Alice acordou assustada. Se encontrava em um quarto iluminado, com paredes claras e cortinas cor de creme. Seus lençóis eram brancos e a colcha da mesma cor das paredes com detalhes dourados.
A curandeira se lembrou do dia em que havia sido sequestrada pelo rei.
Chegaram naquele reino desconhecido, em um castelo com altas Torres brancas com pontas azuis, largas portas de madeira e ferro, além de grandes janelas de vidro. Uma atmosfera estranha pairava no ar, uma névoa prateada e branca que se unia ao local, fazendo as paredes cintilarem.
Os guardas a arrastaram pelos enormes corredores que vieram logo após a porta de madeira branca, quadros de vários homens e mulheres que pareciam ser reis e rainhas enfeitavam as paredes escuras. Após estas, foram vistas várias portas de madeira branca, algo muito raro de se encontrar. Eles pararam em frente à uma destas, e assim que pisou no cômodo a visão da mulher ficou turva, a névoa entrou por suas narinas e ela desmaiou.
Atualmente, notou que havia uma mesa ao seu lado com frutas frescas. Estava com fome, mas preferiu não arriscar. Podia ter qualquer coisa no meio delas.
— Ah, que bom! Você acordou! — disse alguém abrindo a porta.
O "alguém" era uma mulher de cabelos prateados, pele morena-clara e olhos amarelos. Ela vestia um vestido preto com brilho, digno de uma rainha.
Com certeza não era uma serva. Será que Alice estava ali para ser uma escrava?
— Sinto muito em perguntar algo de imediato, mas... A senhorita Poderia me dizer onde estou?
A outra deu um sorriso e sentou-se na cama.
— Claro, querida! Estamos em Harlisze. No castelo.
— Harlisze? — Se surpreendeu. — Não pode ser. — disse preocupada.
—Você está aqui por causa da Mira. — respondeu a outra.
— Mira? O que querem com minha filha? — exclamou Alice, preocupada.
— Eu sinto muito, mas você foi usada como isca para atrair nossa filha até aqui. — disse a mulher tristemente segurando na mão de Alice.
— A senhorita é a rainha Sophie? A verdadeira mãe dela? — Disse Alice se lembrando do que Liam vagamente havia contado a ela sobre a história de Mira.
— Sim. Creio que Liam já lhe contou algo sobre mim.
— Sim, mas não muito. Só sei que a senhorita queria protegê-la de algo.
Sophie a encarou.
— Como ela está? Como ela é?
— Ela se tornou uma mulher linda. Mira é um pouco desastrada. — Riu Alice. — Mas ela faz o que pode. Ela é muito boa com os medicamentos e se esforça muito.
Sophie sorriu.
— Parece que a parte da cura está na família. — disse a rainha.
— Você também é uma curandeira? — perguntou Alice, interessada.
— Curandeira? Quase isso, eu era aprendiz de sacerdote. — respondeu Sophie. — Não uma sacerdotisa real como Mira, nós só aprendíamos a usar a magia juntamente com a natureza para curar, porém eu já tive sacerdotes verdadeiros na família. Claro que eles são de séculos atrás, quando esse grupo ainda existia.
— Isso é ótimo. Mira teria aprendido muito com você. — Alice sorriu. — O palpite dela sobre Mira estava correto. — O que aconteceu para ela ir para o meu mundo?
O olhar da rainha se tornou obscuro quando ela começou a contar a história à outra:
— Meu marido, o rei, queria matá-la. Ele era um dos seguidores fiéis do deus Temenis e queria agradá-lo a todo custo. Neelas era um homem cruel e vil. Odiava as fadas e mestiços por algum motivo desconhecido. Por isso ele assassinou diversas famílias. Creio que você conhece a história dos deuses. Bem, mesmo estando preso, Temenis ficou furioso, já que queria todas as espécies ao seu lado para algo que eu desconheço. A única espécie que o deus queria morta era os sacerdotes. Mas não havia nenhum sacerdote vivo, pelo menos era o que pensávamos, até Mira completar 6 anos. Os poderes dela despertaram. Eu orei aos deuses que me auxiliassem. E assim, eu e o deus da cura, Eluin, selamos seus poderes. Porém era tarde demais. Meu marido descobriu e ele não se importava com Mira, ou com o fato de ser sua filha. A única coisa que o antigo rei desejava era matá-la para agradar Temenis.
— Não pode ser... você é a rainha. E Mira... Eu nunca soube.
— Não precisa me tratar diferente, Alice. Me chame de Sophie. Além disso, você tem minha eterna gratidão por ser uma ótima mãe para minha filha. Eu não queria que ela fosse tratada diferente.
— Obrigada. O que aconteceu com o seu marido?
— Dylan, meu filho mais velho, o matou.
— Eu... Como? — perguntou Alice, surpresa.
— Foi o certo a se fazer. Aquele tirano tinha que ser parado. — disse Sophie com nojo.
— Minha mãe tem razão, senhorita. — disse alguém entrando no local. — Alguém tinha que pará-lo.
A sua frente estava um jovem de no máximo 18 anos, cabelos brancos e olhos cor de mel, usando um manto preto.
— Quem é você e o quer de mim? — disse ela se afastando. De algum modo, apesar da cor dos olhos serem diferentes, Alice sabia que aquele era o homem que havia a levado até ali.
— Eu sou o rei, Dylan Idies — sorriu. — E como minha mãe lhe disse, a senhorita é a isca para trazer minha irmãzinha até aqui.
— Por que? O que fizemos a você? — perguntou com raiva.
— Nada. Mas preciso dela.
Ela o encarou por alguns instantes. "Por que um irmão gostaria de atrair a irmã para algo? Com certeza não era coisa boa."
— Alice, lembra que eu te disse sobre as famílias que meu marido destruiu? — disse Sophie. — Bem, uma parente de uma delas resolveu se vingar. Ela lançou uma maldição sobre nós. Por isso Mira é necessária. Porém devido aos selos que colocamos nela para que trancasse suas memórias e seus poderes, além da maldição, nossa menina tem que vir até aqui por vontade própria.
— Que tipo de maldição?
— Eu não sei te dizer, sempre que encontro algo a respeito, minha memória sobre esse assunto é apagada. Creio que a fada quis que meus filhos pagassem pelos atos horrendos do pai.
Alice olhou o jovem imaginando se ele contaria sobre a maldição à ela. Porém o que saiu de seus lábios foi algo totalmente diferente.
— Vamos? Seu namorado está a esperando.
"Namorado? Ele quer dizer o Liam?", pensou Alice.
Dylan estendeu a mão a ela.
— Venha, preciso mostrar que está bem.
— Como saber se posso confiar em você? — perguntou.
— Acho que não tem muita escolha, certo? — Ele deu um sorriso travesso.
O rei a levou até a entrada do palácio. Lá estava Liam com mais alguém. Um homem de olhos alaranjados e cabelos azuis. Ambos vestiam uma calça de um tecido leve verde-escuro, botas marrons, uma cota de malha que protegia o peitoral e um manto com capuz, que era a peça que diferenciava a vestimenta dos dois, o de Liam era verde e o do outro, vermelho.
Mas o que ela notou de diferente foi orelhas pontudas em ambos. E a touca de Liam havia sumido, revelando seus curtos cabelos vermelhos vivo e rebeldes.
No entanto não se importou. Correu até Liam, porém Dylan a impediu a segurando pelo braço.
— Vamos conversar lá dentro, primos.
— Não ouse encostar nela, Dylan! — gritou o ruivo.
— Não estou. — disse a soltando enquanto sorria sarcasticamente.
Quando Liam entrou no palácio, Alice correu a abraçá-lo finalmente.
— Você está segura agora. Eu estou aqui. — disse ele a segurando firmemente.
— Você pode ir, primo. Pode levá-la. Não vou impedir ninguém de sair! — exclamou Dylan.
Alice encarou o rei sem entender nada. Como eles eram primos?
Como se adivinhasse sua pergunta, Dylan exclamou:
— Eu e Liam somos primos, já que nossas mães são irmãs. Porém sei que a sua real curiosidade é saber porque foi trazida até aqui, correto? — O rei a encarou com os olhos afiados e astutos. — A senhorita ouviu sobre a maldição, Mira virá até mim de qualquer forma. Eu só precisava de um gatilho. Sinto muito por usá-la como tal.
— Não vou permitir que ela volte. — A mulher respondeu.
Dylan riu.
— Acha isso mesmo? Nós somos irmãos, temos o mesmo sangue. E nada impede uma ligação assim. Um dia minha irmãzinha virá até mim. É o destino dela reencontrar a família e libertar-se dos selos. E não há nada que a senhorita poderá fazer.
—Venha Alice, vamos! — disse Liam.
— Agradeça a sua mãe por mim, alteza. — Alice se curvou diante dele mesmo o odiando. — Ela foi muito gentil comigo.
— Eu irei. Creio que nos veremos em breve. Somos da mesma família agora, certo? De várias maneiras... — respondeu o de Dylan encarando Liam
Antes de sair, a mulher o olhou com ódio.
— Obrigada por me ajudar, Liam. — Ela sorriu.
Porém, um pensamento se fez presente em sua mente.
— Ou se a rainha Sophie é irmã de sua mãe, ela deve ser da realeza, certo? Eu deveria chamá-lo de alteza? — Ela riu.
— Não se preocupe com isso, querida. Eu posso ser o príncipe do outro reino, Idys e minha mãe a rainha, mas me trate como está acostumada a tratar.
Ela olhou para baixo, envergonhada.
— Monte no meu cavalo. Você está fraca ainda. Vamos cavalgar juntos. — o homem disse acariciando a mão dela.
O príncipe a ajudou a montar e se sentou atrás dela com os braços em volta de sua cintura, guiando o animal.
— E seu amigo?
— Meu irmão deve estar com minha tia nesse momento — sorriu.
— Com a rainha? — exclamou surpresa.
— Sim. Eles são bem íntimos.
Alice o olhou chocada e ele riu.
— Rian não é filho da minha mãe. Só do meu pai. De um caso que ele teve antes dos dois se casarem. Mas ela o trata como seu próprio.
— Entendi. — Ela respondeu menos chocada.
Ao ouvir isso, Alice lembrou-se da filha.
— Está preocupada com Mira?
Ela assentiu.
— Não se preocupe, acho que sei onde nossa garota está. Depois do seu rapto, Mira foi levada pela minha tia até um colégio, o Luminus Theorys. Ele é considerado zona neutra, não pertence a nenhum reino. Vou enviar um amigo meu até lá. Não quero que você vá, acho melhor te manter segura no meu reino, pode ser perigoso. E eu não posso ir porquê... em, digamos que não era o melhor aluno. — Riu. — Só não fui expulso por conta do meu pai.
— Então você era um menino levado? — Alice riu.
— Não! Não era... — Liam tentou se defender. — As pessoas só não gostavam das brincadeiras que eu fazia — riu fazendo uma expressão inocente.
— Chegamos! — exclamou ele por fim.
De início a curandeira não viu nada, até o cavalo começar a andar e Alice sentir algo gelado lhe tocar como as gotas do orvalho caindo em seu corpo após a chuva.
Era óbvio que Liam vivia em um castelo. A moça só não imaginava algo como aquilo: o local era cercado por árvores tão brilhantes quanto às estrelas, ouvia-se o som de cachoeiras que cintilavam em diversos tons tocadas pela luz do sol. O castelo era coberto de tons de prateados e dourados como se absorvessem a luz do sol e da lua. Era magnífico. A mulher não havia visto algo como aquilo antes.
— É... Maravilhoso! Nunca vi nada igual.
"Você pode ver isso todos os dias se desejar...", o elfo quis dizer, porém se conteve.
— Obrigado. Vamos? Minha mãe está nos esperando...
— Sua mãe? Mas... Eu nem estou apresentável.
— Você está linda. Além disso, ela não se importa com coisas do tipo. Nem que você estivesse vestindo trapos a rainha não se incomodaria.
Alice o olhou preocupada e o homem sorriu a encorajando.
Chegando perto do castelo, ele a ajudou a descer do cavalo e ofereceu-lhe a mão. Aceitando-a de bom grado, a mulher o seguiu com o coração batendo acelerado. Estava preocupada com a filha e em encontrar a tal rainha.
Dylan bateu os dedos impacientemente no seu trono. De manhã quando se levantou, o colar de Mira não estava mais lá. A menina tinha que cuidar bem dele, pois se não o fizesse, aquela mulher poderia tramar algo. O dia parecia tranquilo com o vento soprando suavemente e os pássaros cantando do lado de fora. Porém algo lhe dizia que isso era como uma miragem, escondendo o que realmente estava por vir.Quando Oswald, seu conselheiro, adentrou a sala do trono, o rei soube que suas suspeitas estavam certas. Os cabelos ruivos do seu velho amigo estavam presos em um rabo de cavalo, os óculos redondos e dourados apoiados no nariz. A camisa e calças verdes, juntamente com os broches dourados em formato de águia, mostravam a sua patente naquele local.Enquanto o ruivo passava pelo tapete bege e fino que cobria a maioria do caminho desde a porta até o trono, o mais jovem pôde ver o semblante preocupado no rosto do homem de 50 e poucos anos.— Majestade! — disse o mais velho. — Temos problema
As figuras encapuzadas andavam pela rua. Uma delas, vestindo um capuz azul, virava a cabeça a todo momento, como se conferisse se ninguém as estava seguindo. Logo viram barracas e lojas enormes de diferentes tipos e tamanhos, entraram em uma particularmente bizarra. Caveiras negras e prateadas decoravam o local, juntamente com olhos e cérebros em vidros. O lugar cheirava a mofo e não era limpo há tempos.A pessoa fez uma exclamação de nojo ao ver um rato passando pelas prateleiras.— Tem certeza que aqui é o lugar certo? — disse com uma voz feminina.— Sim — respondeu a outra, usando um capuz verde —, tenha paciência.Um homem careca, velho, corcunda, vestindo roupas pretas se revelou. Deu um sorriso com seus dentes tortos e fez uma referência.— Olá... Milady! Não a esperava tão cedo.— Preciso de uma informação... Sobre aquela pessoa e a família dela. A verdadeira. — disse a de vestimenta esverdeada.O sorriso do homem pareceu aumentar.— Oh. Eu tenho o que a senhorita deseja. E voc
Quando saíram e viram o vilarejo, os rostos das meninas se iluminaram. Era bom ver um local que não fosse o colégio. Ao contrário de Jack, Mira gostou de Isabella e Mirelle. Elas eram divertidas e pareciam conhecer tudo ali.— Há! — ela pulou de alegria. — Não aguentava mais ficar presa lá dentro.— Venham, vamos dar uma olhada. — disse Rick. O lado de fora do colégio era bem diferente da vila que as amigas conheciam. Primeiro tudo era iluminado com luzes coloridas, ou seja, magia. As casas simples eram substituídas por Torres e casas mais altas. As pessoas usavam saias, vestidos acima dos joelhos, cabelos coloridos, sapatos altos e outras roupas bem diferentes para quem só estava acostumada a usar vestidos e sapatos baixos. Claro que o uniforme era uma prova de como as vestimentas eram diferentes, porém ver aquilo fora do Luminus mostrava como tudo era incomum. Elas caminharam pelo mercado, havia pessoas de várias espécies que Isabelle foi diferenciando conforme passavam por ela
Mira estava na floresta novamente, porém o local não estava escuro ou morto como na sua visão. Talvez porque a garota não estivesse dentro da floresta em si, e sim ao lado dela. O som de água corrente podia ser ouvido. Tal líquido preenchia o rio, enquanto luzes coloridas atravessavam-no em direção ao fundo."Tenho certeza que está conectado ao lago da floresta" - pensou.— Você tem razão. Esse rio também é algo que vai morrer quando a floresta se esvair por completo.Ele estava lá, sentado em uma pedra, observando o rio, os olhos prateados a encarando. O estranho ( que não era mais estranho porque Mira já sabia o seu nome), segurava um cigarro enquanto soltava a fumaça em pleno ar. A jovem pensou em perguntar sobre aquilo, mas resolveu dizer algo antes: — Descobri algo sobre você. — disse se sentindo vitoriosa. — É? O quê? — perguntou curioso.— Você é o deus da cura, da saúde e da vida, certo? Eluin. Minha mãe orava muito para você. Ou melhor, para sua estátua.Eluin sorriu diver
A primeira coisa que as meninas fizeram foi correr até o quarto. As armas estavam em cima da cama. O fogo consumia os corredores. Azul e gelado como da outra vez.— Vamos nos preparar. O quarto pode ser consumido. — disse Kendra concentrada. A loira utilizou o ar para pegar duas mochilas e encher com coisas como roupas, poções, frutas e outras coisas necessárias que haviam recebido da coordenadora. Sorte que haviam tido essa aula a pouco tempo.Com as mochilas postas em seus ombros, elas partiram em direção ao corredor. O fogo agora parecia mais vivo, e Kendra ao encostar brevemente nele, notou que também queimava. Um calor mutável que logo depois de queimar, congelava.— Tudo bem? — falou Mira alto, a gritaria das pessoas era tanta que não podia ouvir a própria voz.— Sim, não foi nada. As meninas continuaram correndo, mas foram cercadas por Dowykais. As criaturas babavam e rosnavam. Mira sabia que não fariam mal à ela, mas quanto à outra era um caso diferente. Além disso, tin
Astrid pegou a taça de vinho. Provavelmente era sua terceira ou quarta. Ela não estava contando. Olhou para a janela de seu escritório, o vento soprando as cortinas. Sentiu algo molhado lhe cobrir a mão. O vidro havia quebrado e a mulher nem havia percebido.Aquilo era um mal presságio. O líquido lhe manchava a pele, como sangue. A mulher fechou os olhos, pensando em como sua vida era aquelas duas coisas: mal e sangue. Quando pequena o pai a prendia no castelo, só com a companhia dos criados e dos familiares. Sua irmã mais velha, aos 7 anos fora sequestrada e morta devido à guerra. No dia em que outra princesa nasceu, o rei quis protegê-la a todo custo. Não permitiria que outra filha morresse por sua culpa. A guerra já havia terminado, porém Edwin ainda possuía aquela culpa dentro de si. Sua única companhia era o irmão mais velho, Renien. Na adolescência só podia sair acompanhada de guardas e de sua dama de companhia. Astrid lhe dizia que podia se defender. Ela era uma guerreira.
O vento trazia o eco aos seus ouvidos, a areia fazia com que nada pudesse ser visto.Elas pegaram em suas bolsas e casacos para se protegerem do sol quente e do vento. Colocando as roupas em suas cabeças, as meninas começaram a caminhar pelo deserto.— Não tem um jeito de tornar isso mais fácil? — perguntou Mira ofegante. Ela estava com uma garrafa d’água que havia retirado da mochila, porém nem com o líquido escorrendo pela garganta a garota se sentia menos cansada.— Hmm — respondeu Kendra. A menina loira fechou os olhos e disse:— Ventismaximis. Logo após aquelas palavras, uma bola de ar surgiu em sua mão direita. Ela fechou os olhos como havia sido instruída pelos professores e imaginou a esfera cada vez maior. Desse modo, em pouco tempo ambas estavam dentro da enorme bola.— E agora? Essa coisa é segura? — perguntou Mira, estranhando aquilo.— Vamos ver. Tente andar. Quando Mira deu o primeiro passo, a bola transparente se moveu junto com ela. A menina sentiu a pressão
Mira estava em um lugar familiar, ela não se lembrava de estar naquele local antes, mas com certeza o conhecia. Parecia o interior de um castelo. A menina não conseguia definir a cor de nada, já que via tudo em tons dourados. Estantes e móveis preenchiam o local, um tapete talvez de linho fino cobria o chão. Um retrato de uma família decorava uma das paredes. Ela estava lá, com talvez um ano de idade. Uma mulher de cabelos claros e vestido escuro a segurava nos braços, sentada em uma cadeira chique e ordenada. Ao lado direito dela, de pé estava um menino que parecia ter 7 anos com uma expressão séria, ele também tinha cabelos claros como a mãe. Ao lado dele, havia um homem de expressão severa e cabelos escuros. “Essa é minha família? Minha real família?” - perguntou para si mesma. De repente sentiu uma dor de cabeça inigualável, caiu de joelhos no chão enquanto tudo girava ao seu redor. Um barulho fino e irritante preencheu seus ouvidos. Em meio aquele som ensurdecedor, a garota