Sequestrada pelo Alfa
Sequestrada pelo Alfa
Por: J.P Andrade
Capítulo 1

Orfanato Delister

POV JANE

Eu respirei fundo, enquanto a senhora Calister nos colocava em filas muito bem-organizadas na sala principal. A Luna da alcateia Delister estava chegando para visitar o orfanato e deveríamos estar todas apresentáveis.

De repente, a senhora Calister olhou para mim, então eu soube que ela me bateria.

— Mas o que significa isso Jane? — ela apontou para as pequenas manchas de café na barra da minha saia, eu olhei imediatamente para Hayley que sorria maldosamente.

— Senhora Calister... — tentei explicar, mas ela desferiu um tapa contra o meu rosto tão forte que eu caí para trás.

Arregalei os olhos quando vi um dente meu no tapete.

— A Luna Clarisse está vindo para cá ver como eu estou administrando o orfanato e você mancha sua melhor roupa! Ah, sua órfã imunda!

Hayley havia jogado seu café na minha roupa de propósito, mas a senhora Calister não se importava com isso.

Ela me puxou pelos cabelos e me arrastou para fora da sala, me empurrando em direção as escadas.

Cai sentada no primeiro degrau, o sangue em minha cabeça fervendo enquanto a dor no meu rosto e na minha boca sem o meu dente, faziam minhas pernas tremerem. A senhora Calister era uma loba muito forte e cruel.

— Vá para o quarto e fique lá, direi que está doente. Sua idiota.

Ela fez uma careta de desprezo e saiu.

Cuspi o sangue em minha boca e meus olhos começaram a arder, odiei o nó que se formou em minha garganta, o formigamento em meu nariz enquanto eu tentava desesperadamente não chorar.

Apenas mais um ano nesse orfanato, só mais um ano, então eu faria dezoito anos e receberia o meu lobo e poderia me juntar as forças do rei alfa como uma loba rastreadora.

Em meu pescoço, eu trazia a marca de uma loba rastreadora, um pequeno círculo vermelho. Isso significava que o meu pai havia sido um lobo rastreador, essa habilidade era passada apenas de pai para filho.

Havia muitos lobos rastreadores, mas todos trabalhavam para o rei Alfa na capital, e eu finalmente sairia da cidade Delister.

. . .

Daiane abriu a porta do quarto que compartilhávamos horas depois, enquanto eu olhava pela janela todas as lobas retornando com algo em suas mãos. Sacolas de presentes, penteados novos. Senti uma pontada de inveja, mas fechei a janela.

— Jane, você não vai acreditar em tudo que fizemos hoje! A Luna Clarisse nos levou para sua alcateia, comemos, recebemos alguns presentes, olhe essa trança que uma das lobas fez no meu cabelo! — Daiane mostrou uma trança dupla e longa, que havia ficado perfeito em seu cabelo loiro sujo.

Apenas assenti.

Daiane deve ter percebido meu desanimo, porque se aproximou rapidamente e se sentou ao meu lado.

— Um dos lobos que conheci me chamou para uma festa na clareira... podemos fugir e ir depois da meia-noite.

Fiz uma careta sem qualquer ânimo para uma festa ou para fugir no meio da noite.

— Vamos Jane, assim você irá se divertir, o que Calister fez hoje foi injusto. Aquela cobra da Hayley fez aquilo porque sabe que você iria conquistar o coração da Luna.

Eu duvidava muito que Hayley pensasse assim, afinal, ela sabia que mesmo que não tivesse pais, eles haviam morrido no massacre da alcateia Lua de Prata, feito pelo terrível lobo Sombrio.

Já eu, havia sido abandonada na porta do orfanato.

Ela trazia uma marca no pescoço que dizia que ela seria uma loba destinada a um Alfa, que seria uma Luna. E eu, com sorte, ficaria arriscando a vida nas estradas seguindo o cheiro de lobos que haviam cometido crimes contra nosso rei Alfa.

Mas eu sabia que Daiane queria me animar e não pude resistir aos seus olhos esperançosos.

— Está bem, vamos escapar durante a noite.

. . .

Já se passavam da meia-noite quando caminhando pela trilha em direção a clareira onde teria a festa com os lobos amigos de Daiane.

— Tem certeza de que você sabe o caminho? Está tão escuro aqui... — falei, olhando ao redor. Não parecia estar havendo festa em lugar algum, estava tão silencioso.

— É claro que sei. Dany me mostrou o caminho que deveria seguir.

Logo chegamos à clareira, mas não havia festa alguma. Eu não considero três machos ao redor de uma fogueira uma festa.

Assim que vi isso, senti um pressentimento ruim e segurei o braço de Daiane antes que eles nos vissem.

— Vamos embora! isso está estranho.

Daiane puxou seu braço da minha mão e me olhou como se eu fosse uma tonta e neurótica, para meu desgosto, ela se virou para os machos e acenou, gritando:

— Dany! Dany!

Dany era o mais alto do grupo, com cabelos claros e rosto quadrado, assim que nos viu, seus amigos se levantaram e sorriram acenando, mesmo assim, eu não pensei que eles pareciam amigáveis.

Daiane correu em sua direção e o macho a pegou no colo, a beijando profundamente.

Fiquei sem reação, nunca a vira beijar ninguém.

Pensei em voltar quando meu olhar se cruzou com os dos outros machos que pareciam me encarar em expectativa, mas como eu poderia deixá-la sozinha no meio de todos aqueles machos?

Eu deveria ter ido embora...

Segui em direção a clareira e todos nos cumprimentamos, enquanto Daiane se sentou ao lado de Dany.

Fiquei entre dois machos e se chamavam Caio e Paul.

— Acreditei que haveria mais pessoas aqui, já que é uma festa. — falei, meu olhar se estreitando para Dany.

Dany sorriu de um jeito que não gostei e respondeu:

— Se há um macho e uma fêmea, é uma festa. — respondeu zombando.

Senti arrepios no pescoço e foi nesse momento que Caio colocou uma mão na minha perna.

Bati em sua mão no mesmo instante e ele gargalhou como se estivesse se divertindo.

— Veja Dany como ela é brava! — zombou Caio.

Me levantei e olhei para Daiane.

— Vamos, já está tarde.

Daiane parecia desconfortável com o que Caio fez comigo e se levantou, Dany a puxou com toda a força a obrigando a se sentar ao meu lado.

Avancei para resgatá-la, mas senti mãos grandes me puxarem pela cintura e me deparei com Caio me jogando para trás, para cima de Paul, que para meu horror, rasgou minha blusa, enquanto os machos explodiam em gargalhadas sinistras.

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