Dominic Castellano.
18:50 - Cassino - Castellano City.
Sexta-Feira.
Coloco a camisa preta, abotoando-a com uma calma que contrasta brutalmente com o caos que acabara de ocorrer no quarto. O corpo sem vida da mulher está estendido sobre os lençóis amarrotados, os olhos ainda abertos em um terror congelado. A outra está encolhida no canto da cama, soluçando, tremendo como uma folha ao vento.
Pego a gravata, ajustando-a ao redor do colarinho com um movimento rápido e preciso. Sem desviar o olhar, lanço um maço de notas sobre a cama, espalhando-as ao redor dela.
— Se sua amiga não tivesse gritado tanto, ainda estaria viva. — Digo, com frieza cortante. Meu tom é implacável, sem vestígio de arrependimento ou empatia.
Ela soluça ainda mais alto, mas já perdi o interesse nela.
Com os últimos ajustes na roupa feitos, caminho até a porta, deixando para trás o som abafado de seus lamentos. No corredor, dois dos meus seguranças pessoais, fiéis escudeiros, estão de guarda, as expressões impassíveis como de costume.
Não trocamos palavras. Eles sabem que a missão deles é proteger, não perguntar.
Começo a andar pelo corredor do cassino, o som dos sapatos ressoando sobre o mármore polido. O ambiente está repleto do burburinho de apostas, risadas falsas e o tilintar de fichas.
Meu nome é Kim Taehyung, mas aqui, sou conhecido como Dominic Castellano. Um nome herdado do antigo líder da máfia Castellano. Tenho quarenta anos e sou asiático, mais especificamente, coreano. Com 2 metros e 15 centímetros de altura, minha presença é imponente, como se o próprio ar ao meu redor recuasse diante de mim. Nasci na Coreia do Sul, filho de pais que não mereciam o título. Viciados em drogas, me venderam para saciar seus próprios demônios. Felizmente ou infelizmente, fui colocado sob a tutela de Marcos Castellano, o antigo líder da máfia, de quem herdei o império.
A jornada para chegar onde estou hoje foi uma batalha constante. Cada dia era uma luta pela sobrevivência, matar ou ser morto. Meus companheiros eram tanto inimigos quanto aliados, e o único objetivo era continuar de pé. Meu corpo carrega as marcas dessa vida, cicatrizes que contam histórias de traição e violência.
Há dez anos, cobri essas cicatrizes com tatuagens. Minhas costas são dominadas por um enorme dragão dourado, símbolo de poder e resiliência. Nos braços, caveiras se entrelaçam, lembrança constante da morte que me cercou. No peito, uma águia em pleno voo, asas abertas como se estivesse prestes a atacar, um lembrete de que estou sempre pronto para lutar.
Não me importo com nada além do meu império. Este país é meu, cada rua, cada prédio, cada alma que respira sob meu domínio. Castellano City não é apenas um nome, é um legado construído com sangue e ferro. Nunca me apaixonei, nunca me deixei enfraquecer por algo tão inútil quanto o amor. Sentimentos são uma fraqueza, uma distração que não posso permitir.
Cinco anos atrás, um tolo na Itália tentou desafiar meu domínio. O líder da máfia italiana se deixou levar pelo amor por uma mulher fraca. Que erro patético. Sequestrá-la foi fácil, e o que veio depois foi apenas uma lição. Mantive-a cativa, a violentando por semanas, quebrando cada vestígio de esperança até que não restasse nada. Quando a matei diante dos olhos do líder, ele implorou por misericórdia que não veio.
A guerra que seguiu foi intensa, mas previsível. Durante três semanas, meu império e a Itália estavam em chamas. No final, fui eu quem ficou de pé. A máfia italiana agora me pertence, um troféu da minha vitória. Não há espaço para erros no meu mundo, e o amor é o maior de todos.
Sou arrancado dos pensamentos por uma gritaria que corta o ar pesado do cassino como uma lâmina. Me viro lentamente, os olhos caindo sobre a fonte do distúrbio: um homem furioso, provavelmente um jogador azarado que perdeu mais do que podia. Ele gesticula violentamente, as fichas espalhadas pelo chão, e seus gritos ecoam pelo ambiente.
— Eu não perdi tudo isso! Vocês estão me roubando! Quero meu dinheiro de volta! — Sua voz é áspera, carregada de desespero e raiva.
Caminho em sua direção, minha presença imponente silenciando parcialmente os murmúrios ao redor. Cada passo meu é uma promessa silenciosa de que o caos que ele está semeando terá consequências.
— Algum problema por aqui? — Pergunto, minha voz calma, mas cortante, sugerindo que a paciência é limitada.
O homem se vira para me encarar, os olhos dilatados de fúria. Sem hesitar, avança, o dedo indicador apontado diretamente para meu peito.
— Você é o dono desse maldito lugar? Quero meu dinheiro, seu filho da puta! — Ele cospe as palavras como se fossem veneno.
— Sim, sou o dono. — Respondo com um sorriso gélido. — E você está com muito mais problemas do que imagina.
Antes que ele possa continuar, minha mão se move rápido, um tapa certeiro atinge sua bochecha com a força de um trovão. O impacto o j**a no chão, o nariz já começa a sangrar, mas não dou a ele o luxo da recuperação. Agarro seu cabelo, forçando-o a olhar para mim, o rosto agora é uma máscara de medo e dor.
— Quer seu dinheiro de volta? — Pergunto, sem piedade. — Muito bem.
Sem esperar resposta, levanto seu corpo parcialmente e começo a bater seu rosto contra a mesa de apostas com força implacável. O som surdo do osso contra a madeira ecoa, acompanhando o ritmo frenético do meu movimento. Os outros jogadores e funcionários olham, mas ninguém ousa intervir.
Finalmente, solto o homem, seu corpo inerte desaba no chão. Sua respiração é irregular, mas ele continua vivo, para meu desgosto.
— Tenho que te agradecer. — Sorrio, um gesto cruel que não chega aos olhos. — Seus órgãos vão render um bom dinheiro no mercado negro.
Sem pressa, levanto o pé e piso em seu rosto, esmagando o que resta de sua dignidade e, talvez, sua vida. Suspiro ao olhar para o sangue que mancha meus sapatos.
— Sujou meu sapato. — Resmungo enquanto tiro a carteira de cigarros do paletó.
Sérgio, meu fiel segurança, se aproxima silenciosamente com um isqueiro, acendendo meu cigarro. Dou uma longa tragada, deixando a fumaça preencher meus pulmões e acalmar meu sangue fervente.
— Você já sabe o que fazer, Sérgio. — Digo com um aceno de cabeça.
— Sim, senhor. — Ele responde com a eficiência de quem já fez isso muitas vezes antes.
Levanto a cabeça, deixando os olhos vagarem pelo cassino. Cada olhar que encontro está cheio de medo e horror. A cena que acabei de fazer está gravada nas mentes deles, o sangue no chão, uma lembrança clara do que acontece com aqueles que acham que podem me desafiar.
Dou um passo à frente, permitindo que meus olhos varram a multidão. O silêncio é tão pesado que quase posso ouvi-los respirando, esperando, temendo o que pode vir a seguir. Então, esboço um sorriso lento, um que faz o frio correr pela espinha de todos ao meu redor.
— Podem voltar ao jogo. — Digo calmamente, minha voz carregada de uma tranquilidade que é mais assustadora do que qualquer grito. — Apenas me ignorem.
A tensão no ar é palpável enquanto todos ao redor desviam rapidamente os olhos, alguns tentando esconder o tremor nas mãos enquanto retornam às suas mesas de apostas. O som das fichas se movendo e das cartas sendo distribuídas volta lentamente, mas o medo permanece. Eles sabem que o que viram hoje é um lembrete do poder absoluto que detenho.
Sérgio já está lidando com o corpo, eficiente como sempre. Dou mais uma tragada no cigarro, deixando a fumaça escapar lentamente enquanto saboreio o controle absoluto que exerço neste lugar.
Enquanto o ambiente volta gradualmente ao normal, Jack, outro dos meus fiéis seguranças, se aproxima com a postura de quem sabe que cada palavra precisa ser cuidadosamente escolhida.
— Meu senhor, hoje é o dia do pagamento da família Carter e do senhor Leandro Cooper. — Ele informa, a voz firme, mas respeitosa.
Um sorriso sem calor se forma nos meus lábios. Apago o cigarro no cinzeiro mais próximo, as cinzas caindo lentamente. Me viro para encará-lo, os olhos estreitados, brilhando com antecipação cruel.
— Vamos. — Digo, a voz carregada de satisfação sombria. — Faz tempo que eu mesmo não faço a cobrança.
Jack acena brevemente, compreendendo perfeitamente o que isso significa. A mera ideia de eu lidar pessoalmente com as cobranças já deve estar fazendo os Carter e Leandro Cooper tremerem, mesmo sem saberem o que está por vir. Dou um passo à frente, um sorriso perverso se espalhando no rosto, sentindo a expectativa de causar dor pulsar dentro de mim, quase incontrolável.
Mal posso esperar para machucar alguém. É delicioso ver o medo nos olhos das pessoas, ouvir seus gritos enquanto imploram por misericórdia que nunca virá. E hoje, sei que ninguém terá dinheiro para me pagar. Mesmo que tivessem, ainda assim eu teria o prazer de fazê-los sofrer.
A cruel satisfação de saber que o medo deles será real, que seus gritos ecoarão sem resposta, aquece meu sangue. Gosto de matar. Não sinto pena, remorso ou empatia. Para mim, matar é uma arte, um prazer indescritível. Não importa se é homem ou mulher, jovem ou velho. A morte, especialmente quando administrada da pior maneira possível, é um poder que poucos podem compreender. E eu vivo por isso.
Ver a vida se esvair de alguém, testemunhar o terror em seus olhos enquanto sua última esperança se desfaz, é um tipo de controle absoluto que me alimenta. E hoje, estou com fome.
Dominic Castellano.19:50 - Castellano City.Sexta-Feira.O carro preto reluzente estava estacionado na entrada do cassino. Jack abriu a porta traseira para mim, entrei sem pressa, ajustando meu terno enquanto ele contornava o veículo para assumir o lugar de motorista.A porta fechou suavemente, abafando os sons do cassino. No interior do carro, o silêncio era uma presença quase tangível, apenas interrompido pelo som do motor que rugia suavemente quando Jack engatou a marcha e começou a dirigir em direção à casa dos Carter.— Relatórios, Jack. — Minha voz soou fria, autoritária, cortando o silêncio como uma lâmina.Jack assentiu, os olhos fixos na estrada, mas sua mente claramente trabalhando rápido para compilar as informações necessárias.— O tráfico de drogas está fluindo bem, senhor. As importações estão dentro do cronograma. Conseguimos passar a última remessa sem problemas nas fronteiras, graças aos contatos que temos nos portos. A distribuição local também está eficiente. Nosso
Dominic Castellano.21:40 - Balada - Castellano City.Sexta-Feira.O caminho até a balada foi mais longo do que o esperado. O trânsito caótico nos forçou a parar em certos momentos, mas isso não abalou minha paciência. O silêncio dentro do carro era preenchido apenas pelos ruídos externos e pelos meus pensamentos sombrios, antecipando o próximo encontro.Após alguns minutos, Jack encostou o carro em uma rua lateral para pegar Sérgio. Ele entrou rapidamente, ajustando-se no assento da frente sem dizer uma palavra. Sempre eficiente, entendia que agora não era hora para conversas desnecessárias.Seguimos em direção à balada. À medida que nos aproximávamos, o ambiente se transformava: as luzes vibrantes piscavam ao longe e o som da música reverberava nas paredes. Jack estacionou com precisão na entrada lateral, uma área reservada para nossa equipe.Ele saiu primeiro, abrindo a porta para mim com a mesma precisão de sempre.— Já pegaram o Cooper. Ele está aguardando. — Informou, a voz firm
Asher Bennett.21:15 - Balada - Castellano City.Sexta-Feira.O táxi parou na frente da balada e, assim que descemos, minha expressão se contorceu ao ver o tamanho da fila.— Isso vai demorar. — Murmurei, olhando para o Nick, que parecia ainda mais nervoso ao encarar o grande número de pessoas.— Acho que dá tempo de voltarmos e assistirmos um filme. — Ele brincou, mas apenas revirei os olhos.Foi então que avistei Liam e os outros no meio da fila, acenando com as mãos.— Nick, eles estão ali. Vamos. — Falei, puxando-o pelo braço, enquanto cortávamos caminho entre as pessoas. Algumas reclamaram baixinho, mas não dei atenção.Chegamos aos meus amigos, e Liam abriu um sorriso largo.— Até que enfim! E dizem que quem sempre chega atrasado sou eu. — Ele brincou, colocando as mãos na cintura com um tom exagerado de acusação.— Engraçadinho. — Respondi, empurrando-o de leve no ombro, arrancando risadas dele.Notei que Sophia estava estranhamente quieta, seus olhos fixos em Nick. Um sorriso
Asher Bennett.O som dos meus passos ecoava alto, apesar da tentativa de correr silenciosamente. A escuridão ao redor era sufocante, iluminada apenas pelas luzes piscantes dos postes quebrados. Meu peito ardia, o coração disparado, enquanto os passos pesados atrás de mim se aproximavam cada vez mais.Eu sabia quem era. Não precisava olhar para trás. Aqueles olhos negros, frios como a própria morte, estavam cravados em minha mente. Ele estava me caçando.— Corre, Sojung. — A voz dele era grave, carregada de uma ameaça sombria.Tropecei em uma pedra e caí de joelhos no chão áspero. Tentei me levantar, mas meu corpo parecia travado pelo medo. Antes que pudesse reagir, uma mão forte agarrou meu ombro com brutalidade, seu toque gélido penetrando minha pele.— Não há escapatória. — Murmurou no meu ouvido, e um calafrio percorreu minha espinha.Meus olhos se arregalaram e, quando me virei, esperando encarar a morte, tudo mudou.Subitamente, não estava mais fugindo. O ambiente ao redor se tra
Dominic Castellano.10:50 - Mansão do Dominic - Castellano City.Cinco dias depois. Quarta-Feira.Foram cinco longos dias desde que meus olhos encontraram aqueles castanhos claros, cheios de pavor. Desde que senti a pele quente e trêmula sob meus dedos. Desde que ouvi sua voz falha, implorando por sua vida.E, nesses cinco dias, minha paciência tem sido testada de todas as formas possíveis.As operações de drogas exigiram minha atenção constante, as importações e distribuições de armas precisavam de ajustes, e as casas de prostituição resolveram criar problemas, achando que tinham direito a algo além do que eu permito. Mantive-me ocupado, lidando com cada questão, controlando cada detalhe, porque nada nesse maldito país acontece sem que eu saiba.Mas, mesmo com todas essas distrações, minha mente sempre voltava para ele.Asher Bennett.Seu rosto tem me assombrado como uma droga viciante, impossível de ignorar. Nunca, em toda a minha vida, senti essa atração incontrolável. O fato de s
Asher Bennett.11:51 - Lanchonete- Castellano City.Quarta-Feira.O pano úmido deslizava sobre a superfície das mesas, limpando os últimos vestígios de migalhas do turno da manhã. O relógio na parede marcava poucos minutos para o meio-dia, e logo fecharíamos para o intervalo de almoço.Mesmo assim, minha mente estava longe dali.Por mais que repetisse inúmeras vezes que aquele homem não me encontraria, que tudo ficou no passado, o medo rastejava dentro de mim, corroendo pouco a pouco.Cada vez que alguém entrava pela porta da lanchonete, sentia o peito apertar e o corpo entrar em alerta. As mãos suavam, o coração disparava, e eu precisava de alguns segundos para lembrar que era apenas mais um cliente qualquer… e não ele.Mas o pior não era o medo.O pior era a lembrança.Aqueles olhos negros, frios e penetrantes. Mesmo com o terror correndo em minhas veias, havia algo profundamente perturbador naquela imagem. Meu corpo se lembrava do toque firme em meu maxilar, da voz grave chamando-m
Asher Bennett.Apertei as mãos contra a calça, suando frio. O pânico rastejava dentro de mim como uma serpente apertando meu peito.A voz saiu trêmula, mal conseguindo formar palavras coerentes.— V-Vai me matar? — Gaguejei, a garganta seca. — Eu juro… J-Juro que não contei nada a ninguém…Senti as lágrimas se formarem, o desespero tomando conta. Antes que pudesse processar qualquer coisa, uma mão firme agarrou meu maxilar.Engoli em seco, o coração martelando contra as costelas.Minha pele arrepiou ao perceber que ele havia retirado a luva. A mão quente e firme contrastava com o frio que me envolvia por dentro.Levantei os olhos lentamente, encontrando os dele. Negros, intensos, despindo-me camada por camada, sem piedade.Ele sorriu de leve, um sorriso sem qualquer traço de conforto.— Matar você? — A voz saiu suave, mas carregada de algo perigoso. — Está enganado, meu Sojung.Meu estômago revirou ao ouvi-lo dizer aquilo com tanta posse.— O motivo de eu estar aqui é para convidá-lo
Dominic Castellano.Assim que Asher saiu do carro, Jack e Sérgio entraram silenciosamente, fechando as portas com um clique suave. Jack não perdeu tempo e deu a partida, afastando-se calmamente da lanchonete.Senti seus olhares sobre mim, discretos, mas curiosos. No entanto, não me dei ao trabalho de oferecer explicações. Eles não precisavam saber de porra nenhuma.Peguei um cigarro do bolso interno do paletó e o acendi, tragando profundamente enquanto encostava a cabeça contra o couro macio do assento. A fumaça encheu meus pulmões, trazendo uma ilusão passageira de controle.Mas minha mente estava longe.Por que diabos eu disse meu verdadeiro nome para ele?Soltei a fumaça lentamente, observando-a se dissipar no ar. Não fazia sentido. Ninguém, além dos meus homens mais próximos, sabia meu nome real. Nunca permiti que me chamassem de outro nome além de Dominic Castellano. Um título herdado, forjado em sangue e medo, imposto pelo velho bastardo que um dia governou esta cidade com punho