Capítulo II

Arlissa

" Toda noite escura, tem uma lua que a ilumine

-E.S "

Anos atrás

-Papai, papai por favor para!.- gritei sentindo a fita do cinto queimar minha pele e a rasgar com força.

- Odeio você, nunca devias ter nascido, aberração.- papai gritou e outra vez o cinto rasgou minha pele, mas desta vez oque eu sente arder foi meu coração e minha alma.

Meu pai me batia com tanta força e raiva que sentia o sangue escorrer de minhas costas para o chão, mas oque me aterrorizava era a aura que vinha dele, uma aura malignica, impura, sádica. Tudo oque ele fazia lhe proporcionava prazer e alegria, mas o mistérios é que era só comigo, porque Samanta e sasha são suas princesas, mas eu... eu era a aberração.

Presente

Abro os olhos em sobressalto e respiro bem fundo sentindo dor ao fazer isso, oque demonstra que em mais uma noite eu contive a respiração enquanto os pesadelos faziam das duas na minha mente. Continuo respirando fundo, mas ao acelerar o movimento tudo piorou, porque meu coração começou a bater muito rápido como se quisesse sair do peito, isso não é um bom sinal. Malditos pesadelos, maldito homem, maldito..

A cama afundar ao meu lado e um corpo grande e peludo deita no meu colo, olho para baixo e regularizo a respiração ao ver o pain. Tento sorri e faço carinho no seu pêlo, para esquecer oque houve.

Se mamãe ou algum dos meus irmãos souber que minha respiração voltou a falhar durante a noite, vou ser obrigada a ver minha mãe sentada na poltrona ao lado da minha cama todas as noites para controlar-me e isso não vou permitir outra vez. Minha mãe ficava cansada o tempo todo e quase não tinha mais forças e eu na maioria das noites não conseguia dormir sendo vigiada devido ao passado. Então preciso controlar isso sozinha.

- Olá garoto, também não consegues dormir.- abraço-o forte e sinto seu cheiro.

Pain é o meu cachorro, um pastor alemão branco muito lindo , o adotei quando era bebé, eu encontre-o na rua abandonado, sujo e ferido. Então o levei para casa, limpei, alimentei e cuidei com muito amor e carinho e até hoje ele é o meu melhor amigo do mundo.

Deixo-o na cama e entro no banheiro, joguei água no rosto e visualizei meu reflexo, afasto-me um pouco mais e olho todo meu reflexo no espelho, o corpo de uma mulher, não mais uma criança indefesa, mas uma mulher que aprendeu à força a defender-se de tudo, do mundo.

O rosto sem vida e emoção leva um enorme contraste com a cor da minha pele assim como as tatuagens. Marcas de tinta bonita que escondem marcas dolorosas de algo que deixou não só marcas mentais que não saram, mas também marcas físicas que não desapareceram com o tempo, precisando ser cobertas para aplacar a dor.

Continuo meu reflexo sem piscar minha vida real é uma merda absoluta, como se não bastasse os anos que aquela merda durou, ainda tenho que lidar com pesadelos constantes. É como se minha mente estivesse presa aqueles anos e não quer sair de lá apesar de tudo.

Respiro fundo, entro no box e vejo a água escorrer até meu busto fazendo-me lembrar da única cicatriz visível que a tinta não cobriu, a única que simboliza o pior dia da minha vida, a única cicatriz que não virou uma marca e sim uma maldição.

Aperto o vaso com força tendo a plena consciência de que ao acordar com esses pensamentos meu dia séra horrível.

Suspiro ao afastar tais lembranças, concentro-me em tomar um banho relaxante de água morna. Apos isso, volto para o quarto e coloco uma roupa qualquer do armário. Termino e saiu caminhando desanimada até a cozinha.

- Bom dia, minha irmãzinha linda

- Não estou no clima Aiden - digo desanimada fazendo sua animação desaparecer.

- Pesadelos com ele?.- perguntou triste.

- Infelizmente.- peguei uma garrafa com água e sai de casa não querendo conversar.

Prefere descer as escada, elevador é sufocante e muito pequeno. Coloquei meu auricular e liguei " my heart will go on" essa e a unica cantora que eu e Sasha amavamos, nós nunca discutíamos quando o assunto era Celine Dion nunca. Ela dizia que Celine é a única cantora que cantava com emoção e amor, um tipo de amor que aos poucos desvaneceu do mundo e que poucos conheciam.

Caminhei até o central parque e sentei em um dos banquinho observando as pessoas enquanto passavam, brincavam ou simplesmente não faziam nada, assim como eu.

-Ai! - alguém impura-me e quase desequilibro-me deixando-me com raiva, viro pronta para bater quando vejo uma menina loirinha encolhida no chão.

- Desculpa, não queria te machucar, só.. Só.- ela começou a chorar e ergue a sobrancelha.

- Porquê que estás a chorar?

- Briguei com meu irmão mais velho e ele falou coisas horríveis e eu também e..

- Espera, respira.- ela o fez e os soluços cessaram.- Quantos anos tens?- pergunto intrigada

- Dezoito, meu nome e é Daiana.

- Arlissa.

- É um prazer.

- igualmente, Daiana.- ela sorriu em meio as lágrimas.

- Agora, explica-me direito oque houve.- pede e ela sentou ao meu lado.

Conversar com adolescentes e expressante e desafia ainda mais minhas capacidades comunicativas que não tenho, mas ela nao parece alguém com quem deva ser rude.

- Meu irmão e eu brigamos muito por causa da super proteção dele comigo, eu disse a ele quê estava namorando e ele pirou, disse que sou muito criança e não pode. Ai eu fiquei furiosa e disse a ele que desejava que ele não fosse meu irmão e.. e isso o magoou muito e agora ele não fala comigo.- eu entendia ele, se eu ouvisse essas palavras de algum dos meus irmãos também ficaria chateada.

- Primeira pergunta, porquê que namoras?

- Porque quero, eu amo meu namorado.- eu ri.

- Não amas não, fala a verdade.

- Quem és tu para falar isso, não tens nenhum direito.- ela alterou-se e lembrei da Sasha.

- Terminaste?

- Como assim? Oque que..- ela suspirou e voltou a sentar.- Eu não amo meu namorado, so namoro com ele porque minhas amigas queriam e minha mãe disse que ele e um ótimo partido para mim.- vida de adolescente e difícil.

- Nunca serás feliz assim, dependendo dos outros e agindo pelos outros. Apesar de ser tua mãe, ela não sabe oque é melhor para você, isso só tu sabes.

- Minha mãe só quer o melhor para mim.

- Ficar com quem não amas, é o melhor para você? - Daiana, mordeu o lábio e baixo o olhar. - Amor e algo muito simples e ao mesmo tempo complexo demais. Nossa família sempre vai querer nosso o melhor para nós, mas só nós sabemos oque nos faz feliz. Dinheiro não garante amor e viver pelos outros também não. Ou tu vives a "tua" vida, ou a dos outros. - olhei para ela e sorri de leve

- Obrigada.- atirou-se a mim e acolheu-me em seus braços, gerando em mim uma sensação de calor e amparo.

Dela provêm algo puro e bondoso, algo diferente, mas um diferente bom.

- Agora vai fazer as pazes com teu irmão.

- Posso ter teu contacto Arlissa?

E boa ideia?

Penso olhando para ela, eu não acho porque uma hora ou outra ela não vai durar, mas seus olhos brilham tanto e ela parece um neném.

- Claro.- trocamos os contatos e nos despedimos.

Talvez caminhar pelo park não tenha sido uma tremenda perca de tempo. Continuei sentada no banquinho até o meio dia e decide ir para casa fazer o melhor do mundo, jogar.

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