Capítulo 4 -1

/Caleb’s  POV/ 

Eu fiquei alguns dias na região da capital de Shiymorán, um total de uma semana, e em cada dia tentei explorar ao máximo cada lugar da floresta, na tentativa de encontrar outros templos com coisas valiosas. Afinal, eu vim aqui para isso. 

Porém, infelizmente acabei por não os encontrar. Quer dizer, eu encontrei diversos templos e palácios, mas nenhum que estivesse ou pelo menos aparentasse estar abandonado. Em todos os que avistei havia monges, entre outras pessoas ricas, que pareciam habitá-los.  

Claro que ainda foi um pouco tentador tentar invadi-los, mas eu não sou um ladrão.  

Mas, por outro lado, apesar de não conseguir nada valioso, eu pelo menos consegui avistar criaturas que nunca pensei em ver, como os snapits, que são uma espécie de lagarto gigante da região. Eles são seres carnívoros e até ferozes quando se trata de suas presas, mas por algum motivo são dóceis com seres humanos. Também consegui ver algumas pessoas locais interagindo com os nokamel’s, que basicamente são golens gigantes e, assim como os snapits são seres totalmente amigáveis. E não posso me esquecer também do momento em que eu pude ouvir a canção dos coovlas. Apesar de não ter visto um, sei através dos livros e de rumores que eles são muito parecidos com baleias gigantescas, só que eles voam e vivem em altas altitudes acima das nuvens.

Eu deveria ter trazido um gravador. Com certeza conseguiria vender o áudio da canção deles por um bom preço na minha cidade. 

Quanto ao yarén que me acolheu, ele parece ser bem gente boa. Todavia, não conversamos tanto quanto eu queria, mas nem tentei forçar amizade ou algo do tipo. Afinal, ele me deixou ficar na casa dele, e isso pra mim foi o suficiente. Claro que quero saber mais sobre o mesmo, mas acho que terei que ir com muita calma.

Mas agora eu estou me despedindo dessa terra mágica. Claro que eu irei voltar pra cá o quanto antes; ainda tenho que achar algo valioso e que preste, né? Eu só estou indo embora por que quero trazer mais alguém comigo. 

Portanto, irei voltar ao meu continente, Valor. Porém, não irei para casa, e sim para o grande e rico reino que fica ao sudeste da região, o reino de Allanor. 

Através da minha manopla envio uma mensagem de fogo para a pessoa que queria encontrar, isso seria uma espécie de feitiço de comunicação. Logo mais, organizo o restante das minhas coisas, partindo.

                                                                               ***

   

Foram longos dias de viagem até chegar aos muros do país, mas eu já estava acostumado com isso. Assim que chego em frente aos muros do reino, me deparo com algumas flores da espécie Matthiola incana numa cor roxa. Essas flores não são comuns nesta região, mas para mim isso é um grande sinal: o sinal que diz que a barra estava limpa. 

Preparando minha manopla de ouro mágica, uso sua magia para me teletransportar para dentro de Allanor. Eu sei que isso é um jeito meio ilegal de se entrar num país, mas não me importo de correr o risco; afinal, sempre saio ileso de qualquer situação, por que eu sou incrível.

No momento em que me teleporto para dentro da cidade, me deparo com uma jovem e bela garota de cabelos sedosos e ondulados de cor castanha, pele branca, com olhos verdes, que usa um longo e cintilante vestido violeta combinando com suas luvas. Essa é minha amiga, Leyla Paxley. 

— Finalmente apareceste — ela fala no momento em que me vê, e parecia frustrada com algo. 

— Está tudo bem?  

— Quase fui encontrada pelos guardas, de novo — ela responde — Não é nada simples ter que fazer estas flores brotarem de forma mágica, toda vez que tu resolveres fazer uma visita. Por que não podes fazer como todo cidadão e passar pela fronteira? 

— Por que seria mais arriscado para mim — me justifiquei. 

Allanor é um reino no qual o uso de magia é completamente proibido. Eu não sei a história em todos os detalhes, mas até onde Leyla me contou, houve uma grande guerra de magos, feiticeiros e bruxas a mais de cem anos atrás, e aparentemente essa guerra quase destruiu a vida deste continente já que também envolveu demônios e espíritos malignos super poderosos, etc... Depois que a guerra acabou e os demônios foram selados, os sobreviventes ficaram com esse medo de tudo que é mágico, e essas mesmas pessoas foram as que construíram Allanor. 

Desse modo, Leyla acaba por ser arriscar um pouco ao ter que fazer essas flores nascerem magicamente para me avisar que é seguro me teletransportar. Eu poderia sim só passar pela fronteira, mas começaram a circular rumores sobre eu ser um usuário de magia. O que já era de se esperar, já que eu sou praticamente o único explorador que consegue entrar em templos super perigosos e sair ileso. 

Então prefiro que Leyla me ajude, já que não quero correr o risco de ser preso ou morto. Não é que eu não me importe com a segurança dela, é só que ela tem uma vantagem que eu não tenho... Leyla é de uma família super rica e que tem certa influência em todo reino, talvez sejam próximos da família real, certo? Afinal, até onde a mesma comentou, seus pais fizeram alguns atos honrosos ao reino. De qualquer forma, por conta disso, ela deve ser quase intocável.

— Não ficaremos parados aqui, não é? —  A garota dá as costas e sai andando, e eu vou imediatamente atrás dela. 

Talvez, quem sabe, ela saiba algo sobre as valquírias? Depois de quase ser morto por aquela em Shiymorán, eu preciso saber o máximo possível sobre elas. 

— Leyla, posso fazer uma pergunta? — aperto meu passo para ficar ao lado dela. 

— Dize. 

— Você sabe algo sobre valquírias? 

— Acredito que devo ter lido algo — ela coloca a mão no queixo ficando pensativa. — Se me recordo, os seres a que se refere, são como anjos guerreiros que podem controlar a reencarnação. Por que a pergunta?

Ao invés de respondê-la, faço outra pergunta por cima:

— Tem algum modo de derrotá-las? 

— Elas não são imortais, nem seres divinos; podem ser executadas. No entanto, conheço-te, e se tu tens tal interesse nisso, é por que algo aconteceu — ela me lança um olhar sério. 

— Resumindo, eu quase fui morto por uma. 

— Como encontraste uma valquíria? — agora ela demonstrou uma expressão confusa. — Deviam estar extintas.

— Acredito que os livros de história que possui estejam errados... — dou de ombros. — De qualquer forma, se estiver disponível, já sei para onde podemos viajar. 

— Quais são teus planos?  

— As terras mágicas de Shiymorán! Garanto que você nunca vai ver algo como aquele lugar, inclusive foi lá onde eu encontrei a valquíria — comento.

— Queres levar-me para um lugar onde tu quase morreste? — ela arqueou a sobrancelha.   

— Só me meti no lugar errado — coço minha cabeça, dando um sorriso. — O país não é tão perigoso quanto dizem. 

— Está bem — ela parece aceitar — mas preciso avisar alguém e preparar-me.          

Pode parecer muito repentino, mas na maioria das vezes que venho para Allanor é para viajar com a Leyla. Eu basicamente a levo junto para onde irei explorar. Tive essa ideia por que eu a escutava reclamando muito dizendo que sua vida era monótona, e também das regras do reino. Já que ela não pode usar magia, é como se ela não estivesse sendo ela mesma. Portanto, essas viagens seriam como férias desse inferno cercado de ouro. 

(Continuar...)

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