Dominic Castellano.
19:50 - Castellano City.
Sexta-Feira.
O carro preto reluzente estava estacionado na entrada do cassino. Jack abriu a porta traseira para mim, entrei sem pressa, ajustando meu terno enquanto ele contornava o veículo para assumir o lugar de motorista.
A porta fechou suavemente, abafando os sons do cassino. No interior do carro, o silêncio era uma presença quase tangível, apenas interrompido pelo som do motor que rugia suavemente quando Jack engatou a marcha e começou a dirigir em direção à casa dos Carter.
— Relatórios, Jack. — Minha voz soou fria, autoritária, cortando o silêncio como uma lâmina.
Jack assentiu, os olhos fixos na estrada, mas sua mente claramente trabalhando rápido para compilar as informações necessárias.
— O tráfico de drogas está fluindo bem, senhor. As importações estão dentro do cronograma. Conseguimos passar a última remessa sem problemas nas fronteiras, graças aos contatos que temos nos portos. A distribuição local também está eficiente. Nossos homens nas ruas controlam as vendas, garantindo que nenhum centavo saia do radar.
Assenti lentamente. Um erro, por menor que fosse, poderia resultar em uma cadeia de problemas que eu não toleraria.
— E a lavagem de dinheiro? Os novos esquemas estão funcionando conforme o esperado?
Jack fez uma breve pausa antes de responder, organizando seus pensamentos.
— Sim, senhor. As novas empresas de fachada estão operando perfeitamente. Estamos desviando grandes quantias, e até agora, nenhuma suspeita foi levantada. Os bancos continuam sob nosso controle, o que facilita o processo.
— Bom. — Deixei a palavra pairar no ar, um reconhecimento frio de que, por enquanto, tudo estava sob controle.
O carro fez uma curva suave, as luzes da cidade refletindo nas janelas. Castellano City era minha, cada rua, prédio e negócio. Eu não permitia falhas. Jack sabia disso e sua eficiência era um reflexo direto dessa expectativa.
— Novas compras de armas? Como estão indo? E as vendas?
Jack respondeu prontamente, agora totalmente imerso no relatório.
— As novas aquisições foram feitas através de nossos fornecedores na Europa Oriental. O carregamento chegará em duas semanas. Quanto às vendas, estamos expandindo para novas organizações no norte. Eles estão famintos por armamento pesado, e nossos preços são inigualáveis. As negociações estão praticamente fechadas.
— Excelente. — Meu tom era gélido, mas havia um leve toque de aprovação. — Não quero imprevistos. Qualquer sinal de problema, elimine.
— Sim, senhor.
A casa dos Carter se aproximava, e minha mente já estava focada na próxima tarefa. Cobrança de dívidas não era apenas uma questão de dinheiro. Era sobre manter o medo vivo, lembrar a todos quem controlava essa cidade.
Jack estacionou suavemente em frente à residência. As luzes estavam acesas, iluminando a fachada modesta. Saí do carro com a calma de um predador, ajustando o paletó enquanto ele se posicionava atrás de mim, sua presença uma sombra constante. Caminhamos até a porta, onde ele deu duas batidas firmes.
Logo escutamos uma voz hesitante do outro lado.
— Já vai.
A ansiedade na voz feminina era palpável. Um pequeno sorriso surgiu no canto dos meus lábios. O medo se espalharia como uma mancha por aquela casa.
A porta se abriu devagar, revelando uma mulher de expressão cansada. Assim que seus olhos encontraram os meus, o pavor se tornou evidente. Isso me proporcionou uma satisfação fria.
— Podemos entrar, querida? — Perguntei suavemente, minha voz como seda, mas carregada de ameaça.
Ela tentou falar, mas nenhum som saiu. Apenas ficou ali, congelada. De dentro da casa, ouvi a voz do marido.
— Quem está na porta?
Sem esperar resposta, dei um passo à frente, obrigando-a a recuar. Ela tropeçou e caiu no chão. Entrei na casa, sentindo o poder que exercia sobre essas pessoas. Jack me seguiu de perto.
O marido, reconhecendo minha figura imediatamente, se levantou apressado. Seus olhos, cheios de pânico, fixaram-se em mim enquanto gaguejava.
— S-Senhor Castellano?
Não respondi. Apenas caminhei até o sofá e me sentei como um rei, cruzando as pernas com calma, intensificando o terror no ar. Retirei um cigarro do paletó e Jack, sempre atento, acendeu para mim. Traguei lentamente, deixando a fumaça escapar enquanto observava o casal.
O silêncio na sala era pesado, apenas interrompido pela respiração trêmula deles e o crepitar do cigarro. Descruzei as pernas e depois cruzei novamente, um movimento calculado. O casal Carter se ajoelhou na minha frente, um gesto de submissão desesperada. Permiti um momento para apreciar isso antes de falar, minha voz suave, mas carregada de autoridade.
— Vocês sabem por que estou aqui. — Soltei a fumaça lentamente. — Não quero mal-entendidos.
A tensão na sala era sufocante. O medo deles era quase palpável.
Charles, o marido, ergueu a cabeça com esforço, olhos marejados.
— S-Senhor Castellano... p-por favor... ainda não temos o dinheiro. Eu... eu estou procurando trabalho... para pagar o mais rápido possível... — Engoliu seco, as mãos tremendo. — Só... só precisamos de mais alguns meses... p-por favor...
Uma gargalhada fria escapou dos meus lábios, ecoando pelo ambiente.
— Alguns meses? — Repeti, cheio de escárnio. — Dei um ano para me pagarem, Charles. Fui muito generoso porque... — Inclinei a cabeça, o sorriso cruel se aprofundando. — Gostei de vocês. Dei uma chance. E agora, vem me dizer que não tem dinheiro? Está brincando comigo?
— N-não, senhor... por favor... — Ele choramingou, soluçando. — Não estou brincando...
Levantei devagar, caminhando até ele. Passei a mão pelos cabelos, como se considerasse suas palavras. Então, meus olhos se estreitaram.
— Parece que terei que recuperar meu dinheiro de outra forma.
Antes que Charles pudesse responder, movi-me rápido, dando uma joelhada em seu rosto. O som do nariz quebrando ecoou pela sala. Ele gritou, as mãos voando para conter o sangue. Agarrei seu braço, torcendo-o até ouvir o estalo do osso se partindo. Seu grito reverberou pela casa, e apenas ri, um som macabro.
O choro da esposa fez minha irritação crescer. Bufei, caminhando até ela com passos firmes. Agarrei seus cabelos, puxando-a brutalmente para perto.
— Cala a boca. — Minha voz era fria e inescapável. — Sua voz me irrita.
Mas ela continuou chorando. Minha paciência se esgotou. Forcei sua cabeça contra o chão repetidamente, até o choro cessar e o sangue se espalhar. Soltei seu corpo inerte, o impacto reverberando pelo chão.
— Agora está melhor. — Sussurrei para mim mesmo.
Voltei para Charles, que se contorcia no chão. Abaixei-me, encarando-o com um sorriso falso.
— Você vai se juntar a ela. — Minha voz saiu baixa, quase reconfortante, como se estivesse oferecendo um alívio, mas o verdadeiro terror estava no fato de que minhas palavras não eram uma ameaça, e sim uma sentença já decretada.
Charles arregalou os olhos, a expressão tomada por um terror esmagador. O desespero transformou-se em raiva, e ele gritou, a voz carregada de ódio e impotência.
— Seu monstro!
Soltei uma risada fria, cortante como uma lâmina.
— Eu sei.
Antes que pudesse reagir, agarrei seu pescoço com uma mão, sentindo sua pele quente e suada contra meus dedos. Pressionei com força, esmagando lentamente sua traqueia. Os olhos dele reviraram, o corpo debatendo-se em um último esforço patético para sobreviver. Com um movimento brusco, torci seu pescoço. O estalo ecoou pela sala como um trovão abafado.
O corpo dele caiu ao lado da esposa, sem vida, sem valor. Observei a cena por um instante, como um artista admirando sua obra-prima. O sangue formava poças sob seus corpos, uma moldura perfeita para minha punição.
Jack permaneceu impassível, como sempre. Ele já havia visto isso inúmeras vezes.
— Mande alguém recolher os corpos. Usem o que puderem para o mercado. — Ordenei.
Jack acenou com a cabeça, sacando o rádio do paletó para transmitir as instruções. Sua voz permaneceu fria, profissional.
— Vamos. Ainda temos mais uma dívida para cobrar. — Olhei para os cadáveres uma última vez antes de sair. O peso do sangue impregnava minhas roupas, o cheiro ferroso misturando-se ao ar viciado da casa.
Jack abriu a porta do carro para mim e entrei sem pressa, ajustando o paletó enquanto ele assumia o volante.
No interior do carro, peguei um lenço limpo e comecei a limpar os vestígios da noite em minhas mãos, o tecido branco absorvendo os resquícios do que acabara de fazer.
— Leandro Cooper está na balada principal esta noite. — Jack informou, sua voz firme enquanto dirigia pela cidade. — Nossos homens já receberam ordens para levá-lo à sala VIP.
Assenti com um leve aceno, um sorriso satisfeito surgindo em meus lábios.
— Perfeito. Vamos ensiná-lo o verdadeiro significado da palavra dívida.
A noite ainda estava longe de terminar.
Dominic Castellano.21:40 - Balada - Castellano City.Sexta-Feira.O caminho até a balada foi mais longo do que o esperado. O trânsito caótico nos forçou a parar em certos momentos, mas isso não abalou minha paciência. O silêncio dentro do carro era preenchido apenas pelos ruídos externos e pelos meus pensamentos sombrios, antecipando o próximo encontro.Após alguns minutos, Jack encostou o carro em uma rua lateral para pegar Sérgio. Ele entrou rapidamente, ajustando-se no assento da frente sem dizer uma palavra. Sempre eficiente, entendia que agora não era hora para conversas desnecessárias.Seguimos em direção à balada. À medida que nos aproximávamos, o ambiente se transformava: as luzes vibrantes piscavam ao longe e o som da música reverberava nas paredes. Jack estacionou com precisão na entrada lateral, uma área reservada para nossa equipe.Ele saiu primeiro, abrindo a porta para mim com a mesma precisão de sempre.— Já pegaram o Cooper. Ele está aguardando. — Informou, a voz firm
Asher Bennett.21:15 - Balada - Castellano City.Sexta-Feira.O táxi parou na frente da balada e, assim que descemos, minha expressão se contorceu ao ver o tamanho da fila.— Isso vai demorar. — Murmurei, olhando para o Nick, que parecia ainda mais nervoso ao encarar o grande número de pessoas.— Acho que dá tempo de voltarmos e assistirmos um filme. — Ele brincou, mas apenas revirei os olhos.Foi então que avistei Liam e os outros no meio da fila, acenando com as mãos.— Nick, eles estão ali. Vamos. — Falei, puxando-o pelo braço, enquanto cortávamos caminho entre as pessoas. Algumas reclamaram baixinho, mas não dei atenção.Chegamos aos meus amigos, e Liam abriu um sorriso largo.— Até que enfim! E dizem que quem sempre chega atrasado sou eu. — Ele brincou, colocando as mãos na cintura com um tom exagerado de acusação.— Engraçadinho. — Respondi, empurrando-o de leve no ombro, arrancando risadas dele.Notei que Sophia estava estranhamente quieta, seus olhos fixos em Nick. Um sorriso
Asher Bennett.O som dos meus passos ecoava alto, apesar da tentativa de correr silenciosamente. A escuridão ao redor era sufocante, iluminada apenas pelas luzes piscantes dos postes quebrados. Meu peito ardia, o coração disparado, enquanto os passos pesados atrás de mim se aproximavam cada vez mais.Eu sabia quem era. Não precisava olhar para trás. Aqueles olhos negros, frios como a própria morte, estavam cravados em minha mente. Ele estava me caçando.— Corre, Sojung. — A voz dele era grave, carregada de uma ameaça sombria.Tropecei em uma pedra e caí de joelhos no chão áspero. Tentei me levantar, mas meu corpo parecia travado pelo medo. Antes que pudesse reagir, uma mão forte agarrou meu ombro com brutalidade, seu toque gélido penetrando minha pele.— Não há escapatória. — Murmurou no meu ouvido, e um calafrio percorreu minha espinha.Meus olhos se arregalaram e, quando me virei, esperando encarar a morte, tudo mudou.Subitamente, não estava mais fugindo. O ambiente ao redor se tra
Dominic Castellano.10:50 - Mansão do Dominic - Castellano City.Cinco dias depois. Quarta-Feira.Foram cinco longos dias desde que meus olhos encontraram aqueles castanhos claros, cheios de pavor. Desde que senti a pele quente e trêmula sob meus dedos. Desde que ouvi sua voz falha, implorando por sua vida.E, nesses cinco dias, minha paciência tem sido testada de todas as formas possíveis.As operações de drogas exigiram minha atenção constante, as importações e distribuições de armas precisavam de ajustes, e as casas de prostituição resolveram criar problemas, achando que tinham direito a algo além do que eu permito. Mantive-me ocupado, lidando com cada questão, controlando cada detalhe, porque nada nesse maldito país acontece sem que eu saiba.Mas, mesmo com todas essas distrações, minha mente sempre voltava para ele.Asher Bennett.Seu rosto tem me assombrado como uma droga viciante, impossível de ignorar. Nunca, em toda a minha vida, senti essa atração incontrolável. O fato de s
Asher Bennett.11:51 - Lanchonete- Castellano City.Quarta-Feira.O pano úmido deslizava sobre a superfície das mesas, limpando os últimos vestígios de migalhas do turno da manhã. O relógio na parede marcava poucos minutos para o meio-dia, e logo fecharíamos para o intervalo de almoço.Mesmo assim, minha mente estava longe dali.Por mais que repetisse inúmeras vezes que aquele homem não me encontraria, que tudo ficou no passado, o medo rastejava dentro de mim, corroendo pouco a pouco.Cada vez que alguém entrava pela porta da lanchonete, sentia o peito apertar e o corpo entrar em alerta. As mãos suavam, o coração disparava, e eu precisava de alguns segundos para lembrar que era apenas mais um cliente qualquer… e não ele.Mas o pior não era o medo.O pior era a lembrança.Aqueles olhos negros, frios e penetrantes. Mesmo com o terror correndo em minhas veias, havia algo profundamente perturbador naquela imagem. Meu corpo se lembrava do toque firme em meu maxilar, da voz grave chamando-m
Asher Bennett.Apertei as mãos contra a calça, suando frio. O pânico rastejava dentro de mim como uma serpente apertando meu peito.A voz saiu trêmula, mal conseguindo formar palavras coerentes.— V-Vai me matar? — Gaguejei, a garganta seca. — Eu juro… J-Juro que não contei nada a ninguém…Senti as lágrimas se formarem, o desespero tomando conta. Antes que pudesse processar qualquer coisa, uma mão firme agarrou meu maxilar.Engoli em seco, o coração martelando contra as costelas.Minha pele arrepiou ao perceber que ele havia retirado a luva. A mão quente e firme contrastava com o frio que me envolvia por dentro.Levantei os olhos lentamente, encontrando os dele. Negros, intensos, despindo-me camada por camada, sem piedade.Ele sorriu de leve, um sorriso sem qualquer traço de conforto.— Matar você? — A voz saiu suave, mas carregada de algo perigoso. — Está enganado, meu Sojung.Meu estômago revirou ao ouvi-lo dizer aquilo com tanta posse.— O motivo de eu estar aqui é para convidá-lo
Dominic Castellano.Assim que Asher saiu do carro, Jack e Sérgio entraram silenciosamente, fechando as portas com um clique suave. Jack não perdeu tempo e deu a partida, afastando-se calmamente da lanchonete.Senti seus olhares sobre mim, discretos, mas curiosos. No entanto, não me dei ao trabalho de oferecer explicações. Eles não precisavam saber de porra nenhuma.Peguei um cigarro do bolso interno do paletó e o acendi, tragando profundamente enquanto encostava a cabeça contra o couro macio do assento. A fumaça encheu meus pulmões, trazendo uma ilusão passageira de controle.Mas minha mente estava longe.Por que diabos eu disse meu verdadeiro nome para ele?Soltei a fumaça lentamente, observando-a se dissipar no ar. Não fazia sentido. Ninguém, além dos meus homens mais próximos, sabia meu nome real. Nunca permiti que me chamassem de outro nome além de Dominic Castellano. Um título herdado, forjado em sangue e medo, imposto pelo velho bastardo que um dia governou esta cidade com punho
Dominic Castellano.18:50 - Mansão de Dominic - Castellano CityO carro deslizou silenciosamente pelos portões imponentes da mansão, adentrando a longa alameda iluminada que levava à entrada principal. As luzes suaves projetavam sombras contra as paredes de pedra, destacando os detalhes da arquitetura clássica misturada ao moderno.Traguei lentamente o cigarro, deixando a fumaça escapar pelos lábios. Meus olhos acompanharam o movimento familiar dos serviçais apressados, assumindo suas posições antes mesmo de minha chegada.Assim que o carro parou, Sérgio saiu rapidamente e abriu a porta para mim.Joguei o cigarro fora antes de sair, ajustando o sobretudo, e caminhei em direção à entrada.O mordomo já me aguardava, postura impecável, olhos baixos. Como deveria ser.— O jantar será servido às oito horas, meu senhor. As cozinheiras já estão preparando os pratos conforme suas instruções. O vinho escolhido foi o Chateau Margaux, e a mesa está sendo montada com porcelanas italianas.Sua voz