MayaVirei-me para trás em um pulinho e vi uma mulher loira de estatura baixa, que vestia preto da cabeça aos pés.— Sim. Meu nome é Maya. Eu vim ver o Tyrone...— Já sei o que veio fazer — interrompeu-me sendo um tanto hostil. — Vou avisar que você chegou.Ela passou por mim e desapareceu pelas portas de aço, mas logo voltou com Tyrone, que abriu um enorme sorriso quando me viu.— Achei que não me ligaria mais — disse animado, vindo até mim. — Como você está, querida? — cumprimentou-me com um beijo no rosto.— Bem, obrigada. E você?— Ótimo, como todos os dias. — Gargalhou. — Venha e seja bem-vinda. — Ele saiu à minha frente e eu o segui passando pelas portas duplas. — Fique à vontade, Maya. Este é meu estúdio, onde minha mágica acontece.O lugar era enorme, ocupava praticamente todo o andar e continha vários cenários diferentes.— Ela é nossa salvadora? — perguntou uma mulher de cabelos negros encaracolados.— Ela mesma — respondeu Tyrone.— Prazer em conhecê-la. Sou Lucy — apresent
MayaTrocamos de cenário e fomos para onde montaram parte de um quarto usando apenas uma cama com cabeceira de ferro e criados-mudos nas laterais. No ferro com desenhos em arabescos da cabeceira, havia algumas pequenas luzes brancas enroladas por toda ela. Um lindo lençol de seda creme forrava o colchão e almofadas prata davam um toque final. Eu me destaquei naquele fundo com a lingerie vermelha. Tiraram fotos minhas deitada, outras de joelhos sobre o colchão e algumas sentada. Mas nada que fosse revelador demais, ou que soasse como um ensaio para a capa da revista Playboy.No fim, me diverti durante as quatro e horas e meia em que me fotografaram e escutei muitos elogios. Senti-me viva outra vez, como não me sentia há semanas desde que meu mundo desmoronou. O dia havia me rendido não apenas uma boa grana, mas uma levantada em minha autoestima.Quando saí da agência, já passava das quatro da tarde. Estávamos tão envolvidos com o trabalho, que ninguém se ligou que a hora do almoço cheg
VictorAlgo me dizia que talvez eu fosse querer matá-la. Penny entrou no carro e seguimos para dentro da propriedade até a mansão. Desci do carro sem esperar Noberto abrir a porta e ela saiu logo depois me seguindo até o escritório.— Sente-se! — ordenei.— Estou bem, obrigada. — Permaneceu de pé.— Mandei se sentar! — disse alto, encarando-a. O nervoso já se espalhava em mim. Ela olhou-me assustada e sentou-se. — Fale logo!Parei à sua frente de braços cruzados no peito.— Victor... Maya não teve culpa do que aconteceu naquela festa. Eu sim, tive culpa. — Explique isso melhor! — Senti uma enorme tensão em meus ombros.Sentei-me de frente a ela na poltrona.— Além da prostituição estou envolvida com um cartel de drogas, aqui mesmo do Texas. Cocaína, para ser mais exata. Estava precisando de mais grana e isso apareceu tão rápido, em uma oferta irrecusável que eu aceitei. Houve uma noite em que fui até um hotel no centro fazer um programa e uma entrega para pessoas distintas. Eu deixei
Victor— Preciso encontrá-la — disse baixo para mim mesmo, com meu rosto escondido entre minhas mãos.— Por isso estou aqui. Estou preocupada com ela. E se o pior tiver acontecido? Preciso contar a verdade para Maya do que fiz e pedir perdão, mesmo ciente de que não o terei!— Eu quero mais que você vá para o inferno! — esbravejei alto, encarando-a. — Saia daqui! Saia desta casa!— Victor... por favor! Preciso encontrá-la, saber se ela está bem...— Saia! — gritei interrompendo-a e levantei apontando para a porta. — Eu irei encontrá-la, mas saiba que, quando isso acontecer, farei questão de que Maya saiba o tipo de amiga que você é!Penny se levantou chorando e deixou meu escritório. Segundos depois, Noberto entrou.— Algum problema, senhor?— Precisamos achar a Maya... — Caminhei até minha mesa. — Mande que preparem meu jatinho, irei para Oklahoma agora mesmo.— Sim, senhor! — Pude sentir a alegria em sua voz.Subi para o quarto e entrei no closet para fazer minha mala. Olhei para o
Maya— Maya? O que houve? — perguntou Allan preocupado, levantando-se da cama e vindo até mim.Abracei-o e chorei de felicidade em seu peito. Seus braços me apertaram pela cintura contra seu corpo nu e grande.— Fala comigo, por favor — implorou.Soltei-o e o olhei. Allan secou minhas lágrimas delicadamente com seus polegares e encarou-me preocupado, enquanto eu ainda tentava recuperar meu fôlego e cessar o choro.— Estou ficando preocupado. — Beijou minha testa.— Desculpe-me, não quis preocupar você.— Então diga o que aconteceu?— É minha mãe...— Ela está bem?— Sim, está. Acredite, essas lágrimas são de felicidade. — Sorri abertamente. — Eu sei que nunca falamos sobre minha família, mas algo incrível aconteceu. Diria até que foi um milagre.— Então me conte — pediu puxando-me para a cama.Vesti meu robe e me sentei nela. Ele vestiu sua cueca e sentou-se a meu lado pegando minha mão.— Minha mãe está muito doente. Ela teve um câncer de mama que foi curado, mas a doença voltou atac
MayaMais tarde comecei a arrumar minha mala. Já passava das dez da noite quando Allan chegou. Ao abrir a porta, ele estava parado depois dela, ainda de cara amarrada e com um jeito todo marrento com as mãos guardadas no bolso da frente da calça. Era até sexy.— Está tudo bem? — perguntei dando-lhe passagem para entrar.— Só estou cansado — respondeu ao passar por mim.— Allan... Sei que você está chateado por eu não ter contado antes sobre a minha mãe, mas me entenda! — Aproximei-me dele.— Está tudo bem, Maya. Esqueça isso, okay? Vem aqui. — Abriu seus braços.Caminhei até ele e o abracei. Allan me apertou contra seu corpo e beijou o topo da minha cabeça. Nós conversamos um pouco sobre seu dia, deitados em minha cama, e logo ele apagou depois de um banho. Fiquei deitada encarando o teto do quarto escuro, sem conseguir dormir. A ansiedade estava me consumindo. Eu vi o dia amanhecer em seus braços.Quando meu celular soou o despertador as seis, levantei-me e fui ao banheiro. Depois de
MayaMeu pai empinou seu nariz e deu-me um olhar vazio, que me doeu o coração. Onde estava o amor do meu pai por mim?— Vou ver a minha mãe.Dei minhas costas a todos e me dirigi até o balcão onde havia duas enfermeiras atrás dele. Pedi informações sobre minha mãe e elas pediram que eu aguardasse por quinze minutos até que ela voltasse dos seus exames. Sentei-me ali mesmo em uma cadeira de espera, em silêncio e isolada com o rosto virado para o outro lado evitando olhar para onde meu pai estava.Logo uma enfermeira voltou e disse que eu podia entrar. Fui até o quarto com minha avó, mas apenas eu entrei. De coração dilacerado e de corpo estremecido, caminhei até minha mãe que adormecia com uma feição cansada sobre a cama hospitalar. Ela estava pálida e com os lábios esbranquiçados e trincados. Seu corpo estava mais magro do que a última vez que a vi e isso me doeu ainda mais deixando-me completamente desesperada. Dava-se para contar as pontas dos ossos em seu corpo. No pescoço, tinha u
MayaSem palavras, apenas o observei. Victor aparentava estar bem mais velho, ou devia dizer... acabado? Ele era um homem que nunca aparentou ter a idade que tinha, sempre estava com boa postura, corpo malhado, barba bem-feita, cabelos perfeitamente cortados e arrumados... O senhor à minha frente, definitivamente, não era o mesmo pelo qual me apaixonei tão perdidamente e rapidamente. Nem mesmo o lembrava. Parecia mais com um homem largado, daqueles que nunca ligou sequer uma vez para sua aparência. Victor estava muito magro — o que me fez perguntar para mim mesma se ele estava doente ou se esteve recentemente, acendendo uma ponta de preocupação dentro de mim —, seus ombros estavam caídos, sua barba não era feita há dias, ou semanas, dando-lhe ainda mais a aparência desleixada. Os cabelos penteados para trás estavam um pouco maiores do que o costume, roçando as pontas no colarinho da camisa branca que vestia. Por falar em suas roupas, ao menos elas ainda eram impecáveis e, claro, peças