06

A festa parecia bastante animada.

Aquele era um espaço ao ar livre e rodeado de árvores. Logo na entrada tinha uma fonte de água com uma maravilhosa cascata. Trata-se de um ambiente semelhante aos belos jardins típicos dos castelos europeus. No centro do gramado, uma banda cantava ao vivo muitas músicas animadas e vários casais se esbaldaram na pista de dança, se divertindo.

Os noivos faziam o cumprimento de mesa em mesa e estavam radiantes com a felicidade estampada em seus rostos. Mary caminhava segurando a barra do vestido longo por onde passava, sempre atenciosa com seus convidados.

Antony conduziu Sarah de braços dados, acreditando ter finalmente conseguido uma trégua. Quando, na verdade, ela pensava em se livrar dele o mais breve possível, Ele a apresentou a todos os seus amigos e familiares. Caminharam até uma das mesas, onde os pais dos noivos estavam acomodados. Clara, a mãe de Mary, era uma mulher fina e elegante, sempre tratava Sarah como se fosse um membro da família. Recebeu-a em um carinhoso abraço.

— Querida, você está muito linda!

— Obrigada, senhora Clara!

— Aliás, você sempre foi muito linda, minha filha.

Ela sorriu timidamente, reagindo ao elogio carinhoso.

Antony cumprimentou as senhoras da mesa, sempre atencioso, dando um beijo em cada uma delas. Jim, o seu tio, foi o primeiro homem a se manifestar.

— Na verdade, vocês dois formaram um belo casal!

Jim era o pai de Breno, tinha Antony como seu filho. Sarah não o conhecia muito bem, se viram poucas vezes, mas assim como todos naquela família, era um homem bastante gentil.

Clara continuava com seus elogios:

— Você teve sorte, grande Antony, Sarah, além de ser tão bela, é uma moça incrível!

— Percebi, senhora Clara, realmente tirei a sorte grande, ela é simplesmente maravilhosa! — Antony disse, olhando para ela.

Ele percebeu o quanto os elogios a deixavam tímida, demonstrando pela primeira vez sua vulnerabilidade. Não entendia o motivo pelo qual aquela mulher mexia tanto assim com ele. Talvez fosse toda a expectativa que havia guardado desde o primeiro momento em que Breno descreveu Sarah para ele, aquilo despertou uma curiosidade em conhecê-la.

Então, avistaram os noivos, se despediram de todos e foram ao encontro de seus amigos.

Mary não conseguia esconder sua aflição, estava curiosa para saber se os dois haviam se acertado. Com a demora que tiveram para chegar, tinha esperanças de que tivessem se entendido. Sarah, no entanto, disfarçou cinicamente, não queria falar sobre aquele assunto, mas sabia que seria impossível se livrar da inquisição de Maryene.

Sentiu Mary lhe arrastar pelo braço, fingindo que precisava de sua ajuda para ajustar seu vestido. Mas queria mesmo se afastar um pouco para que pudesse encher sua amiga de perguntas.

— Não me olhe desse jeito, Maryene! — Sarah sussurrou enquanto lhe acompanhava. 

Ela já estava fazendo beicinho.

Naqueles anos de amizade, as duas se conheciam bem. Quando Mary queria descobrir algo, conseguia persuadir qualquer um.

— Isso não é justo, você tem que me contar tudo!

— Não tenho nada para contar, sinto muito — Sarah falou rispidamente.

— Mas ele não para de te olhar, está muito interessado em você! — Mesmo de costas enquanto Sarah mexia em seu vestido, sua amiga observava tudo, os olhos de Antony sempre estavam à procura de algo, e era visível que esse algo se chamava Sarah Carter.

De repente, os rapazes se aproximaram, fazendo às damas um convite para dançar. Mary, claro, se jogou nos braços do marido animada, mas Sarah demorou alguns segundos para responder. Estava ciente de que teria que dançar a valsa, afinal se preparou para isto naqueles longos ensaios, mas não estava pronta para outra dança. Sempre foi atrapalhada, era do tipo que tropeçava nas coisas e se desequilibrava facilmente, e na dança não era diferente. Percebendo a insegurança em seu rosto, Antony se aproximou de seus ouvidos e sussurrou.

— Prometo conduzi-la.

O charme dele a envolveu, e quando caiu em si, já estava o seguindo até o centro.

A banda acaba de cantar um famoso single da década de 90. Várias pessoas dançavam divertidamente, mas alguns abandonaram a pista na medida em que o ritmo terminava e assim novos casais se aproximavam a fim de se entregarem ao ritmo romântico escolhido pela orquestra. Os homens entrelaçaram seus braços em suas parceiras, enquanto iniciava o som de um cover do cantor americano Bruno Mars - When I was your man.

Ela observava sua amiga, admirando o quanto estava feliz. Mary enterrava seu rosto no peito de Breno enquanto balançava em um ritmo completamente apaixonado. Breno era carinhoso e a conduzia pela cintura, demonstrando todo seu amor.

De repente, ela sentiu as mãos de Antony tocarem suas costas, permitindo mais uma vez o contato de pele com pele. Se arrependeu pela escolha daquele vestido tão nu na parte de trás. Se ao menos tivesse previsto aquilo, provavelmente teria ficado com outro modelo mais comportado. E seu nervosismo a fazia perder o equilíbrio, e quase pisou em seu pé, ficando mortificada. Mas ele sorriu de forma natural, deixando-a um pouco mais confortável.

— Gostaria de conhecê-la mais — falou próximo de seu ouvido.

Ela tentou ignorá-lo, mas era cada vez mais difícil.

— Já sabe que dançar não é o meu forte.

Anthony sorriu novamente.

— Você não deveria se subestimar. Está indo bem.

Desta vez, foi ela quem sorriu. Percebeu que não era impossível ter uma conversa natural com ele.

— Você é um bom mentiroso!

Ele ignorou a ênfase em sua última palavra, adorou vê-la sorrindo.

Então, seus olhos se prenderam um no outro de forma fixa, ambos não conseguiram se desviar. Estava visível que havia uma atração entre eles. 

— E fica ainda mais linda quando sorri…

Sarah se perdeu por um instante em seus lábios, Antony era sedutor ao extremo, e sabia que precisava ter cuidados. Por isso, impediu que seu corpo se colasse ao seu.

A música seguia em um ritmo lento, e assistir Breno e Mary aos beijos como se existissem apenas os dois naquele lugar não ajudou. Quando Sarah virou o rosto, seus lábios quase se tocaram, ela sentiu seu rosto queimar, ele, no entanto, pareceu gostar.

— Me perdoe — ela pediu num impulso, ainda envergonhada.

Mas ele não se importava, na verdade, beijá-la era tudo que desejava.

— Não precisa pedir perdão. — Falou de uma forma sincera que a incomodou. — Sarah, somos adultos. 

Ela respirou fundo. A confiança dele era irritante. 

— Anthony, acho que dançar com você não foi uma boa ideia…

Ela falou, se soltando de seus braços para sair. Sarah sentiu seu corpo balançar de um lado para outro na medida em que se desequilibrou. Seus pés tinham escorregado de dentro das sandálias.

Oh! Céus, de novo não!

E antes que atingisse o chão. Aquelas mãos fortes lhe seguraram mais uma vez.

Não havia nada que ela fizesse que não lhe colocasse nos braços dele.

Completamente desconcertada, ela o encarou.

— Obrigada... Mais uma vez.

Percebeu que já estava em segurança, ou talvez não estivesse, pois o chão parecia ser mais inofensivo do que aquele lindo par de olhos verdes e corpo musculoso que a segurava.

— Parece que segurá-la é minha missão nesta terra — ele se gabou.

— E você bem que está se divertindo com isso.

— Claro, não é todos os dias que uma mulher tão linda cai em meus braços. Duas vezes.

Ela sentiu vontade de rir daquela frase clichê.

Então, a música finalmente acabou para o alívio dela. E antes que continuassem a conversa, o mestre de cerimônias anunciou que seria o momento da dança do casamento. Todos os casais se afastaram da pista para que primeiramente os recém-casados iniciassem a valsa tradicional, sozinhos. Após alguns minutos de valsa, o ritmo da música se modificou. Breno improvisou alguns passos de foxtrote, levando os convidados à loucura. Logo, os padrinhos foram convidados a entrar na pista como já haviam ensaiado.

Sarah encarou Antony temerosa. Sentia-se insegura, pois não haviam ensaiado juntos nem ao menos por uma vez sequer, apesar de ter percebido que ele dançava muito bem. As lembranças de minutos atrás vinham em sua mente. Aquelas mãos firmes lhe segurando e a conduzindo ao som de um cover do Bruno Mars e, por fim, aquele contato que quase se tornou um beijo. Para sua completa surpresa, Antony estava com um sorriso natural, como se nada tivesse acontecido. Ela o seguiu para o centro da pista de dança novamente e todos os casais de padrinhos iniciaram juntos o espetáculo tão esperado. Antony era habilidoso, os passos precisos, então Sarah se sentiu aliviada.

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