Sarah olhou em seu relógio de pulso e viu que passava das nove, estava aflita, desejando que aquele ensaio infernal de casamento terminasse logo. Havia trabalhado a madrugada inteira no bufê da senhora Rose Marrie em pé, servindo mesas. Por isso, estava tão exausta. Aquele era o ensaio de casamento de sua melhor amiga, Maryene, e Sarah era uma das madrinhas. Aceitou o convite apenas pelo fato de serem quase irmãs, mas sempre soube que sua amiga não pouparia grana e luxo, e para isso ela contratou como cerimonialista Eva Beneth, a mais requisitada do momento. Desde o início, Sarah não conseguia se sair nada bem com a senhora Beneth. Ela até se esforçava para fazer tudo certinho, mas tinha dificuldades, pois delicadeza não era o seu forte, além de não estar acostumada com todas aquelas regras de etiqueta, o que despertava uma certa implicância da parte de Eva, que nunca estava satisfeita com o seu desempenho e não poupava esforços para demonstrar sua antipatia, como neste exato moment
Sarah sempre ajudava Mary com os preparativos do casamento depois dos ensaios. Enquanto terminavam de escolher os arranjos de mesa, a amiga percebeu que Sarah não estava nada bem. Ela parecia triste e distante. Mary sabia que ela passava por uma crise financeira e possuía dívidas com a faculdade de fisioterapia a qual era sua paixão e faltava pouco para se formar. Sarah sempre foi uma mulher independente, morava sozinha, pagava a própria faculdade, trabalhava em uma famosa clínica da cidade como estagiária. Mas todos sabiam que estavam demitindo vários funcionários por causa do momento econômico que o país estava enfrentando. Ela ouvia rumores de que seu nome estava na lista dos próximos a serem dispensados. — O que está acontecendo? Você parece muito preocupada — Mary perguntou enquanto organizavam algumas flores. Sarah ainda demorou um instante para responder: — Acho que vou precisar voltar a morar com meus pais — respondeu com voz de choro. — As coisas não vão nada bem? Mary
As ruas ao redor da igreja matriz estavam cobertas de carros. Afinal, estava se casando a única filha de um dos maiores empresários da cidade. Sarah havia pedido um carro pelo aplicativo de celular. Quando o carro estacionou, ainda estava se sentindo insegura, talvez tivessem exagerado em sua maquiagem ou seu vestido fosse extremamente sensual. Escolheu um Fraga azul-turquesa longo que possuía um longo rachado até o joelho esquerdo que revelava suas sandálias de saltos exageradamente altos que haviam sido escolhas de Mary. Antes de descer do veículo, percebeu que o motorista lhe observava com um sorriso admirador no rosto. Tinha notado que, ao longo da viagem, ele não parava de lhe olhar pelo retrovisor do meio do carro, e nem ao menos se esforçava para disfarçar. O que estava deixando bastante desconfortável, pois não estava acostumada com tal admiração masculina. Quando desceu do carro, não foi diferente, os olhos do motorista ainda estavam sobre ela, então respirou fundo, criando
As mãos dele ainda continuavam ali, tocando sua cintura e roçando levemente suas costas, e Sarah não conseguia entender como um toque tão simples era capaz de deixá-la tão atordoada. Que Antony era bonito, não podia negar, sempre foi. Mas naquele tempo da escola, ainda não tinha um corpo tão atlético cheio de músculos, também sabia que a voz dele não era tão grave e máscula como agora, talvez estivesse apenas impressionada. Então, respirou fundo e tentou sorrir quando o jornalista pediu mais uma fotografia. — Antony, você poderia se aproximar um pouco mais? Ambos se entreolharam, Antony parecia confortável com a situação, e também era nítido que percebeu o quanto ela estava tensa. Sarah acenou com um gesto de cabeça, não tinha como negar, seria muito indelicado, e já que haviam chegado até ali, precisava se esforçar, assim logo tudo acabaria. Então ele a puxou de leve, seus corpos se uniram, ela pode sentir o cheiro que ele exalava, era algo semelhante ao conforto do couro, amadeira
— Alguém precisando de uma carona?— Anthony falou sorrindo. Ela ficou mais irritada por ele ficar lindo sorrindo. No entanto, fingiu de desentendida. — Entre no carro, por favor — Antony pediu. E mesmo usando um tom de voz gentil desta vez, Sarah não estava disposta a entrar naquele carro de forma alguma. Então, simplesmente ignorou e deu alguns passos à frente, caminhando devagar, enquanto tornava a teclar no seu telefone. Precisava de um Uber. Notando que ela o ignorava, seguiu com o carro. — Prometi a Mary que a levaria. Sarah nem olhou para trás e disse: — Tudo bem se eu não for, afinal, você é ótimo com mentiras. Antony sabia que tinha vacilado contando aquela mentira, mas tinha um bom motivo e precisava dizer isso a ela. — Sarah! — chamou novamente.— Por favor— repetiu. Ela não se conteve, parou onde estava e riu ao se lembrar. — Então quer dizer que somos quase irmãos?— falou com tom de voz irônico. Ele também parou o carro bem ao seu lado. Antony olhou timidamen
A festa parecia bastante animada. Aquele era um espaço ao ar livre e rodeado de árvores. Logo na entrada tinha uma fonte de água com uma maravilhosa cascata. Trata-se de um ambiente semelhante aos belos jardins típicos dos castelos europeus. No centro do gramado, uma banda cantava ao vivo muitas músicas animadas e vários casais se esbaldaram na pista de dança, se divertindo. Os noivos faziam o cumprimento de mesa em mesa e estavam radiantes com a felicidade estampada em seus rostos. Mary caminhava segurando a barra do vestido longo por onde passava, sempre atenciosa com seus convidados. Antony conduziu Sarah de braços dados, acreditando ter finalmente conseguido uma trégua. Quando, na verdade, ela pensava em se livrar dele o mais breve possível, Ele a apresentou a todos os seus amigos e familiares. Caminharam até uma das mesas, onde os pais dos noivos estavam acomodados. Clara, a mãe de Mary, era uma mulher fina e elegante, sempre tratava Sarah como se fosse um membro da família. Re
A dança terminou e todos os convidados aplaudiram e assobiaram, empolgados com o belo espetáculo assistido. Naquele instante, a orquestra se despediu, afastando-se do palco sob os aplausos de todos, e uma enorme cortina de fumaça preencheu o ambiente. A voz de um dos mais famosos DJs da cidade invadiu o palco, levando os convidados ao delírio com seu som eletrônico dançante. Já era noite, e várias luzes coloridas enfeitavam a pista de dança quando todos começaram a pular, se divertindo com o show. Após dançarem algumas músicas, Sarah se sentiu exausta, havia ultrapassado toda a sua cota daquela noite, precisava se sentar, pois os seus pés estavam doendo. Gentilmente, se despediu, percebendo a decepção no semblante de Antony, que provavelmente não havia desistido de sua conquista. Mary abandonou o marido e acompanhou sua amiga. — Vou com você, Sarah. Acho que preciso de uma bebida. — Eu também estou com muita sede — disse, apoiando-se em seus ombros — Meus pés estão me matando. As
Quando finalmente Antony largou Sarah, ela precisou de alguns minutos para se recompor. Há muito tempo não era beijada assim, há muito tempo mesmo! Se recuperar estava sendo difícil, seu corpo simplesmente não lhe obedecia, sentia o sangue pulsar em cada parte de suas veias, era como se estivesse completamente embriagada, seu cérebro não associava nada naquele momento. Apenas conseguiu ficar sóbria quando ele a soltou lentamente. No entanto, ainda estavam próximos, as mãos dele permaneciam em sua cintura, segurando firme, e um belo par de olhos verdes lhe observavam de forma intensa, sem desviar o foco nem sequer por um instante. Quando Antony sorriu e revelou seus dentes perfeitos, ela pôde sentir um alívio por ele manifestar alguma reação que quebrasse aquele momento tenso que se instaurou. Só então perceberam que estavam sozinhos ali naquele momento. Seus amigos e a inconveniente Keytte haviam desaparecido. Por isso, Antony parecia tão satisfeito, enfim conseguiu se livrar daquela m