Quando saíram e viram o vilarejo, os rostos das meninas se iluminaram. Era bom ver um local que não fosse o colégio. Ao contrário de Jack, Mira gostou de Isabella e Mirelle. Elas eram divertidas e pareciam conhecer tudo ali.— Há! — ela pulou de alegria. — Não aguentava mais ficar presa lá dentro.— Venham, vamos dar uma olhada. — disse Rick. O lado de fora do colégio era bem diferente da vila que as amigas conheciam. Primeiro tudo era iluminado com luzes coloridas, ou seja, magia. As casas simples eram substituídas por Torres e casas mais altas. As pessoas usavam saias, vestidos acima dos joelhos, cabelos coloridos, sapatos altos e outras roupas bem diferentes para quem só estava acostumada a usar vestidos e sapatos baixos. Claro que o uniforme era uma prova de como as vestimentas eram diferentes, porém ver aquilo fora do Luminus mostrava como tudo era incomum. Elas caminharam pelo mercado, havia pessoas de várias espécies que Isabelle foi diferenciando conforme passavam por ela
Mira estava na floresta novamente, porém o local não estava escuro ou morto como na sua visão. Talvez porque a garota não estivesse dentro da floresta em si, e sim ao lado dela. O som de água corrente podia ser ouvido. Tal líquido preenchia o rio, enquanto luzes coloridas atravessavam-no em direção ao fundo."Tenho certeza que está conectado ao lago da floresta" - pensou.— Você tem razão. Esse rio também é algo que vai morrer quando a floresta se esvair por completo.Ele estava lá, sentado em uma pedra, observando o rio, os olhos prateados a encarando. O estranho ( que não era mais estranho porque Mira já sabia o seu nome), segurava um cigarro enquanto soltava a fumaça em pleno ar. A jovem pensou em perguntar sobre aquilo, mas resolveu dizer algo antes: — Descobri algo sobre você. — disse se sentindo vitoriosa. — É? O quê? — perguntou curioso.— Você é o deus da cura, da saúde e da vida, certo? Eluin. Minha mãe orava muito para você. Ou melhor, para sua estátua.Eluin sorriu diver
A primeira coisa que as meninas fizeram foi correr até o quarto. As armas estavam em cima da cama. O fogo consumia os corredores. Azul e gelado como da outra vez.— Vamos nos preparar. O quarto pode ser consumido. — disse Kendra concentrada. A loira utilizou o ar para pegar duas mochilas e encher com coisas como roupas, poções, frutas e outras coisas necessárias que haviam recebido da coordenadora. Sorte que haviam tido essa aula a pouco tempo.Com as mochilas postas em seus ombros, elas partiram em direção ao corredor. O fogo agora parecia mais vivo, e Kendra ao encostar brevemente nele, notou que também queimava. Um calor mutável que logo depois de queimar, congelava.— Tudo bem? — falou Mira alto, a gritaria das pessoas era tanta que não podia ouvir a própria voz.— Sim, não foi nada. As meninas continuaram correndo, mas foram cercadas por Dowykais. As criaturas babavam e rosnavam. Mira sabia que não fariam mal à ela, mas quanto à outra era um caso diferente. Além disso, tin
Astrid pegou a taça de vinho. Provavelmente era sua terceira ou quarta. Ela não estava contando. Olhou para a janela de seu escritório, o vento soprando as cortinas. Sentiu algo molhado lhe cobrir a mão. O vidro havia quebrado e a mulher nem havia percebido.Aquilo era um mal presságio. O líquido lhe manchava a pele, como sangue. A mulher fechou os olhos, pensando em como sua vida era aquelas duas coisas: mal e sangue. Quando pequena o pai a prendia no castelo, só com a companhia dos criados e dos familiares. Sua irmã mais velha, aos 7 anos fora sequestrada e morta devido à guerra. No dia em que outra princesa nasceu, o rei quis protegê-la a todo custo. Não permitiria que outra filha morresse por sua culpa. A guerra já havia terminado, porém Edwin ainda possuía aquela culpa dentro de si. Sua única companhia era o irmão mais velho, Renien. Na adolescência só podia sair acompanhada de guardas e de sua dama de companhia. Astrid lhe dizia que podia se defender. Ela era uma guerreira.
O vento trazia o eco aos seus ouvidos, a areia fazia com que nada pudesse ser visto.Elas pegaram em suas bolsas e casacos para se protegerem do sol quente e do vento. Colocando as roupas em suas cabeças, as meninas começaram a caminhar pelo deserto.— Não tem um jeito de tornar isso mais fácil? — perguntou Mira ofegante. Ela estava com uma garrafa d’água que havia retirado da mochila, porém nem com o líquido escorrendo pela garganta a garota se sentia menos cansada.— Hmm — respondeu Kendra. A menina loira fechou os olhos e disse:— Ventismaximis. Logo após aquelas palavras, uma bola de ar surgiu em sua mão direita. Ela fechou os olhos como havia sido instruída pelos professores e imaginou a esfera cada vez maior. Desse modo, em pouco tempo ambas estavam dentro da enorme bola.— E agora? Essa coisa é segura? — perguntou Mira, estranhando aquilo.— Vamos ver. Tente andar. Quando Mira deu o primeiro passo, a bola transparente se moveu junto com ela. A menina sentiu a pressão
Mira estava em um lugar familiar, ela não se lembrava de estar naquele local antes, mas com certeza o conhecia. Parecia o interior de um castelo. A menina não conseguia definir a cor de nada, já que via tudo em tons dourados. Estantes e móveis preenchiam o local, um tapete talvez de linho fino cobria o chão. Um retrato de uma família decorava uma das paredes. Ela estava lá, com talvez um ano de idade. Uma mulher de cabelos claros e vestido escuro a segurava nos braços, sentada em uma cadeira chique e ordenada. Ao lado direito dela, de pé estava um menino que parecia ter 7 anos com uma expressão séria, ele também tinha cabelos claros como a mãe. Ao lado dele, havia um homem de expressão severa e cabelos escuros. “Essa é minha família? Minha real família?” - perguntou para si mesma. De repente sentiu uma dor de cabeça inigualável, caiu de joelhos no chão enquanto tudo girava ao seu redor. Um barulho fino e irritante preencheu seus ouvidos. Em meio aquele som ensurdecedor, a garota
— Você acha que devemos aceitar?— Mira, não chame um deus por “você” — repreendeu Kendra, envergonhada.— Pode me tratar informalmente, senhorita Millers. Somos amigos. — Ele sorriu. — Quanto ao baile, acho que deveriam ir.— Mas roubar é errado. Mesmo que a recompensa seja boa. — disse a morena.—Você tem razão, mas nesse caso é necessário. Além disso, as ervas não pertencem mesmo à eles.— Fumar e agora roubar. Você dá péssimos exemplos. — Mira respondeu.— Talvez. — disse Eluin rindo.Mira tentou se sentar, mas uma tontura a conteve.—Vou buscar mais água e panos limpos. A febre precisa baixar mais. — disse Kendra se levantando. — Fique deitada.— Tem certeza que melhorarei até amanhã? — ela pergunta a ele.— Com certeza. Só descance.Mira olhou para ele e depois para si própria. Sorte que não estava de camisola, ela pensou no ocorrido. Fitou o deus preocupada e perguntou:— Quando meus poderes despertarão? Você me disse que eu tenho uma missão e tudo mais, porém a todo momento te
As meninas a olharam chocada.— Como? — perguntou Mira com seus olhos mel arregalados em espanto.— Era um nobre lobisomem que havia assasinado crianças, minha mãe ordenou que eu fosse até Mantua fazer o trabalho. Mirelle riu ao ver as reações das outras duas. Todos daquele mundo conheciam os caçadores e sua fama de assassinos, então ninguém se surpreendia. Ninguém disse mais nada enquanto saiam da floresta em direção ao mercado. Mira parecia maravilhada e muito curiosa com o local. Selaris não tinha nada de especial para a caçadora. O vilarejo era um local comum como qualquer outro. Podia-se ver partes de animais penduradas à frente das barracas, eles sobreviviam da caça afinal. Caça de todo tipo de criatura. Além disso, havia vários tipos de armas, inovadoras de todo tipo. No entanto, algo maior chamou a atenção da sacerdotisa. Mira correu até a estátua da deusa Lunits. Era escura como carvão, com somente os olhos alaranjados se destacando. A mãe de Mirelle havia dito