Arlissa
Entramos no elevador novamente, e eu prendi a respiração; odiava aquele lugar com todo meu ser. Paramos a um andar abaixo do que estávamos e passamos por algumas pessoas que nos olhavam curiosas. Chegamos a uma porta toda branca, que Santa Cruz abriu. - Bem-vinda à sua nova sala. – Ele me disse, e eu entrei. O ambiente era bonito, com espelhos, vista para a cidade, cores vibrantes e um clima aconchegante. - É linda, gostei. – Coloquei minha carteira no sofá e me sentei. – Só uma pergunta: Não vou precisar ver nenhum de vocês quando chegar aqui, certo? Os dois se entreolharam, confusos. - Eu trabalho no décimo andar, e Owen no andar acima de você, então não. – Ele respondeu, e eu sorri satisfeita. - Ótimo. E não quero uma secretária chata e grudenta. Detesto pessoas assim. - Você é exigente. – Ele comentou, e eu sorri. - Muito, Santa Cruz. – Nunca pensei que esse nome fosse ser tão... interessante. Pode contratar quem quiser para trabalhar com você. - Perfeito. – Sorri ainda mais. – E só para avisar, gosto de ouvir música enquanto trabalho, me ajuda a me concentrar. - Tudo bem, vou embora, preciso trabalhar. Senhoritas! – Ele se despediu e saiu. - Nunca tocaste em alguém voluntariamente, Idalina. – Gosto quando minha irmã me chama assim. - Eu sei, mas pela primeira vez não senti nojo ou medo de um homem. Foi estranho. Samanta semicerrou os olhos. - Realmente é estranho, nunca te vi conversar com um homem tão à vontade. E não foi só com ele, foi com o Derick também. - Eu sei. Eu sinto que eles não representam perigo para mim, não sei, simplesmente sinto. - Que bom que é assim. – Ela sorriu e me abraçou antes de sair. Peguei meu celular e discquei o número da pessoa mais maluca que já conheci. - Olha só, quem é vivo sempre aparece, não é? – Fez drama, e eu ri. - Sem drama, Cloe. Cloe Lisandro, uma linda morena, com um corpo maravilhoso e uma energia ainda mais incrível, é minha única amiga de verdade. Ela é carismática, maluca, animada, inteligente e muito leal. E é uma das poucas pessoas com quem eu me sinto à vontade, sem angústia. - Tenho uma notícia para você... – Pausei, deixando-a enlouquecer. - Fala logo, sua rabugenta. - A partir de hoje, você vai ser a nova secretária executiva de Arlisaa Altamira, a nova designer da Empire. – Enfatizei, e ela gritou. - Jura? Obrigada, obrigada, eu te amo! Conta até dez, que já estou indo! A doida desligou e venceu o jogo. Já fazia uns três meses que Cloe procurava um emprego, já que os torneios de jogos não estavam mais rendendo tanto para quem tem a mãe e o irmão para cuidar sozinha. Ela é formada em secretariado executivo, e esse trabalho vai ajudá-la bastante. E, como eu posso escolher quem quiser para trabalhar comigo, não achei ninguém melhor do que minha Lize. Levantei do sofá e sentei atrás da minha nova mesa. Peguei os papéis sobre ela e vi que havia uma exposição de joias marcada para o mês seguinte, mas ainda não havia nenhuma peça pronta. Isso porque tanto a antiga designer quanto o Sr. Santa Cruz ainda não haviam desenhado nada. Isso era realmente estranho. Pelo que eu sabia, a exposição já deveria estar na fase final, não em estágio inicial. Passei duas horas me atualizando sobre o trabalho da antiga designer. Ela era boa no que fazia. Seus desenhos eram joias lindas, ainda vendidas no mundo todo e com muito sucesso financeiro. Ouvi batidas na porta e mandei entrar, sem ver quem era. - Minha amiga e designer, não acredito! – Cloe pulou, e eu me levantei para abraçá-la. - Minha Lize. – A abracei forte, e ela beijou minha testa. - Fico feliz a cada abraço seu que recebo. – Ela sorriu. - Eu também. Agora vem. – A puxei para a mesa e mostrei o que já havia feito. Ficamos analisando mais alguns detalhes até termos tudo pronto para conversar com o Sr. Santa Cruz. Saímos da minha sala e subimos as escadas até o andar dele. - Emily, o Sr. Santa Cruz está ocupado? – Perguntei à secretária fofoqueira. - Não, podem entrar. – Ela respondeu, simpática. - Obrigada, Emily. – Bati na porta duas vezes, e ouvimos um fraco "entre". Abrimos a porta e entramos. Santa Cruz estava de costas, olhando para uma tela em branco, acompanhado por Samanta e Derick. - Olá, Arlissa. – Quando ele ouviu meu nome, se virou e olhou para nós. – Algum problema? - Não, só queria conversar sobre algumas coisas. - Seu chefe é o gostoso do Owen Santa Cruz? Por que não me disse? Eu teria colocado uma roupa mais bonita! – Cloe começou a falar, e eu baixei a cabeça, com vergonha por nós duas. - Olá, Cloe. - Olá, Samanta! Como vai a vida de casada com o outro Santa Cruz gostoso? – Samanta riu. Ela nunca se incomoda com isso, porque sabe que Cloe não faz por mal. É só brincadeira. - Muito bem, só felicidade. – Cloe riu junto. - Vejo que já tem uma secretária. – Santa Cruz comentou, com uma pitada de humor na voz. - Pois é, não tem ninguém melhor para trabalhar comigo. Aliás... – Eu a puxei do sofá e a coloquei em pé. – Sr. Santa Cruz, esta é Cloe Lisandro. Cloe, este é... , O homem mais gostoso e molhador de calcinhas humano, Owen Santa Cruz! – Ela suspirou, me deixando de boca aberta, enquanto ele ria alto. - Prazer, Cloe. – Ele continuou rindo. – Bom, e a outra coisa? - Ah, sim, é que fiquei analisando alguns papéis na minha mesa e percebi que a exposição para o mês que vem está parada, porque não há nenhuma joia feita. – Santa Cruz suspirou e se acomodou na cadeira, parecendo o "poderoso chefão". - Há um ano estou com bloqueio criativo. A última exposição foi a Flor que desenhou, e, como ela não está mais, fica complicado. – Uau, nunca vi alguém admitir assim as coisas. Ele não tem problema em dizer que não desenhou as joias, mas sim outra pessoa. - Eu... ah... - Arlissa pode desenhar. Aliás, ela pode apresentar as joias já feitas. – Cloe interrompeu, deixando-me com vergonha. - Cala a boca, Cloe! Eu não posso fazer nada! – Rosnei, mas ela ignorou. - Pode, sim. Você tem desenhos para umas quatro coleções inteiras, principalmente aqueles inspirados nos jogos de vídeo. – A maluca não parava de falar. - Sério? – Os olhos de Santa Cruz brilharam, e eu fiquei um pouco envergonhada. - São só esboços, nada demais. – Eu tentei desviar o assunto. - Os meus melhores trabalhos foram feitos a partir de esboços. Então, não desvalorize os seus. Podemos ver? - Não, eu os perdi. - Não perdeu não. – Cloe riu, e eu fechei a cara. Ela se levantou do sofá, caminhou até a mesa dele e abriu seu celular, mostrando algumas coisas. Sam, como a curiosa que é, levantou-se e foi ver também. A cada coisa que viam, olhavam para mim, e eu não estava gostando. Quando terminaram de ver, olharam para mim e sorriram. - Esses são os melhores esboços que vi. São lindos, criativos, e além de joias, são uma linda demonstração da cultura egípcia e grega. – Sorri com o elogio, me sentindo contente e feliz. - Se permitir, podemos começar a trabalhar nelas agora. – Sam disse, com os olhos brilhando. - Aceita, Lissa, vai! – Cloe me incentivou. - Está bem, pode ser. – Concordei, feliz com a felicidade delas. - Perfeito! – Santa Cruz comemorou, feliz. - Bom, vou trabalhar. Cloe. – Saímos da sala e voltamos para a nossa. Trabalhamos mais algumas horas até a hora de sair, exaustas, mas felizes. Cheguei em casa cansada e de rastros, sem sentir meus pés nem meu corpo. Pela primeira vez, optei pelo elevador e não pelas escadas. Coloquei os fones, fechei os olhos e tentei me distrair com o fato de estar no elevador. Só percebi que parei quando senti alguém entrar. Com o tempo, desenvolvi uma sensibilidade incrível para perceber a presença das pessoas, já que detesto quando se aproximam de repente ou tocam em mim. Saí do elevador, peguei minhas chaves da bolsa, abri a porta e entrei em casa já sentindo o cheiro maravilhoso da comida da minha mãe. - Oi, filha! - Mamãe saiu da cozinha com um pano de prato sujo de farinha. - Oi, mamãe! - A abracei e recebi um beijo. - Vai tomar banho e vem comer. - Sorri e obedecei. Subi até meu quarto, retirei minha roupa, caminhei até o banheiro e entrei no box. Tomei um banho relaxante e saí do banheiro, voltando para o meu quarto. Limpei meu quarto e vesti uma calcinha azul, um calção de moletom e uma blusa de moletom roxa. Sai do quarto e desci até a cozinha, encontrando meus irmãos e minha mãe à mesa. Sentei ao lado do Aiden e peguei um prato também. Como foi o primeiro dia de trabalho, filha? Engoli minha comida antes de responder: - Foi bom. - Disse de forma vaga. - Bom? Só isso? - A curiosidade da Sam era justificável. - Sim, mamãe. Foi bom, muito bom. - Continuei comendo e encerrei o assunto. - Terminamos de comer e segui o Aiden até a varanda. - Aiden, posso conversar com você? - Claro, vem cá. - Sentei no chão ao seu lado e apoiei a cabeça em seu ombro. - Aiden... tu... gostas de ser assim? - Assim como? - Perguntou, confuso. - Poder sentir quando as pessoas são boas ou não, sentir a sua aura, sentir angústia ou afinidade com elas. Nunca desejaste ser diferente? - Não. - Pude notar a sinceridade em sua voz. - Não? - Não, Dali... Eu gosto de ser assim. Nós somos abençoados com um dom de Deus. Às vezes, gostaria de não sentir certas coisas, mas mudar... não, eu gosto de ser assim. Tu não? - Eu não sei, mas tem certas vezes que gosto de sentir as coisas nas pessoas. - Sorri ao lembrar de tudo que senti com o Santa Cruz. De todos, Aiden era o único que podia me compreender, já que era cigano também e, principalmente, meu gêmeo. Eu e ele sentíamos as mesmas coisas sobre as pessoas e tínhamos o mesmo problema de ter relacionamentos duradouros com elas. - Mas saiba que, independentemente de tudo, eu estou aqui. - Disse, sincero. - Eu sei. - O abracei e levantei. Depois da minha infância e metade da adolescência, comecei a me abrir mais para a minha família e a aceitar que nem todos podiam me machucar ou destruir como aquele homem fez. Comecei a ver que o mundo não era tão sombrio como antes, mas... isso não significa que meus monstros sabem ou vêem isso também. Me deitei na cama e fixei o olhar no teto. Eu não pensei que poderia passar bem esse dia como passei. É estranho o que senti com aquele homem. Ele me fez sentir algo que, em todos os meus anos de estudo sobre esse "dom", eu não conseguia entender. De todos à minha volta, os homens são os que eu menos ou quase nunca me aproximo ou deixo se aproximarem. Com anos de terapia, eu deixei meus irmãos, Bruno e meus cunhados se aproximarem, e mais ninguém, às vezes nem mesmo as mulheres. Comecei a aceitar abraços e beijos há dois anos, quando vi a Sam chorar e sofrer quando meus sobrinhos estavam doentes. Nem mesmo quando a Sasha morreu eu deixei alguém me abraçar ou abracei alguém. Eu era assim, não por escolha minha, mas sim dele. Minhas pálpebras pesaram e cobriram os meus olhos. Então, me aconcheguei na cama e dormi" Parece que a vida passouPassou por mim, como um raio destruidor e levou embora tudo que era bom" ArlissaAnos atrásAcordei sentindo algo rastejar sobre meu corpo, e uma onda de medo se apossou de mim. Abri os olhos devagar e vi uma cobra passando pelo meu corpo. Minha respiração desregulou-se, e meu corpo começou a tremer involuntariamente. Tentei me mover, mas não consegui. Percebi que, enquanto não me movesse, ela não faria nada comigo, ou, se estivesse dormindo, já teria me atacado.Deixei-a passear pelo meu corpo até cansar e ir embora. Respirei aliviada e me sentei na cama. Depois de tantos anos assim, acabei me tornando perita e, de certa forma, perfeita em disfarçar minha dor e angústia. Eu era uma morta-viva agora.Foi assim que morri de vez e ressurgi como alguém sem nada, por dentro e por fora.Presente- Arlissa, preciso saber onde deixo isso.Levantei o olhar e vi Lize entrando na minha sala com uma caixa enorme nas mãos.- O que é isso?L
Owen Santa Cruz "Todo mundo ama as coisas que você fazDesde o jeito que você falaAté o jeito que você se moveTodo mundo aqui está te observandoPorque você dá sensação de lar " Olhando os slides do trabalho feito com as joias a partir do projeto da Arlissa, vejo como ela é talentosa no que faz. As joias estão ficando lindas, e isso que ainda nem estão finalizadas. Imagine quando estiverem prontas!— As joias são lindas, um sucesso garantido — disse Marco, o diretor de Contabilidade.— E qual é o problema, então?— Ela — responderam todos em uníssono.Estamos em uma reunião com os diretores de cada setor da empresa. Afinal, nada pode ir ao mercado sem sabermos como será recebido.— Ela? — perguntei, sem entender.— Ela é negra, e sabemos muito bem que nem todos aceitarão comprar algo feito por uma mulher negra.Olhei para eles, perplexo, engolindo a raiva que começou a crescer dentro de mim.— Obama é negro e foi o melhor presidente dos EUA. Mandela era negro e foi o melhor líder
Arlissa "Eu não sabia pelo o que você Estava passando, Eu pensei que você estava bem" Anos atrás — Sasha me pega. Corro pela casa toda e me escondo debaixo da cama. Esses eram os raros momentos em que eu era feliz, quando aquele monstro não estava por perto. Fiquei escondida até ouvir a porta abrir e Sasha entrar sorrateira. Ela caminhou pelo quarto todo, mas, ao não me achar, ouvi seu resmungo baixinho. Tapei minha boca para não rir, mas um som baixo escapou. Ouvi seus passos e a porta se abrindo. Ri ainda mais alto, mas, de repente... — Achei você! — Ah! — Saí debaixo da cama rindo, e ela veio para cima de mim fazendo cócegas. Eu amava minha irmã e, principalmente, amava o tempo que passava com ela. Presente Saí do carro e ajeitei meus óculos escuros no rosto. Entrei no prédio e suspirei, ainda sem acreditar que já era meu segundo dia de trabalho e, surpreendentemente, ainda não matei ninguém, nem fui despedida — o que é mais incrível ainda. Desde aquele epis
Arlissa Cheguei em casa às pressas e quase levei uma multa por conduzir tão rápido, mas finalmente cheguei. Abri a porta e entrei, dei um rápido "boa tarde" para minha mãe e subi as escadas às pressas. Cheguei no meu quarto, joguei a bolsa por aí enquanto tirava a roupa tão rápido que quase caí, mas finalmente tirei a roupa e fiquei só de calcinha, mas não me importei. Entrei na minha sala zen e me sentei na minha cadeira.Coloquei Mortal Kombat na PlayStation e deixei começar enquanto colocava meus auscultadores. O jogo começou e logo relaxei.O jogo era de luta e era um dos que eu mais amava, porque ali eu podia ver a violência que eu quisesse, bater e esmagar na mesma proporção.Me conectei ao sistema de jogadores e mais quatro se juntaram a mim para jogar.— Fox ligada.— Ivilux ligado.— Drust ligado.— Volpina ligada.Lize também fugiu do trabalho para jogar. Sorri e começamos.Era sempre divertido e bom jogar em grupo; a animação e a adrenalina eram maiores. E, sinceramente
Owen Santa CruzFinalmente fui ao médico e o maldito conseguiu o que tanto queria: me ver usar óculos. Mas, para minha sorte, eu tinha uma irmã especialista em moda que me ajudou a escolher os óculos perfeitos para mim e não fiquei parecendo um nerd.Mas, mesmo assim, não gostava disso. Era estranho e confuso, tão confuso quanto a minha sala nesse momento e a gritaria da Emily e do Derick lá fora.Respirei fundo e levantei da minha cadeira. Era estressante ver aqueles dois brigando o tempo inteiro, como se não tivessem nada para fazer.Saí da minha sala e parei no batente da porta.— Vocês dois podem parar com isso, como se não tivessem nada para fazer?— E não temos. Estamos entediados — pensei um pouquinho e arranjei algo para os dois fazerem.— Derick, vai até a oficina para saber se a moto da mistério está pronta, e Emily, me traz um café.Os dois fecharam a cara e eu ri.— O que é? Já têm algo para fazer?— Que inveja da preguiça dos outros — os dois resmungaram, mas
Arlissa Anos atrás— Eu te odeio, eu te odeio! — grito a plenos pulmões pela primeira vez para o monstro que me trouxe ao mundo.Ele recua com minhas palavras e deixa o cinto cair no chão. Faz dois dias que ele me tirou daquele quartinho, e as torturas recomeçaram. Eu preferia mil vezes continuar naquele espaço apertado com aranhas e cobras do que ficar no mesmo lugar que esse homem.Ele me olha com seus olhos azuis, idênticos aos meus, e sinto nojo do reflexo que vejo. Sempre dizem que nos parecemos com as pessoas que mais odiamos. Esse é o meu caso. Sou uma cópia desse monstro, e isso me faz desprezar a mim mesma.PresenteDesde o ocorrido naquele elevador, não sei mais o que se passa com minhas emoções. Sempre fui calma e fria, mas com aquele homem isso é impossível. Tive uma crise na frente dele, algo que nunca aconteceu antes. Nunca tive uma crise na frente de ninguém.Apesar disso, as coisas mudaram. Não com ele, mas comigo. Não sinto mais tanto medo de entrar em
Owen Santa Cruz — Quando morrermos ou casarmos — e olha que vai demorar —, e ainda é debochada.Ainda bem que meu closet é quase um quarto, e eu posso me vestir lá. Do contrário, já teria trocado de roupa na presença de todos os meus irmãos, até da Sam. Retirei a toalha e vesti uma cueca boxer e uma calça de moletom. Não vou usar camisa.— Pronto. Em que a minha humilde, mas maravilhosa pessoa pode ajudar?— Quanta humildade... — resmungou, e eu sorri.— O que foi?— Eu... você vai ficar chateado comigo. — Ela baixou o olhar e mordeu o lábio inferior.Segurei seu queixo e ergui seu olhar. Se tem algo que aflige minha irmã e ela tem medo de me dizer, significa que é grave, e eu não gosto disso.— Iana, você pode me falar qualquer coisa, por mais grave que seja — a incentivei, e ela respirou fundo.— Ele não teve culpa, eu que me apaixonei por ele. — Isso não é bom. — Eu estou apaixonada pelo...— Daiana. — Segurei suas mãos com força.— Pelo Bruce.— O quê? — Arregalei os olhos, sem d
Owen Santa Cruz Odeio quando amanhece, odeio ter que trabalhar todos os dias, odeio o sol e, principalmente, acordar duro e com fome. Vida de homem é difícil. Saio das cobertas e vou direto para o banheiro. Faço minha higiene e entro no box.Ontem, depois da conversa com a minha irmã e, consequentemente, com o Bruce, me deitei na cama pensando e dormi na hora. Estava tão cansado que nem percebi isso.Saio do box e entro no closet. Como o dia está ensolarado e bonito, decido escolher uma camisa social azul, uma calça social castanho-claro e um sapato da mesma cor. Visto tudo, pego minha carteira, celular e chaves. Saio do quarto e desço em direção à porta, mas paro com o cheiro maravilhoso de café que paira no ar.O cheiro me leva até a cozinha e logo vejo a mesa cheia, com todos os meus irmãos sentados ao redor dela, até o Bruce.— Bom dia! — cumprimento e me sento na cadeira. Hora de comer.— Pensando em sair sem comer?— Tu não tens casa? Não comes na tua casa? — Bruce ri e pega ma