Owen Santa Cruz — Quando morrermos ou casarmos — e olha que vai demorar —, e ainda é debochada.Ainda bem que meu closet é quase um quarto, e eu posso me vestir lá. Do contrário, já teria trocado de roupa na presença de todos os meus irmãos, até da Sam. Retirei a toalha e vesti uma cueca boxer e uma calça de moletom. Não vou usar camisa.— Pronto. Em que a minha humilde, mas maravilhosa pessoa pode ajudar?— Quanta humildade... — resmungou, e eu sorri.— O que foi?— Eu... você vai ficar chateado comigo. — Ela baixou o olhar e mordeu o lábio inferior.Segurei seu queixo e ergui seu olhar. Se tem algo que aflige minha irmã e ela tem medo de me dizer, significa que é grave, e eu não gosto disso.— Iana, você pode me falar qualquer coisa, por mais grave que seja — a incentivei, e ela respirou fundo.— Ele não teve culpa, eu que me apaixonei por ele. — Isso não é bom. — Eu estou apaixonada pelo...— Daiana. — Segurei suas mãos com força.— Pelo Bruce.— O quê? — Arregalei os olhos, sem d
Owen Santa Cruz Odeio quando amanhece, odeio ter que trabalhar todos os dias, odeio o sol e, principalmente, acordar duro e com fome. Vida de homem é difícil. Saio das cobertas e vou direto para o banheiro. Faço minha higiene e entro no box.Ontem, depois da conversa com a minha irmã e, consequentemente, com o Bruce, me deitei na cama pensando e dormi na hora. Estava tão cansado que nem percebi isso.Saio do box e entro no closet. Como o dia está ensolarado e bonito, decido escolher uma camisa social azul, uma calça social castanho-claro e um sapato da mesma cor. Visto tudo, pego minha carteira, celular e chaves. Saio do quarto e desço em direção à porta, mas paro com o cheiro maravilhoso de café que paira no ar.O cheiro me leva até a cozinha e logo vejo a mesa cheia, com todos os meus irmãos sentados ao redor dela, até o Bruce.— Bom dia! — cumprimento e me sento na cadeira. Hora de comer.— Pensando em sair sem comer?— Tu não tens casa? Não comes na tua casa? — Bruce ri e pega ma
ArlissaFinalmente, o dia da exposição chegou, trazendo consigo a euforia e a animação de todos. Graças a Deus, a joia ficou pronta, mais linda do que eu havia imaginado. Estava tudo pronto e muito bem organizado; era tudo o que tínhamos planeado, mas ainda melhor.Estou na casa da Sam, que insistiu para que eu viesse vestir-me aqui e fazer todas essas “besteiras”. No entanto, valeu a pena: ela fez uma maquilhagem leve e básica que valorizou o meu tom de pele e os meus olhos azuis.Com o tempo, aprendi a gostar de mim e a não sentir nojo por me parecer tanto com aquele homem — especialmente os meus olhos.Olhei para o espelho e não consegui evitar um sorriso. Nunca me senti tão... majestosa.O saree azul-turquesa deslizou suavemente pela minha pele enquanto ajustava a borda dourada sobre o ombro. Os detalhes verdes e brancos decoravam as extremidades do tecido, e a parte castanha, adornada com padrões florais, moldava-se perfeitamente ao meu corpo. Cada passo fazia o tecido fluir como
Arlissa" O gelo é tão lindo e único, que quando derretido perde a beleza e singularide"Sentia-me muito orgulhosa de mim ao ver o resultado de todas as joias. Eram simples e lindas, tal como as imaginei quando as desenhei. A que mais gostei estava no centro, brilhante e reluzente, como a joia linda que é – o meu maior orgulho.Sentia-me feliz e capaz, mais uma etapa superada. Apertei o anel no meu dedo e sorri. Ela ficaria orgulhosa de mim.Depois de retirar os panos, as pessoas começaram a aproximar-se das joias, admirando-as. Afastei-me para não me sentir sufocada pela multidão. Encostei-me num canto, preferindo observar tudo de longe. Melhor não me aproximar demasiado.— As pessoas às vezes irritam — reconheci a voz imediatamente.— É, por vezes são sufocantes — Amir riu e aproximou-se de mim.— Outros são verdadeiros obras de arte.— E outras são mulherengas demais. — Ele riu e afastou-se ligeiramente.— Mulherengo não, apreciador de belas artes.Revirei os olhos. — Poi
Arlissa"A ignorância protege-nos de um sofrimento, mas nada é melhor do que saber e usar esse conhecimento."Não saber as coisas cria dificuldades, e eu odeio isso. Principalmente ao lembrar-me da cena embaraçosa desta manhã. Não acredito que fiz aquela figura.Mas agora não importa!Vou aprender isso direitinho, especialmente se provoca as pessoas direta ou indiretamente.Peguei no meu telemóvel dentro da bolsa e disquei o único número que podia esclarecer todas as minhas dúvidas.— Oi, amor. — Pelo canto do olho, vi o Santa Cruz a prestar atenção, mas a fingir que não.— Amor? — A linha ficou muda por alguns instantes. — O que é que estás a tramar?— Preciso de falar contigo. — Ele suspirou.— Agora?— Sim, algum problema? — Ouvi o suspiro de uma mulher, e eu suspirei. O meu amigo é tão imbecil.— Estou com uma... amiga. — Ele riu.— Tens trinta minutos para estar na Empare ou... — Ele sabia muito bem ler nas entrelinhas. — Entendes muito bem.— Ótimo. Adeus, querido. — Fing
" Capítulo sensível por envolver automutilação" Arlissa Anos atrás— Sasha, eu amo-te muito.— Eu também te amo muito. — Beijou-me na bochecha e segurou-me nos seus braços.Há três dias, Sasha encontrou o papá a bater-me. Colocou-se na minha frente para travá-lo. Ele largou o cinto no chão e saiu de casa. Assim que ele se foi, Sasha abrigou-me nos seus braços e limpou as minhas feridas. Só com o olhar, fez-me contar tudo o que acontecia desde os meus quatro anos até hoje.Ela chorou comigo e prometeu nunca mais me deixar sozinha, nunca mais deixar que alguém me magoasse. Mas ela mal sabia que, um dia, seria ela a causar-me a maior e pior dor de todas.Presente— Tu deixaste-me... Oh, Sasha, tenho tantas saudades tuas, minha irmã.Ajoelhei-me junto ao túmulo dela e coloquei flores frescas no vaso, substituindo as outras. Todos os meses, numa data específica, venho visitá-la. E, em cada visita, uma parte do meu coração é destruída, esmagada até virar cinzas.Retirei as folhas secas do
Arlissa Proteção, carinho, paz e felicidade. Tudo isso eu sinto, e Owen também sentia, enquanto dançávamos juntos. Eu e ele não precisávamos de palavras para nos comunicarmos ou de grandes gestos para nos entendermos.Ninguém, além da minha família, cuidou de mim assim: sem olhares maliciosos ou segundas intenções. Apenas cuidou, para me ver bem e segura. Ele limpou o sangue para que ninguém soubesse o que aconteceu, não me pressionou a falar e respeitou o meu espaço e tempo.Ele é muito diferente da Elionor e ainda mais do que as pessoas dizem dele. Ele é único e especial. Ele é Owen Santa Cruz.Parámos de dançar e rimos sem motivo algum. Voltámos a sentar e pegámos nas nossas taças de vinho. Bebemos mais um pouco e decidimos dormir. Entrei no quarto, e ele ficou na porta.— Vais ficar aí? — perguntei, já a arrumar a cama para dormir.— Vou dormir no outro quarto.— Não, dorme aqui. Por favor! — Como evoluí, e olha que não foi uma boa evolução.— Tens a certeza? — Perguntou, relutan
Arlissa " No meu pior dia, na minha maior angústia.. basta lembrar de você e tudo esvai"Anos atrásEstou algemada a uma cama novamente. Mesmo sem ter feito nada de errado, estou a ser castigada outra vez. Mas desta vez, ele está aqui, a assistir a todo o "processo", e nem sequer posso dormir. Já passaram duas horas desde que aquele homem saiu e não voltou. Estou com fome e exausta. Não durmo há vinte e quatro horas, e o meu corpo já não aguenta mais. Mas, se eu ceder e adormecer, sei que me acordarão com um balde de água fria, e isso é algo que não suporto mais.A porta finalmente abre-se, e o monstro entra, trazendo uma rapariga (aparentava ter a minha idade) e um homem (deve ter a idade do Bruce).— Hoje vou-te mostrar como é doloroso quando um homem está dentro de uma mulher. — O meu corpo estremeceu todo. — Não te preocupes, nunca vou permitir que façam isso contigo. — Ele disse, olhando-me com desprezo, como se o meu medo fosse algo que ele apreciasse.O homem deitou a rapariga