Aquele dia estava sendo muito estranho, primeiro começou a chover muito forte, mesmo nunca tendo chovido de tal maneira naquele lugar. Segundo, podia-se ouvir uivo de lobos do lado de fora mesmo que tais criaturas fossem comuns na parte oeste do reino, e por fim, Kendra estava acordada observando a amiga se debater como se estivesse tendo um pesadelo.
“Mas como isso não é considerado normal?”, você pode se perguntar. A questão era que os papéis costumavam ser invertidos. Kendra era quem sonhava e Mira era quem ficava ao seu lado quando ela estava tendo suas detestáveis visões.
Ouviu-se um trovão do lado de fora, abafando os uivos dos animais. A dona da casa e mãe de Mira não havia voltado. Era normal que ela saísse antes do sol nascer e voltasse quando ele estivesse raiando, porém já devia ter se passado pelo menos uma hora. Kendra estava preocupada. Será que algo de ruim havia acontecido?
— Mira, o que está acontecendo? — perguntou à amiga em vão, sabendo que não obteria resposta.
Enquanto isso, o sonho de Mira lhe mostrava algo muito diferente do que ocorria na realidade:
Uma mulher corria desesperada pela floresta com uma criança no colo. O capuz vermelho cobria seu rosto.
A floresta era vasta com árvores verdes e altas. Estava claro, a luz do sol da manhã abraçava as folhas, dando-lhes um leve brilho. Em meio à mata, havia uma trilha. Lá era por onde a encapuzada fugia, se estivesse no meio da mata ela não teria a mínima chance.
A menina em seus braços esperneava sem saber o que estava acontecendo.
Homens vestidos de preto corriam atrás delas com animais que se pareciam cães que não comiam há dias, as criaturas eram pele e osso, com dentes prateados e olhos vermelhos, além de serem altos; seu tamanho era quase a metade do da mulher.
Eles rosnavam e estavam quase a alcançando. Ela parecia desesperada, continuava dizendo à pequena que tudo ficaria bem. Sua voz era doce e suave, porém não conseguia esconder o medo. Os monstros a alcançaram e a arrastaram para o chão rasgando a saia do vestido, fazendo com que derrubasse a menininha. A pequena chorou.
— Corre Mira! Corre! — a mulher gritou.
A criança correu. Um flash de luz azul a envolveu e o cenário mudou.
Mira estava em uma floresta, não era a mesma que a do cenário anterior. Era escura, mas não um escuro sombrio. Era um escuro com tom de anoitecer. O vento soprava suave fazendo sons como se houvesse mais alguém no local. Porém aquela ideia era uma ilusão. Só havia ela ali. As árvores tinham folhas pálidas como se algo tivesse retirado todo o pigmento da sua cor. Leves toques de brilhos tocavam a mata, porém eram bem fracos. Os tons escuros e sem vida sobressaíam.
A garota caminhou pelo local, passando por uma trilha como na outra floresta. Porém nesta haviam flores coloridas no chão, mas secas e sem vida.
Conforme andava, uma luz aparecia como se tivesse um túnel, uma saída dali. Porém não existia, a luz não era de um túnel, e sim de um lago enorme, cristalino e com luzes rosas, verdes, amarelas, azuis e roxas o tocando.
De repente o lago começou a secar. As árvores murcharam e suas folhas viraram pó. Mira ouviu um grito estridente como se a floresta estivesse sofrendo.
— Mira! — alguém a chamou sobriamente. A jovem procurou o dono da voz, mas não havia mais ninguém ali. — Mira! — A voz a chamou novamente. — Precisamos de você. Precisamos que você desperte.
— Despertar? O que você quer dizer?
A voz continuou entoando seu nome sem parar.
— Mira, Mira, Miraa...
— Mira! Mira! — Kendra a chamava desesperadamente.
A morena abriu os olhos cor de mel e encarou os verdes da amiga.
— O que está acontecendo, Kedy? —perguntou assustada.
Aquele era o apelido da amiga desde quando eram pequenas, a morena não conseguia pronunciar "Kendra" e a única coisa que saia de seus lábios era algo como Kedy. O nome continuava até os dias atuais.
O sol já raiava lá fora, como se a chuva não houvesse estado ali minuto antes.
“No mesmo momento em que ela acordou” - pensou Kendra.
A iluminação pareceu entrar na casa. O quarto das meninas era de tamanho médio, já que curandeiros tinham uma patente um pouco mais altas que a dos aldeões. As paredes eram de cor amarelo claro. A dona da casa, a senhorita Alice Collins, dizia que cores escuras não traziam bons sonhos.
A cama da mais baixa já estava arrumada, obviamente, já que Kendra era super organizada. A colcha branca simples cobria o colchão, somente com um travesseiro de fronha bege como enfeite.
A cama de Mira ainda estava desarrumada. A morena não era tão organizada como a amiga e raramente arrumava a cama de modo apropiado, mas dessa vez havia uma desculpa, ela ainda estava na cama.
— Antes de tudo, Feliz aniversário! — disse a de olhos verdes, abraçando a outra.
— Obrigada. Foi para isso que você me acordou? Agradeço de qualquer maneira. Estava tendo um sonho muito estranho.
— Não, não foi por isso. — Afirmou Kendra enquanto pegava moedas em cima da mesa grande com livros e flores que havia no quarto. — A senhora Miths está te chamando. Parece que sua mãe saiu, e eles precisam de um curandeiro.
— Como assim? Eu não sou curandeira ainda. — respondeu Mira, pasma.
"E do jeito que as coisas vão, nunca vou ser ", pensou.
O sonho de Mira era se tornar curandeira como a mãe, a jovem queria ajudar as pessoas com a cura, porém havia um problema: a garota era muito desastrada e mesmo sabendo o nome de todas as plantas, ela se distraia e ficava nervosa com facilidade, fazendo com que esquecesse cada passo que havia aprendido. Por causa disso ela passava por sérios problemas, envergonhando a si mesma e provavelmente decepcionando Alice, mesmo que a mais velha sempre sorrisse para a filha dizendo que tudo ia ficar bem.
— Vamos, pare de sonhar acordada e se troque. Eu vou à feira comprar algo para quando a senhorita Alice chegar — a amiga avisou enquanto verificava a quantidade de moedas e as punha na bolsinha de mão.
— Minha mãe não chegou ainda? — Perguntou a aprendiz de curandeiro.
— Não. — respondeu a outra em um tom preocupado.
— Vamos esperar mais um pouco, alguém deve ter lhe pedido ajuda no meio do caminho, ou ela deve estar preparando algo para o meu aniversário de 17 anos! — exclamou Mira, esperançosa.
— Eu vou indo. Mais tarde quero saber desse sonho. Não esqueça meu presente em cima da mesa. — Avisou Kendra.
Quando a outra saiu, a moça tirou a camisola rosa-claro. Sua pele morena se pôs à mostra e o corpo magro e esguio também. Pôs um vestido vermelho de mangas longas. Não era feito do melhor tecido, mas também não era dos piores.
Escovou os cabelos castanhos ondulados, pondo logo após a escova na mesa pequena e redonda que ficava ao lado da mesa maior. Esbarrou no presente da amiga, porém não o abriu. Iria terminar de se arrumar antes.
Fez três tranças finas, trançando-as juntas e prendendo-as no lado esquerdo da cabeça com uma presilha prateada que pegou do porta joias que ficava ao lado dos livros. Por fim, pôs os sapatos marrons e olhou para o presente.
Mira enfim abriu o pacote pequeno e azul que a amiga lhe dera, era um colar delicado e fino com o pingente de folha.
— É lindo. Como esperado de você, Kedy. — Sussurrou para si mesma.
A menina de olhos mel pôs o colar no pescoço e desceu as escadas apressada.
Lá em baixo viu uma senhora rechonchuda, que possuía por volta de uns 40 anos, com os cabelos castanho-claros presos por um véu, vestia um simples vestido verde-escuro com detalhes marrons e parecia irritada, já que batia o pé direito compulsivamente no chão.
— Bom dia, senhora Miths.
— Bom dia Mira, sua mãe está? — interrogou a bondosa mulher.
A mais jovem a olhou receosa e respondeu:
— Não, parece que saiu. De que a senhora precisa?
A jovem estava desconfortável, era muito estranho sua mãe sair sem avisar nada.
— Meu filho está doente e eu preciso de um curandeiro. Você pode atendê-lo no lugar dela?
— O que? — disse saindo de seus pensamentos. — Eu? Eu não sou formada ainda, senhora. — respondeu receosa.
— Eu sei que você sabe muito, sua mãe sempre te elogia.
"Porque ela é minha mãe" - pensou a morena.
— Tudo bem, posso dar uma olhada nele.
Mira seguiu a mulher mais velha até sua casa. A vila estava pacata como sempre. Foi em direção à ala leste onde ficavam as moradias. A residência da senhora Miths não era muito diferente de todas as outras da aldeia, feita de tijolos e madeiras, pequena, mas aconchegante. Havia um letreiro de madeira crua na porta com o nome da família.
— Com licença. — disse ao entrar.
O menino ruivo estava deitado na cama, suando e ardendo em febre. Sua pele estava vermelha com pequenos pontos pretos. Aquilo era Pritine, uma doença muito comum em crianças. Depois de verificar novamente a condição do paciente, Mira tranquilizou a mãe preocupada:
— Não se preocupe, senhora. Vai ficar tudo bem. Eu só vou buscar algumas ervas e já volto.
A jovem foi até o jardim da sua casa e pegou as plantas necessárias: arelva, prímulus e erva de dragão. Misturou tudo em um recipiente e amassou a mistura. Se perguntou se a receita era aquela mesma. E se ela estivesse errada e acabasse fazendo algo de ruim ao menino? Bem, não tinha tempo para aquilo agora.
A garota retornou apressada até a residência da senhora Miths.
— Acha que vai funcionar? — perguntou a mãe da criança.
— Sim. — disse a garota meio sem ter certeza.
"Espero que funcione" - pensou Mira apreensiva.
Poucos segundos depois, as manchas pretas começaram a desaparecer.
Aliviada pelo remédio ter funcionado, a jovem curandeira instruiu a mulher, explicando como dar o medicamento para o filho.
— Dê essa mistura a ele duas vezes ao dia e em pouco tempo ele estará melhor.
— Obriga... — a senhora tentou agradecer, porém foi interrompida pelos gritos de alguém.
A senhora Miths abriu a porta e viu o caos do lado de fora. Pessoas correndo desesperadas de um lado para o outro, em meio a um fogo esquisito. Diferente de tudo que Mira havia visto antes.
— Mira! Mira! — era Kendra a chamando.
— O que foi? O que está acontecendo? — disse a amiga abrindo a porta e saindo.
Kendra parou ao seu lado, ofegante.
— Tem algo na frente de casa. — disse ela.
Mira saiu rápida e impulsivamente como sempre. Seus cabelos voando enquanto corria para fora indo em direção a área oeste, onde ficava o comércio. A moça passou distraidamente pelas chamas e nem sentiu queimar, eram frias como gelo.
Quando chegaram perto de casa, Kendra disse:
— Mira, olhe! — Apontou para a porta.
Acima da maçaneta havia um papel bege como se fosse antigo. Em letras desenhadas estava escrito algo em uma língua estranha que a morena não entendia. A única palavra que era decifrável era o nome da mãe: “Alice”.
— Acho melhor entrarmos. — disse Mira preocupada. — É perigoso ficar aqui.
“Por que tem o nome ‘Alice’ naquele papel? Será que fizeram algo com a minha mãe?” - Ela pensou tensa.
Ao entrarem, Kendra parecia pensativa. Se sentou na cadeira da mesa da cozinha, esta que parecia ser vazia já que tudo ficava guardado em seu devido lugar: os pratos nas prateleiras; e os utensílios como frigideiras, facas, colheres, garfos, espetos e espátulas estavam pendurados acima da lareira feita de pedras que era utilizada para cozer os alimentos.
A única coisa que restava era uma faca, que provavelmente Mira havia usado para preparar o remédio do garoto e como sempre, saiu apressada para limpar e guardar.
— Pegue tinta e um pergaminho para mim por favor. — pediu Kendra.
— Como? — perguntou a outra confusa.
— Acho que consigo traduzir isso. — respondeu apressada. — Pegue o que pedi, por favor.
Mira correu e subiu as escadas. Tudo aquilo era muito confuso. Pensou novamente no porquê de o nome da sua mãe se encontrar naquele bilhete. Além disso, o que era aquele fogo estranho de antes? Seu coração começou a apertar.
Ela passou pelo quarto que estava com a cama arrumada com sua colcha vermelha e travesseiro branco, o guarda-roupa fechado, e a escrivaninha com a vela apagada e um pedaço de pergaminho com o tinteiro ao lado. Estava tudo normal como se Alice pudesse voltar a qualquer momento.
Seguiu até o terceiro cômodo da casa e na gaveta da escrivaninha pegou o que lhe foi pedido. Deixou para trás as estantes cheias de livros, pergaminhos, tintas e penas; a mesa com mais papéis que vivia impecavelmente limpa, mesmo estando sempre cheia de livros abertos; e as paredes pintadas de azul-claro e descascadas no meio.
Quando chegou no andar de baixo entregou o que lhe foi pedido e perguntou à colega:
— Você consegue mesmo ler isso?
— Minha mãe me ensinou esse idioma quando eu era pequena. — Afirmou com uma expressão distante.
Mira sabia que a amiga estava se lembrando dos pais que morreram há algum tempo.
Kendra começou a trabalhar rapidamente. Se sentou na cadeira de madeira e pôs os objetos em cima da mesa. Suas sobrancelhas estavam franzidas, os olhos focados no papel e seus dedos da mão direita batiam na madeira, como sempre fazia quando queria focar em algo e começou a traduzir o bilhete apressadamente.
Mira, já entediada, aproveitou para olhar pela janela e notou que o fogo já havia se extinguido. A situação não poderia ser mais estranha.
— Aqui! — disse Kendra tirando-a de seu devaneio em voz alta e clara — "Querida Mira, feliz aniversário de 17 anos. Vim até aqui levar sua mãe Alice, como um presente do longo tempo que estamos sem nos ver. Espero que as chamas deixadas em sua pacata aldeia, sejam de seu total agrado. Nos veremos em breve, afinal, a família sempre deve estar unida não acha? Não se preocupe, sua querida mãe está nas mãos da melhor pessoa possível: nas minhas.
Assinado: o Imperador."
Exasperada e confusa, a garota mais alta proferiu:
— O que? Quem é esse? Não conheço nenhum Imperador. E a única família que tenho é minha mãe. Quem é esse maluco, Kendra?
Ela se sentou na cadeira com as mãos trêmulas.
“O que estava acontecendo? Por quê levaram sua mãe?”
Mira quis gritar e chorar, porém sabia que aquilo não adiantaria nada. Mesmo assim, sua mão continuou tremendo enquanto apertava seus dedos.
Kendra a olhou e segurando sua mão, respondeu à pergunta anterior:
— Eu não sei, Mi. Nós podemos chamar a guarda.
— A guarda não será muito útil nesse caso. — disse uma voz fria atrás delas.
A estranha possuía uma aparência segura e imponente. Andava a passos leves que não podiam ser ouvidos. Seus olhos cinzas as encaravam friamente; tinha os cabelos loiros prateados, com mechas azuis, presos em um rabo de cavalo perfeito. Os óculos se encaixavam perfeitamente em seu rosto e as orelhas pontudas eram enfeitadas com brincos prateados. — Quem é você e o que faz aqui? —perguntou Mira apontando-lhe a faca que pegara rapidamente em cima da mesa. — Acho que não temos tempo para conversa, senhorita Collins. — Respondeu a elfa. — Eles estão atrás de nós, ou melhor, de vocês.A invasora olhou para a faca apontada para si e riu. — Esse tipo de arma não é algo que pode me deter. — Quer ver? — disseram as meninas.Podia-se ouvir a porta dos fundos sendo arranhada e os sons dos uivos adentando a casa.— Querem se salvar ou preferem ficar para morrer? — Disse a mulher as ignorando. A estranha observou o local, curiosa enquanto arrastava seu vestido azul-marinho de um lado p
Os olhos dele eram penetrantes. Foi a primeira coisa que Mira notou quando o viu. Sua pele era cor de oliva, destacava ainda mais o olhar. Era jovem, entre 20 e 24 anos. Usava um manto vermelho com detalhes dourados, cobrindo-o todo. Uma roupa de qualidade inigualável, nem o rei a menina havia visto usar algo do tipo.O estranho era lindo, o homem mais bonito que a jovem havia visto até os dias atuais. Não havia muitos homens jovens na sua aldeia, a maioria estava no exército. Então a garota não tinha muitas referências. O homem tinha um sorriso sarcástico nos lábios, como Jack. Mas a diferença entre ambos era que o idiota se achava superior. Aquele homem misterioso realmente o era, possuía com uma energia fortíssima que parecia prender Mira ali. E o seu olhar, o seu olhar parecia ver tudo o que havia em sua alma. "Minha rainha", ele dissera. — Não sei o que quer dizer com rainha. — ela respondeu.O homem riu como se achasse sua confusão engraçada.— Você é muito ingênua, e acha
Alice acordou assustada. Se encontrava em um quarto iluminado, com paredes claras e cortinas cor de creme. Seus lençóis eram brancos e a colcha da mesma cor das paredes com detalhes dourados.A curandeira se lembrou do dia em que havia sido sequestrada pelo rei. Chegaram naquele reino desconhecido, em um castelo com altas Torres brancas com pontas azuis, largas portas de madeira e ferro, além de grandes janelas de vidro. Uma atmosfera estranha pairava no ar, uma névoa prateada e branca que se unia ao local, fazendo as paredes cintilarem. Os guardas a arrastaram pelos enormes corredores que vieram logo após a porta de madeira branca, quadros de vários homens e mulheres que pareciam ser reis e rainhas enfeitavam as paredes escuras. Após estas, foram vistas várias portas de madeira branca, algo muito raro de se encontrar. Eles pararam em frente à uma destas, e assim que pisou no cômodo a visão da mulher ficou turva, a névoa entrou por suas narinas e ela desmaiou. Atualmente, notou q
Dylan bateu os dedos impacientemente no seu trono. De manhã quando se levantou, o colar de Mira não estava mais lá. A menina tinha que cuidar bem dele, pois se não o fizesse, aquela mulher poderia tramar algo. O dia parecia tranquilo com o vento soprando suavemente e os pássaros cantando do lado de fora. Porém algo lhe dizia que isso era como uma miragem, escondendo o que realmente estava por vir.Quando Oswald, seu conselheiro, adentrou a sala do trono, o rei soube que suas suspeitas estavam certas. Os cabelos ruivos do seu velho amigo estavam presos em um rabo de cavalo, os óculos redondos e dourados apoiados no nariz. A camisa e calças verdes, juntamente com os broches dourados em formato de águia, mostravam a sua patente naquele local.Enquanto o ruivo passava pelo tapete bege e fino que cobria a maioria do caminho desde a porta até o trono, o mais jovem pôde ver o semblante preocupado no rosto do homem de 50 e poucos anos.— Majestade! — disse o mais velho. — Temos problema
As figuras encapuzadas andavam pela rua. Uma delas, vestindo um capuz azul, virava a cabeça a todo momento, como se conferisse se ninguém as estava seguindo. Logo viram barracas e lojas enormes de diferentes tipos e tamanhos, entraram em uma particularmente bizarra. Caveiras negras e prateadas decoravam o local, juntamente com olhos e cérebros em vidros. O lugar cheirava a mofo e não era limpo há tempos.A pessoa fez uma exclamação de nojo ao ver um rato passando pelas prateleiras.— Tem certeza que aqui é o lugar certo? — disse com uma voz feminina.— Sim — respondeu a outra, usando um capuz verde —, tenha paciência.Um homem careca, velho, corcunda, vestindo roupas pretas se revelou. Deu um sorriso com seus dentes tortos e fez uma referência.— Olá... Milady! Não a esperava tão cedo.— Preciso de uma informação... Sobre aquela pessoa e a família dela. A verdadeira. — disse a de vestimenta esverdeada.O sorriso do homem pareceu aumentar.— Oh. Eu tenho o que a senhorita deseja. E voc
Quando saíram e viram o vilarejo, os rostos das meninas se iluminaram. Era bom ver um local que não fosse o colégio. Ao contrário de Jack, Mira gostou de Isabella e Mirelle. Elas eram divertidas e pareciam conhecer tudo ali.— Há! — ela pulou de alegria. — Não aguentava mais ficar presa lá dentro.— Venham, vamos dar uma olhada. — disse Rick. O lado de fora do colégio era bem diferente da vila que as amigas conheciam. Primeiro tudo era iluminado com luzes coloridas, ou seja, magia. As casas simples eram substituídas por Torres e casas mais altas. As pessoas usavam saias, vestidos acima dos joelhos, cabelos coloridos, sapatos altos e outras roupas bem diferentes para quem só estava acostumada a usar vestidos e sapatos baixos. Claro que o uniforme era uma prova de como as vestimentas eram diferentes, porém ver aquilo fora do Luminus mostrava como tudo era incomum. Elas caminharam pelo mercado, havia pessoas de várias espécies que Isabelle foi diferenciando conforme passavam por ela
Mira estava na floresta novamente, porém o local não estava escuro ou morto como na sua visão. Talvez porque a garota não estivesse dentro da floresta em si, e sim ao lado dela. O som de água corrente podia ser ouvido. Tal líquido preenchia o rio, enquanto luzes coloridas atravessavam-no em direção ao fundo."Tenho certeza que está conectado ao lago da floresta" - pensou.— Você tem razão. Esse rio também é algo que vai morrer quando a floresta se esvair por completo.Ele estava lá, sentado em uma pedra, observando o rio, os olhos prateados a encarando. O estranho ( que não era mais estranho porque Mira já sabia o seu nome), segurava um cigarro enquanto soltava a fumaça em pleno ar. A jovem pensou em perguntar sobre aquilo, mas resolveu dizer algo antes: — Descobri algo sobre você. — disse se sentindo vitoriosa. — É? O quê? — perguntou curioso.— Você é o deus da cura, da saúde e da vida, certo? Eluin. Minha mãe orava muito para você. Ou melhor, para sua estátua.Eluin sorriu diver
A primeira coisa que as meninas fizeram foi correr até o quarto. As armas estavam em cima da cama. O fogo consumia os corredores. Azul e gelado como da outra vez.— Vamos nos preparar. O quarto pode ser consumido. — disse Kendra concentrada. A loira utilizou o ar para pegar duas mochilas e encher com coisas como roupas, poções, frutas e outras coisas necessárias que haviam recebido da coordenadora. Sorte que haviam tido essa aula a pouco tempo.Com as mochilas postas em seus ombros, elas partiram em direção ao corredor. O fogo agora parecia mais vivo, e Kendra ao encostar brevemente nele, notou que também queimava. Um calor mutável que logo depois de queimar, congelava.— Tudo bem? — falou Mira alto, a gritaria das pessoas era tanta que não podia ouvir a própria voz.— Sim, não foi nada. As meninas continuaram correndo, mas foram cercadas por Dowykais. As criaturas babavam e rosnavam. Mira sabia que não fariam mal à ela, mas quanto à outra era um caso diferente. Além disso, tin