Capítulo 05

Pousamos em um heliporto a 5 minutos da casa que ela estava, roubamos dois carros e seguimos para o endereço.

Passamos pelo pequeno corredor em silêncio, Estevão foi o que ficou no carro nos escoltando, eu sabia exatamente qual a casa que ela estava, por que os gritos dela dava pra ouvir da rua, o pior é que os vizinhos filhos da puta não faziam nada.

Paro na frente da porta de onde vem os gritos e olhando para Nick e Breno faço gesto com a mão contando até três...

1...2...3

Arrombamos a porta e entramos já apontando a arma para o filho da puta que tem seu membro pra fora das calças e tenta colocar na boca da menina, que esta toda machucada e com a cabeça sangrando.

O filho da puta tenta apontar a arma em nossa direção, mas assim que ouve o gatilho da minha arma j**a a dele no chão e levanta os braços.

— Quem... Quem são vocês?

Ele pergunta gaguejando.

— Seu pesadelo, filho da puta! Quero ele na minha comunidade e vivo!

Digo já indo pegar Ju, que me olha com os olhos quase se fechando.

Pego ela de pressa no colo e a mesma mesmo sem me conhecer envolve seus braços em meu pescoço e se aninha em meu peito.

Sinto um frio na espinha na hora, mas tento por de lado aquela sensação estranha e corro pra fora de casa com ela em meus braços.

— E agora, o que faremos? Ela precisa de cuidados médicos.

Estevam diz ligando o carro.

— Vamos pro heliporto, cuido dela na comunidade, ela não tem ferimentos que coloque a vida dela em risco.

Digo.

— E esse corte na cabeça dela, sheik?

Breno pergunta.

— Eu sei o que estou fazendo marreta!

Digo rude o chamando pelo o apelido e ele levanta a mão em rendição.

— E o péla saco, o que fazemos?

— Eu ia levar ele para minha comunidade e dá um ótimo tratamento a ele, mas não vai caber no helicóptero, então quero que prenda ele na casa e coloque fogo em tudo, até nas outras quitinetes, quem sair saiu, quem não sair foda-se!

Tudo pau no cú, ouviram a garota gritar e não fizeram nada!

Digo batendo no ombro de Estevão pedindo para que ele siga para o heliporto.

...

Estou no postinho, ela já está na sala com o médico tem uma hora e eu estou no lado de fora nervosão.

Mil coisas na minha cabeça e quando eu estava preparado para invadir a sala o médico aparece.

— Sheik, a menina foi brutalmente agredida, tem muitos hematomas e um corte significativo na cabeça que já foi suturado com oito pontos, mas apesar de tudo que ela passou e na medida do possível ela está bem, não vai ficar com sequelas físicas.

— Graças a Deus... Digo soltando o ar. — Ela foi...

Minha maior preocupação era ele ter violentado ela, já que o mesmo estava com o pau pra fora na hora que invadi a casa.

— Não! Fica tranquilo, ele não há violentou, uma médica fez os exames necessários e constatou que ela ainda é virgem.

Me sinto mais aliviado com a situação e chocado ao mesmo tempo por ela ser virgem, isso significa que de fato ela é menor de idade.

— Ótima notícias dr, posso vê-la?

Peço.

— Claro! Ela está medicada e só deve acordar amanhã, mas você pode ficar com ela.

Agradeço ao médico apertando sua mão e entro no quarto, ela está deitada na maca, seu corpo é coberto por um avental hospitalar, sua cabeça está enfaixada, seu rosto tem um pequeno machucado no canto da boca e um roxo abaixo dos olhos.

Agora com calma posso reparar os detalhes dela, branca, cabelo castanho claro liso, cara de patricinha e acho que tem entre 14 e 15 anos de idade, os pais dela devem estar doidos.

Me sento na poltrona que tem ao lado da cama dela e fico alí velando seu sono, agora em paz.

Não sei que horas eu peguei no sono, mas acordei com a sensação de que alguém está me olhando... Abro os olhos rápido e vejo ela me encarando, ela ainda está deitada, mas está de lado, de frente pra mim.

— Então você acordou?

Digo me desencostando da poltrona.

— Você é o cara do telefone?

Sua voz é baixa.

— Em carne e osso! Respondo com um leve sorriso.

— Por que?

Ela pergunta com a sobrancelha franzida.

— Por que eu te ajudei?

Pergunto me certificando de que era isso que ela queria saber.

— Sim... Você não me conhecia, nem sabia se era verdade o que eu estava falando...

— Também não sei o motivo, só sei que pensei na minha filha e que poderia ser ela na sua situação... Sua voz não escondia a sua idade.

— Que idade?

Ela pergunta.

— 14-15?

Ela rir e balança a cabeça negativamente.

— 17, quase 18... Faço semana que vem.

Ela ainda continua na mesma posição e quando vai se mexer faz uma cara feia e resmunga baixo.

Me levanto correndo e ajudo ela a se encostar na cabeceira da cama que levantei.

— Cuidado...

Digo ajeitando seu travesseiro.

— Então você tem filhos...

Ela diz me encarando nos olhos e fico desconcertado, ela era linda, toda delicada, tem uma boca carnuda e vermelha, mas é só uma menina com olhar triste.

Me recomponho e respondo.

— Uma menina... 10 anos, Lua o nome dela.

Ela sorrir.

— Nome bonito... Sua esposa tem bom gosto.

Quando ela toca na palavra “esposa” eu simplesmente perco a fala, eu não sei o motivo, só sei que não queria que ela soubesse que eu não tenho só uma esposa e sim três.

— Vamos falar de você. Mudo o foco do assunto. — O médico vai te dá alta hoje e você precisa ligar para os seus pais virem te buscar.

Vejo a cara dela mudar, ela desvia seu olhar do meu e eu sendo um cara experiente do jeito que sou pesco mais b.o no ar.

— Não tenho mãe e não quero que meu pai saiba de nada.

Sua voz é um pouco brava.

— Okay e seu irmão? O tal que você ligou errado.

— Meu irmão é cheio de problemas, não vou ser mais um pra ele.

— Ju, presta atenção... Você é menor de idade, está fora de casa há alguns dias, eles devem está preocupados.

— Eu sei... Você tem um telefone pra me emprestar? Eu vou ligar, aviso que estou bem e que mais tarde vou pra casa...

— Eu tenho um telefone, mas não posso deixar você ir sozinha, eles tem que vir te buscar.

Digo tentando ser o mais calmo possível.

Ela respira fundo e começa a falar...

— Aonde eu estou?

— Vigário geral!

Digo e vejo sua feição mudar, apesar de ser nova e patricinha, ela sabe onde fica vigário geral.

— Você mora aqui?

Vejo que sua voz é de preocupação, talvez.

— Sou o dono daqui!

Ela fica em silêncio por um tempo, posso ouvir as engrenagens da sua cabeça funcionar.

— Já que você é o dono, será que me deixaria morar aqui por um tempo?

Rio com sua inocência, apesar de achar ela meio doidinha.

— Em que casa? Você tem dinheiro para alugar uma casa e se manter? E esqueceu que você é menor? Sua família não vai permitir que você fique aqui nunca.

— Você tem razão! Que infantil sou eu! Eu... Eu vou ligar pro meu pai mais tarde e vou embora...

Ela respira fundo e fecha os olhos, vejo lágrimas escorrem de seus olhos e sinto um aperto no peito.

Volto a me encostar na poltrona, meu celular toca milhares de vezes, mais eu não atendo, são as mulheres da minha casa.

— Não vai atender?

Ela pergunta ainda de olhos fechados.

— Não é nada de importante.

Respondo olhando pro teto do quarto.

— Obrigado!

Ela diz.

— De nada!

Respondo.

Ela volta a me olhar e pergunta.

— Como me achou? E cadê o Marcell?

— Um amigo com um aplicativo e um notebook te achou e sobre o otário que fez isso com você, provavelmente essa hora está batendo um papo legal com o diabo, junto com aquele povo que morava naquele beco!

Falo sem olhar pra ela e só olho quando sua voz sai assustada.

— Você matou eles?

O olhar dela é arregalado.

— Mandei colocar fogo em tudo!

Digo simples.

— Meu Deus! A polícia vai te prender!

Ela diz chorosa e mais uma vez sorrio com sua inocência.

— Não só por isso!

Ela fica quieta e pensativa.

— Você me disse o seu nome? O médico ontem te chamou de sheik, mas sheik não é nome neh?

— Realmente não é, mas eu gosto de ser chamado assim.

Digo em um tom um pouco rude e ela sente isso, então se cala até o médico entrar na sala.

— Como você se sente, senhorita?

— Como se um ônibus tivesse passado em cima de mim.

Diz brincalhona, arrancando um sorriso do médico.

— Isso é normal e você vai ficar assim por um tempo, mas vai passar. A boa notícia é que você já pode ir pra casa e todas essas marcas vão sumir em 5/6 dias.

— Obrigado por tudo dr...

— Nada, menina... E se cuida tah?

Ela assente e o médico saí dizendo que vai mandar alguém trazer a alta dela.

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