Uma enfermeira entra na sala e tira o acesso do braço dela e já lhe entrega o papel com a alta e uma receita com remédios pra dor.
Ju tenta descer da cama, mas tem dificuldade por conta das dores, eu vou até ela ajudar. — Minhas roupas? Ela pergunta e eu vou até elas e as pego. — Eu pedi para trazerem roupas limpas para você, espero que dê. Entrego. — Obrigado... Você se importa em me ajudar? Ju ainda está muito debilitada e abaixar e levantar ainda é difícil pra ela. Mas eu fico desconcertado, já que vou ter que vê-la nua. — Sério? Questiono. — Você com certeza já viu várias mulheres nuas, uma a mais ou a menos não vai fazer diferença, neh? Sem contar que não tem nada de mais para você vê. Ela está com seus olhos grudados dos meus e eu depois de respirar fundo parecendo um boiolinha, aceito ajudá-la. Quando aquele roupão do hospital deslizou em câmera lenta pelo seu corpo, deixando amostra cada curva dela, minha boca chegou a salivar, eu tinha um desejo absurdo de toca-la, mas eu me reprimi. “Ela é uma criança, cara!” Foquei nas dezenas de marcas e roxos que tinha espalhado pelo seu corpo e consegui tirar esse pensamento doido de minha mente e só foquei em alimentar o ódio de saber que um desgraçado fez isso com ela. Depois dela vestida, ela me pede o telefone. Mas eu faço melhor... — Você disse que não queria pedir nada o seu pai, então vamos fazer assim, um segurança meu vai te levar de carro até sua casa, vai se certificar que você ficará bem e vai vir embora, que tal? Na verdade eu só queria saber onde ela morava. — Tudo bem... Ela diz meio triste. Era visível que ela não queria voltar pra casa, mas seja lá como é a relação dela com o pai, eu não ia me envolver, já fiz minha parte. Passo um rádio para Estevão e sem demorar ele chega. — Ela está sobre sua responsabilidade, leve-a em casa com segurança e só volte quando estiver certeza que ela está segura. Digo o encarando sério. — Pode deixar chefe! Ele responde firme. — Fica bem tá e se precisar de algo sabe onde me encontrar. Digo frente a frente com ela, que em um movimento rápido me abraça forte na cintura. — Obrigado, muito obrigado... Serei eternamente grata a você. Ela diz ainda agarrada a minha cintura e eu estou sem jeito, Estevão está me encarando e eu realmente não sei o que fazer, como agir. Ela se desgruda de mim e me encara de olhos lacrimejando, dá um leve sorriso e me dá as costas para entrar no carro, mas eu sinto um enorme vazio dentro de mim e uma péssima sensação, acho que o abraço dela me causava paz. Puxo ela pelo braço e desta vez sou eu que a abraço forte, encosto meu queixo em sua cabeça e fico assim por alguns minutos, depois dou um beijo em sua bochecha e digo: — Se cuida hein... — Pode deixar! Ela responde e entra no carro. Pow, maior parada estranha, vê a mina ir embora me deixou malzão, mas eu não podia cuidar de mais uma criança, sem contar que eu estava vendo ela com olhos diferente, me sentia um filho da puta pedófilo do caralho, ela era só uma criança! Foi melhor assim! Vejo o carro sair da comunidade e sigo pra casa, hoje não vou querer dormir com nenhuma das três, vou pro baile e vou dormir com outra qualquer, essas doidas me enlouquecem!Ju... O caminho até a minha casa foi em um absoluto silêncio, o tal do Estevão não falava nada e eu muito menos, já que estava perdida em meus pensamentos. Desde que Sheik me pegou no colo, me tirando daquela casa que sinto essa sensação boa de estar perto dele, é como se eu me sentisse protegida ao seu lado, o cheiro dele me acalmava, coisa de louco. Ter ele me abraçando e sentir ele beijar minha bochecha me fez arrepiar e juro que minha vontade era não ir embora, mas se ele como chefe não me deixou ficar, eu que não ia insistir, teria que enfrentar esse martilho de ter que voltar pra casa e o pior, ter que lhe dar com o meu pai e explicar toda essa merda. Parece loucura ter conhecido uma pessoa em tão pouco tempo e já se sentir assim, mas talvez seja só gratidão por ele ter me salvado ou até mesmo carência de afeto. — Puta que pariu! Ouço o tal Estevão xingar e saio dos meus pensamentos loucos. — O que foi? Pergunto de imediato, mas logo me dou conta da merda. Est
— Conta de novo! Já é a milésima vez que meu pai pede para eu contar o que aconteceu e eu simplesmente já estou cansada. Não menti em nada, preferi contar a verdade por que sei que meu pai era bom na hora de interrogar alguém e sem contar que meu padrinho estava ali e mais centenas de policiais, se eu mentisse eles saberiam, na verdade eu omiti algumas coisas. — Já disse mil vezes pai, eu conversava com um cara pela internet, o senhor já viu no notebook as conversas... Ele me achou, não sei como e me levou para Penedo a força. Lá eu tentei ligar pro João só que errei o número e um cara atendeu, ele me resgatou, cuidou de mim e pagou um Uber para me trazer aqui. — E quem é esse cara, onde ele te levou, qual hospital e o tal Marcell, cadê? Eram perguntas atrás de perguntas. — Eu não sei pra onde me levaram, eu tinha um corte na cabeça, desmaiei, acordei já em um quarto de hospital... Quando recebi alta, colocaram um capuz em mim, não vi aonde estava, tirei quando já estava no Uber
Três meses depois... Hoje é o dia mais esperado da minha vida, dia que completo meu tão esperado 18 anos, nesse tempo eu mudei um pouco e resolvi não ir morar com meu irmão, pelo menos não agora, eu ainda me sinto muito insegura, tenho a sensação de estar sendo sempre observada, por isso vou seguir minha rotina de sempre. Meu irmão estava casado, não ia ficar legal eu atrapalhar ele e a esposa e apesar da briga com meu pai, eu sei que ele me ama e eu não vou deixá-lo sozinho... Sim, eu tenho mágoa dele pelo que aconteceu com minha mãe, mas ainda sim ele era o meu pai e só tinha eu como parente mais próximo. Mas algumas coisas mudaram, tipo, eu estar na maré em um baile funk comemorando meu aniversário. Em outro momento meu pai jamais deixaria, mas nesse momento ele não teve opção, primeiro que já sou maior de idade e segundo que eu ameacei ir embora de vez. — Animada pro seu primeiro baile? Minha cunhada me abraça empolgada. — Sim. Digo sorrindo. Entro naquela quadra lotada, g
— Você aqui?Ele pergunta confuso, mas seu olhar está preso nos meus. — Em carne e osso!Respondo lembrando do que ele disse pra mim no hospital quando eu perguntei se ele era o cara do telefonema errado e parece que ele se lembra, por que rir. — O que faz aqui?Antes que eu respondesse meu irmão se aproxima e a loira que veio com ele também. — O que está acontecendo aqui? João pergunta sério. — É, o que está acontecendo? A loira retruca. — Eu... Eu conheci ele... Eu estou igual uma idiota gaguejando, não consigo formular uma palavra se quer, até que João entende tudo. — Puta que pariu, é ele?Meu irmão tem os olhos arregalados de surpresa e eu só respondo com um balançar de cabeça. — Eu o que? Vocês também se conhecem?Sheik questiona sem entender nada. — Porra irmão! João abraça Sheik. —Foi você que salvou minha irmã? Obrigado, cara! Sheik me olha com a testa franzida, a ficha dele custava a cair. — Vocês são irmãos? Ele pergunta embasbacado. —Posso saber o que está
Eu saí do baile e deixei ele lá e toda vez que eu fechava os olhos só vinha a cena dele quase transando com a loiruda.— Droga Ju, tira ele da cabeça! Isso é vergonhoso! Eu falava comigo mesma. Era vergonhoso eu imaginar ter qualquer coisa com ele, nunca que ele teria olhos pra mim, não com uma puta gostosa do seu lado. Acabo pegando no sono e quando acordo já dou de cara com uma caixa em cima da cama. Ainda deitada pego ela e abro, dentro tinha um iPhone, procuro um bilhete, mas não acho. Ligo o aparelho e vejo que já foi feita as configurações e inclusive tem o whatsapp instalado, entro no mesmo e lá tem uma única mensagem, de um único número salvo. Gatinho...“Problema resolvido, agora eu tenho seu número e você o meu” “Qualquer b.o é só me ligar.” Esboço um sorriso, ele salvou o contato dele como “gatinho” e de alguma forma conseguiu por esse presente aqui. Resolvo enviar uma mensagem. “Como conseguiu ter acesso ao meu quarto?” “Tenho meus meios” Ele responde rápido.
Apesar de ainda estar brava com ele, resolvo não entrar nessa briga.— Você não vai comigo? Ele ainda me encara. — Vou fazer o que lá Sheik? Vai dar dez da noite e vai ficar tarde para voltar. — Dorme lá ué! — Dormir aonde? Sua esposa já sabe disso? Pergunto em um tom debochado — Cara, você é minha amiga e ela tem que aceitar, então não se preocupe. Ouvir ele dizer com todas as letras que somos amigos deu uma pontada no meu peito, mas ele não mentiu, realmente não tínhamos nada além de uma “amizade”, se é que somos amigos mesmo. Resolvo não dizer nada, só dou as costas a ele e sigo para minha cama e me deito nela me cobrindo. — Quando sair não faça barulho! Me cubro e fecho os olhos. Ouço barulho de algo caindo, abro os olhos rápido e ele está só de cueca, sem blusa e sem tênis, fico em choque observando aquele corpo, mas volto a mim. — O que você está fazendo? Se vista e qual parte de “não fazer barulho” você não entendeu? Digo afoita e assustada. — Ops, foi sem querer
Sheik... — Você vai aonde? Tom tom me tonteia. — Te interessa? Respondo escolhendo a blusa que vou usar pra ir ao pagode mais tarde. — Claro que interessa! Ou você esqueceu que é casado? — Somos? Tô sabendo disso não, pelo que sei não assinei documentos algum. Digo escolhendo uma blusa branca da Hurley. — Juntado de fé, casado é! Esqueceu sheik? — Antonella, vai caçar o que fazer vai! Ignoro o que ela fala e já vou escolher um boné. — Ok sheik, não quer dizer aonde vai, não diga! Estou indo no pagode! Aí fodeu tudo, era pro pagode que eu ia levar a Ju. No dia que resgatei ela senti uma parada estranhona, maior vontade de protegê-la, me senti até um boiola emocionado. No dia que ela foi embora minha vontade mesmo era de segura-la ali e eu podia fazer isso, já que ela queria ficar aqui no morro, mas eu estava me sentindo muito estranho ao lado dela, uma parada doida e o melhor era tirar ela do morro, além dela ser só uma adolescente cheia de problemas, eu tinha uma vida m
Não sei que porra de necessidade é essa que tenho de estar perto dela, nunca dormi tão bem na minha vida como dormi essa noite e olha que me mantive o mais longe dela possível. Dou as costas para ela trocar de roupa. Na minha frente, um pouco pro meu lado direito tem um espelho enorme e porra, eu consigo vê perfeitamente o seu corpo quase nu... Ela está de costas pra mim, mas usa uma calcinha rosa minúscula, totalmente encravada naquela bunda arredondada e arrebitada. Ela não usa sutiã e tem vários sinais nas costas... Minha boca saliva e meu pau quer me trair. — Pronto! Ela diz me tirando desse transe louco. — Vamos... Vamos... Digo apresado e já vou andando na frente dela, eu precisava acalmar meu amigão. — Vamos aonde? Ela está atrás de mim perguntando. — Conhecer minha comunidade. Respondo. ... Chego na entrada da minha comunidade, paro o carro e me preparo para descer. — Me aguarda só um minuto. Peço. Vou em direção ao moleques que estão na atividade, cumprimento g