Terra | Terra e Céu - Livro Um

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Ficção Científica
Letícia Black  concluído
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Resumo
Índice

Cinco mil anos se passaram desde a quarta guerra mundial. O hemisfério norte das antigas grandes potências morreu com ataques nucleares e a radioatividade obrigou o restante da população global a se esconder em abrigos por centenas de anos. Milênios mais tarde, a evolução adaptou todas as espécies vivas, inclusive os humanos. Há um brilho verde néon em todo o antigo planeta azul. Um outro dilema está assolando a população sobrevivente: dominação extraterrena. Cercados em vilas para    sua própria proteção contra o Imperador do Universo, sobrevivem aos poucos contra a ganância dos extraterrenos que querem utilizar a energia nuclear e os recursos da grande floresta ocidental, Esmeralda. É nesse mundo destruído em que Lívia,    nossa heroína, vive.  Uma garota forte de uma das vilas mais pobres de Esmeralda, com um passado obscuro. Seu namorado foi abduzido pelo Imperador do Universo e tudo o que ela quer é ir para  a central de resistência terrestre e se vinga ★ Romance de Ficção Científica. ★ Livro 1 da Duologia Terra e Céu.     © 2019. Registrada na Biblioteca Nacional, não permitida a reprodução.

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Despedidas
Hoje era o grande dia pelo qual esperou a vida toda.Não era a única, porém. Milhares de jovens haviam se preparado e ansiado por aquele momento, mas a glória viria para poucos. Apenas algumas dezenas teriam a oportunidade de mudar seu destino para sempre.Lívia olhou pela janela, para o caos que chamava de lar. Não concordava com o tipo de vida que levava naquele lugar, ninguém a merecia. Por isso, havia abdicado de tudo para sair dali.Precisava confessar que parte daquela persistência tinha a ver com Ric.Fechou o zíper de seu macacão de proteção, como todos os dias, nos últimos dez anos. Sua arma radioativa apitou o recarregamento, então ela tirou de seu case e colocou na cintura.Admirou-se no espelho. Dura, fria, quase como aço. Havia anos que se proibira de demonstrar suas fraquezas, como o nervosismo que sentia naquele dia tão impo
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O Centro de Treinamento
— Obrigada, Senhora Astraregi — Lívia disse.A mulher concordou com a cabeça, apenas. A conversa entre as duas havia se reduzido a uma simples troca de sentenças jamais elaboradas, sempre repetitivas, desde que Ric sumira. Lívia entrava na casa aonde Ric cresceu, muitas vezes sem avisar, para fugir dos bombardeios e as duas mantinham-se escondidas durante os longos minutos de explosões para, então, se despedirem, muitas vezes sem nem trocar nada além de um olhar de reconhecimento.Era doloroso, ainda, para as duas.Desta vez, porém, Lívia tinha que falar alguma coisa. Podia ser a última. Devia ser. Ela chegou a abrir a boca para falar sobre Ric, mas nada saiu. A outra mulher observou-a por um momento e sorriu, entendendo a garota.— Boa sorte hoje — ela murmurou, a voz rouca pelo pouco uso. — Ele desejaria isso pra você.Estava sendo um dia dif
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A Seleção
Lívia entrou na área aberta do centro de treinamento, depois de enfrentar uma pequena fila, ainda com o sorriso no rosto. Dali, podia-se ver vários outros concorrentes tomando o mesmo caminho que ela, admirando-a com inveja no olhar enquanto ela caminhava, parecendo despreocupada, com a certeza de quem havia ganhado. Ela não tinha essa certeza, na verdade, mas a perspectiva de, mesmo assim, sair daquele lugar, estava dando-lhe um ar muito mais solto do que nos últimos quatro ou cinco anos.Atravessou o campo livre em um piscar, entrando na sala de reuniões onde quase uma centena de jovens já aguardavam por seu destino. Seu coração deu uma pequena fisgada de nervosismo, mas ela tentou parecer confiante com todos aqueles olhares em cima dela.— Leitura habitual – um rapaz aproximou-se dela, ainda na entrada da sala de reuniões, com um aparelho que ela já tentara se acostumar, mas nun
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A ganância dos homens
— Aqui estamos. – A diretora anunciou, abrindo a porta. O analisador que a atendera estava lá dentro e ele sorriu ao vê-la. – Volto em meia hora – anunciou.Pela olhada que deu para o rapaz antes de fechar a porta, Lívia sabia que ela estava intencionada a se aproveitar dele.Acabou por entrar na sala com cuidado e um leve temor de suspeita, acostumada a não confiar em nada, admirando como a sala era ligeiramente mais quente e escura que o resto do ambiente do centro de treinamento. A pele de Lívia já emitia um brilho verde, bem fraquinho, devida a radioatividade alta pela qual ela fora exposta durante toda vida. O rapaz, ao contrário, parecia nunca ter sido exposto.A desintoxicação, Lívia pensou.— Você está limpo – disse, quando ele lhe estendeu a mão para que ela apertasse.Lívia não queria que transmitir ma
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O imperador do universo
A segunda projeção escureceu tanto o ambiente em que estavam que Lívia emitiu sua luz esverdeada de forma que nunca emitira antes. Distraiu-se, então, olhando para sua mão por um momento antes de arregalar os olhos para a imagem à sua frente.Era uma nave espacial tão grande, maior do que qualquer coisa que ela já tivera visto e estava  bem à sua frente. O pânico, inserido tão profunda e intimamente nela desde àquela tarde em que Ric fora tomado na sua presença, a fez recuar instintivamente até a parede mais próxima.— Está tudo bem? – Jerrade perguntou, estranhando sua fraqueza tão evidente, quando a garota mal demonstrava satisfação.Lívia não dignou-se a responder, continuando a encarar a grande nave espacial com os olhos arregalados. A nave estava pairando em meio ao nada, mas, em uma manobra, giro
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Nem tudo é o que parece
A imagem de Globo do Mar foi se afastando, subindo até que Lívia pudesse ver toda a extensão de Esmeralda, o que a fez arregalar os olhos. Nunca em sua vida ela pensara que a floresta pudesse ser tão grande.Ela começava em um estreito, quase no limite com o Norte destruído e descia, abrindo-se em todo o continente, indo até o Sul, onde ela tinha uma versão mais espaçada, mas, ainda assim, ela estava lá. De Norte a Sul, de Leste a Oeste. Esmeralda dominava todo o espaço, tirando pelos pequenos campados e os desmatados para construção das centenas de vilas.“Esmeralda é o que restou de nossa Fauna e Flora, o sobrevivente de tudo que tínhamos, mesmo antes da Grande Guerra. Ela é nosso suspiro de alívio e a nossa melhor amiga na batalha contra todas as adversidades. Nossa função é protegê-la de tudo e de todos que querem-l
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Apenas um teste
Lívia lançou um último olhar a Jerrade, balançando a cabeça em despedida. O rapaz sorriu-lhe e ela conseguiu olhá-lo com descaso, no momento. Assim que a diretora se livrasse dela, iria atacar o rapaz. Isso a enojava.— Boa sorte, soldado Esterfonte – ele disse. – Espero que nos encontremos em breve.Ela concordou com a cabeça, seguindo a diretora para fora da saleta, sem pronunciar uma palavra. Lívia era, de todo, uma pessoa corajosa e forte, mas durante toda a sua vida, ela sabia o que esperar e o que fazer. Se bombas caiam, corria pro proteção e ajudava se alguém precisasse de ajuda para se salvar; se tinha um teste para fazer, dava o melhor de si, sabendo que teria assistência para se curar, caso se machucasse.Aquilo seria diferente. E, mesmo com pavor de admitir para si mesma, estava assustada. Tão aterrorizada que não pudesse conseguir fazer
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Sozinha como nunca
Lívia aterrissou em um campo do lado de fora das cercas e levantou o olhar a tempo de ver a fina caixa que havia lhe expulsado do centro de treinamento retroceder até voltar a fazer parte da construção.O Sol já tinha chegado ao alto quando Lívia olhou ao redor e percebeu que estava bastante distante das cercas de proteção. Seu medo, criado após o sumiço de Henrique, voltou com força total e ela sentiu sua respiração ficar falhada ao ponto de precisar ajoelhar-se sobre a grama para tentar se controlar.Levada ao esgotamento físico e emocional, deixou lágrimas de medo e saudade escaparem.Medo que não encontrasse Denis, mesmo se chegasse em Globo do mar.Ali, no campo além das cercas, ninguém poderia vê-la sair de sua carapaça dura e inquebrável. Ali, ela era a garotinha assustada que sempre precisara de prote&cc
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A colina à meia luz
Lívia não sabia desde quando a pele humana tinha começado a brilhar - certamente tinha acontecido gerações após a saída dos abrigos em resultado às sucedidas adaptações de sua espécie à radiotividade mortal da atmosfera.Ela também sabia que nem a desintoxicação conseguia limpar aquela característica por completo, mantendo um brilho fraco e discreto até o resto da vida. Todos os habitantes da Terra emitiam brilhos esverdeados, mais fracos ou mais fortes.Aquele garoto não tinha nenhum.Aquele garoto de pele negra, ombros largos e corpo esguio e forte, caminhando de um lado para o outro, era um ponto opaco diante da noite verde.Seus dentes trincaram com a mais óbvia explicação para aquilo: ele não era um habitante da Terra.Não era uma explicação comum; L&
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A estranha companhia
— Vamos acampar – Lívia disse, sem cerimônia alguma.Ela se levantou em um pulo, mas o rapaz continuou impassível a observá-la, indeciso entre a admiração e o espanto. Liv começou a descer a colina sozinha, sem esperá-lo, mas um olhar ameaçador em sua direção foi o suficiente para que o garoto começasse a se mover.Alcançou-a quase tropeçando em seus próprios pés quando o declínio se encerrou. Parou ao lado dela, tentando lançar-lhe um sorriso encantador.— Meu nome é Jefferson. Tony Jefferson. Ou Jeff. Sou da vila 377... – E continuou, com uma voz grossa como se estivesse anunciando:. – Estruturada para o futuro.Jeff riu sozinho de sua própria piada enquanto Liv o encarava, sem entender aonde estava a graça. Quando percebeu que estava rindo sozinho, Jeff limpou a garganta
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