Após o café da manhã, subi para me arrumar. Quando desci, encontrei as meninas dependuradas no avó que estava de pé no meio da sala, ao lado da Chloe. Eles já eram esperados para esse Natal, mas haviam chegado mais cedo. Eu adorei a surpresa. Isso significava mais tempo com o meu pai e sua nova esposa. Depois de mais algum tempo, as surpresas na manhã de Natal não pararam. A cada vez que a campainha tocava, eu entrava em completa euforia. Victor não havia apenas planejado uma ceia de Natal. Ele havia planejado uma grande festa. Clarice, Grace, Sasha, Maggie, Kim, Penny... Estavam todos ali. A casa estava cheia, barulhenta e feliz. Eu não tenho ligação sanguínea com nenhuma dessas pessoas. Mas não é preciso ter para que sejam a minha família. Para que eu os ame! Mary e Louise estavam tão eufóricas quanto eu. Elas ganharam mais presentes do que no aniversário. Rasgaram todas as embalagens e se divertiram com tudo o que ganharam. Mary me pediu a câmera e tirou muitas fotos, até que o
Todos voltaram a conversar e a rir. Olhei para Grace e ela sorriu para mim, colocando um pedaço do frango na boca. O sorriso chegava aos olhos que me diziam que ela sabia exatamente o que estava acontecendo ali. Senti meu rosto ruborizar e um pouco de vergonha.Durante todo o jantar vieram ondas de calor. Eu estava quase correndo para fora de casa e rolando na neve. Victor ligou e desligou aquilo inúmeras vezes. Enquanto comíamos a sobremesa, achei que gozaria. Meus olhos se fecharam e eu suspirei, cruzando as pernas. O quanto depravado e inconsequente era isso que estávamos fazendo?— Gostou da sobremesa, querida? — perguntou a minha avó quando grunhi baixinho.— Ah, ela gostou muito. Está até vermelha — disse Grace, cutucando de leve Penny com o cotovelo. Ela olhou para mim, franziu o cenho e depois sorriu. As duas se entreolharam e deram uma risadinha.Nós acabamos e seguimos para a sala. Parei atrás do sofá e agarrei o seu encosto, respirando fundo e tentando manter a pose de não-
Aquela não foi a última noite do Victor. Vieram algumas outras depois. Noites de prazer, amor e até um pouco de tristeza. Porém, aquele foi o nosso último Natal. O último que o tive ao meu lado. Que trocamos presentes. Que dissemos eu te amo ao pé da árvore. É estranho e é cômico como não sabemos nada sobre o amanhã. Embora a gente planeje o dia seguinte ou o ano seguinte, em um minuto tudo pode mudar. Seu planos podem ser arrasados por um tsunami. Por um coração que decide não mais bater. Naquele Natal eu aprendi algo antes que fosse tarde. Aprendi que todos os dias são especiais e que, sim, é preciso construir memória afetivas. Elas são primordiais para ajudar na saudade. A saudade a qual não se mata com uma ligação, uma visita. Seis meses depois daquele fim de ano, Victor nos deixou. Deixou esse mundo para viver uma vida melhor em outro lugar. Talvez na companhia da minha mãe. Talvez na companhia dos seus pais ou, até mesmo, da sua primeira esposa. Eu sei que ele a amou muito. E
Sonhos Quebrados - Livro 1 / Trilogia ValenteMayaAos dezoito anos eu fui aceita na Universidade de Houston, no Texas, através de uma bolsa integral de estudos. Uma futura médica na família foi motivo de grande orgulho para todos, principalmente para o meu pai, Teddy. Ele pregou por meses a minha carta de aceitação na porta da geladeira, exibindo-a para qualquer pessoa que chegasse na nossa casa.Toda manhã, quando entrava na cozinha para o café, ele olhava para ela e sorria como se fosse um cheque assinado de muitos zeros à direita. Lembro-me de que no dia em que recebi a tão esperada correspondência, ele passou horas ao telefone contando a todos que conhecia, que a sua garotinha estava indo para a faculdade.Ele sempre foi um homem simples, mas dono de grandes sonhos. O maior deles era que a sua única filha pudesse ser alguém na vida com um diploma na mão. O segundo, ele realizou há seis anos quando finalmente tirou o projeto do papel e abriu a sua própria oficina de restauração de
MayaNove meses depois, quando menos percebi, as férias se aproximavam novamente. A rotina apertada só piorava. As aulas na faculdade ficaram cada vez mais difíceis e tomando mais do tempo que eu não tinha. No trabalho, comecei a trabalhar até mesmo nos feriados para evitar precisar da ajuda dos meus pais ao máximo. Os fins de semana que eu não trabalhava, estava os visitando ou estudando para os exames e testes. Quase já não tinha mais tempo para namorar.Não era que eu colocasse Mark em segundo plano, só não podia mais dar toda a atenção que ele queria, ou tinha de mim antes. Eu sei o quanto era chato ele estar com todos os nossos amigos no bar em uma sexta à noite, quando cada um deles estavam bebendo e se divertindo com as suas namoradas, enquanto ele estava só e eu os servindo. Mas ainda assim, isso não era motivo para que ele me magoasse ou me traísse na minha própria cama.Houve uma sexta em que esqueci de levar os meus documentos para que Roger renovasse o meu contrato de trab
MayaAo entrar na casa, tudo estava escuro e em silêncio, entregando que todas dormiam, exceto uma, que entrou logo atrás de mim.— Maya! — Penny chamou-me alto ao passar pela porta.— Uau! — exclamei ao vê-la usando um vestido brilhante e salto alto. — Onde estava? — perguntei curiosa.— Com um cara — respondeu, rindo alto.— Shhh... Vai acordar as meninas! — sussurrei.— Foi mal — disse baixinho. — Eu bebi.— Estou sentindo o cheiro — sussurrei de volta.Penny me abraçou e subimos juntas a escada. O seu quarto era de frente para o meu e, ao chegarmos lá, ajudei-a abrir a porta e a coloquei para dentro, lhe dando boa-noite antes de sair. Parei diante da porta do meu quarto, sem nenhuma coragem de entrar. Tinha medo de que os dois ainda estivessem ali dentro.— O que foi? — perguntou Penny ao abrir a porta do seu quarto e ainda me ver ali.— Posso dormir com você hoje? — pedi encarando a madeira branca à minha frente.— Pode, mas é claro — permitiu.Entramos para o seu quarto e sentei
MayaEstar no terceiro ano de medicina, não era nada fácil. Ainda mais quando você trabalhava à noite. Estava trabalhando mais do que nunca e estudando loucamente para os exames finais que me libertariam para mais um verão. Andava vivendo em uma contagem regressiva para ir para casa e ver os meus pais que passavam por mais uma fase difícil na vida. A minha mãe encontrava-se doente outra vez. Agora, o câncer era bem mais complicado do que o anterior.Finalmente as provas acabaram e decidi dar um tempo com o professor de cálculo. O sexo com ele era legal, mas nada que me surpreendesse ou que me desse a aventura que esperava viver com um cara mais velho. Quanto ao Mark, após ter agido como um homem das cavernas, há algumas noites, ele nem mesmo tentou desculpar-se. O que provou que era mais idiota do que eu imaginava.Era sábado à noite e eu estava de folga devido ao movimento fraco no bar, devido às férias que começavam. Penny me convidou para ir a uma festa na casa de um amigo que eu n
Maya— Desculpe-me. Só quis dar a você uma noite legal. Eles não vão lhe tocar, se você não quiser! — disse Penny, tentando consertar a situação, como se a sua justificativa fosse o suficiente para resolver o que ela fez.— Você é minha melhor amiga. Como pode fazer isso comigo? Por que me trouxe até aqui? — perguntei irada.— Desculpe-me, por favor, Maya! — implorou aos sussurros. — Não faça nenhum escândalo! — pediu olhando para os lados, procurado se eu havia chamado a atenção indesejada de alguém com a minha voz alta.— Mas o que você é, afinal? Pensei que fosse minha amiga. Não sei se você já percebeu, mas não preciso de mais complicações na minha vida!Coloquei a taça que tinha na mão sobre o balcão e saí andando sem saber para onde exatamente eu estava indo. Atravessei o salão esbarrando-me nas pessoas, até chegar ao corredor que me levou a uma enorme porta de madeira entreaberta. Empurrei-a e passei por ela encontrando uma linda varanda com iluminação à luz de velas. A vista d