Victor— Preciso encontrá-la — disse baixo para mim mesmo, com meu rosto escondido entre minhas mãos.— Por isso estou aqui. Estou preocupada com ela. E se o pior tiver acontecido? Preciso contar a verdade para Maya do que fiz e pedir perdão, mesmo ciente de que não o terei!— Eu quero mais que você vá para o inferno! — esbravejei alto, encarando-a. — Saia daqui! Saia desta casa!— Victor... por favor! Preciso encontrá-la, saber se ela está bem...— Saia! — gritei interrompendo-a e levantei apontando para a porta. — Eu irei encontrá-la, mas saiba que, quando isso acontecer, farei questão de que Maya saiba o tipo de amiga que você é!Penny se levantou chorando e deixou meu escritório. Segundos depois, Noberto entrou.— Algum problema, senhor?— Precisamos achar a Maya... — Caminhei até minha mesa. — Mande que preparem meu jatinho, irei para Oklahoma agora mesmo.— Sim, senhor! — Pude sentir a alegria em sua voz.Subi para o quarto e entrei no closet para fazer minha mala. Olhei para o
Maya— Maya? O que houve? — perguntou Allan preocupado, levantando-se da cama e vindo até mim.Abracei-o e chorei de felicidade em seu peito. Seus braços me apertaram pela cintura contra seu corpo nu e grande.— Fala comigo, por favor — implorou.Soltei-o e o olhei. Allan secou minhas lágrimas delicadamente com seus polegares e encarou-me preocupado, enquanto eu ainda tentava recuperar meu fôlego e cessar o choro.— Estou ficando preocupado. — Beijou minha testa.— Desculpe-me, não quis preocupar você.— Então diga o que aconteceu?— É minha mãe...— Ela está bem?— Sim, está. Acredite, essas lágrimas são de felicidade. — Sorri abertamente. — Eu sei que nunca falamos sobre minha família, mas algo incrível aconteceu. Diria até que foi um milagre.— Então me conte — pediu puxando-me para a cama.Vesti meu robe e me sentei nela. Ele vestiu sua cueca e sentou-se a meu lado pegando minha mão.— Minha mãe está muito doente. Ela teve um câncer de mama que foi curado, mas a doença voltou atac
MayaMais tarde comecei a arrumar minha mala. Já passava das dez da noite quando Allan chegou. Ao abrir a porta, ele estava parado depois dela, ainda de cara amarrada e com um jeito todo marrento com as mãos guardadas no bolso da frente da calça. Era até sexy.— Está tudo bem? — perguntei dando-lhe passagem para entrar.— Só estou cansado — respondeu ao passar por mim.— Allan... Sei que você está chateado por eu não ter contado antes sobre a minha mãe, mas me entenda! — Aproximei-me dele.— Está tudo bem, Maya. Esqueça isso, okay? Vem aqui. — Abriu seus braços.Caminhei até ele e o abracei. Allan me apertou contra seu corpo e beijou o topo da minha cabeça. Nós conversamos um pouco sobre seu dia, deitados em minha cama, e logo ele apagou depois de um banho. Fiquei deitada encarando o teto do quarto escuro, sem conseguir dormir. A ansiedade estava me consumindo. Eu vi o dia amanhecer em seus braços.Quando meu celular soou o despertador as seis, levantei-me e fui ao banheiro. Depois de
MayaMeu pai empinou seu nariz e deu-me um olhar vazio, que me doeu o coração. Onde estava o amor do meu pai por mim?— Vou ver a minha mãe.Dei minhas costas a todos e me dirigi até o balcão onde havia duas enfermeiras atrás dele. Pedi informações sobre minha mãe e elas pediram que eu aguardasse por quinze minutos até que ela voltasse dos seus exames. Sentei-me ali mesmo em uma cadeira de espera, em silêncio e isolada com o rosto virado para o outro lado evitando olhar para onde meu pai estava.Logo uma enfermeira voltou e disse que eu podia entrar. Fui até o quarto com minha avó, mas apenas eu entrei. De coração dilacerado e de corpo estremecido, caminhei até minha mãe que adormecia com uma feição cansada sobre a cama hospitalar. Ela estava pálida e com os lábios esbranquiçados e trincados. Seu corpo estava mais magro do que a última vez que a vi e isso me doeu ainda mais deixando-me completamente desesperada. Dava-se para contar as pontas dos ossos em seu corpo. No pescoço, tinha u
MayaSem palavras, apenas o observei. Victor aparentava estar bem mais velho, ou devia dizer... acabado? Ele era um homem que nunca aparentou ter a idade que tinha, sempre estava com boa postura, corpo malhado, barba bem-feita, cabelos perfeitamente cortados e arrumados... O senhor à minha frente, definitivamente, não era o mesmo pelo qual me apaixonei tão perdidamente e rapidamente. Nem mesmo o lembrava. Parecia mais com um homem largado, daqueles que nunca ligou sequer uma vez para sua aparência. Victor estava muito magro — o que me fez perguntar para mim mesma se ele estava doente ou se esteve recentemente, acendendo uma ponta de preocupação dentro de mim —, seus ombros estavam caídos, sua barba não era feita há dias, ou semanas, dando-lhe ainda mais a aparência desleixada. Os cabelos penteados para trás estavam um pouco maiores do que o costume, roçando as pontas no colarinho da camisa branca que vestia. Por falar em suas roupas, ao menos elas ainda eram impecáveis e, claro, peças
MayaCaminhei pacientemente e de cabeça baixa pelo passeio de pedras que cortava o estacionamento levando até um ponto de táxi na calçada, pensando na minha mãe que havia ficado dormindo e nessa situação difícil que enfrentávamos.— Maya!Parei e virei-me para trás.— Noberto! — exclamei sorridente e feliz em vê-lo. — Como vai? — perguntei aproximando-me dele.— Bem e você?— Eu estou bem. Minha mãe finalmente acordou. — Compartilhei alegre a notícia.— Eu soube, Victor me disse. Fico muito feliz por você e sua família.— Como ele soube? — Não resisti a perguntá-lo.— Clarice. Mas saiba que ela não contou por mal.— Tudo bem. — Respirei fundo e lhe dei um sorriso forçado. — Eu tenho que ir agora. Foi bom rever você. — Fiz menção de afastar-me.— Espere, por favor! — pediu tocando meu braço. — Estou aqui para falar com você.— Se for sobre ele, não quero saber.— Você o viu?— Você sabe que sim.— Então notou como ele está. Notou sua aparência devastada.— Honestamente, não me interess
Maya— Olha só, não tem nada de mais nessas fotos, okay? São apenas fotos de lingerie. Peças que toda mulher usa, incluindo as esposas e namoradas de quem estão fazendo piadinhas com o meu ensaio. O que há de errado nelas? Achei que você fosse gostar, sempre elogia meu corpo e diz que sou bonita!— E você é, Maya! E está certa, gosto do seu corpo, mas à mostra desse jeito eu gosto somente para mim e entre quatro paredes. Não sensualizando em páginas de revistas, que correm à solta por aí nas mãos dos meus policiais e do resto dos homens dessa cidade maldita! — disse ainda alterado.— Quer saber, Allan? Você está sendo um machista filho da puta, e já se foi a época que eu aceitaria isso de um homem. Não vou discutir esse assunto com você por telefone. A gente se fala quando eu voltar. — Encerrei a ligação e respirei fundo sentindo-me estressada mais uma vez.— Está tudo bem? — perguntou Clarice.— Está sim. Desculpe-me pelos gritos, é só que me alterei com alguém.— Quem é Allan? — per
Maya— Você saiu cedo para correr? — perguntou Sammy quando entrei pela porta da frente.— Sim. Bom dia. — Sorri.— Queria ainda ter esse ânimo.— Talvez amanhã vocês devam ir juntos — falou Clarice ao passar por nós indo para a cozinha. — Esse homem precisa se exercitar, Maya, são ordens médicas. Me ajude, querida, por favor. Já faz um mês que tento fazê-lo dar ao menos uma volta no quarteirão.— Deixe comigo. — Sorri e pisquei para ela. — Vou tomar um banho e depois desço para o café.— Tudo bem. Não vou ao hospital agora, mas vou deixar para você a chave do carro que era da Grace. Estará no porta-chaves perto da porta da frente.— Obrigada, Clarice.— Sem problemas.Tomei meu banho e me vesti calmamente. Depois do café, peguei o carro e fui para o hospital parando no caminho para abastecer. Foi impossível não me lembrar de todas as presepadas que eu e Grace fizemos juntas com aquele carro na época da escola. Ela me dava carona todos os dias e quando íamos às festas clandestinas no