MayaFiquei por alguns minutos olhando para o celular e pensando no que poderia estar me aguardando no dia seguinte. Deixei o celular sobre a cama e fui até a sala. Já era quase meio-dia e Sasha ainda não havia voltado para casa depois que saiu logo pela manhã dizendo que estava indo resolver alguns assuntos pessoais. Então, eu fui para a cozinha preparar qualquer coisa para comer. Estava pegando os ingredientes para preparar um sanduíche natural, quando a campainha tocou. Caminhei até a porta e olhei pelo olho mágico antes de abri-la.— Com fome? — perguntou Allan erguendo duas sacolas com comida chinesa.— Estou faminta. Entra.Ele entrou e deu-me um beijo rápido nos lábios antes de ir até a mesa e colocar as sacolas sobre ela.— Como você está? Dormiu esta noite? — perguntei aproximando-me dele.— Dormi sim — respondeu-me tirando sua jaqueta preta de couro e colocando-a no encosto de uma das cadeiras. — Mas bem eu não estou. Estava com saudade de você. — Sorriu encantador.Com movi
MayaVirei-me para trás em um pulinho e vi uma mulher loira de estatura baixa, que vestia preto da cabeça aos pés.— Sim. Meu nome é Maya. Eu vim ver o Tyrone...— Já sei o que veio fazer — interrompeu-me sendo um tanto hostil. — Vou avisar que você chegou.Ela passou por mim e desapareceu pelas portas de aço, mas logo voltou com Tyrone, que abriu um enorme sorriso quando me viu.— Achei que não me ligaria mais — disse animado, vindo até mim. — Como você está, querida? — cumprimentou-me com um beijo no rosto.— Bem, obrigada. E você?— Ótimo, como todos os dias. — Gargalhou. — Venha e seja bem-vinda. — Ele saiu à minha frente e eu o segui passando pelas portas duplas. — Fique à vontade, Maya. Este é meu estúdio, onde minha mágica acontece.O lugar era enorme, ocupava praticamente todo o andar e continha vários cenários diferentes.— Ela é nossa salvadora? — perguntou uma mulher de cabelos negros encaracolados.— Ela mesma — respondeu Tyrone.— Prazer em conhecê-la. Sou Lucy — apresent
MayaTrocamos de cenário e fomos para onde montaram parte de um quarto usando apenas uma cama com cabeceira de ferro e criados-mudos nas laterais. No ferro com desenhos em arabescos da cabeceira, havia algumas pequenas luzes brancas enroladas por toda ela. Um lindo lençol de seda creme forrava o colchão e almofadas prata davam um toque final. Eu me destaquei naquele fundo com a lingerie vermelha. Tiraram fotos minhas deitada, outras de joelhos sobre o colchão e algumas sentada. Mas nada que fosse revelador demais, ou que soasse como um ensaio para a capa da revista Playboy.No fim, me diverti durante as quatro e horas e meia em que me fotografaram e escutei muitos elogios. Senti-me viva outra vez, como não me sentia há semanas desde que meu mundo desmoronou. O dia havia me rendido não apenas uma boa grana, mas uma levantada em minha autoestima.Quando saí da agência, já passava das quatro da tarde. Estávamos tão envolvidos com o trabalho, que ninguém se ligou que a hora do almoço cheg
VictorAlgo me dizia que talvez eu fosse querer matá-la. Penny entrou no carro e seguimos para dentro da propriedade até a mansão. Desci do carro sem esperar Noberto abrir a porta e ela saiu logo depois me seguindo até o escritório.— Sente-se! — ordenei.— Estou bem, obrigada. — Permaneceu de pé.— Mandei se sentar! — disse alto, encarando-a. O nervoso já se espalhava em mim. Ela olhou-me assustada e sentou-se. — Fale logo!Parei à sua frente de braços cruzados no peito.— Victor... Maya não teve culpa do que aconteceu naquela festa. Eu sim, tive culpa. — Explique isso melhor! — Senti uma enorme tensão em meus ombros.Sentei-me de frente a ela na poltrona.— Além da prostituição estou envolvida com um cartel de drogas, aqui mesmo do Texas. Cocaína, para ser mais exata. Estava precisando de mais grana e isso apareceu tão rápido, em uma oferta irrecusável que eu aceitei. Houve uma noite em que fui até um hotel no centro fazer um programa e uma entrega para pessoas distintas. Eu deixei
Victor— Preciso encontrá-la — disse baixo para mim mesmo, com meu rosto escondido entre minhas mãos.— Por isso estou aqui. Estou preocupada com ela. E se o pior tiver acontecido? Preciso contar a verdade para Maya do que fiz e pedir perdão, mesmo ciente de que não o terei!— Eu quero mais que você vá para o inferno! — esbravejei alto, encarando-a. — Saia daqui! Saia desta casa!— Victor... por favor! Preciso encontrá-la, saber se ela está bem...— Saia! — gritei interrompendo-a e levantei apontando para a porta. — Eu irei encontrá-la, mas saiba que, quando isso acontecer, farei questão de que Maya saiba o tipo de amiga que você é!Penny se levantou chorando e deixou meu escritório. Segundos depois, Noberto entrou.— Algum problema, senhor?— Precisamos achar a Maya... — Caminhei até minha mesa. — Mande que preparem meu jatinho, irei para Oklahoma agora mesmo.— Sim, senhor! — Pude sentir a alegria em sua voz.Subi para o quarto e entrei no closet para fazer minha mala. Olhei para o
Maya— Maya? O que houve? — perguntou Allan preocupado, levantando-se da cama e vindo até mim.Abracei-o e chorei de felicidade em seu peito. Seus braços me apertaram pela cintura contra seu corpo nu e grande.— Fala comigo, por favor — implorou.Soltei-o e o olhei. Allan secou minhas lágrimas delicadamente com seus polegares e encarou-me preocupado, enquanto eu ainda tentava recuperar meu fôlego e cessar o choro.— Estou ficando preocupado. — Beijou minha testa.— Desculpe-me, não quis preocupar você.— Então diga o que aconteceu?— É minha mãe...— Ela está bem?— Sim, está. Acredite, essas lágrimas são de felicidade. — Sorri abertamente. — Eu sei que nunca falamos sobre minha família, mas algo incrível aconteceu. Diria até que foi um milagre.— Então me conte — pediu puxando-me para a cama.Vesti meu robe e me sentei nela. Ele vestiu sua cueca e sentou-se a meu lado pegando minha mão.— Minha mãe está muito doente. Ela teve um câncer de mama que foi curado, mas a doença voltou atac
MayaMais tarde comecei a arrumar minha mala. Já passava das dez da noite quando Allan chegou. Ao abrir a porta, ele estava parado depois dela, ainda de cara amarrada e com um jeito todo marrento com as mãos guardadas no bolso da frente da calça. Era até sexy.— Está tudo bem? — perguntei dando-lhe passagem para entrar.— Só estou cansado — respondeu ao passar por mim.— Allan... Sei que você está chateado por eu não ter contado antes sobre a minha mãe, mas me entenda! — Aproximei-me dele.— Está tudo bem, Maya. Esqueça isso, okay? Vem aqui. — Abriu seus braços.Caminhei até ele e o abracei. Allan me apertou contra seu corpo e beijou o topo da minha cabeça. Nós conversamos um pouco sobre seu dia, deitados em minha cama, e logo ele apagou depois de um banho. Fiquei deitada encarando o teto do quarto escuro, sem conseguir dormir. A ansiedade estava me consumindo. Eu vi o dia amanhecer em seus braços.Quando meu celular soou o despertador as seis, levantei-me e fui ao banheiro. Depois de
MayaMeu pai empinou seu nariz e deu-me um olhar vazio, que me doeu o coração. Onde estava o amor do meu pai por mim?— Vou ver a minha mãe.Dei minhas costas a todos e me dirigi até o balcão onde havia duas enfermeiras atrás dele. Pedi informações sobre minha mãe e elas pediram que eu aguardasse por quinze minutos até que ela voltasse dos seus exames. Sentei-me ali mesmo em uma cadeira de espera, em silêncio e isolada com o rosto virado para o outro lado evitando olhar para onde meu pai estava.Logo uma enfermeira voltou e disse que eu podia entrar. Fui até o quarto com minha avó, mas apenas eu entrei. De coração dilacerado e de corpo estremecido, caminhei até minha mãe que adormecia com uma feição cansada sobre a cama hospitalar. Ela estava pálida e com os lábios esbranquiçados e trincados. Seu corpo estava mais magro do que a última vez que a vi e isso me doeu ainda mais deixando-me completamente desesperada. Dava-se para contar as pontas dos ossos em seu corpo. No pescoço, tinha u