POV MARIUSQuando fechei a porta, ainda podia sentir o cheiro de sangue que vinha do quarto, que vinha da fêmea...Fechei os olhos tentando controlar o terror que senti pelos segundos que acreditei que ela estava ferida, e que aquilo de alguma forma era minha culpa. Eu a havia sequestrado, e por causa disso ela quase morreu caindo daquele barranco, mas em três anos ela era a minha melhor chance de encontrar Alissa...Respirei fundo, minha mente mergulhando no momento que sua expressão pareceu ficar surpresa com o que eu disse. “Eu não tinha permissão de ficar perto de ninguém” porque afinal eu havia compartilhado isso?As palavras haviam saído mais rápido do que eu poderia prever.Minha mente mergulhou nas lembranças do passado, me levando como se eu não pesasse nada, e de repente, eu estava de volta naquele inverno aos sete anos de idade, diante de toda a alcateia Lua de prata. Diante do Alfa e de sua Luna.Minhas pernas tremiam e eu podia ver os olhos de todos os machos e as fêmeas
POV JANE Seus braços ao meu redor eram fortes, musculosos e quentes.Não percebi que meus joelhos estavam cedendo a dor até que ele estivesse praticamente apoiando todo o meu peso com seus braços ao meu redor.Eu daria tudo para um analgésico naquele momento...Marius me olhava assustado e eu fique curiosa sobre como ele poderia ser tão inexperiente com essas coisas, mesmo sendo um macho, ele não deveria parecer tão assustado.— Você está tremendo, isso é muito sério? — ele perguntou, visivelmente preocupado.Ele me olhava com seriedade esperando uma resposta, respirei fundo e me apoiei mais em seu corpo forte e musculoso, enquanto seu rosto estava muito próximo do meu.De repente, Marius olhou para os meus lábios, mas durou apenas um segundo e isso fez com que eu me lembrasse de seu olhar na noite passada, de como havia se demorado em desviar seu olhar.Olhos selvagens, famintos.Engoli em seco, tentando afastar esses pensamentos.Pensamentos como esse não deviam ser permitidos para
Rolei de um lado para o outro na cama, enquanto não conseguia dormir.Não por causa dos desconfortos do meu período, mas porque não saía da minha cabeça sobre o que Marius dissera sobre a loba que desejava encontrar. “Alissa é uma loba especial para mim.” Ele havia dito isso com tanta confiança e tristeza ao mesmo tempo.Minha mente não conseguia parar de criar diversas explicações e cenários para isso, sobre quem ela era, onde estava, o que exatamente eles significavam um para o outro?Eu havia ficado pensando nisso a noite toda e eu já podia ver a luz fraca do sol entrando pelas frestas da janela.Eram companheiros? Não, se fossem, todos saberiam e uma coisa que eu tinha certeza era que lobos negros não tinham companheiras destinadas. A alcateia Garras sombrias, quando essa existia, tomava fêmeas a força. E eu me lembrava de Marius Blaine, ou melhor, do que diziam sobre quem ele era.Um lobo negro que surgiu na Alcateia Lua de prata, e pela generosidade do Alfa Ikenon e sua Luna,
Os olhos de Marius estavam mais escuros e desesperados por respostas e eu não entendia bem o que ele queria que eu dissesse.Ele havia me perguntado porque eu não pensava em mata-lo? E porque eu não tenho medo dele?Como eu poderia responder a isso, mas quando parei um segundo para pensar nisso, percebi que ele estava certo.Eu não tinha medo dele, mesmo sabendo do seu passado, mesmo sabendo do que ele fez, porque talvez no fundo, eu não conseguia ver o assassino que todos diziam que ele era. Como ele poderia ser aquele lobo sanguinário que vinha de uma alcateia de lobos que haviam cometido tantos crimes horríveis? Como poderia ser?Seus olhos não eram de um macho que desejava sangue, era o que o meu coração dizia.— Se quisesse me fazer mal, já teria feito...— Não foi isso que perguntei. Perguntei porque você não pensa em me matar. — ele me interrompeu e vi como aquilo parecia importante para ele.— Você não sabe o que eu penso, Marius.Marius avançou, suas mãos segurando meu rosto
Todo o meu corpo estremeceu quando ele me girou de encontro a uma arvore, seus olhos estavam vermelhos intensos, enquanto sua expressão estava repleta de luxúria e desejo. Eu reconheci aquela impressão imediatamente.Ele me segurava agora pelo pescoço, de encontro a arvore, enquanto eu não conseguia nem sequer me mexer. Estava completamente dominada por ele.Marius tocava o meu pescoço com a ponta de suas garras, enquanto seu corpo começou a me pressionar contra a parede, naquele instante, senti sua excitação me pressionando, e arregalei os olhos.O que ele estava fazendo?Seu corpo era sólido como pedra, seus músculos alinhados e uma verdadeira visão, no entanto, eu tremi quando seus lábios tocaram os meus.— Marius... O que está fazendo? — arfei contra sua boca.Meu coração batia como um louco, enquanto tudo que eu pensava era que meu corpo estava correspondendo a ele, como isso poderia ser possível?De repente, tão abruptamente quanto ele me encurralou contra a arvore, ele me solto
Eu estava em pedaços.Não era mais eu mesma, enquanto tremia de modo incontrolável nos braços de Marius, e enquanto nem sequer conseguia controlar minhas próprias lágrimas, que insistiam em descer.Tudo que eu havia aguentado ao longo dos anos, todos os maus-tratos, todas as surras de Calister, isso tudo deveria ter me fortalecido.Deveria ter me preparado para o que aconteceu na clareira, mas não me preparou, porque eu estava aqui, tremendo e chorando nos braços do macho que todos chamavam de assassino.Marius me puxou ainda mais para os seus braços, enquanto eu me encolhia, tentando esquecer das sensações angustiantes do pesadelo, tentando esquecer do corpo pesado pressionado ao meu, das mãos em meu corpo...Não sei por quanto tempo ele me segurou, enquanto eu chorava até soluçar, até que enfim, minhas lágrimas secaram e meu choro se tornou baixo, até o quarto mergulhar novamente no silencio da noite.Lentamente, limpei o rosto com as costas das mãos e me afastei do macho, tomando o
POV MARIUSEla havia enlouquecido?Jane tinha olhos amendoados e escuros, seus cabelos eram enrolados e seu rosto pequeno, ela era em si muito pequena, mesmo assim, seu queixo estava erguido e seu corpo firme. Ela não parecia estar com medo, ao contrário disso, o desafio cintilava em seus olhos, me chamando.Como, pela deusa, ela poderia me desafiar dessa forma?Seu dedo era magro, pequeno e frágil, seria como quebrar um pedaço de graveto, fácil, rápido e prazeroso, considerando que ela estava me desafiando a fazer isso.Exceto, que eu não tinha coragem de machucá-la, mas deveria. Ninguém poderia gritar comigo daquela forma, ou me confrontar batendo com o dedo em meu peito como ela havia feito.— Acha que eu não faria? — perguntei, nossos rostos a centímetros um do outro agora.Eu conseguia ver que agora, ela estava em um conflito interno, talvez tivesse falado aquilo por impulso, se fosse isso, eu poderia facilmente perdoar.Contudo, Jane mordeu o lábio levemente e não desviou seu ol
POV MARIUSCaminhei até a porta e a fechei, percebendo que estava molhando todo o chão, tirei a bermuda e me vesti rapidamente.A expressão zangada de Jane, seu grito de dor ainda ecoando em minha mente.O fato dela ter dito que pessoas normais se preocupavam, assumindo que havia ficado preocupada comigo, me fazia querer pedir desculpas ela pelo dedo, mas não tive coragem de ir atrás dela. Senti que se tentasse, ela me expulsaria de onde estivesse, mesmo eu tendo o dobro do seu tamanho e peso.Suspirei e abri a janela, a chuva havia diminuído consideravelmente, mas imaginei-a sozinha na cabana durante os dias que estive fora. Com a toda a tempestade e sem ter ideia de onde eu estava. Achei que minha presença a incomodava, ou que não fazia diferença, já que Jane sempre deixava claro que eu a havia sequestrado.Eu podia não ter tanta experiencia com as pessoas, mas o que eu conhecia bem era o sabor da rejeição.Fui até a cama e me deitei, olhando para o teto, minha mente viajando para h