Arlissa"A ignorância protege-nos de um sofrimento, mas nada é melhor do que saber e usar esse conhecimento."Não saber as coisas cria dificuldades, e eu odeio isso. Principalmente ao lembrar-me da cena embaraçosa desta manhã. Não acredito que fiz aquela figura.Mas agora não importa!Vou aprender isso direitinho, especialmente se provoca as pessoas direta ou indiretamente.Peguei no meu telemóvel dentro da bolsa e disquei o único número que podia esclarecer todas as minhas dúvidas.— Oi, amor. — Pelo canto do olho, vi o Santa Cruz a prestar atenção, mas a fingir que não.— Amor? — A linha ficou muda por alguns instantes. — O que é que estás a tramar?— Preciso de falar contigo. — Ele suspirou.— Agora?— Sim, algum problema? — Ouvi o suspiro de uma mulher, e eu suspirei. O meu amigo é tão imbecil.— Estou com uma... amiga. — Ele riu.— Tens trinta minutos para estar na Empare ou... — Ele sabia muito bem ler nas entrelinhas. — Entendes muito bem.— Ótimo. Adeus, querido. — Fing
" Capítulo sensível por envolver automutilação" Arlissa Anos atrás— Sasha, eu amo-te muito.— Eu também te amo muito. — Beijou-me na bochecha e segurou-me nos seus braços.Há três dias, Sasha encontrou o papá a bater-me. Colocou-se na minha frente para travá-lo. Ele largou o cinto no chão e saiu de casa. Assim que ele se foi, Sasha abrigou-me nos seus braços e limpou as minhas feridas. Só com o olhar, fez-me contar tudo o que acontecia desde os meus quatro anos até hoje.Ela chorou comigo e prometeu nunca mais me deixar sozinha, nunca mais deixar que alguém me magoasse. Mas ela mal sabia que, um dia, seria ela a causar-me a maior e pior dor de todas.Presente— Tu deixaste-me... Oh, Sasha, tenho tantas saudades tuas, minha irmã.Ajoelhei-me junto ao túmulo dela e coloquei flores frescas no vaso, substituindo as outras. Todos os meses, numa data específica, venho visitá-la. E, em cada visita, uma parte do meu coração é destruída, esmagada até virar cinzas.Retirei as folhas secas do
Arlissa Proteção, carinho, paz e felicidade. Tudo isso eu sinto, e Owen também sentia, enquanto dançávamos juntos. Eu e ele não precisávamos de palavras para nos comunicarmos ou de grandes gestos para nos entendermos.Ninguém, além da minha família, cuidou de mim assim: sem olhares maliciosos ou segundas intenções. Apenas cuidou, para me ver bem e segura. Ele limpou o sangue para que ninguém soubesse o que aconteceu, não me pressionou a falar e respeitou o meu espaço e tempo.Ele é muito diferente da Elionor e ainda mais do que as pessoas dizem dele. Ele é único e especial. Ele é Owen Santa Cruz.Parámos de dançar e rimos sem motivo algum. Voltámos a sentar e pegámos nas nossas taças de vinho. Bebemos mais um pouco e decidimos dormir. Entrei no quarto, e ele ficou na porta.— Vais ficar aí? — perguntei, já a arrumar a cama para dormir.— Vou dormir no outro quarto.— Não, dorme aqui. Por favor! — Como evoluí, e olha que não foi uma boa evolução.— Tens a certeza? — Perguntou, relutan
Arlissa " No meu pior dia, na minha maior angústia.. basta lembrar de você e tudo esvai"Anos atrásEstou algemada a uma cama novamente. Mesmo sem ter feito nada de errado, estou a ser castigada outra vez. Mas desta vez, ele está aqui, a assistir a todo o "processo", e nem sequer posso dormir. Já passaram duas horas desde que aquele homem saiu e não voltou. Estou com fome e exausta. Não durmo há vinte e quatro horas, e o meu corpo já não aguenta mais. Mas, se eu ceder e adormecer, sei que me acordarão com um balde de água fria, e isso é algo que não suporto mais.A porta finalmente abre-se, e o monstro entra, trazendo uma rapariga (aparentava ter a minha idade) e um homem (deve ter a idade do Bruce).— Hoje vou-te mostrar como é doloroso quando um homem está dentro de uma mulher. — O meu corpo estremeceu todo. — Não te preocupes, nunca vou permitir que façam isso contigo. — Ele disse, olhando-me com desprezo, como se o meu medo fosse algo que ele apreciasse.O homem deitou a rapariga
Owen Santa Cruz " Aconteça oque acontecer, saiba que sempre pode contar comigo"Inteligente, descontraída, criativa e cativante... mesmo assim, estas palavras parecem pouco para descrevê-la. Ver Arlissa a brincar com Axel e Amara fez-me perceber que só eles têm a verdadeira versão dela. E ao vê-la apresentar o programa, dançar, divertir-se, ensinar e conquistar, compreendi que dentro dessa mulher existe muito mais do que todos conseguimos ver.Ela é mesmo como a rainha Elsa. Antes de se libertar, era fria, inacessível e distante. Aposto que, se conseguir soltar-se completamente, vai brilhar e sorrir ainda mais.Agora, está a brincar com os irmãos e com o tal Bruno. Não sei porquê, mas já odeio o rapaz. Simplesmente não fui com a cara dele, e não é pouco.– Owen! – Artur estalou os dedos à minha frente, tirando-me dos meus pensamentos.– O que foi?– Parece que a rainha Elsa congelou o coração do Olaf. – O idiota riu, e eu levantei-me da mesa para afastá-lo um pouco e falarm
Owen Santa Cruz— A tua irmã tem problemas psicológicos — concluí, após ver a emoção e felicidade com que ela contava a história. Já vi essa série e, confesso, as duas personagens são incríveis, mas nunca vi tanta animação em alguém como vejo na Arlissa. Ela meio que ama mesmo essa série, e olha que é amar de verdade.— Ela gosta da série, não tem mal nenhum nisso.— E contar para os pestinhas também não?— Se eu proibir, ela vai fazer na mesma. Eles gostam. Então, é melhor eu estar presente, assim consigo travar tudo o que não podem ouvir. Isso é inteligente da parte dela.— Vou para o meu quarto. — Levantei-me da mesa e saí.Entrei na área interna e subi para o segundo andar, mas a música alta chamou a minha atenção.Aproximei-me da porta entreaberta e empurrei-a ligeiramente. Juro que, se soubesse o que iria ver, nunca teria aberto aquela porta.A música que tocava era a mesma que usaram no programa, e Arlissa estava deitada na cama, apenas de calcinha, com a bunda virada para cim
Arlissa " O amor chega quando menos se espera, é uma surpresa que agrada o coração e alegra a alma."Estou a suar frio e a respirar fundo. Não gosto de muita gente, principalmente se estiverem a olhar diretamente para mim. Odeio ser o centro das atenções, e não é pouco.– Cinco minutos. – Liria passou para avisar, e o meu nervosismo piorou.– Calma, titia. É só olhar sempre para mim que vai correr tudo bem. – Amara sorriu e pegou nas minhas mãos.Eu devia estar a acalmá-la e não o contrário, mas a Amara sempre gostou disso. Adora mostrar às pessoas aquilo que ama fazer. Respirei fundo e apertei-lhe as mãos. Vai correr tudo bem.– Vamos entrar.As cortinas abriram, e todas as pessoas olhavam para nós, o que me fez engolir em seco e ficar petrificada.– Titia, eu estou aqui, lembras-te? – Olhei para ela e senti-me fria e confiante.Recriámos exatamente a mesma cena, e correu melhor do que em casa da minha irmã. Amara foi incrível e encantou toda a gente, já que os aplausos não pararam
Owen Santa CruzO calor sobe pelo meu corpo e concentra-se todo no meu rosto. Tudo parece girar, e a revista nas minhas mãos treme.Quero gritar. Com a revista, com ele, tanto faz. Só queria extravasar tudo o que está dentro de mim.Atirei a maldita revista para longe e, nesse momento, a minha avó e o meu irmão entram na sala.— O que foi agora? — A minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, e até me surpreendeu. — Desculpem, estou com a cabeça noutro lugar.Sento-me na cadeira e fecho os olhos. As imagens dos dois não saem da minha mente.Por que ela é assim com ele e não comigo? O que é que ele tem de tão especial que eu não tenho?Por que, sempre que me apaixono por alguém, ela sequer olha para mim?Isso dói tanto.A minha avó pegou a revista do chão e ergueu a sobrancelha.— É por causa da Altamira mais nova?— Sim, aquela maldita rainha do gelo deixa-me louco. — Ser claro e direto nunca foi novidade para os meus irmãos e para a minha avó.Sempre soube o que sinto e por quê. Nu