CAPÍTULO 3

- Então?

- Oh! Pelo amor de Deus, eu já falei tudo que eu tinha pra falar nos últimos cinco dias. – ela continuou me olhando e eu falei – Eu meio que entendi seu ponto, certo? Quando eu estava lá não parecia mais tão absurdo assim o que vocês fazem. Deu pra ver que as pessoas realmente podem sentir prazer com... tudo aquilo que acontece lá...

- Eu não estou me referindo a isso. Como você mesma explicou, isso é o que você me diz nos últimos dias, o que eu quero saber é o que aconteceu que você não está me contando. Você teve uma experiência com alguém?

- Não.

- Você me diria se tivesse?

- Claro.

- Ok. Então eu vou parar de te encher o saco sobre isso. Só quero que saiba que se você quiser falar sobre qualquer coisa eu estou aqui, ok?

- Certo. Terei isso em mente. Obrigada. Agora eu preciso ir. Tenho uma reunião com Ugo Lopes, na Mazza Telecom.

- Mazza Telecom? Tá falando sério?

- Eu também não estou acreditando e também não quero que crie expectativas, mas eu recebi um convite para uma reunião a respeito de um produto novo que eles querem lançar no mercado. Eu estranhei, porque eles têm o seu próprio Departamento de Publicidade e Propaganda, então eu realmente não tenho ideia de qual é a razão para eles estarem chamando empresas para isso. De qualquer modo, essa é uma oportunidade que eu não vou deixar passar. Um cliente desse porte é o que eu venho buscando nos últimos dois anos e pode abrir muitas portas para nós.

- É só você nessa reunião?

- Não, outras empresas foram convidadas e é por isso que eu não quero criar expectativas. Esta é uma reunião de apresentação. Eles vão dizer o que eles querem e nós vamos decidir se vamos participar ou não, é uma espécie de concorrência, pelo que entendi.

- Por isso você veio vestida para matar?

- Exatamente por isso. Quero causar uma boa impressão. – Levantei-me e recolhi minha pasta onde estava meu notebook e meu portfólio físico. Eu havia preparado uma apresentação sobre campanhas que nós desenvolvemos ao longo do tempo apenas para o caso de precisar fazer alguma exposição. 

- Boa sorte, então. Eu tenho que receber o pessoal da Corps.

- Neste caso, boa sorte para você – brinquei, já que o representante da Corps, uma das nossas empresas-clientes, era simplesmente apaixonado por Isabel e não perdia cada oportunidade de estar com ela.

A Ferrara Planejamento e Marketing ficava em um empresarial moderno no centro de Milão. Apenas a algumas quadras da Mazza Telecom. Embora eu estivesse tentada a ir caminhando, tendo em vista a proximidade, eu não queria chegar lá toda despenteada, suada e ofegante. Era só o que me faltava. Não, eu queria passar uma boa imagem e comprometimento. Estudei o meu reflexo no espelho do elevador a caminho do térreo, eu estava vestindo uma saia lápis preta e uma blusa branca de botão e manga longa. Por cima, um casaco preto que harmonizava com a minha saia. Meu salto era altíssimo e meus cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo na minha nuca, nenhum fio fora do lugar. Fui cuidadosa com a maquiagem, optando apenas por um pouco de gloss labial e um delineador. Nenhuma sombra, nenhum blush, nada mais.

O prédio da Mazza Telecon era verdadeiramente imponente e foi impossível não se sentir um pouco intimidada com tudo. No entanto, eu estava longe de deixar transparecer isso para quem quer que fosse. Em geral, eu era muito desinibida nas reuniões com os meus clientes, mas essa empresa é a melhor coisa que me aconteceu. Ok, não a melhor coisa que me aconteceu, mas a melhor que pode vir a acontecer. Conseguir esse contrato é como subir dois degraus em um pódio e isso me deixa nervosa. Nos últimos anos, tentei chegar à Mazza de todas as maneiras possíveis e imagináveis, mas o fato dela ter uma diretoria específica de marketing dificultou as coisas. Eu não queria me inserir em uma equipe, queria trazer a minha própria equipe para desempenhar o trabalho. 

Após estacionar no local indicado para visitantes e me identificar na recepção, fui direcionada ao elevador. A reunião seria na cobertura, andar da presidência, e o tempo que se passou até que eu atingisse o último andar pareceu uma eternidade. Saindo do elevador, uma porta dupla de vidro abriu automaticamente e uma mulher em um terninho me recebeu com um sorriso profissional – Senhorita Ferrara?

- Sim.

- Seja bem- vinda – disse ao sair de trás do longo balcão de mármore e se posicionar diante de mim. Vou acomodá-la na sala de reunião. O senhor Ugo estará com vocês em breve. – Eu a acompanhei até uma imponente sala de reunião. Acho que essa única sala era o tamanho de toda a minha empresa. Afastei o pensamento e prestei atenção aos dois homens que já estavam no local. Eu conhecia um deles e, após cumprimentar a ambos, iniciamos uma conversa tranquila. Duas mulheres e mais um homem chegaram depois. Eram representantes de outras três empresas e, no total, seis empresas estavam na sala. Instantes depois, Ugo entrou e cumprimentou a cada um de nós. 

- Bom dia, Senhoras e Senhores. – Ele alcançou alguns documentos em sua pasta. – Isso são termos de confidencialidade. Vocês já devem estar familiarizados com esse tipo de coisa, não é mesmo? Vamos compartilhar algumas informações que não gostaríamos que saíssem daqui.

Eu li e assinei o documento. De fato era muito comum no nosso ramo de trabalho ter acesso a informações sobre produtos e serviços novos que seria um perigo cair nas mãos da concorrência. Ugo conversou um pouco, mas não deu nenhuma pista sobre a reunião, além do que já havia sido dito. Eu estava no meio de uma conversa agradável com todos os presentes quando a porta se abriu e dois homens entraram. 

O primeiro tinha um olhar arrogante e respirava autoridade, o segundo... espera. Não pode ser. O segundo é Amadeo Rizzardo e o primeiro é o homem... o homem da apresentação. Droga! Não. Isso não pode estar acontecendo comigo. Isso não acontece na vida real. Esperei o momento exato em que seus olhos demostraria reconhecimento e a reprovação viria na sequência, mas seu olhar varreu a sala e não veio nada. Amadeo, no entanto. Deu um aceno discreto com a cabeça – Bom dia, senhoras e senhores. – Aquela voz soou e eu só conseguia associar ela a o “chupe” que ele rosnou para a mulher de joelhos diante dele. 

Todos ficaram de pé e eu não sei como, mas consegui imitá-los. Sussurrando um bom dia incrédulo no fundo da minha garganta. Como eu pude não reconhecê-lo antes? Mas também, como eu iria imaginar que Antony Mazza, presidente da Mazza Telecom, era o único a foder em público em um club BDSM.

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