Asher Bennett.
18:15 - lanchonete - Castellano City.
Sexta-Feira.
O som da última campainha do expediente soou, anunciando o fim do turno. Soltei um suspiro de alívio e joguei o pano de limpeza sobre o balcão, observando meus colegas se reunirem. Antes de irmos para a sala dos funcionários, todos sabíamos o que fazer.
— Vamos lá, pessoal, hora de deixar tudo em ordem! — Sophia chamou, sempre a mais organizada do grupo.
Cada um começou a organizar a lanchonete de maneira eficiente. Peguei um pano limpo e comecei a limpar as mesas, removendo qualquer vestígio de sujeira ou marcas de copos. Liam passou por mim carregando uma pilha de cadeiras, colocando-as de cabeça para baixo sobre as mesas que eu já havia terminado.
— Você está tão lento hoje, Asher! — Brincou, e revirei os olhos, fingindo indignação.
— Só fala isso porque faço o trabalho direito. — Retruquei com um sorriso, continuando minha tarefa.
Jack estava na cozinha, lavando os utensílios e organizando as prateleiras, enquanto Sophia verificava o caixa e fechava o registro. Cada um cumpria sua função com eficiência, o ambiente se preenchendo com uma energia quase coreografada.
— Estamos quase lá! — Jack gritou da cozinha, sua voz ecoando pelo salão. — Alguém quer ajudar com o lixo?
— Você é o mestre do lixo, Jack , pode ficar com isso. — Sophia respondeu, arrancando risadas de todos.
Depois de alguns minutos, a lanchonete estava impecável. Mesas limpas, cadeiras organizadas, piso varrido. Tudo pronto para outro dia de trabalho. Era quase automático, mas aquele pequeno ritual de organização sempre marcava o fim do dia de forma satisfatória.
Enquanto ajeitava os últimos detalhes, passos firmes ecoaram pelo salão. O gerente entrou com sua expressão habitual de quem parecia odiar o próprio trabalho. Parou no centro da lanchonete, os olhos percorrendo cada canto, analisando tudo.
— Vamos ver… — Murmurou, passando pelo balcão e verificando mesas e piso. Seu olhar crítico parecia buscar algo para reclamar.
Ficamos em silêncio, observando enquanto ele fazia sua inspeção meticulosa. Após alguns minutos que pareceram horas, finalmente se virou para nós, cruzando os braços.
— Está tudo em ordem. Podem ir. — Disse, sem sequer nos olhar diretamente.
Apesar das palavras, sua expressão não mudou. Parecia nos liberar como se estivesse nos fazendo um favor. Saiu sem dizer mais nada, e todos trocamos olhares antes de soltar risadas baixas.
— Até parece que ele gosta disso. — Jack murmurou enquanto recolhia suas coisas.
— Se um dia ele sorrir, é melhor correr. — Acrescentei, arrancando risadas dos outros.
Com o trabalho terminado e a aprovação relutante do gerente, seguimos para a sala dos funcionários, prontos para encerrar o dia e nos preparar para a noite que viria.
— Finalmente! — Liam exclamou, tirando o avental e seguindo comigo. — Estou tão pronto para essa noite.
— Você e eu, Liam. — Jack respondeu, já afrouxando o nó da gravata do uniforme. — Faz tanto tempo que não saímos juntos.
Entramos na sala dos funcionários e todos começaram a trocar de roupa. Sophia apareceu em seguida, sempre animada.
— Ok, pessoal, ouçam bem! — Chamou nossa atenção, batendo palmas. — Vamos nos encontrar na frente da balada às nove horas. Sem atrasos, certo?
— Sim, chefe! — Liam brincou, arrancando risadas.
— Até parece que você é pontual, Liam. — Jack provocou, gerando mais risadas.
— Ei, sou sempre pontual… quando a diversão está envolvida. — Rebateu com um sorriso.
Apenas ri, balançando a cabeça. Todos estavam tão animados quanto eu, e era bom sentir essa energia. Após vestir minhas roupas, ajustei minha camisa no espelho e peguei minhas coisas enquanto ouvia mais uma piada de Jack sobre a incapacidade de Liam de chegar na hora certa.
— Até daqui a pouco, pessoal! — Sophia acenou ao sairmos da sala.
— Até mais! — Respondemos em coro, cada um seguindo seu caminho.
Caminhei em direção ao meu apartamento com passos rápidos, ansioso. Fazia meses que eu não saía para me divertir de verdade, e hoje parecia a noite perfeita para isso. As ruas estavam movimentadas, o céu escuro, e a cidade viva, como sempre.
Depois de alguns minutos, cheguei ao prédio onde moro. Cumprimentei o porteiro com um sorriso.
— Boa noite, senhor Bennett. — Disse educadamente.
— Boa noite! — Respondi, apertando o botão do elevador.
As portas se abriram com um leve som metálico e entrei, apertando o botão do oitavo andar. Enquanto subia, comecei a pensar no que vestir para a noite. Algo confortável, mas que chamasse atenção. O elevador parou e as portas se abriram.
Segui pelo corredor até meu apartamento, destrancando a porta. Assim que entrei, encontrei Nick no sofá, assistindo ao jornal, os pés apoiados na mesa de centro.
— Chegou cedo. Que milagre. — Falei com um sorriso, jogando minha mochila em um canto.
Me olhou por cima do ombro e deu de ombros.
— Hoje o trabalho foi tranquilo.
Joguei-me ao lado dele no sofá, sentindo meu corpo relaxar por um momento.
— Hoje vou para a balada com o pessoal do trabalho. — Anunciei, animado.
Me olhou com um sorriso malicioso.
— A Sophia vai também?
Gargalhei. Sabia bem da queda dele por ela.
— Sim, ela vai.
Saltou do sofá num pulo, parecendo um adolescente.
— Tenho que ficar bem cheiroso. Vou tomar outro banho. — Disse, desaparecendo pelo corredor.
Ri, balançando a cabeça. Ele podia ser intenso, mas era bom vê-lo tão empolgado. Antes de entrar no quarto, parou na porta e apontou para a cozinha.
— Tem comida no balcão, se quiser jantar antes de sair.
— Ótimo, obrigado! — Respondi, indo até a cozinha.
Sobre o balcão, havia um prato de macarrão à bolonhesa coberto com queijo ralado e um pedaço de pão de alho ao lado. Peguei o prato e me sentei à mesa, aproveitando o jantar enquanto meus pensamentos vagavam para a noite que estava por vir.
Terminei a refeição, lavei os utensílios e guardei o resto da comida na geladeira. Agora, era só escolher a roupa certa e me preparar para a noite.
Com a cozinha arrumada, caminhei até meu quarto. Tirei o celular do bolso e olhei para a tela. Eram 7h40. Ainda tinha tempo de sobra, mas queria me arrumar com calma. Coloquei o celular sobre a mesa de cabeceira e fui até o guarda-roupa, examinando as opções.
Depois de alguns segundos, escolhi uma roupa ideal para a noite: uma camisa preta de botão, de tecido fino e ajustado ao corpo, com as mangas dobradas até os cotovelos. Combinei com uma calça jeans escura bem ajustada e um cinto discreto. Para os pés, escolhi botas pretas de couro, confortáveis e estilosas. Coloquei tudo sobre a cama.
Com a roupa separada, segui para o banheiro. Liguei a luz e encarei meu reflexo no espelho, avaliando minha aparência. Primeiro, escovei os dentes, sentindo o frescor da menta. Depois, comecei a me despir, tirando cada peça antes de entrar no box.
A água quente escorreu pelo corpo, relaxando cada músculo tenso após um longo dia de trabalho. Peguei o shampoo e lavei o cabelo com cuidado, formando uma espuma densa antes de enxaguar. Em seguida, usei o sabonete, deslizando-o por cada parte da pele, garantindo que estivesse completamente limpo. A sensação da água quente era revigorante, quase como um ritual antes da noite que me esperava.
Após alguns minutos, desliguei o chuveiro e alcancei a toalha pendurada. Enrolei-a na cintura e saí do box, a fumaça quente preenchendo o banheiro. Caminhei até o espelho, onde uma fina camada de vapor começava a se acumular. Peguei o secador e comecei a secar o cabelo, passando os dedos entre os fios para deixá-los macios e maleáveis.
Decidi pentear de um jeito diferente, algo que combinasse com a noite. Usei um pouco de pomada modeladora, penteando para o lado com um leve volume no topo, dando um ar sofisticado. O resultado ficou exatamente como queria, e um pequeno sorriso surgiu ao analisar o penteado.
Com o cabelo pronto, voltei ao quarto para me vestir. Peguei a camisa preta e a vesti, abotoando-a com calma. A textura macia do tecido parecia perfeita contra a pele recém-banhada. Escolhi uma cueca preta, depois vesti a calça jeans escura e ajustei o cinto. Por fim, calcei as botas e me olhei no espelho mais uma vez.
O visual estava simples, mas alinhado e atraente. Pronto para uma noite que prometia diversão. Ajustei os últimos detalhes da camisa, respirei fundo e passei o perfume, sentindo a fragrância marcante preencher o ar. Peguei meu relógio na mesa de cabeceira e o coloquei, ajustando-o no pulso. Caminhei até a cama, onde meu celular estava, e conferi a hora.
20h30.
— Merda! Estamos atrasados. — Resmunguei, colocando o celular no bolso e saindo apressado do quarto. — Nick, vamos! Já são oito e meia!
A porta do quarto do Nick se abriu, e ele saiu vestido para a noite. Como sempre, impecável. Usava uma camisa azul-marinho de botão, com as mangas dobradas até os cotovelos, combinada com calça jeans preta ajustada e sapatos de couro marrom escuro. O cabelo penteado para trás destacava os olhos verdes claros, que pareciam brilhar mesmo na luz suave do apartamento. A barba bem-feita lhe dava um ar maduro e elegante, um contraste com sua animação juvenil.
Nick era alto, com cerca de 1,80m, e sua presença sempre chamava atenção. Parecia ter nascido para ser notado.
— Estou pronto. Vamos? — Ajustou os punhos da camisa.
— Sim. — Peguei minha carteira na mochila no canto da sala.
Saímos do apartamento apressados, seguindo para o elevador. Enquanto apertava o botão, Nick tirou o celular do bolso.
— Já estou chamando um táxi. — Disse, olhando para mim com uma expressão nervosa. — Me diz, estou bonito? Será que a Sophia vai gostar?
Ri de sua ansiedade e balancei a cabeça.
— Você está ótimo. Tenho certeza de que ela vai achar você gato.
As portas do elevador abriram, e entramos. Nick ajeitou o cabelo mais uma vez enquanto falava.
— Me diz, nenhum dos seus amigos gosta dela também, né? Liam ou Jack… eles têm algum interesse nela?
Revirei os olhos e dei de ombros.
— Nunca disseram nada. E nunca percebi olhares suspeitos.
Soltou um suspiro de alívio, como se minha resposta tirasse um peso de seus ombros.
Quando chegamos ao térreo, seguimos para a saída do prédio. Olhou para o celular.
— O táxi chegou. Sorte nossa. — Disse, apontando para o carro estacionado na frente.
Entramos rapidamente, e Nick deu o endereço da balada para o motorista. Enquanto o carro começava a se mover, olhei pela janela, sentindo a antecipação crescer. A noite estava apenas começando, e mal sabia eu que mudaria minha vida para sempre.
Dominic Castellano.18:50 - Cassino - Castellano City.Sexta-Feira.Coloco a camisa preta, abotoando-a com uma calma que contrasta brutalmente com o caos que acabara de ocorrer no quarto. O corpo sem vida da mulher está estendido sobre os lençóis amarrotados, os olhos ainda abertos em um terror congelado. A outra está encolhida no canto da cama, soluçando, tremendo como uma folha ao vento.Pego a gravata, ajustando-a ao redor do colarinho com um movimento rápido e preciso. Sem desviar o olhar, lanço um maço de notas sobre a cama, espalhando-as ao redor dela.— Se sua amiga não tivesse gritado tanto, ainda estaria viva. — Digo, com frieza cortante. Meu tom é implacável, sem vestígio de arrependimento ou empatia.Ela soluça ainda mais alto, mas já perdi o interesse nela.Com os últimos ajustes na roupa feitos, caminho até a porta, deixando para trás o som abafado de seus lamentos. No corredor, dois dos meus seguranças pessoais, fiéis escudeiros, estão de guarda, as expressões impassívei
Dominic Castellano.19:50 - Castellano City.Sexta-Feira.O carro preto reluzente estava estacionado na entrada do cassino. Jack abriu a porta traseira para mim, entrei sem pressa, ajustando meu terno enquanto ele contornava o veículo para assumir o lugar de motorista.A porta fechou suavemente, abafando os sons do cassino. No interior do carro, o silêncio era uma presença quase tangível, apenas interrompido pelo som do motor que rugia suavemente quando Jack engatou a marcha e começou a dirigir em direção à casa dos Carter.— Relatórios, Jack. — Minha voz soou fria, autoritária, cortando o silêncio como uma lâmina.Jack assentiu, os olhos fixos na estrada, mas sua mente claramente trabalhando rápido para compilar as informações necessárias.— O tráfico de drogas está fluindo bem, senhor. As importações estão dentro do cronograma. Conseguimos passar a última remessa sem problemas nas fronteiras, graças aos contatos que temos nos portos. A distribuição local também está eficiente. Nosso
Dominic Castellano.21:40 - Balada - Castellano City.Sexta-Feira.O caminho até a balada foi mais longo do que o esperado. O trânsito caótico nos forçou a parar em certos momentos, mas isso não abalou minha paciência. O silêncio dentro do carro era preenchido apenas pelos ruídos externos e pelos meus pensamentos sombrios, antecipando o próximo encontro.Após alguns minutos, Jack encostou o carro em uma rua lateral para pegar Sérgio. Ele entrou rapidamente, ajustando-se no assento da frente sem dizer uma palavra. Sempre eficiente, entendia que agora não era hora para conversas desnecessárias.Seguimos em direção à balada. À medida que nos aproximávamos, o ambiente se transformava: as luzes vibrantes piscavam ao longe e o som da música reverberava nas paredes. Jack estacionou com precisão na entrada lateral, uma área reservada para nossa equipe.Ele saiu primeiro, abrindo a porta para mim com a mesma precisão de sempre.— Já pegaram o Cooper. Ele está aguardando. — Informou, a voz firm
Asher Bennett.21:15 - Balada - Castellano City.Sexta-Feira.O táxi parou na frente da balada e, assim que descemos, minha expressão se contorceu ao ver o tamanho da fila.— Isso vai demorar. — Murmurei, olhando para o Nick, que parecia ainda mais nervoso ao encarar o grande número de pessoas.— Acho que dá tempo de voltarmos e assistirmos um filme. — Ele brincou, mas apenas revirei os olhos.Foi então que avistei Liam e os outros no meio da fila, acenando com as mãos.— Nick, eles estão ali. Vamos. — Falei, puxando-o pelo braço, enquanto cortávamos caminho entre as pessoas. Algumas reclamaram baixinho, mas não dei atenção.Chegamos aos meus amigos, e Liam abriu um sorriso largo.— Até que enfim! E dizem que quem sempre chega atrasado sou eu. — Ele brincou, colocando as mãos na cintura com um tom exagerado de acusação.— Engraçadinho. — Respondi, empurrando-o de leve no ombro, arrancando risadas dele.Notei que Sophia estava estranhamente quieta, seus olhos fixos em Nick. Um sorriso
Asher Bennett.O som dos meus passos ecoava alto, apesar da tentativa de correr silenciosamente. A escuridão ao redor era sufocante, iluminada apenas pelas luzes piscantes dos postes quebrados. Meu peito ardia, o coração disparado, enquanto os passos pesados atrás de mim se aproximavam cada vez mais.Eu sabia quem era. Não precisava olhar para trás. Aqueles olhos negros, frios como a própria morte, estavam cravados em minha mente. Ele estava me caçando.— Corre, Sojung. — A voz dele era grave, carregada de uma ameaça sombria.Tropecei em uma pedra e caí de joelhos no chão áspero. Tentei me levantar, mas meu corpo parecia travado pelo medo. Antes que pudesse reagir, uma mão forte agarrou meu ombro com brutalidade, seu toque gélido penetrando minha pele.— Não há escapatória. — Murmurou no meu ouvido, e um calafrio percorreu minha espinha.Meus olhos se arregalaram e, quando me virei, esperando encarar a morte, tudo mudou.Subitamente, não estava mais fugindo. O ambiente ao redor se tra
Dominic Castellano.10:50 - Mansão do Dominic - Castellano City.Cinco dias depois. Quarta-Feira.Foram cinco longos dias desde que meus olhos encontraram aqueles castanhos claros, cheios de pavor. Desde que senti a pele quente e trêmula sob meus dedos. Desde que ouvi sua voz falha, implorando por sua vida.E, nesses cinco dias, minha paciência tem sido testada de todas as formas possíveis.As operações de drogas exigiram minha atenção constante, as importações e distribuições de armas precisavam de ajustes, e as casas de prostituição resolveram criar problemas, achando que tinham direito a algo além do que eu permito. Mantive-me ocupado, lidando com cada questão, controlando cada detalhe, porque nada nesse maldito país acontece sem que eu saiba.Mas, mesmo com todas essas distrações, minha mente sempre voltava para ele.Asher Bennett.Seu rosto tem me assombrado como uma droga viciante, impossível de ignorar. Nunca, em toda a minha vida, senti essa atração incontrolável. O fato de s
Asher Bennett.11:51 - Lanchonete- Castellano City.Quarta-Feira.O pano úmido deslizava sobre a superfície das mesas, limpando os últimos vestígios de migalhas do turno da manhã. O relógio na parede marcava poucos minutos para o meio-dia, e logo fecharíamos para o intervalo de almoço.Mesmo assim, minha mente estava longe dali.Por mais que repetisse inúmeras vezes que aquele homem não me encontraria, que tudo ficou no passado, o medo rastejava dentro de mim, corroendo pouco a pouco.Cada vez que alguém entrava pela porta da lanchonete, sentia o peito apertar e o corpo entrar em alerta. As mãos suavam, o coração disparava, e eu precisava de alguns segundos para lembrar que era apenas mais um cliente qualquer… e não ele.Mas o pior não era o medo.O pior era a lembrança.Aqueles olhos negros, frios e penetrantes. Mesmo com o terror correndo em minhas veias, havia algo profundamente perturbador naquela imagem. Meu corpo se lembrava do toque firme em meu maxilar, da voz grave chamando-m
Asher Bennett.Apertei as mãos contra a calça, suando frio. O pânico rastejava dentro de mim como uma serpente apertando meu peito.A voz saiu trêmula, mal conseguindo formar palavras coerentes.— V-Vai me matar? — Gaguejei, a garganta seca. — Eu juro… J-Juro que não contei nada a ninguém…Senti as lágrimas se formarem, o desespero tomando conta. Antes que pudesse processar qualquer coisa, uma mão firme agarrou meu maxilar.Engoli em seco, o coração martelando contra as costelas.Minha pele arrepiou ao perceber que ele havia retirado a luva. A mão quente e firme contrastava com o frio que me envolvia por dentro.Levantei os olhos lentamente, encontrando os dele. Negros, intensos, despindo-me camada por camada, sem piedade.Ele sorriu de leve, um sorriso sem qualquer traço de conforto.— Matar você? — A voz saiu suave, mas carregada de algo perigoso. — Está enganado, meu Sojung.Meu estômago revirou ao ouvi-lo dizer aquilo com tanta posse.— O motivo de eu estar aqui é para convidá-lo