Dylan saiu da banheira quente. A marca em seu peito queimava e a imagem de Kendra lhe vinha a mente.Foram dois meses de puro desespero, sem saber o que realmente havia acontecido com a sua amada. Ele pensou que ela estivesse morta mas, hoje a marca que compartilhavam mostrava algo diferente. O rei pegou uma calça preta e uma camisa branca e começou a se vestir. A maldição ainda era aparente em seu corpo, os finos traços como raízes estavam mais claros, como se houvessem sido apagados de certa forma. Mas, ainda existiam.Ele secou os cabelos brancos e sentiu uma sensação de calma mas, também de angústia. Uma paz mas junto com ela, um medo desconhecido. Um sentimento de que algo estava errado. "Seria o que Kendra estava sentindo?" - Dylan se perguntou. Esse pensamento fez a marca da raposa em seu peito brilhar, como se um sinal estivesse sendo dado a ele. Apressado, Dylan correu até uma das estantes que havia em seu quatro e pegou um mapa. Tocando a marca, ele mentalizou o feitiço
O sol raiava quando Alice Collins entrou no templo e se ajoelhou diante da estátua de Eluin. O rosto esculpido em ouro fazia parecer que o deus da cura a encarava. Ela contemplou os cabelos curtos moldados no metal dourado e a túnica que lhe caia pelos ombros como se ele realmente estivesse ali. Depois acendeu as velas azuis diante da estátua, a longa trança rubra deslizou em seu ombro direito tocando o vestido azul-marinho e se acentuou sobre os joelhos dobrados. O cheiro de Aloe Vera no local a acalmava. A mulher orou a Eluin, pedindo que o deus a auxiliasse em seu papel como curandeira da vila, para sanar os doentes do dia, ou ao menos, caso não fosse possível, que ele a guiasse em suas palavras de conforto para os corações dos que ficavam. Alice piscou algumas vezes incomodada com algum suposto barulho, sentiu o vento mover o tecido que a cobria, mas não ouvira mais nada. Fitou novamente a imagem áurea e se lembrou de uma história antiga, que sua mãe lhe contava quando a i
Aquele dia estava sendo muito estranho, primeiro começou a chover muito forte, mesmo nunca tendo chovido de tal maneira naquele lugar. Segundo, podia-se ouvir uivo de lobos do lado de fora mesmo que tais criaturas fossem comuns na parte oeste do reino, e por fim, Kendra estava acordada observando a amiga se debater como se estivesse tendo um pesadelo. “Mas como isso não é considerado normal?”, você pode se perguntar. A questão era que os papéis costumavam ser invertidos. Kendra era quem sonhava e Mira era quem ficava ao seu lado quando ela estava tendo suas detestáveis visões. Ouviu-se um trovão do lado de fora, abafando os uivos dos animais. A dona da casa e mãe de Mira não havia voltado. Era normal que ela saísse antes do sol nascer e voltasse quando ele estivesse raiando, porém já devia ter se passado pelo menos uma hora. Kendra estava preocupada. Será que algo de ruim havia acontecido?— Mira, o que está acontecendo? — perguntou à amiga em vão, sabendo que não obteria respost
A estranha possuía uma aparência segura e imponente. Andava a passos leves que não podiam ser ouvidos. Seus olhos cinzas as encaravam friamente; tinha os cabelos loiros prateados, com mechas azuis, presos em um rabo de cavalo perfeito. Os óculos se encaixavam perfeitamente em seu rosto e as orelhas pontudas eram enfeitadas com brincos prateados. — Quem é você e o que faz aqui? —perguntou Mira apontando-lhe a faca que pegara rapidamente em cima da mesa. — Acho que não temos tempo para conversa, senhorita Collins. — Respondeu a elfa. — Eles estão atrás de nós, ou melhor, de vocês.A invasora olhou para a faca apontada para si e riu. — Esse tipo de arma não é algo que pode me deter. — Quer ver? — disseram as meninas.Podia-se ouvir a porta dos fundos sendo arranhada e os sons dos uivos adentando a casa.— Querem se salvar ou preferem ficar para morrer? — Disse a mulher as ignorando. A estranha observou o local, curiosa enquanto arrastava seu vestido azul-marinho de um lado p
Os olhos dele eram penetrantes. Foi a primeira coisa que Mira notou quando o viu. Sua pele era cor de oliva, destacava ainda mais o olhar. Era jovem, entre 20 e 24 anos. Usava um manto vermelho com detalhes dourados, cobrindo-o todo. Uma roupa de qualidade inigualável, nem o rei a menina havia visto usar algo do tipo.O estranho era lindo, o homem mais bonito que a jovem havia visto até os dias atuais. Não havia muitos homens jovens na sua aldeia, a maioria estava no exército. Então a garota não tinha muitas referências. O homem tinha um sorriso sarcástico nos lábios, como Jack. Mas a diferença entre ambos era que o idiota se achava superior. Aquele homem misterioso realmente o era, possuía com uma energia fortíssima que parecia prender Mira ali. E o seu olhar, o seu olhar parecia ver tudo o que havia em sua alma. "Minha rainha", ele dissera. — Não sei o que quer dizer com rainha. — ela respondeu.O homem riu como se achasse sua confusão engraçada.— Você é muito ingênua, e acha
Alice acordou assustada. Se encontrava em um quarto iluminado, com paredes claras e cortinas cor de creme. Seus lençóis eram brancos e a colcha da mesma cor das paredes com detalhes dourados.A curandeira se lembrou do dia em que havia sido sequestrada pelo rei. Chegaram naquele reino desconhecido, em um castelo com altas Torres brancas com pontas azuis, largas portas de madeira e ferro, além de grandes janelas de vidro. Uma atmosfera estranha pairava no ar, uma névoa prateada e branca que se unia ao local, fazendo as paredes cintilarem. Os guardas a arrastaram pelos enormes corredores que vieram logo após a porta de madeira branca, quadros de vários homens e mulheres que pareciam ser reis e rainhas enfeitavam as paredes escuras. Após estas, foram vistas várias portas de madeira branca, algo muito raro de se encontrar. Eles pararam em frente à uma destas, e assim que pisou no cômodo a visão da mulher ficou turva, a névoa entrou por suas narinas e ela desmaiou. Atualmente, notou q
Dylan bateu os dedos impacientemente no seu trono. De manhã quando se levantou, o colar de Mira não estava mais lá. A menina tinha que cuidar bem dele, pois se não o fizesse, aquela mulher poderia tramar algo. O dia parecia tranquilo com o vento soprando suavemente e os pássaros cantando do lado de fora. Porém algo lhe dizia que isso era como uma miragem, escondendo o que realmente estava por vir.Quando Oswald, seu conselheiro, adentrou a sala do trono, o rei soube que suas suspeitas estavam certas. Os cabelos ruivos do seu velho amigo estavam presos em um rabo de cavalo, os óculos redondos e dourados apoiados no nariz. A camisa e calças verdes, juntamente com os broches dourados em formato de águia, mostravam a sua patente naquele local.Enquanto o ruivo passava pelo tapete bege e fino que cobria a maioria do caminho desde a porta até o trono, o mais jovem pôde ver o semblante preocupado no rosto do homem de 50 e poucos anos.— Majestade! — disse o mais velho. — Temos problema
As figuras encapuzadas andavam pela rua. Uma delas, vestindo um capuz azul, virava a cabeça a todo momento, como se conferisse se ninguém as estava seguindo. Logo viram barracas e lojas enormes de diferentes tipos e tamanhos, entraram em uma particularmente bizarra. Caveiras negras e prateadas decoravam o local, juntamente com olhos e cérebros em vidros. O lugar cheirava a mofo e não era limpo há tempos.A pessoa fez uma exclamação de nojo ao ver um rato passando pelas prateleiras.— Tem certeza que aqui é o lugar certo? — disse com uma voz feminina.— Sim — respondeu a outra, usando um capuz verde —, tenha paciência.Um homem careca, velho, corcunda, vestindo roupas pretas se revelou. Deu um sorriso com seus dentes tortos e fez uma referência.— Olá... Milady! Não a esperava tão cedo.— Preciso de uma informação... Sobre aquela pessoa e a família dela. A verdadeira. — disse a de vestimenta esverdeada.O sorriso do homem pareceu aumentar.— Oh. Eu tenho o que a senhorita deseja. E voc