Após a resposta seca da garota de capuz, um pequeno silêncio ficou entre nós por alguns segundos, deixando o clima meio desconfortável até que o ruivo o encerrou com um resmungo:
— Puff, tudo bem. Vou dar um jeito — ele deu as costas. — Vamos logo.
Por alguns minutos não perdemos a embarcação, e o explorador arranjou um modo de a garota Yonara viajar conosco. Afe, francamente, espero que ela não interrompa nossos planos.
***
Depois de uma longa e até mesmo cansativa viagem, chegamos às encostas oeste do continente. Era mais ou menos meio-dia e estávamos com muita fome, portanto nos alimentamos em uma das barracas de comida que havia por ali no litoral. Apesar de boa parte dos nomes dos pratos estarem escritos com o dialeto de Shiymorán, também havia muitos com nosso idioma, e foram esses que escolhemos.
<Ela nos lança um olhar sério e um tanto intimidador, até que paira seus olhos em Caleb, fazendo uma leve expressão zangada. — Foi você! — a valquíria diz, ainda o encarando. — Esse garoto mortal invadiu meu palácio, e ainda tentou roubar minha espada — a valquíria expressa grande ira em sua voz. — Esse mortal merece uma punição. Que será… a morte! Rapidamente, a valquíria retira sua espada da bainha empunhando-a e fazendo um movimento rápido e poderoso, enquanto avança para cima do jovem explorador na menção de executar um golpe mortal! — Sarah, espere! — antes que fosse tarde demais, Jack se posiciona a frente do ruivo, ficando entre eles. Por sorte, a guerreira interrompe sua ação a tempo, antes de atingir o yarén, deixando a espada a pequenos centímetros de seu pescoço. — Saia da minha frente, garoto! — ordena a valquíria, porém Jack não move um músculo. — Por que está defendendo esse mero humano? <
/Jack's POV/ Já havia completado um dia desde que Ducan retornou a Shiymorán junto com alguns amigos. Eu não me importei quanto a isso, não sei se ligo mais, mas o problema é que desta vez eles trouxeram uma mestiça com eles, e isso sim me incomodou! Passaram dos limites! Quer dizer… aquela garota tem sangue demoníaco, como alguém conseguiria ficar tranquilo perto dela? O pior é que ela não fazia menção de ir embora tão cedo. Por sorte, a rainha Kyoumi e a primeira no comando do exército de Shiymorán, Sawa, deram a ideia de mostrar os pontos turísticos da capital, além dos costumes básicos dos humanos do país para que erros como “invadir um monastério sagrado” não se repitam. Obviamente Kyoumi e Sawa são pessoas muito ocupadas, então essa função foi passada para alguns de seus empregados. De qualquer forma, pelo menos ficarei um dia inteiro sem sentir aquela aura sombria da Yonara me atormentando. Não que eu tenha algo c
— Talvez isso deva até explicar o porquê de morares sozinho e longe dos teus pais e da própria tribo. Eu até poderia supor… — Ela faz uma expressão pensativa, voltando a falar com um tom sarcástico e debochado logo em seguida: — Julgando pelo tamanho da casa em que vive, deves ser de uma família rica de yarén, e certamente deves ter roubado uma porcentagem deste dinheiro para moldar a casa. Contudo, apenas fugiu para capital, longe da própria família e tribo! De onde ela tirou essas conclusões idiotas? I-Isso não faz menor sentido! E por que ela está falando isso, e desse jeito? Quero dizer, eu realmente posso não ter tentado ser amigável com ela quanto para os outros, mas por quê? Grr! — Eu sugiro a você que não fale de coisas das quais não tem conhecimento — respondo de forma seca. — Quer saber por que eu moro sozinho e não com meus pais? É porque eu não os tenho! E também não possui uma tribo — Olho para o rosto da garota, observando uma expressão de choque e, por incrível que pa
Porém ele não me dá uma resposta e apenas desvia seu olhar novamente.— Talvez eu possa ajudar, não? — Insisto. — Quem são aqueles? Sei que quer me dizer algo. — Está enganado. — Vamos, Jack, não somos amigos? Olha, eu… — Acabo interrompendo minha própria fala ao perceber que ele rosnava. — Grr. — O jovem olha para mim novamente, exibindo aquele mesmo olhar. — Pare de tentar me retratar com suas suposições bobas! Chega desse seu pano de chão idiota, pare de querer se passar por um herói. Desculpe se passei a impressão errada, mas não somos amigos! — Uau, eu achei que ficaria bem com isso, mas doeu mais do que pensei. — Eu apenas tive pena de você e te ajudei, fui amigável com vocês, mas apenas isso. Mas o que recebo em troca? Você só me causou problemas e reclamações até agora! — Ok, acho que ele tem direito de estar assim, posso estar magoado, mas ao menos ele está falando, né? — Eu não consigo lidar com mais mortais intrometidos como você, o que vocês tanto querem? Para alguém que
/Suyane's POV/ Ducan havia ido atrás de Jack fazia algum tempo, mas, até agora, nada de os dois retornarem, então eu saí. Pensei em retomar minha busca pelo yarén, mas, como eu não tinha ideia de para onde eu estava indo, apenas acabei por desistir. Claro que ainda quero me reconciliar com Jack, mas aguardarei até o momento em que ele for encontrado. Assim, decidi focar em outra coisa que também estava intrigando-me. Aquela valquíria, Sarah, me deixara curiosa… No dia em que cheguei aqui, ela me falou que eu não deveria atrapalhá-la, mas o que isso significaria? A que ela estava referindo-se? Eu tenho muitas perguntas a fazer. Por conta dos comentários de Ducan, já tinha uma certa noção de onde era localizado seu palácio, então não tive problema em encontrá-lo. Por seguinte, me aproximo, empurrando aquela grande e pesada porta e entrando em sua morada, dando-me de cara um amplo e espaçoso saguão. Não demoro muito para escutar a voz daquela valquíria:
/Caleb's POV/ Eu caminho pelo bosque de Shiymorán junto com Jack na intenção de encontrar as meninas para alguma coisa. Enquanto caminhávamos, começo a pensar em outras coisas, tipo: “como eu poderia de alguma forma conseguir chamar a atenção da Eri?”. Podemos não ser tão próximos como sou com a Leyla, mas acho que devo confessar que gosto dela já faz um tempo, porém não sei se ela sente algo por mim ou se só me considera como colega, e admito que isso me deixa um pouco preocupado. Por conta disso, tento impressiona-la de todas as formas possíveis, mas não parece funcionar e se funciona, ela nunca demonstrou. — Bom, Eri não parece se impressionar com minhas aventuras ou os artefatos que encontro. Então, o que devo fazer? — Sussurro para mim mesmo. — Talvez você só deva parar de falar sozinho — escuto Jack me repreendendo — É estranho. Vocês humanos sempre fazem isso? Espera, ele está me escutando? Como? Eu tinha certeza que est
/Leyla's POV/ Estavas quase anoitecendo e nada do Jack chegar. Confesso que eu estavas começando a ficar nervosa, será que devíamos ir atrás dele? Não fizemos tudo isso atoa. Todavia, antes mesmo que eu ou qualquer outro fosse atrás de Jack, o próprio chegou começando a olhar sua volta. — O que vocês fizeram? — Ele pergunta com seus olhos arregalados. — Nossa prevenção — respondi sorrindo. — Argh, jura? — Mais do que sério! — Caleb confirma. — Até você? — o menino parece pasmado. — Vocês acreditaram mesmo no que ela disse? — Nanda parecia ter falado sério, realmente não parece uma brincadeira, não fazes sentido — Eri explica. — Eu nunca faria nada a vocês! — o mesmo exclama. — Mas, se tu estivesses sob esse feitiço da lua, ou seja lá o que for, não teria noção disso — esclareço. — Que bobagem — o híbrido revira os olhos se aproximando de uma das janelas. — Jack! — chamamos para tentar impedi-lo.<
/Leyla's POV/ A valquíria Sarah havia pedido para nós encontrarmos um determinado livro na capital de Allanor, deve-se tratar de um livro importante e poderoso, e ao que aparenta ela usará a favor de Shiymorán. Dessarte, decidimos fazer este favor a ela, afinal, por ser uma criatura mágica, não podeis chegar perto do meu reino. Já havia três dias que ela tinha feito este pedido, e nesses dias encetamos nossos planejamentos, afinal seria uma longa viajem, e Jack estaria conosco para ajudar na busca do livro. Sendo franca, não me encontravas ditosa ao saber que teria que voltar a Allanor, mesmo que por poucos dias, mas acho que serás menos entediante com ele por perto, porventura, quem sabes eu mostre um pouco da cidade a ele. De tal maneira és arriscado o ahito ir conosco, ele necessita saber o cuidado que deves ter em Allanor, dessa forma, precisamos falar com ele sobre a verdade do país. — Terei que ir a um reino no qual a magia e seres como eu, são