/Caleb's POV/
Depois de um tempo chego à aldeia de tyvet, uma das principais da capital. Contudo, planejo procurar um local para me alimentar ou talvez já busque um hotel para pousar. Afinal, quero ficar na região, então não posso cometer o mesmo erro de ontem.
Já tenho tudo planejado, entretanto, antes que eu pudesse realizar qualquer coisa, sou interrompido;
— Ibwa! Neo bōken-sha!
Me deparo com um grupo de três rapazes que não pareciam ser muito mais velhos que eu, cujos se aproximavam de mim, o que me deixa sem reação já que não sabia o que falam ou o que querem.
— Anata w* dekiru bāngzhù wǒmen? — um deles continuou a falar, mas não sabia o que responder, não estou entendendo nada.
Por outro lado, nenhum deles parece ser um monge, então certamente não tem nada a ver com os objetos que adquiri.
Por conta da barreira de idiomas, um silencio ficou entre nós pelos próximos três segundos, que foi quando outro deles decidiu se pronunciar;
— O que meu irmão perguntou, é se você é um aventureiro e se poderia nos ajudar. Consegue entender agora? — O que parecia ser o mais velho daquele trio, finalmente falou uma língua que eu entendo.
— Ah, sou Caleb Ducan. Explorador da cidade ostya — me apresento. — Mas, por que precisariam da minha ajuda?
— Queremos achar nosso outro irmão, ele está desaparecido desde de ontem e não está em nenhuma outra aldeia próxima aqui.
— Não sei como poderia ajudar, não falei com quase ninguém desde que cheguei aqui, e certamente não o vi.
— Essa sua manopla não é mágica? Não é um explorador de alta classe? Então deve possuir algum feitiço que possa nos ajudar, não? – Ele questiona.
— Bom, na verdade ela possui uma magia de rastreamento — comento.
— Por isso peço que nos ajude. Podemos pagar se necessário.
Agora sim, ele está falando meu verdadeiro idioma! Sei que este pedido de ajuda foi um tanto repentino, mas dinheiro é dinheiro.
— Tudo bem, mas irei precisar de algum objeto que pertence a ele.
No mesmo instante, um dos rapazes me entrega um casaco um tanto velho que obviamente deve ser deste tal irmão desaparecido. Peguei o casaco de suas mãos com a manopla, já realizando a magia de rastreamento, assim sendo, a peça de roupa começa a levitar por conta do feitiço, e começa a seguir lentamente em direção a floresta. Isso é um sinal que a magia está funcionando, o que é bom, por que eu não achava que iria dar certo já que nunca precisei usa-la.
— Tā shì shénme? mwo haess-eo? — Um dos caras exclama, parecendo um tanto zangado.
— Ele só quer saber o que você fez – o mais velho esclarece.
— Vocês moram em Shiymorán, e nunca viram um feitiço de rastreamento? — Questiono. — Bom, de uma forma básica, o objeto que enfeiticei irá flutuar até o seu dono. Por isso temos que segui-lo antes que o percamos de vista.
O mais velho explica aos outros, que parecem compreender. Deste modo, começamos a seguir o casaco antes que ele entrasse na floresta e desaparecesse.
Foram alguns minutos de caminhada até chegarmos próximos de um riacho com águas cristalinas, e foi aí que o casaco simplesmente caiu no chão. E não era por que o efeito teria passado ou algo assim, mas parece que ele não sabe para onde ir, não tinha achado seu dono. Hum... Isso não deveria acontecer.
— O que houve? — o homem me pergunta.
— O feitiço não achou seu irmão.
— Como assim? Tente mais uma vez!
— Mesmo que eu tentasse não iria funcionar, o feitiço só iria nos fazer andar em círculos. — Explico. — Independe do que aconteceu, seu irmão deve estar morto ou fora do território de Shiymorán.
— Neoui gajja! — um deles esbraveja.
Não sabia o que aquilo significava, mas podia jurar que era uma espécie de xingamento.
— Ugh, não consigo ter um minuto em paz sem ter mortais como você atrás de mim — escutamos alguém resmungando.
No momento em que observamos, nos deparamos com um yarén lobo, o mesmo que eu tinha visto ontem. Ele está em quase todo lugar?!
O garoto que antes estava sentando a beira do riacho, se levanta olhando em nossa direção, junto com aqueles lobos que parecem estar sempre junto a ele.
— O ̄ kyōdai, zhè shì Hēi láng uli hyeong-i malhaessdeon — Exclamou um dos rapazes que me acompanha.
— Dōdesu ka? — O garoto-lobo inclina a cabeça, ele parece estar um tanto perdido. Eu iria agradecer se eles falassem uma língua que eu entendesse.
— Neoyeoss-eo! Nǐ duì tā zuòle shénme! Sugu ni hanashite kudasai! — O rapaz mais novo do grupo grita tentando avançar para cima do ahito! No entanto, seu outro irmão o segurou.
O mais velho respira fundo tentando se manter calmo, e após alguns segundos ele se pronuncia;
— Nosso irmão está desaparecido desde ontem, e o curioso é que antes de desaparecer, ele falou que iria atrás de um Héi Lang já que ele achava que sua espécie era responsável pela desgraça do país. E acabamos achando você pelas redondezas.
— Sei que não irá acreditar, mas não tenho nada a ver com o desaparecimento do seu irmão. Na verdade, não me importo.
— Então por que o feitiço de rastreamento do explorador — Ele aponta para mim. — Nos trouxe até você?
— Então você quer mesmo acreditar na magia de alguém que mal sabe usá-la? E que ainda por cima, é um ladrão?
Ladrão? Por que ele me chamou assim? Não tem como ele ter visto eu no templo, né?
— Ladrão?
— A mochila que ele carrega deve estar cheia de objetos de muito valor, certamente pertencentes ao templo de kesshō. Podem conferir.
E-Espera, mas como ele...
De repente, meus pensamentos são interrompidos quando um dos homens rouba minha mochila a abrindo, pegando alguns dos objetos que adquiri no templo!
— Kuso yarō! — eles gritaram.
— Não esperava mais de um estrangeiro — O mais velho exibiu certo desdém em sua fala, e não parece tão indignado quando os outros dois.
— Apesar que... — O yarén voltou a falar, chamando a atenção dos outros. — Pensando melhor agora, me lembro de ter visto um homem um pouco parecido com vocês e ele realmente estava a me perseguir. Depois que percebeu que iria morrer, pediu por misericórdia dizendo que havia uma família a sua espera.
— O que você com ele?!
— Meus lobos o comeram — ele deu de ombros. — Então, confirmando suas especulações... Hai, w*tashi w* hontōni shāle tā.
— I saekki! Wǒ huì shāle nǐ! — Um dos garotos grita furiosamente.
O mesmo pega um punhal em suas mãos avançando em direção ao ahito, fazendo menção de ataca-lo. E-Eu devo fazer alguma coisa, não? Ele meio que me dedurou, mas acho seria o certo eu ajudar. Ok, ele assassinou o irmão desses caras, né? Porém, pensando por outro lado, assassinar o ahito, e se isso for possível, não o traria de volta. E sem falar que, se me lembro bem, ontem este yarén falou que havia um móvito para o que fez e agora falou que foi seguido... Hmm, acho que realmente devo impedir.
Com este pensamento, antes que o homem se aproximasse demais do yarén, preparo e disparo com minha manopla um raio de eletromancia, que atinge meu alvo em segundos o eletrocutando! Ele largou o punhal ao ser atingindo soltando um grito agonizante de dor. Quando o feitiço finalmente foi cessado, ele apenas caiu no chão imóvel, com queimaduras espalhas pelo seu corpo e parecia não respirar!
(Continuar....)
E-Espere, ele está morto? Merda, essa não era minha intenção. Devo ter exagerado um pouco na potência do feitiço. Argh! Sou expulso dos meus próprios pensamentos quando de repente, sinto um forte golpe no meu estômago! Sendo forte o suficiente para me fazer cambalear e cair sentado no chão. Além disso, logo sinto um forte soco em meu rosto, fazendo-me cuspir um pouco de sangue. Além de sentir a ponta de uma lâmina encostado em meu pescoço, e diversos gritos no dialeto de Shiymorán que certamente devem ser ameaças. — Puff! — o ahito resmunga. — Garotos, apenas acabem logo com isso — O escuto dizer. E antes mesmo que aqueles homens me matassem, os quatro animais obedeceram a ordem e atacaram os dois rapazes ferozmente, rasgando suas carnes e os devorando ainda vivos! Deixando-os da mesma maneira que sua vítima anterior. Por alguns segundos, fico com receio que eu também fosse um alvo, mas eles parecem só me ignorar, o que me deixa mais aliviado. —
/Caleb’s POV/ Eu fiquei alguns dias na região da capital de Shiymorán, um total de uma semana, e em cada dia tentei explorar ao máximo cada lugar da floresta, na tentativa de encontrar outros templos com coisas valiosas. Afinal, eu vim aqui para isso. Porém, infelizmente acabei por nãoos encontrar. Quer dizer, eu encontrei diversos templos e palácios, mas nenhum que estivesse ou pelo menos aparentasse estar abandonado. Em todos os que avistei havia monges, entre outras pessoas ricas, que pareciam habitá-los. Claro que ainda foi um pouco tentador tentar invadi-los, mas eu não sou um ladrão. Mas, por outro lado, apesar de não conseguir nada valioso, eu pelo menos consegui avistar criaturas que nunca pensei em ver, como ossnapits, que são uma espécie de lagarto gigante da região. Eles são seres carnívoros e até ferozes quando se trata de suas presas, mas por algum motivo são dóceis com seres humanos.
Enquanto Leyla vai se preparar, eu fico a esperando em uma praça que ficava na região de classe alta do reino. Acabo por ficar ali algumas horas, até que eu a vejo se aproximando novamente. Dessa vez ela não está mais com seu vestido chique; ela usa algo mais casual e despojado e carrega uma mochila nas costas — Podemos ir? — questionei.Eu já estava impaciente de tanto esperar. — Necessito resolver algo antes — ela me responde — Vamos, por aqui. Eu a sigo até a saída da praça, entrando num território de mansões que ficava próximo ao palácio da família real. De repente, a garota simplesmente entra em uma casa nobre, indo a uns dos saguões da mansão onde ela se aproxima de uma garota que está sentada em uma poltrona lendo um livro, completamente encapuzada, o que me impediu de ver o seu rosto. Quem é ela? E por que dela estar desse jeito? — Não me digas que tu vais viajar com esse ruivinho de novo? — a menina resmunga. —
/Leyla'sPOV/ Fazíamos o caminho de volta para a residência do garoto ahito, Jack. Devo confessar que me sinto, e estou, afadigada. Quero dizer, já estava um pouco cansada antes, desde que chegamos aqui emShiymorán. Afinal, foi uma viagem deveras fadigosa. Mas eu estivera tão animada de estar em um ambiente diferente, que não me importei. Não que não esteja feliz agora, porém o cansaço está vencendo-me. — Está muito longe? — inquiro. — Não — Jack me responde — Por quê? — Por nada — dou um longo suspiro. Permanecemos andando pelo que acredito que foram três minutos, e era como se minhas pernas fossem quebrar a qualquer instante. Definitivamente, não estou tão acostumada a andar longas distâncias. Com isso, finalmente me pronunciei: — Ah, necessito descansar, nem que seja um pouco — resmunguei — Deveria ter vindo com sapatos mais confortáveis, — aproximo-me de uma
/Leyla’s POV/ Não pude ter o deleite de ficar em Shiymorán por muito mais tempo. Já havia ficado no país por três dias, que, em minha opinião, passaram muito rápido. Tinha que voltar a Allanor, ou meus pais, ou qualquer pessoa, poderia suspeitar de algo. Portanto, cá estava eu de volta a este reino, que me parece mais uma prisão. De qualquer forma, não me apetece deslembrar-me de Shiymorán. Muito pelo contrário, até combinei com o Caleb de que irei retornar logo mais. — Leyla — uma voz amigável e familiar soou atrás de mim. — Por onde estiveste? Virei-me para trás pra ver quem me chamava. Foi quando me deparei com uma garota jovem e alta, que possuía cabelos longos e negros e olhos azuis. Suas vestes eram chiques e elegantes, típico das pessoas ricas de Allanor. Seu nome era Eri, da família Scarpellini. Assim como eu, Eri também pertencia a uma família rica e muito influente neste reino, além do fato de também possuir magia. — Estive a tua pro
Após a resposta seca da garota de capuz, um pequeno silêncio ficou entre nós por alguns segundos, deixando o clima meio desconfortável até que o ruivo o encerrou com um resmungo: — Puff, tudo bem. Vou dar um jeito — ele deu as costas. — Vamos logo. Por alguns minutos não perdemos a embarcação, e o explorador arranjou um modo de a garota Yonara viajar conosco. Afe, francamente, espero que ela não interrompa nossos planos. *** Depois de uma longa e até mesmo cansativa viagem, chegamos às encostas oeste do continente. Era mais ou menos meio-dia e estávamos com muita fome, portanto nos alimentamos em uma das barracas de comida que havia por ali no litoral. Apesar de boa parte dos nomes dos pratos estarem escritos com o dialeto de Shiymorán, também havia muitos com nosso idioma, e foram esses que escolhemos. <
Ela nos lança um olhar sério e um tanto intimidador, até que paira seus olhos em Caleb, fazendo uma leve expressão zangada. — Foi você! — a valquíria diz, ainda o encarando. — Esse garoto mortal invadiu meu palácio, e ainda tentou roubar minha espada — a valquíria expressa grande ira em sua voz. — Esse mortal merece uma punição. Que será… a morte! Rapidamente, a valquíria retira sua espada da bainha empunhando-a e fazendo um movimento rápido e poderoso, enquanto avança para cima do jovem explorador na menção de executar um golpe mortal! — Sarah, espere! — antes que fosse tarde demais, Jack se posiciona a frente do ruivo, ficando entre eles. Por sorte, a guerreira interrompe sua ação a tempo, antes de atingir o yarén, deixando a espada a pequenos centímetros de seu pescoço. — Saia da minha frente, garoto! — ordena a valquíria, porém Jack não move um músculo. — Por que está defendendo esse mero humano? <
/Jack's POV/ Já havia completado um dia desde que Ducan retornou a Shiymorán junto com alguns amigos. Eu não me importei quanto a isso, não sei se ligo mais, mas o problema é que desta vez eles trouxeram uma mestiça com eles, e isso sim me incomodou! Passaram dos limites! Quer dizer… aquela garota tem sangue demoníaco, como alguém conseguiria ficar tranquilo perto dela? O pior é que ela não fazia menção de ir embora tão cedo. Por sorte, a rainha Kyoumi e a primeira no comando do exército de Shiymorán, Sawa, deram a ideia de mostrar os pontos turísticos da capital, além dos costumes básicos dos humanos do país para que erros como “invadir um monastério sagrado” não se repitam. Obviamente Kyoumi e Sawa são pessoas muito ocupadas, então essa função foi passada para alguns de seus empregados. De qualquer forma, pelo menos ficarei um dia inteiro sem sentir aquela aura sombria da Yonara me atormentando. Não que eu tenha algo c