Submerso nas profundezas do seu amor
Submerso nas profundezas do seu amor
Por: Lúcia
Capítulo I

Arlissa Altamira

Anos atrás

- Sua negra burra, inútil . Desaparece da minha frente.- papai gritou e jogou meu corpo contra a parede, fazendo-me gemer de dor.

Para não me bater de novo, saio correndo até meu quarto e me tranco nele, me escondo debaixo da coberta e choro baixinho.

Toda vez que papai ensultava-me ou batia-me, meu coração dilacerava e as lágrimas eram minha companhia, porque se alguém soubesse de alguma coisa.. ele castigará pior e eu não quero isso.

Porém, o geito como ele me trata está além da minha compreensão, porque eu nunca fiz nada para aborrece-lo e sempre tentei agrada-lo em tudo. Mas papai simplesmente não gosta de mim. Mesmo dando sempre o meu melhor para que ele me amasse como ama meus irmão, mas isso é impossível, ele me odeia e isso nunca vai mudar.

Presente

Sinto a adrenalina correr e meu corpo suar extasiado enquanto concluo mais uma missão do jogo The Last, enquanto ouço a música de Naruto Shippuden, fazendo-me dançar e pular como louca.

Faziam dias que estou tentando concluir essa missão e não conseguia, mas logo que descobre suas combinações, o jogo se tornou brincadeira de criança, que essa mulher terminou com a maior pontuação do placar. Desligo minhas telas e flecciono meus músculos presos, foram dias difíceis.

Levanto da minha cadeira e saiu da minha sala de jogos, mas ao entrar no meu quarto, observo meu irmão com os braços cruzados, os olhos semicerrados, e os pés batendo no chão com firmesa como se pedisse uma explicação da minha parte, não sei porque não sou nenhuma criança.

- Que foi?- passo por ele e pego meu celular que não via a muito tempo.

- Onde você estava? E..- parou e olhou em volta observando meu quarto.- Esse lugar esta limpo.

- Aqui, mas agora vou descer porque tenho fome.

Sorri para ele e saiu do quarto, ele pode até brigar comigo mas não pode reclamar do meu quarto já que sou extremamente organizada, odeio coisas fora do lugar e principalmente que tenha algum indício de que pode ter vermes ou bactérias. Não só por causa dele, mas também porque aprende a odiar isso profundamente. Porém vendo assim vejo que é realmente preciso culpa dele.

Desco as escadas ouvindo vozes no andar de baixo, desço bem devagar e sorri ao ver minha mãe na cozinha. Chego perto com subtileza e toco sua cintura fazendo ela saltar oara trás e dar um grito.

- Sua peste!

Ri ainda mais alto ao ver ela e pego um soco para mim.

- Você vai matar a mamãe, Arlissa.

Me viro e encaro meu irmão mais velho sentado à mesa e agora com Aiden em sua companhia.

- Mas é divertido ainda assim.

- Vou bater em você da próxima vez.- Mamãe diz e de repente o ar foi tomado por um silêncio quase ensurdecedor, capaz de fazer com que pudéssemos ouvir a máquina de café triturar o veneno que eles gostam de beber pela manhã.

Uma simples palavra na minha casa virou tabu, unica e simplesmente porque a anos atrás isso me dava certos.. gatilhos emocionais, palavras simples como essa por exemplo faziam com que tivesse ataques e dependendo da voz da pessoa que a usa, podia me tornar.. instável. Triste eu sei.

- Voces nao precisam mais ter palavras tabu aqui em casa, eu estou bem. Ta tudo bem agora, não são mais palavras que me deixam mal.

Porque se formos contar as que ouve depois de tudo, quando descobre que pessoas podem ser racistas, palavras como essa se tornaram água.

Sorri para todos eles para mudar o clima e encaro minha mãe.

- A senhora estava feliz antes de eu assustar-te, qual o motivo?

Sua expressão mudar automaticamente.

- Adivinha quem veio nos visitar? - minha mãe diz eufórica novamente e eu pego um pego um copo com suco.

- Eu não sou adivinha, dona Lara.- sorri e minha mãe fecha a cara ao perceber o sarcasmo.

- Me chama dona Lara de novo, e serás adivinha lá no céu.- ameaçou e sorri, gosto quando ela age normalmente, bom, no normal nosso.

- Infernizando a vida da mamãe logo cedo, maninha?- Ouço a voz da minha irmã mais velha e sorri ao pousar o copo de suco e correr até ela.

- Tinha saudades tuas.- abracei ela bem forte.

- Eu também.- deu um beijo na minha bochecha e sorri.- Que cheiro é esse?

Samanta, afastou-se cheirando ao redor até que parou em mim e franziu o cenho, cheirou-me e afastou-se de mim.

- Arlissa Altamita, passaste quanto tempo naquele quarto?.- coçei meus cabelos e finge pensar.

- Uns.. dias.- ssusurei e ela suspirou

- Quantos?

- Uma semana.

- Arlissa!.- minha irmã gritou e eu revirei os olhos.

- Era uma missão difícil, precisava de tempo e concentração.- tentei me justificar.

- Sempre viciada nos jogos.

- Vai a merda, William.- meu cunhado sorriu e fizemos nosso toque.

- Tu precisas de um travalho sério.

- Eu tenho um trabalho, ser gaimer e influênciadora digital e serio.- suspirei ja sabendo que voltaremos a ter a mesma discussão.

- Eu sei que gostas do que fazes, mas tu precisas de um trabalho na sociedade ou seja na realidade.- Samanta é tão mãezinha.

- Bruce, ajuda-me.- chamei pelo meu irmão mais velho que negou com a cabeça.

- Samanta tem razão Arli, precisas de um trabalho real.

Suspirei e joguei no sofá, Bruce é meu irmão mais velho e dono de uma das empresa de segurança mais prestigiadas do país, mas trabalha como segurança de um riquinho metido a playboy, porque nada o prende dentro de uma sala. Já Samanta, a primogênita da família, trabalha como directora de recursos humanos de uma das maiores empresas de design de joias do mundo.

- Ja devias estar na tua casa.- dou as costas pra ela e volto para cozinha, a emoção acabou.

- Arlissa!.- mamãe repreendeu e reprime um xingamento.

- Tudo bem mae, já falei com o Owen, ele aceitou te contratar na empresa.

- Ah não, isso não.- levantei alterada.

- Isso sim, tu és formada nisso, então trabalharás nisso.- Samanta respondeu no mesmo tom.

- Não quero e ponto.- espraguejo e sai pisando duro. Entro no meu quarto e fecho a porta com força.

Samanta não pode me obrigar a trabalhar, porque, ponto um, para além de perder todo o meu tempo de jogos, eu ainda teria que estar em um ambiente social, com pessoas. E nós já provamos de todas as maneiras que eu não tenho habilidade para socialização e nem comunicar com pessoas porque elas são extremamente duras comigo, ou eu sou com elas antes, para me defender mesmo que elas não me ataquem, errado da minha parte as vezes, mas muitas vezes isso fez com que pessoas se afastasse de mim assim como sentir a aura delas faz comigo em relação a elas.

Segundo ponto, minhas diversões, não que eu tenha muitas, oque é triste para mulher de quase vinte e cinco anos, mas ainda assim são minhas e eu não teria tempo, porque vejo bem oque o trabalho faz com os membros da minha família.

Terceiro ponto, eu não vou trabalhar com um velho chato, isso não. Eu até posso ser tolerante com pessoas velhas, mas elas gostam demais das coisas de antigamente e julgam demais baseadas nisso, não são todas a maioria vence.

Suspiro alto e encaro meu quarto, deito na cama e encaro o teto cheio de gravuras dos tempos da minha adolescência, do tempo da rebeldia, oque eu achava que era rebeldia.

🌺🌺

Depois da pequena discussão com minha irmã e por estar na cama, acabei pegando no sono e ainda bem, assim não a vi ir embora e não brigamos mais.

Levanto da cama e vou para o banheiro, retiro toda minha roupa e entro no chuveiro. Passei shampoo no cabelo e comecei a lava-lo, sem parar de pensar na minha irmã.

Eu odeio brigar com ela, mas Samanta é muito protetora e chata comigo, sempre insistia em trabalho "real" e isso me chateava muito.

Sou gamer desde meus dezessete anos, nos jogos eu encontrei meu refúgio, minha forma de se esolar do mundo e não pensar demais nas coisas da vida. É uma forma de evitar os pesadelos e os surtos que tenho, porque quanto mais cansada estiver, menos sonharei.

Todavia, Samanta não entende isso, porque de um geito ou de outro ela é a primogênita e sempre teve sobre si a carga de todos nós, sobre tudo nos tempos mais difíceis. Se bem que esses tempos já lá vão, ja que com o trabalho do Bruce e da Samanta, as coisas melhoraram muito. Mas... eu sempre ajudei e fui independente do meu jeito, ganhava dinheiro com o YouTube e as competições de jogos são incríveis e muito divertidas, é a minha vida.

Então não posso simplesmente começar a trabalhar em uma empresa o dia todo e deixar de me divertir com minhas telas, isso não. Saio do banheiro mais limpa e cheirosa e vou pro armário, escolho um moletom cinza e uma regata preta para vestir. Limpo o corpo e ponho a roupa, término tudo e desço para o andar debaixo.

Encontro tudo escuro e silencioso, oque significa que não tem ninguém em casa, aposto que foram para aquele jantar de boas vindas na casa do meu cunhado. Eles convidaram mas decide não ir para evitar brigas com a sogra da minha irmã, aquela mulher faz meu espírito se arrepiar e estremecer , ela é tão.. não sei mas algo nela faz com me afaste, e o bom é que esse pensamento e recíproco.

Abre a geladeira e encontrei lasanha, retirei a tigela e coloquei um pedaço generoso no prato voltando a tigela logo em seguida. Comi calmamente a minha lasanha e quando terminar arrumei a louça e voltei para o quarto, precisava dormir mais um pouquinho. Me deitei na cama e me permite dormir.

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