Sheik - O rei de Vigário Geral
Sheik - O rei de Vigário Geral
Por: Mary Aguiar
Capítulo 01

W******p...

— Como você está?

— Hoje não muito bem.

Respondo.

— O que aconteceu desta vez?

— A mesma coisa de sempre!

“Jhu, abre essa porta!

Meu pai grita do outro lado.

— Não enche, pai!

Grito.

" Abre agora ou então vou arrombar!

Reviro os olhos com tédio, mas me levanto e abro a porta."

— Pronto, satisfeito?

Digo e já dou logo as costas a ele, voltando para o meu celular.

— Muito! Mantenha essa porta destrancada, ouviu!

Respiro fundo e resolvo ignorar, fazendo ele resmungar algo que não prestei atenção e sair do meu quarto.

— Ainda seu pai?

— Como sempre! Ele pega no meu pé o tempo todo e eu já estou saturada.

Volto a digitar bufando.

— Falta pouco para você fazer 18 anos e se livrar dessa opressão!

— Não vejo a hora, estou contando os dias.

— Queria te encontrar...

— No momento certo nos encontraremos, mas fala sobre você, como você está?

Mudo de assunto e ele demora a digitar.

Meu nome é... Bom, podem me chamar de Jhu, é assim que todos me chamam, tenho 17 anos e em poucas semanas farei 18, estou louca para esse dia chegar, não que muita coisa vá mudar de uma hora para outra, mas pelo menos poderei ser mais independente e enfim sair desta casa...

Eu não me dou muito bem com meu pai, vocês já perceberam isso e não tenho muito contato com minha mãe, é uma longa história.

Eu sempre fui uma menina alegre, era cheia de amigos, mas depois que eu descobri quem verdadeiramente era meu pai, tudo mudou. Hoje sou uma menina solitária, não me socializo direito, não tenho amigos... Quer dizer, eu tenho o Marcell, mas não sei se posso considera-lo meu amigo de verdade, já que nunca nos vimos.

Eu conheci Marcell em um site de amizades, eu queria conversar e desabafar e nada melhor do que você fazer isso com um desconhecido, de cara eu e Marcell nos demos super bem e de lá pra cá conversamos todos os dias, já fizemos chamadas de vídeo e até que ele é bonito, mas nada que chame minha atenção, é só amizade mesmo.

Marcell tem 23 anos, mora há 4 horas da minha casa e trabalha em um mercado próximo da sua casa.

Depois da minha conversa com Marcell, eu desliguei meu celular e resolvi descer para comer algo e já dou de cara com meu pai, tento ignora-lo e vou direto para a geladeira.

— Com quem você estava falando?

Ele pergunta sentado na banqueta que fica na cozinha.

— Ninguém!

Me limito a responder.

— Você sabe que posso acessar seu celular a hora que eu quiser neh?

— E você sabe que no dia que fizer isso eu sumo dessa casa neh?

Respondo o encarando séria.

— Que dia vamos sentar e conversar, Ju? Quando irá me perdoar?

Seu olhar é de pesar, mas faz tempo que pouco me importo com ele.

— No dia que minha mãe voltar, quem sabe?!

Respondo colocando o copo que acabei de beber um suco dentro da pia.

— Você sabe que a volta dela não depende de mim, neh? Sabe que depende dela querer!

— É, parece que a realização do seu desejo também só depende dela!

Digo dando as costas a ele e voltando para o meu quarto o mesmo não diz nada.

...

São 7:25 da manhã e eu estou a caminho da escola, sinceramente eu nem queria estar estudando, mas essa é uma das poucas regras que obedeço e não é por causa do meu pai e sim por conta do meu irmão, já que quando ele soube que eu estava matando aula me deu maior sermão e ameaçou não deixar eu ir morar com ele quando eu fizesse dezoito anos, por enquanto meu pai nunca que deixaria, mas quando eu for maior de idade ele não vai mais mandar em mim.

Meu telefone toca e eu já sei quem é, todos os dias ele me liga esse horário, só pra se certificar de que eu estou cumprindo com o acordo.

— Bom dia margarida.

Meu irmão tem a voz animada.

— Bom dia “Briguento”.

Respondo.

Esses apelidos “margarida e briguento” saíram do desenho “os irmãos metralhas”  meu irmão tinha uns amigos e era um trio muito doido e eu acabei colocando apelidos neles, esse era o do meu irmão, enfim.

— Já chegou na escola?

— Em cinco minutos chego.

— Aperta o passo se não chega atrasada!

Ele chama minha atenção.

— Ei! Você não me manda.

Digo meia brava.

— Olha a malcriação, hein!

Ele me repreende e acabamos rindo.

Minha relação com meu irmão era boa, na verdade ele era um dos poucos que eu considerava minha família.

— Tô entrando na escola, satisfeito?

— Agora sim! Mas antes de você desligar queria te convidar para almoçar comigo amanhã.

Eu amava esses nossos encontros, mas sempre tinha que ser escondido do meu pai, eles não se davam e olha que meu irmão não sabia da missa a metade.

— Claro, você me busca na escola?

— Busco sim, então até amanhã margarida!

— Até briguento.

Nos despedimos e eu entro na sala de aula.

Eu cursava o terceiro ano do ensino  médio e pela minha idade já era para eu ter terminado, mas com minha família desmantelada eu acabei perdendo o ano passado.

As aulas foram entediantes como sempre, dormi mais do que ouvi o que os professores falaram, mas consegui chegar até o último tempo, amém!

Saio da escola e volto caminhando para casa, mais 10 minutos nesse sol de rachar do Rio de janeiro, antes era meu pai que me trazia, mas resolvi cortar o máximo de contato com ele.

Estou há dois quarteirões da minha casa quando meu sangue gela, o que ele fazia aqui?

Eu paro de caminhar de repente, ele estava parado no meio da calçada e tinha um buquê de rosas vermelhas na mão e um sorriso no rosto, forcei minhas pernas a ir até ele.

— Você é louco? O que faz aqui e como me achou?

Eu estava literalmente em choque.

— Ontem você não estava legal e eu resolvi vir te vê!

Ele me entrega o buquê.

Marcell era mais bonito pessoalmente, mas mesmo eu já o conhecendo a um ano, eu não me senti a vontade, pelo menos não como eu me sentia por de traz de uma tela.

— Eu disse que estava bem e como assim veio me vê? São mais de quatro horas de viagem e eu nem vou poder te dá atenção, você sabe como meu pai é controlador.

Digo ainda trêmula.

— Eu não vou demorar, agora eu sei que você está bem... Quer entrar?

Ele aponta para o burg king que estava a nossa frente.

Entramos e fizemos nossos pedidos, eu travei, não conseguia iniciar uma conversa com ele.

— O que foi? Você está estranha, não gostou de me vê?

Ele questiona meu silêncio.

— É que... Eu... Nossa, você fez uma viagem tão longa só para me vê por 30/40 minutos e como me achou?

— Já te disse, senti você pra baixo ontem e fiquei preocupado.

— Sei!

É só o que digo e começo a comer meu lanche.

Tinha uns 20 minutos que estávamos ali e o silêncio reinava ainda, meu celular começou a tocar e na tela apareceu o nome do meu pai.

— Droga, preciso ir!

Digo me levantando apressada.

— Dá uma desculpa a ele, fica só mais um pouco, a gente nem conversou direito.

— Sabe que não posso neh Marcell... Sabe como todo poderoso é!

— Okay, então deixa eu te dar um carona?

Já estamos fora do estabelecimento e fiquei pensando se eu aceitava ou não. Normalmente eu não aceitava carona de estranho, mas ele não era um estranho, neh?

Eu me questionava, mas resolvo aceitar.

Falei o endereço do meu condomínio para ele e seguimos o caminho conversando o básico, mas em nenhum momento ele me respondia a principal pergunta: “Como ele  me achou?

Estranho quando ele passa da entrada do meu condomínio.

— Ei, tu passou! Questiono mostrando o celular dele que tinha meu endereço marcado.

— Você não vai ficar mais um minuto aturando seu pai, você vai morar comigo!

Ouvir Marcell falar aquilo me bateu um desespero.

— Como... Como assim?

Já estou gaguejando.

— É isso princesa, eu tô assinando sua carta de alforria.

Ele diz calmo e simples.

— Marcell para o carro! Não vou pra casa de ninguém, eu vou pra minha casa!

Ordeno, mas com a voz falha.

— Sem chance, princesa! Com o tempo você vai me agradecer.

Ele diz calmo e ignorando meus pedidos.

— Vai parar não? Então tah!

Pego meu celular da mochila e quando me preparo para ligar pro meu pai ele arranca o celular com tudo da minha mão e j**a pela janela do carro.

Agora eu estou assustada de verdade...

— Acabou o amor, Ju! Eu tentei ser gentil, te criar menos traumas, mas você não coopera!

Marcell levanta de leve sua blusa e me mostra sua arma que está em sua cintura, ele nem se dá o trabalho de me olhar, sua atenção está na estrada.

— Eu não quero ir Marcell, isso é sequestro...

Começo a chorar.

Ele não diz nada, só dirige.

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