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Capítulo 5 - Visita negra como o céu noturno.

  Dylan bateu os dedos impacientemente no seu trono.  De manhã quando se levantou, o colar de Mira não estava mais lá. A menina tinha que cuidar bem dele, pois se não o fizesse, aquela mulher poderia tramar algo.

 O dia parecia tranquilo com o vento soprando suavemente e os pássaros cantando do lado de fora. Porém algo lhe dizia que isso era como uma miragem, escondendo o que realmente estava por vir.

Quando Oswald, seu conselheiro, adentrou a sala do trono, o rei soube que suas suspeitas estavam certas.

 Os cabelos ruivos do seu velho amigo estavam presos em um rabo de cavalo, os óculos redondos e dourados apoiados no nariz. A camisa e calças verdes, juntamente com os broches dourados em formato de águia, mostravam a sua patente naquele local.

Enquanto o ruivo passava pelo tapete bege e fino que cobria a maioria do caminho desde a porta até o trono, o mais jovem pôde ver o semblante preocupado no rosto do homem de 50 e poucos anos.

— Majestade! — disse o mais velho. —  Temos problemas.

Quando o outro disse isso, Dylan franziu o cenho.

— Continue, Oswald.

— Aquela organização, Shiake, está atacando novamente. Eles querem levar as crianças, majestade! Pensei em enviar os soldados.

— Não se preocupe, Oswald. — disse o rei com um sorriso. — Eu mesmo cuido deles.

  O homem de cabelos prateados se levantou do trono. A longa capa cinza que cobria seus ombros caiu no chão, ele já estava preparado para uma situação do tipo. A espada, "lâmina de fogo", já se encontrava presa em sua cintura.

Enquanto se dirigia pelo corredor, os olhos cor de mel fitaram o quadro do pai. Olhou a imagem do homem de cabelos negros, semblante severo e olhos da mesma cor dos seus com nojo.

Sentiu a camisa branca que estava por baixo da malha negra se acentuar ainda mais em seu corpo quando respirou fundo. As lembranças da época do reinado do rei Neelas ainda estavam vivas em sua mente. Seu pai era um homem cruel que ensinou Dylan a matar e odiar o diferente, o que segundo o antigo rei, eram sujos. O jovem nunca concordou com isso, porém na época era muito fraco para fazer algo. Então, só seguia as ordens à risca.

No dia em que sua irmãzinha Mira despertou os poderes, ele soube que deveria fazer algo.

 O louco provavelmente faria algo com a menina. O assassinato de mais famílias de fadas no dia anterior só comprovou aquilo. O jovem sabia que tinha que fazer algo.

 Então quando Neelas enviou os soweetys atrás de Sophie, eles lutaram. Quando a espada atravessou o peito do velho, a única sensação foi de dever cumprido.

Abriu as portas do palácio, viu o sol iluminar a malha negra com detalhes dourados que cobria seu peito. 

 Ordenou que preparassem Athos, seu mais fiel cavalo. Quando suas calças negras encostaram no dorso do animal, Dylan soube que mais uma vez teria que cumprir seu dever.

A área comercial estava um caos. As pessoas corriam por todos os lados, fugindo da fumaça negra que as tentava envolver.

Mascarados de roupa preta de couro comum e capa cor de fogo gritavam, dizendo que procuravam um percursor da morte. Um deles ameaçava tirar uma criança de sua mãe.

Dylan pôs Athos entre eles, assustando o atacante.

— O que querem aqui cavaleiros da morte? Vocês não são permitidos no meu reino. Onde estão os mestres da escuridão? Com medo de aparecer e por isso enviaram seus cachorros para caçar? — Zombou.

Os invasores tentaram atacá-lo. O rei se esquivou, desceu do cavalo e puxou a espada.

— Venham!

— Majestade, o senhor vai lutar contra eles sozinho? — perguntou um senhor.

Dylan sorriu.

— Não se preocupem, vocês estão seguros.

O povo começou a suspirar aliviado. Seu rei estava ali, não havia nada o que temer.

Dylan evocou as chamas azuis. Estas preencheram todo o mercado, expulsando as sombras.

— Parece que nem conseguem pegar uma criança sem serem percebidos. Vocês são uns inúteis — riu.

 Um homem vestindo o mesmo uniforme dos inimigos, porém sem máscara, estava entre eles. Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo curto e os olhos castanhos esverdeados olhavam Dylan com asco.

— Não os culpe. Não esperávamos que o menino rei fosse aparecer. — disse outro de olhos azuis e cabelos roxos. Um brinco vermelho, pendia em sua orelha direita.

Ambos pareciam ter 25 anos, mas o soberano não era enganado por eles.

— Como vão vocês? Elijah, Ethan? Noah não tem coragem o suficiente para vir até aqui, depois da cicatriz que fiz em seu rosto?

— Wow! Você está me magoando, menino Dylan — disse Ethan. — Sinto falta de ouvir você me chamando de tio Ethan. Você se lembra quando dizia que queria ser descolado como eu? — Olhou para as roupas do rei. — Pelo menos isso você aprendeu — deu um sorrisinho sínico.

— Quando se é criança não se vê a maldade no mundo. Eu cresci e notei o quão podre vocês são — sorriu sínico — Como eu disse aos seus cachorrinhos, vocês não são bem-vindos.

— Não adianta discutir com o menino, Ethan. — Disse Elijah. — Ele só aceita algo na força bruta.

O homem de cabelos negros puxou a espada e partiu para cima de Dylan.

O mais jovem sorriu. Dylan cresceu com aqueles homens. Seu pai o levava para as reuniões e todos o adoravam. Eles os ensinaram a lutar, a usar a magia, a ser um homem. Muito mais que seu pai. A Shiake era como sua família, porém estavam do lado errado. Além disso, como rei seu reino vinha em primeiro lugar. Algo que Neelas nunca faria.

 Puxou Lâmina de fogo e se defendeu. Já sabia o que viria a seguir. As sombras saíram da espada inimiga para se acumularem ao seu redor. Estas eram mais fortes que as anteriores.

Se esquivou, dando um pulo para trás. As sombras ficavam mais escuras e densas. Porém para ele aquilo não significava muita coisa.

As chamas dançavam em sua mão esquerda, afastando as coisas negras, no entanto não as extinguindo.

Dylan sentiu alguém atrás de si. Era Ethan. Atacou-o com uma rajada de vento cortante. O outro se defendeu criando um escudo de luz amarelo, que só serviu para desviar levemente o ataque. Poucos segundos depois os cortes em seus braços eram visíveis.

Eles continuaram atacando de ambos os lados. O de cabelos brancos pôde sentir a espada de Elijah perfurar a sua costela esquerda, enquanto Ethan o prendeu com cipós. Claro que ele podia contra-atacar e a luta continuaria o dia todo. Ambos os lados se atacando e se regenerando. Em uma batalha continua que só terminaria quando estivessem exaustos, ou mortos.

 Porém um ruído foi ouvido. Era uma fênix que piava acima deles. Os inimigos sabiam o que significava aquilo, era hora de recuar.

— Nos vemos outro dia, menino Dylan. — disse Ethan.

Quando eles desapareceram na forma de uma poeira negra, o rei sentiu a mão tremer.

— Droga! — disse.

As marcas negras eram visíveis passando pela sua pele.

— Vejo que a maldição está avançando. — disse uma voz feminina.

 A mulher estava lá novamente, aquela que amaldiçoou sua família. O motivo dele querer que sua doce irmãzinha retornasse para casa.

— O que quer? — disse irritado.

Tudo estava parado, como em todos os momentos em que ela aparecia. As pessoas comuns pareciam estátuas.

— Vim verificar você. — disse a encapuzada. — Te lembrar que o tempo está acabando.

O capuz azul escuro escondia seu rosto, só se podia ver uma mecha loira que caia em cima do seu vestido bege claro.

— Você não precisa me lembrar disso — rosnou.

  A estranha riu. Ela se aproximou e o abraçou. Dylan fez uma expressão de nojo. Engraçado como o toque de uma pessoa da mesma família que a dela lhe trazia a sensação oposta.

— O tempo está passando, para mim isso não é problema. Já para você... Tic Tac, reizinho.

Ele sentiu os braços dela se afastarem e de repente, tudo estava normal novamente. 

Dylan fechou a mão, apertando-a. Sua irmãzinha precisava estar em casa o mais depressa possível.

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