Nenhum dos dois conseguia falar naquele instante. Antony parecia envergonhado, talvez fosse por sua aparência que estava tão diferente, ele parecia ter desistido realmente de tudo, inclusive de se arrumar. Era notório seu nervosismo e Sarah ficou surpresa, pois em todas as vezes que se imaginou diante dele, esperou ver um Antony arredio, arrogante e intolerante, assim como no momento em que se despediram quando ele havia terminado tudo.Antony levou a mão até a roda da cadeira, uma de cada lado, e se virou de costas para ela de forma que se sentiu mais confortável para dizer algo e quebrar aquele clima tenso.Finalmente consegui falar:— Estou feliz por você Sarah, soube que abriu sua própria clínica. Este era seu sonho, trabalhar com o que amava de verdade.Vê-lo tão covarde a deixou irritada, Antony ao menos a encarou. Bem diferente do Antony a expulsou de sua vida um dia. E já que precisavam ter aquela conversa, ela estava disposta a abrir seu coração.— Não Antony, você está muito
Alguns dias se passaram, seus amigos haviam retornado para casa e Sarah tirou alguns dias de folga para estar ao lado de Antony. Ainda não haviam conversado sobre como seria a relação deles, mas nenhum dos dois desejava ficar longe um do outro. Sarah terminava uma sessão de exercícios e mesmo em meio às queixas de dores de Antony, ela não lhe dava folga.Já era noite e Sarah havia acabado de entrar no quarto, levou uma sopa que ela mesma tinha feito, ajeitou os travesseiros de Antony e lhe serviu na boca. Sentia muito prazer em cuidar dele, Antony havia voltado a ser aquele homem apaixonado e carinhoso.Tudo parecia perfeito.— Assim eu fico mal acostumado, com você aqui cuidando de mim, me dando banho e comida na boca.Ele falou e beijou o topo de sua cabeça.Sarah colocou o prato na cômoda e se ajeitou ao seu lado. As mãos dele imediatamente repousaram sobre a sua.— Prometi que cuidaria de você, é o que estou fazendo — ela falou enchendo o peito e apoiando a cabeça em seus ombros.
O calor finalmente havia chegado. Naquela tarde de sábado estavam todos empenhados com a mudança do casal, para casa nova. Quem estava radiante de alegria era Mary, pois seus amigos seriam seus vizinhos, Antony havia comprado a casa dos Monte Belo bem ao lado da sua, o mais incrível era que as duas amigas haviam sonhado por várias vezes com aquilo.— Isso nem parece ser real — Mary falou ao se esbarrar em sua amiga.Ambas carregavam caixas assim como todos ali, Breno, Eduardo, Meire e Tonny.— Eu também ainda nem acredito Mary, que conseguimos comprar esta casa — Sarah sorriu contente.Antony se aproximou das duas empurrando a cadeira naturalmente, Breno estava com ele.— Vão ficar aí de papinho? Ainda tem muita coisa pra carregar!— falou em tom de brincadeira.Breno sussurrou para seu amigo fingindo se preocupar:— Agora somos nós dois quem nos demos mal, essas duas não vão nos dar sossego já que estão tão perto uma da outra.As duas se entreolharam e sorriram de forma travessa com a
4 anos depois…— Mamãe eu peguei uma fozinha pá você — o pequeno garotinho falou entregando uma margarida nas mãos de Sarah.Antony olhou para ela e ambos respiraram fundo de alegria. Gael era um menino extremente carinhoso, ainda era impossível acreditar que alguém poderia fazer mal a uma criança tão amável, ainda mais uma mãe. Por causa dos traumas que viveu, ainda estava com um atraso na fala. Há dois anos, eles haviam adotado o pequeno. Gael tinha sido levado para um abrigo desde que foi encontrado em situação de abandono e maus tratos, a própria mãe o espancava frequentemente, o que deixou sérias marcas pelo seu corpo e alguns traumas que estavam sendo tratados com muito amor.A ideia de adotar o pequeno veio no dia em que assistiram pela TV a reportagem sobre toda maldade que ele sofreu. Naquele tempo Gael tinha apenas dois aninhos e foram os próprios policiais que o resgataram que perceberam a paixão do garoto por futebol mesmo tão pequeno. Sarah e Antony ao verem aquelas image
Depois do ocorrido no barco, seus amigos voltaram ao normal, sem brigas e desentendimentos. A única coisa que não era nada normal era a quantidade de notícias fake que estavam se espalhando pelas redes sociais a fim de atacar Antony. Já tinham explicado o ocorrido com Gael e esclarecido aquela mentira absurda. No outro dia divulgaram que Antony estava em falência financeira e agora mais esta:A ESPOSA DE ANTONY SILLVE AFIRMA QUE PAROU O TRATAMENTO PARA ENGRAVIDAR APÓS DESCOBRIREM A INFERTILIDADE DO EX-JOGADOR.Não paravam de chegar mensagens de apoio, pois muitos acreditavam naquelas mentiras. Antony estava chateado como sempre, e com toda razão, e Sarah não sabia mais o que fazer.— Isso é um absurdo. Alguém precisa deter essa pessoa que está tentando difamar Antony — ela falou com indignação.Haviam pedido Mônica para estar presente, ela os ajudava com as investigações já que trabalhava no ramo das notícias.— Eu concordo com Antony quando ele acusa o Estevam. Aquele cara é capaz de
Sarah olhou em seu relógio de pulso e viu que passava das nove, estava aflita, desejando que aquele ensaio infernal de casamento terminasse logo. Havia trabalhado a madrugada inteira no bufê da senhora Rose Marrie em pé, servindo mesas. Por isso, estava tão exausta. Aquele era o ensaio de casamento de sua melhor amiga, Maryene, e Sarah era uma das madrinhas. Aceitou o convite apenas pelo fato de serem quase irmãs, mas sempre soube que sua amiga não pouparia grana e luxo, e para isso ela contratou como cerimonialista Eva Beneth, a mais requisitada do momento. Desde o início, Sarah não conseguia se sair nada bem com a senhora Beneth. Ela até se esforçava para fazer tudo certinho, mas tinha dificuldades, pois delicadeza não era o seu forte, além de não estar acostumada com todas aquelas regras de etiqueta, o que despertava uma certa implicância da parte de Eva, que nunca estava satisfeita com o seu desempenho e não poupava esforços para demonstrar sua antipatia, como neste exato moment
Sarah sempre ajudava Mary com os preparativos do casamento depois dos ensaios. Enquanto terminavam de escolher os arranjos de mesa, a amiga percebeu que Sarah não estava nada bem. Ela parecia triste e distante. Mary sabia que ela passava por uma crise financeira e possuía dívidas com a faculdade de fisioterapia a qual era sua paixão e faltava pouco para se formar. Sarah sempre foi uma mulher independente, morava sozinha, pagava a própria faculdade, trabalhava em uma famosa clínica da cidade como estagiária. Mas todos sabiam que estavam demitindo vários funcionários por causa do momento econômico que o país estava enfrentando. Ela ouvia rumores de que seu nome estava na lista dos próximos a serem dispensados. — O que está acontecendo? Você parece muito preocupada — Mary perguntou enquanto organizavam algumas flores. Sarah ainda demorou um instante para responder: — Acho que vou precisar voltar a morar com meus pais — respondeu com voz de choro. — As coisas não vão nada bem? Mary
As ruas ao redor da igreja matriz estavam cobertas de carros. Afinal, estava se casando a única filha de um dos maiores empresários da cidade. Sarah havia pedido um carro pelo aplicativo de celular. Quando o carro estacionou, ainda estava se sentindo insegura, talvez tivessem exagerado em sua maquiagem ou seu vestido fosse extremamente sensual. Escolheu um Fraga azul-turquesa longo que possuía um longo rachado até o joelho esquerdo que revelava suas sandálias de saltos exageradamente altos que haviam sido escolhas de Mary. Antes de descer do veículo, percebeu que o motorista lhe observava com um sorriso admirador no rosto. Tinha notado que, ao longo da viagem, ele não parava de lhe olhar pelo retrovisor do meio do carro, e nem ao menos se esforçava para disfarçar. O que estava deixando bastante desconfortável, pois não estava acostumada com tal admiração masculina. Quando desceu do carro, não foi diferente, os olhos do motorista ainda estavam sobre ela, então respirou fundo, criando