A primeira coisa que as meninas fizeram foi correr até o quarto. As armas estavam em cima da cama. O fogo consumia os corredores. Azul e gelado como da outra vez.— Vamos nos preparar. O quarto pode ser consumido. — disse Kendra concentrada. A loira utilizou o ar para pegar duas mochilas e encher com coisas como roupas, poções, frutas e outras coisas necessárias que haviam recebido da coordenadora. Sorte que haviam tido essa aula a pouco tempo.Com as mochilas postas em seus ombros, elas partiram em direção ao corredor. O fogo agora parecia mais vivo, e Kendra ao encostar brevemente nele, notou que também queimava. Um calor mutável que logo depois de queimar, congelava.— Tudo bem? — falou Mira alto, a gritaria das pessoas era tanta que não podia ouvir a própria voz.— Sim, não foi nada. As meninas continuaram correndo, mas foram cercadas por Dowykais. As criaturas babavam e rosnavam. Mira sabia que não fariam mal à ela, mas quanto à outra era um caso diferente. Além disso, tin
Astrid pegou a taça de vinho. Provavelmente era sua terceira ou quarta. Ela não estava contando. Olhou para a janela de seu escritório, o vento soprando as cortinas. Sentiu algo molhado lhe cobrir a mão. O vidro havia quebrado e a mulher nem havia percebido.Aquilo era um mal presságio. O líquido lhe manchava a pele, como sangue. A mulher fechou os olhos, pensando em como sua vida era aquelas duas coisas: mal e sangue. Quando pequena o pai a prendia no castelo, só com a companhia dos criados e dos familiares. Sua irmã mais velha, aos 7 anos fora sequestrada e morta devido à guerra. No dia em que outra princesa nasceu, o rei quis protegê-la a todo custo. Não permitiria que outra filha morresse por sua culpa. A guerra já havia terminado, porém Edwin ainda possuía aquela culpa dentro de si. Sua única companhia era o irmão mais velho, Renien. Na adolescência só podia sair acompanhada de guardas e de sua dama de companhia. Astrid lhe dizia que podia se defender. Ela era uma guerreira.
O vento trazia o eco aos seus ouvidos, a areia fazia com que nada pudesse ser visto.Elas pegaram em suas bolsas e casacos para se protegerem do sol quente e do vento. Colocando as roupas em suas cabeças, as meninas começaram a caminhar pelo deserto.— Não tem um jeito de tornar isso mais fácil? — perguntou Mira ofegante. Ela estava com uma garrafa d’água que havia retirado da mochila, porém nem com o líquido escorrendo pela garganta a garota se sentia menos cansada.— Hmm — respondeu Kendra. A menina loira fechou os olhos e disse:— Ventismaximis. Logo após aquelas palavras, uma bola de ar surgiu em sua mão direita. Ela fechou os olhos como havia sido instruída pelos professores e imaginou a esfera cada vez maior. Desse modo, em pouco tempo ambas estavam dentro da enorme bola.— E agora? Essa coisa é segura? — perguntou Mira, estranhando aquilo.— Vamos ver. Tente andar. Quando Mira deu o primeiro passo, a bola transparente se moveu junto com ela. A menina sentiu a pressão
Mira estava em um lugar familiar, ela não se lembrava de estar naquele local antes, mas com certeza o conhecia. Parecia o interior de um castelo. A menina não conseguia definir a cor de nada, já que via tudo em tons dourados. Estantes e móveis preenchiam o local, um tapete talvez de linho fino cobria o chão. Um retrato de uma família decorava uma das paredes. Ela estava lá, com talvez um ano de idade. Uma mulher de cabelos claros e vestido escuro a segurava nos braços, sentada em uma cadeira chique e ordenada. Ao lado direito dela, de pé estava um menino que parecia ter 7 anos com uma expressão séria, ele também tinha cabelos claros como a mãe. Ao lado dele, havia um homem de expressão severa e cabelos escuros. “Essa é minha família? Minha real família?” - perguntou para si mesma. De repente sentiu uma dor de cabeça inigualável, caiu de joelhos no chão enquanto tudo girava ao seu redor. Um barulho fino e irritante preencheu seus ouvidos. Em meio aquele som ensurdecedor, a garota
— Você acha que devemos aceitar?— Mira, não chame um deus por “você” — repreendeu Kendra, envergonhada.— Pode me tratar informalmente, senhorita Millers. Somos amigos. — Ele sorriu. — Quanto ao baile, acho que deveriam ir.— Mas roubar é errado. Mesmo que a recompensa seja boa. — disse a morena.—Você tem razão, mas nesse caso é necessário. Além disso, as ervas não pertencem mesmo à eles.— Fumar e agora roubar. Você dá péssimos exemplos. — Mira respondeu.— Talvez. — disse Eluin rindo.Mira tentou se sentar, mas uma tontura a conteve.—Vou buscar mais água e panos limpos. A febre precisa baixar mais. — disse Kendra se levantando. — Fique deitada.— Tem certeza que melhorarei até amanhã? — ela pergunta a ele.— Com certeza. Só descance.Mira olhou para ele e depois para si própria. Sorte que não estava de camisola, ela pensou no ocorrido. Fitou o deus preocupada e perguntou:— Quando meus poderes despertarão? Você me disse que eu tenho uma missão e tudo mais, porém a todo momento te
As meninas a olharam chocada.— Como? — perguntou Mira com seus olhos mel arregalados em espanto.— Era um nobre lobisomem que havia assasinado crianças, minha mãe ordenou que eu fosse até Mantua fazer o trabalho. Mirelle riu ao ver as reações das outras duas. Todos daquele mundo conheciam os caçadores e sua fama de assassinos, então ninguém se surpreendia. Ninguém disse mais nada enquanto saiam da floresta em direção ao mercado. Mira parecia maravilhada e muito curiosa com o local. Selaris não tinha nada de especial para a caçadora. O vilarejo era um local comum como qualquer outro. Podia-se ver partes de animais penduradas à frente das barracas, eles sobreviviam da caça afinal. Caça de todo tipo de criatura. Além disso, havia vários tipos de armas, inovadoras de todo tipo. No entanto, algo maior chamou a atenção da sacerdotisa. Mira correu até a estátua da deusa Lunits. Era escura como carvão, com somente os olhos alaranjados se destacando. A mãe de Mirelle havia dito
Mira e Kendra cavalgavam seguindo o mapa. Agora as meninas se aproximavam da cidade de Elstow. Era um local coberto de vegetação e alegria. As pequenas casas se agrupavam no local harmoniosamente. Ao se aproximar do reino das fadas, os cavalos pararam. Desse modo, as meninas sabiam que eles iam voltar, já que cavalos de caçadores não gostam de fadas.— Adeus, muito obrigada por nos trazer até aqui. — disse Mira. As duas seguiram a pé, pelo caminho de terra até o mercado do vilarejo. Sem ver saída alguma, Kendra perguntou:— E agora? Seguimos em frente?— Exato. Em direção à floresta do pó. — respondeu Mira, olhando o mapa. — Ei, vocês, menininhas lindas! — ouviram uma voz dizer. A voz pertencia a um senhor de pele branca e olhos azuis. Ele era corcunda e vestia uma túnica vermelha desbotada. — O que foi, senhor? Precisa de algo? — perguntou Mira apreensiva.— Sim, querida. Vocês não são daqui, certo? São viajantes.— E o que o senhor tem com isso? — disse Mira.— Mira! Não fal
Noah passou pelo portal sangrando, Elijah e Ethan em seu encalço. O líder não esperava que os poderes da menina despertariam naquele momento. Pequenas lâminas afiadas como vidro carregadas de poder elemental foram atiradas contra eles.— O que faremos agora senhor? — perguntou Ethan.— Provavelmente seu próprio poder irá matá-la. Quando isso acontecer, voltaremos para buscar o corpo. Eles entraram pela entrada do vilarejo. As casas feitas de metal se espalhavam pelo local. O sol era quente ali, mas não tanto quanto o de Mantua. Anões com a pele queimada de sol e roupas de malha, alguns com armaduras, mas todos com cintos cheios de ferramentas caminhavam por ali. Ao ver os ferimentos, um deles correu para chamar ajuda. Noah caiu no chão e uma anã de cabelos ruivos e olhos castanhos cuidou de suas feridas com as mãos cobertas por luvas negras. Seu vestido azul estava acima de uma calça preta.— Obrigado, Li. — disse ele após ela enfaixar suas costelas e braços. O poder da menin