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As mãos dele ainda continuavam ali, tocando sua cintura e roçando levemente suas costas, e Sarah não conseguia entender como um toque tão simples era capaz de deixá-la tão atordoada. Que Antony era bonito, não podia negar, sempre foi. Mas naquele tempo da escola, ainda não tinha um corpo tão atlético cheio de músculos, também sabia que a voz dele não era tão grave e máscula como agora, talvez estivesse apenas impressionada. Então, respirou fundo e tentou sorrir quando o jornalista pediu mais uma fotografia.

— Antony, você poderia se aproximar um pouco mais?

Ambos se entreolharam, Antony parecia confortável com a situação, e também era nítido que percebeu o quanto ela estava tensa. Sarah acenou com um gesto de cabeça, não tinha como negar, seria muito indelicado, e já que haviam chegado até ali, precisava se esforçar, assim logo tudo acabaria.

Então ele a puxou de leve, seus corpos se uniram, ela pode sentir o cheiro que ele exalava, era algo semelhante ao conforto do couro, amadeirado e quente, o que lhe causou uma agitação interna.

— Ótimo! — o jornalista agradeceu enquanto ajeitava sua câmera.

Antony ainda permaneceu com Sarah em seus braços, aquela posição era tão confortável que ambos não perceberam que o jornalista tinha terminado. Quando finalmente caíram em si, ambos sorriram constrangidos e lentamente se soltaram.

Ela percebeu que suas mãos transpiravam e que seu coração também batia de forma descontrolada. Felizmente, se distraiu com o homem à sua frente que ainda desejava continuar com seu trabalho.

— Poderiam responder algumas perguntas?

Antony sorriu educadamente, Sarah se perguntou se aquilo se tratava de algum personagem que ele interpretava, sempre tão educado e gentil, e lhe perguntou:

— Você se importa, Sarah?

Ela estava muito nervosa, a presença de Antony a deixava inquieta, além do mais, temia não se sair bem quanto às respostas que precisava dar. No entanto, aceitou.

— Tudo bem.

Então, o jornalista retirou um iPad da bolsa e começou a escrever coisas enquanto indicava uma enxurrada de perguntas comuns, como a data do próximo jogo, se o time em que ele j**a tem alguma estratégia, enfim, assuntos relacionados ao futebol. De repente, o jornalista olhou para Sarah, ela respirou fundo, pois sabia que viria alguma pergunta.

— Qual é seu nome?

Ela ainda ficou insegura em responder, mas respirou fundo, afinal era uma pergunta fácil de responder.

— Sarah Carter.

Ele anotou em seu iPad e logo preparou outra pergunta.

— Você é modelo, atriz ou alguma outra profissão na mídia?

Naquele instante, ela se sentiu contrariada, afinal, por que ela teria alguma profissão na mídia? Isso não lhe fazia melhor e nem pior que ninguém.

Então, orgulhosa de ser uma universitária, ela olhou para o homem de cerca de quarenta anos e cabelos bem cortados e respondeu:

— Não, sou estudante de fisioterapia. Gosto de viver longe dos holofotes.

O homem olhou para ela como se não fosse algo interessante e se virou para Antony.

— Sei que são amigos dos noivos, vocês se conhecem há muito tempo?

Antony não olhou para ela e nem a deixou responder, rapidamente falou ao repórter bem à vontade.

— Sim, nos conhecemos há muito tempo. Somos amigos de infância… crescemos juntos.

Sarah ficou perplexa com a naturalidade das mentiras dele. Ela o encarou e, mesmo assim, não se intimidou, ao contrário, continuou.

— Então… são…

— Como irmãos! — falou convicto.— Nossos pais eram amigos, inclusive estudaram juntos.

Sarah bufou, no entanto, notou que estava certa o tempo todo. Até o momento, Antony estava interpretando um personagem de uma pessoa íntegra e correta, mas na verdade não passava de uma fraude.

Então, o repórter pareceu um tanto entediado com aquela história, agradeceu e saiu.

Naquele instante, Sarah quase acreditou que Antony estivesse constrangido com todas as mentiras que havia dito, e claro que ela adoraria dizer algumas verdades a ele, porém, quando pensou em despejar tudo, foi surpreendida com a presença de seus amigos, o casal recém-casado que acabavam de se aproximar, estavam radiantes e ela não achou justo incomodá-los com aquele assunto.

Precisou forçar um sorriso para que Mary não desconfiasse de sua irritação, ou não suportaria e jogaria tudo neste exato momento.

— Meu primo, agora você é um homem casado!— Antony disse, puxando Breno para um abraço. — Vocês formam um casal maravilhoso. 

Por algum motivo, Sarah teve a impressão de que Antony estivesse aliviado pela presença do casal.

Breno correspondeu arduamente, era nítida a satisfação em ver o primo ali.

Antony continuou:

— Uma nova etapa de suas vidas se inicia, é preciso muita dedicação, paciência e comprometimento. Assim, o casamento de vocês será uma união sólida, e serão muito felizes. 

Mary agradeceu e o abraçou na sequência, agradecida pelas palavras.

— Ah, Antony, você é um amor.

Imediatamente, Sarah se sentiu incomodada.

— Bom de lábia, aliás…— sussurrou baixinho.

Mas Mary percebeu que sua amiga não estava de bom humor e que aquele sussurro se tratava de algum tipo de provocação.

Quando se afastou de Antony, um outro conhecido se aproximou para cumprimentá-lo, então Mary aproveitou e fez questão de forçar um abraço em Sarah, assim poderia dizer algo a ela, precisava pedir que ela se contivesse.

Sarah correspondeu ao abraço, mas notou imediatamente a intenção de sua amiga.

— Está tudo bem?— sussurrou.

Sarah sorriu forçadamente mais uma vez.

— Tudo bem, mas agora posso provar que o senhor perfeitinho não é tão perfeito assim…

Mary quase pisou no pé da amiga para que ela parasse com aquilo.

— Sarah!...

— Está bem, prometo me comportar!

Ela disse em tom descontraído. Então, Mary ficou mais tranquila e se afastou da amiga, se posicionando ao lado do marido sem tirar os olhos de Sarah, se certificando de que ela iria cumprir sua promessa.

Breno a chamou, quebrando o silêncio:

— Meu amor, agora precisamos ir,os convidados já se foram, devem estar à nossa espera.

Antony ainda conversava com o outro convidado distraído. O casal se despediu e ela aproveitou a oportunidade perfeita para se afastar dele. Entrou na primeira porta que viu, se tratava do banheiro, então deu uma olhadinha no espelho para conferir sua aparência e ainda ficou algum tempo pensando acerca das coisas, mais especificadamente Antony, o mentiroso, falso, enganador, fingido… ela procurou outros adjetivos, mas percebeu que já estava tarde e que ainda precisava de um carro pelo aplicativo para ir à festa de casamento, então terminou de se ajeitar e saiu.

Todos os convidados já tinham se dirigido ao local onde estava acontecendo a festa. Sarah saiu para fora da igreja e desceu as escadas devagar, abriu a bolsa para pegar o celular, então percebeu que um veículo havia parado bem ao seu lado. Ela conhecia aquele carro. Pertencia a Breno, mas quem dirigia não era ele, e sim…

Antony.

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