionei o meu Audi entre as vagas de Luca e Amadeo. Nós compartilhávamos o gosto pela dominação e, após alguns anos nos encontrando em outros clubes e festas privadas, decidimos montar o nosso próprio clube. Saí do carro e me apressei para a entrada, pois deveria entrar em cena em cerca de meia hora. Eu sabia que Beatrice estaria esperando. Ela foi sempre pontual todas as vezes que estivemos juntos, mas ela era uma boa submissa e não ousaria ligar para me apressar. Nós também não éramos exclusivos, embora eu poderia dizer que ela era com quem eu mais jogava nos últimos meses. Às vezes nós incluíamos uma ou outra parceira ou parceiro, mas na maioria das vezes éramos nós dois. Diante da porta, coloquei o dedo polegar sobre o leitor biométrico e a porta se abriu com um clique. Giulio, nosso ch
PenélopeEmbora eu tivesse checado duas vezes o endereço, ainda não podia acreditar que era ali. Quando eu imaginei um clube BDSM eu tinha pensado numa boate com luzes na entrada, talvez uma placa ou banner com uma mulher vestida em couro e um cara com um chicote na mão, mas havia portões de ferro elegantes, uma discreta e requintada placa escrito simplesmente “Gaming Club” e uma câmera de segurança que falou comigo quando abaixei o vidro do carro.- Boa noite. Identifique-se, por favor – disse a voz metálica.- Sou Penélope Ferrara.- Um momento... É a sua primeira vez aqui hoje, não é?- Sim.- Seja bem-vinda. Siga em frente e depois à esquerda. Você vai encontrar o estacionamento para visitantes. Em seguida vá para o primeiro prédio. Alguém vai recolher as suas impressões digitais e dar-lhe algumas instruções. Uau! Sim. Eu estava mesmo impressionada com todo o esquema de segurança do lugar. O que me fazia questionar se eles eram muito sérios e preocupados com a segurança dos seus
- Então?- Oh! Pelo amor de Deus, eu já falei tudo que eu tinha pra falar nos últimos cinco dias. – ela continuou me olhando e eu falei – Eu meio que entendi seu ponto, certo? Quando eu estava lá não parecia mais tão absurdo assim o que vocês fazem. Deu pra ver que as pessoas realmente podem sentir prazer com... tudo aquilo que acontece lá...- Eu não estou me referindo a isso. Como você mesma explicou, isso é o que você me diz nos últimos dias, o que eu quero saber é o que aconteceu que você não está me contando. Você teve uma experiência com alguém?- Não.- Você me diria se tivesse?- Claro.- Ok. Então eu vou parar de te encher o saco sobre isso. Só quero que saiba que se você quiser falar sobre qualquer coisa eu estou aqui, ok?- Certo. Terei isso em mente. Obrigada. Agora eu preciso ir. Tenho uma reunião com Ugo Lopes, na Mazza Telecom.- Mazza Telecom? Tá falando sério?- Eu também não estou acreditando e também não quero que crie expectativas, mas eu recebi um convite para uma
Eu estava silenciosamente rezando para que ele não me reconhecesse e se essa graça fosse atendida, que Amadeo não desse com a língua nos dentes. Enquanto eu estava em cólicas por todo o inferno interno que eu estava vivendo, ele apenas sentou-se em seu lugar e mexeu no seu smartphone enquanto Amadeo foi a cada um de nós apertar a mão e ser gentil – Srta. Ferrara – Disse ao se aproximar. – que bom revê-la.- Sr. Rizzardo, eu sinto... – ele me parou balançando discretamente a cabeça de um lado para o outro ao mesmo tempo em que sussurrou um “relaxe”. Eu, no auge do meu desespero, agarrei-me nisso para me acalmar. Ele não diria nada e o senhor “foda intergaláxica” não iria se lembrar de mim. Embora, francamente, o que fez com que eu cogitasse a possibilidade dele se lembrar? Eu estava em uma sala escura com dezenas de pessoas e não era como se o pau dele estivesse sendo inserido em mim. Eu honestamente já achava difícil que ele se lembrasse da mulher deslumbrante que ele estava fodendo,
Penny- Como você pode não me falar que Antony Mazza era dono do Gaming Club.- Eu juro que eu não sabia. E sim, eu conhecia Amadeo, mas não tinha ideia de que ele trabalhava na Mazza Telecom. Além disso, eu te disse que estamos frequentando este clube a pouquíssimo tempo, eu não conheço todo mundo ainda. Na verdade, Bruno é o único que conhece as pessoas. Mas, honestamente, eu não vejo razão para você ficar preocupada. Amadeo é muito profissional...- Não é com ele que eu estou preocupada.- Então com quem é? Você chegou a encontrar Antony Mazza no clube? Ele se lembrou de você? Eu não acho que ele falaria alguma coisa para constrangê-la. Não é como as pessoas de lá agem.- Eu não acho que ele tenha me reconhecido e, sim, eu o encontrei lá, mas na ocasião não o reconheci. Ele fez uma apresentação no salão principal e eu assisti. Jesus! Você tem ideia do quanto isso é constrangedor? - Olha, se ele não te reconheceu não vejo por que você está preocupada.- Quer saber do que mais? Você
Tony- Ela é esperta. Quantas equipes entraram em contato pedindo isso – Perguntei a Amadeo depois que ele encerrou a ligação com Penélope. Eu estava em seu escritório quando a sua secretária passou a ligação. Eu me vi eufórico quando ouvi o seu nome dito pela secretária no interfone.- Apenas ela. As outras queriam apenas tirar algumas dúvidas técnicas sobre o produto, mas solicitaram apenas uma reunião.- Dê-lhes apenas o que pedirem. Assim vamos medir o brilhantismo de cada um.- Ela é muito boa. Eu vi alguns dos seus trabalhos. Tão jovem e tão brilhante. Fala a verdade... você gostou dela.- Profissionalmente?- Não. Sexualmente.- Eu não fodi com ela...- E desde quando é preciso foder para gostar sexualmente. Algumas coisas a gente apenas sabe. Ela exala sexualidade, embora eu continue dizendo que ela não tem sequer um osso submisso em seu corpo. Ela é curiosa e isso é tudo.- Eu não estou interessado. Não mesmo. Ela é bonita e inteligente, mas eu não estou interessado.- Ahã.
LucaO beco atrás da boate estava completamente vazio. Um contraste com a entrada principal, onde havia uma não muito pequena fila de jovens ansiosos para entrar nas dependências da boate. Demétrius estacionou o carro e eu pulei sem esperar que ele abrisse a porta. Eu não estava preocupado. Apesar de estarmos em uma área pública, as câmeras de segurança instaladas nas paredes do prédio que abrigava a boate eram monitoradas pelos meus homens. Prova disso, foi que a porta logo foi aberta e a batida estridente se misturou ao barulho do tráfego a nossa volta. Enquanto no piso inferior funcionava uma boate como qualquer outra, onde as pessoas bebiam e dançavam, a parte de cima abrigava um clube onde as nossas mulheres entretinham desde os machos que fazem parte da Família até políticos influentes – Olá, chefe – cumprimentou-me Greg, que havia aberto a porta.- E aí cara?- Eles já estão aqui. Estão na área vip.- Vamos ver o que ele quer.Entrei no ambiente escuro com luzes intermitentes e
Andressa- Você é uma vergonha – meu pai berrou para o meu irmão que estava caído no chão após levar o terceiro soco do meu pai. Nas duas primeiras vezes ele até que se levantou, mas agora estava lá, prostrado. Sem nenhuma condição de erguer-se sozinho. Meus primos estavam a um canto observando sem se intrometer, esperando o comando do meu pai. O cheiro de álcool podia ser sentido à distância – O que você tinha que falar com Luca Sartori? Eu por acaso estou reclamando de dinheiro pra você. Quem deu autorização para agir em meu nome.- Eu não agi em seu nome.- Por mais que eu odeie isso, você é um Barbieri e o que você faz é em meu nome.- Eu não sou obrigado a me submeter aos Sartori.- Que merda você está falando? Juan Carlo Sartori é o Capo e mesmo quem não faz parte da Família se submete a ele. Quem você pensa que é?- Sou um Barbieri de verdade e não vou aceitar isso. Com todo respeito Papà, se o senhor não teve pulso para acabar com eles eu o terei.- Você só vai me envergonhar