/Caleb's POV/
Fiquei mais tempo naquele lugar do que eu queria, subindo e descendo diversas escadas, e ainda não achei algo que preste. As únicas coisas que eu encontro são pinturas velhas pelos corredores, um campo de treinamento vazio… até encontro algumas espadas, mas elas não têm nada de especial. Além disso, sinto como se alguém me observasse e estivesse me seguindo, mas, toda vez que olho em volta, eu só vejo o corredor vazio e escuro! A única coisa diferente que enxergo são grandes estátuas velhas de anjas guerreiras.
Ah, tudo deve ser imaginação minha. Eu tive um dia bem cheio, então deve ser só o cansaço. Só falta uma sala para eu verificar; se ainda não achar nada, vou embora.
Me aproximo da grande e pesada porta fechada e a empurro com força para abri-la. No momento em que entro na sala, me deparo com algo brilhante! É uma espada banhada em ouro puro que está apoiada ao lado de um trono vazio.
Eu posso sentir uma poderosa magia fluindo sobre ela; isso explica o motivo de seu forte brilho. Finalmente encontrei alguma coisa de alto valor.
Confesso que estou um pouco surpreso, pois este local é muito antigo e esta espada está em ótimas condições. Sem falar que ela está totalmente sem proteção, e não aparenta ter armadilhas ao redor.
Ah, pare de perder tempo, Caleb! Pegue logo isso e saia daqui!
Obedeço a meus pensamentos e me aproximo, tentando agarrar a espada, percebendo que ela é bem mais pesada do que eu imaginava. Mas isso não pode me deter, eu tenho que levar isso comigo!
Então, como eu não estava conseguindo segurar a espada firmemente, eu decido arrastá-la, já que é o único jeito que eu pensei para trazê-la comigo. Com isso, consigo sair daquele saguão, voltando aos corredores.
Eu fico muito feliz e estava pronto para sair dali com a espada em mãos, mas algo me impede…
De repente, sinto um grande impacto contra mim, que me fez largar a espada e me jogou para longe dela! Foi tão rápido que eu nem sei o que aconteceu direito, e nem quem foi o responsável por aquilo, mas isso prova que eu não estou sozinho naquele lugar.
Eu não consigo ver nada direito, principalmente pelo fato de que a única coisa que ilumina um pouco o lugar é a espada que, no momento, está longe de mim. Mas ainda posso escutar barulhos de algo ou alguém se aproximando, além do barulho de uma armadura! Seja o que for, está vindo em minha direção.
De repente, a espada, que é o único objeto que eu consigo ver naquela escuridão, pareceu que foi pega por alguém que continua a se aproximar!
Argh, não dá para lutar contra alguém que não consigo enxergar, tenho que sair daqui rápido.
Portanto, imediatamente uso a manopla para me teletransportar para outro salão aleatório. Eu tinha que despistar aquela coisa para conseguir sair daqui…
Enquanto corro, sei que, seja lá quem estava me perseguindo, ainda tem uma espada poderosa em suas mãos. Não obstante, o maior problema chegou quando eu fiquei totalmente sem saída: eu entrei num lugar que não há mais para onde ir! Eu não tenho pra onde correr, e me teletransportar para o outro lado pode ser arriscado pois não sei o que irei encontrar. Merda!
— Ah, é apenas você — escuto uma voz familiar, mas ainda fico com certo desespero.
Volto a escutar passos de algo se aproximando, até que enfim posso ver que é o mesmo garoto yarén que vi hoje pela tarde, e aqueles quatro lobos de novo. Isso me deixa bem aliviado, mas também confuso e um pouco irritado.
— Então foi você que me atacou e estava me perseguindo com aquela droga de espada? — questiono, frustrado.
— Quê?! Não — ele nega. — Olha, melhor eu explicar para você lá fora, ela não vai gostar de ter você aqui nem mais um segundo.
— Ela? — fico ainda mais confuso. — Ela quem?
Todavia, o garoto apenas ignora minha pergunta, agarrando meu braço e me arrastando para fora daquele palácio.
No momento em que saímos do local, o portão principal se fecha quase que imediatamente, sem que nenhum de nós tocasse nele! O-O que era aquela coisa?
— Agora pode me explicar o que está acontecendo? — puxo meu próprio braço o fazendo me largar. — O que era aquela coisa que me perseguia?
— Era a Sarah— o garoto dá de ombros.
— Aquele bicho ainda tem nome? — eu falo de forma totalmente indignada.
— Ela não é um bicho! — ele me corrige. — É uma valquíria.
— Valquíria? — Acho que já ouvi alguma coisa sobre, mas elas não deveriam estar extintas?
O jovem yarén revira os olhos e respira fundo antes de começar explicar:
— Vamos dizer que são anjas guerreiras. Elas são muito poderosas, seja em força física ou mágica, além de serem o único ser da terra a terem o poder da reencarnação.
— Reencarnação?
— São elas que vão decidir quem vai poder renascer e ter uma nova vida ou quem só vai ficar no submundo mesmo. Eu tenho que explicar tudo? — ele bufa. — Apesar disso, elas não são imortais, mas também não são mortais.
— Não mortal e não imortal? — fico ainda mais confuso.
— Elas são eternas. Elas continuam a viver enquanto a magia existir. É meio complicado. E, para te confundir mais, elas podem ser mortas. Me disseram que isso aconteceu numa guerra contra o Império Wromor muitos anos atrás… Sarah foi a única que conseguiu sobreviver.
— Ah, bem… — eu não sei direito o que dizer. — De qualquer forma ela iria me matar! Por quê?! Isso não iria trazer as outras de vol… — O jovem me interrompe.
— Você ainda pergunta? — agora ele parece indignado. — Você literalmente invadiu o palácio dela e tentou roubar algo!
— Roubar, não! Prefiro o termo adquirir — o corrijo. — Além disso, como sabia que eu estava lá?
— Não sabia — ele dá de ombros. — Apenas estava nas redondezas e escutei uma movimentação estranha vindo de lá e vim verificar. Sarah me falou que algum mortal foi burro o suficiente para invadir o palácio e eu só falei que resolveria.
Ele acaba de me chamar de burro? Argh! Tanto faz… bem, eu tive sorte que foi ele que me encontrou primeiro, e não ela…
(Continua...)
— Enfim, mudando de assunto. E se eu te pedir um favor? — pergunto nervosamente. — Você não sabe mais pra que lado fica a vila, né? — ele deduz. Apenas respondo que sim com a cabeça, fazendo com que o garoto revirasse os olhos, soltando um logo suspiro. — Se vira! Eu não vou voltar para lá. — Argh! Qual o problema? Pelo menos me fala onde tem um hotel que eu possa me hospedar — peço. — A essa hora da noite, eu duvido que algum hotel irá te atender. — Como assim? — fico confuso e preocupado. — Meio que tem um horário limite aqui na capital, e depois desse horário da noite os hotéis não recebem mais hóspedes. Por algum motivo funciona assim, a não ser que você volte para o litoral oeste. Ugh! Realmente quero evitar usar o teletransporte de novo, afinal, usei ele hoje mais que o necessário. Mas, esse parece ser um caso que não tenho muita escolha. Aliás, vai ser melhor usá-lo do que andar a noite toda para chegar ao litora
/Caleb's POV/Depois de um tempo chego à aldeia de tyvet, uma das principais da capital. Contudo, planejo procurar um local para me alimentar ou talvez já busque um hotel para pousar. Afinal, quero ficar na região, então não posso cometer o mesmo erro de ontem.Já tenho tudo planejado, entretanto, antes que eu pudesse realizar qualquer coisa, sou interrompido;— Ibwa! Neo bōken-sha!Me deparo com um grupo de três rapazes que não pareciam ser muito mais velhos que eu, cujos se aproximavam de mim, o que me deixa sem reação já que não sabia o que falam ou o que querem.— Anata w* dekiru bāngzhù wǒmen? — um deles continuou a falar, mas não sabia o que responder, não estou entendendo nada.Por outro lado, nenhum deles parece ser um monge, então certamente não tem nada a ver com os objetos que adquiri.Por conta da barreira de idiomas, um silencio ficou en
E-Espere, ele está morto? Merda, essa não era minha intenção. Devo ter exagerado um pouco na potência do feitiço. Argh! Sou expulso dos meus próprios pensamentos quando de repente, sinto um forte golpe no meu estômago! Sendo forte o suficiente para me fazer cambalear e cair sentado no chão. Além disso, logo sinto um forte soco em meu rosto, fazendo-me cuspir um pouco de sangue. Além de sentir a ponta de uma lâmina encostado em meu pescoço, e diversos gritos no dialeto de Shiymorán que certamente devem ser ameaças. — Puff! — o ahito resmunga. — Garotos, apenas acabem logo com isso — O escuto dizer. E antes mesmo que aqueles homens me matassem, os quatro animais obedeceram a ordem e atacaram os dois rapazes ferozmente, rasgando suas carnes e os devorando ainda vivos! Deixando-os da mesma maneira que sua vítima anterior. Por alguns segundos, fico com receio que eu também fosse um alvo, mas eles parecem só me ignorar, o que me deixa mais aliviado. —
/Caleb’s POV/ Eu fiquei alguns dias na região da capital de Shiymorán, um total de uma semana, e em cada dia tentei explorar ao máximo cada lugar da floresta, na tentativa de encontrar outros templos com coisas valiosas. Afinal, eu vim aqui para isso. Porém, infelizmente acabei por nãoos encontrar. Quer dizer, eu encontrei diversos templos e palácios, mas nenhum que estivesse ou pelo menos aparentasse estar abandonado. Em todos os que avistei havia monges, entre outras pessoas ricas, que pareciam habitá-los. Claro que ainda foi um pouco tentador tentar invadi-los, mas eu não sou um ladrão. Mas, por outro lado, apesar de não conseguir nada valioso, eu pelo menos consegui avistar criaturas que nunca pensei em ver, como ossnapits, que são uma espécie de lagarto gigante da região. Eles são seres carnívoros e até ferozes quando se trata de suas presas, mas por algum motivo são dóceis com seres humanos.
Enquanto Leyla vai se preparar, eu fico a esperando em uma praça que ficava na região de classe alta do reino. Acabo por ficar ali algumas horas, até que eu a vejo se aproximando novamente. Dessa vez ela não está mais com seu vestido chique; ela usa algo mais casual e despojado e carrega uma mochila nas costas — Podemos ir? — questionei.Eu já estava impaciente de tanto esperar. — Necessito resolver algo antes — ela me responde — Vamos, por aqui. Eu a sigo até a saída da praça, entrando num território de mansões que ficava próximo ao palácio da família real. De repente, a garota simplesmente entra em uma casa nobre, indo a uns dos saguões da mansão onde ela se aproxima de uma garota que está sentada em uma poltrona lendo um livro, completamente encapuzada, o que me impediu de ver o seu rosto. Quem é ela? E por que dela estar desse jeito? — Não me digas que tu vais viajar com esse ruivinho de novo? — a menina resmunga. —
/Leyla'sPOV/ Fazíamos o caminho de volta para a residência do garoto ahito, Jack. Devo confessar que me sinto, e estou, afadigada. Quero dizer, já estava um pouco cansada antes, desde que chegamos aqui emShiymorán. Afinal, foi uma viagem deveras fadigosa. Mas eu estivera tão animada de estar em um ambiente diferente, que não me importei. Não que não esteja feliz agora, porém o cansaço está vencendo-me. — Está muito longe? — inquiro. — Não — Jack me responde — Por quê? — Por nada — dou um longo suspiro. Permanecemos andando pelo que acredito que foram três minutos, e era como se minhas pernas fossem quebrar a qualquer instante. Definitivamente, não estou tão acostumada a andar longas distâncias. Com isso, finalmente me pronunciei: — Ah, necessito descansar, nem que seja um pouco — resmunguei — Deveria ter vindo com sapatos mais confortáveis, — aproximo-me de uma
/Leyla’s POV/ Não pude ter o deleite de ficar em Shiymorán por muito mais tempo. Já havia ficado no país por três dias, que, em minha opinião, passaram muito rápido. Tinha que voltar a Allanor, ou meus pais, ou qualquer pessoa, poderia suspeitar de algo. Portanto, cá estava eu de volta a este reino, que me parece mais uma prisão. De qualquer forma, não me apetece deslembrar-me de Shiymorán. Muito pelo contrário, até combinei com o Caleb de que irei retornar logo mais. — Leyla — uma voz amigável e familiar soou atrás de mim. — Por onde estiveste? Virei-me para trás pra ver quem me chamava. Foi quando me deparei com uma garota jovem e alta, que possuía cabelos longos e negros e olhos azuis. Suas vestes eram chiques e elegantes, típico das pessoas ricas de Allanor. Seu nome era Eri, da família Scarpellini. Assim como eu, Eri também pertencia a uma família rica e muito influente neste reino, além do fato de também possuir magia. — Estive a tua pro
Após a resposta seca da garota de capuz, um pequeno silêncio ficou entre nós por alguns segundos, deixando o clima meio desconfortável até que o ruivo o encerrou com um resmungo: — Puff, tudo bem. Vou dar um jeito — ele deu as costas. — Vamos logo. Por alguns minutos não perdemos a embarcação, e o explorador arranjou um modo de a garota Yonara viajar conosco. Afe, francamente, espero que ela não interrompa nossos planos. *** Depois de uma longa e até mesmo cansativa viagem, chegamos às encostas oeste do continente. Era mais ou menos meio-dia e estávamos com muita fome, portanto nos alimentamos em uma das barracas de comida que havia por ali no litoral. Apesar de boa parte dos nomes dos pratos estarem escritos com o dialeto de Shiymorán, também havia muitos com nosso idioma, e foram esses que escolhemos. <