Capítulo 6

Meus olhos já estavam mais acostumados com a escuridão, ainda assim, estava cada vez mais difícil de continuar e eu não conseguia me lembrar qual era a trilha que ele havia usado. Eu estava quase inconsciente e de cabeça para baixo, sendo carregada por ele a força.

A chuva caía ao meu redor de modo torrencial, uma tempestade retumbava acima, o som dos trovões cada vez mais alto, enquanto eu corria pela mata.

— Merda, como vou encontrar o caminho de volta? — murmurei para mim mesma.

Parei perto de uma arvore, me apoiando temporiamente, enquanto respirava, minhas roupas estavam ensopadas e eu começava a sentir o frio cortante. Minhas mãos estavam geladas e eu abracei a mim mesma, olhando ao redor e tentando saber para onde deveria ir.

Ele conseguiria me achar? Devia ser difícil seguir o meu cheiro através dessa chuva, então eu estava em vantagem, isso se eu não estivesse perdida.

Passei as mãos no rosto, tentando tirar o excesso de água, que nublava minha visão, assim que avancei, pisei em um terreno fundo, antes que eu percebesse onde estava, desci rolando pelo barranco enquanto gritava desesperadamente.

Continuei caindo, enquanto sentia meu corpo sendo arranhado e perfurado por pedras afiadas e galhos pontudo, até que senti uma mão segurar a minha.

Olhei para cima, para Marius que estava se segurando em uma pedra com uma mão e a outra estava me segurando.

— Vamos morrer! Vamos morrer! — gritei, porque aquilo era uma queda grande demais e eu nem sequer conseguia ver o chão.

— Não vamos, fique parada! — ele rosnou, e vi como estava sendo difícil se segurar na pedra.

A chuva ainda caia ao nosso redor, tornando tudo mais difícil, mas lentamente, Marius conseguiu nos puxar cima e caí contra a lama, procurando respirar corretamente.

Meu coração batia descompassado, enquanto minha mente parecia estar desacelerando, sem acreditar que havia conseguido subir. Não conseguia sentir os cortes que certamente teriam em meu corpo, só conseguia pensar que estava viva.

Olhei para cima, para Marius que estava em pé, seus cabelos molhados e grudados na testa, seu peito subia e descia enquanto respirava forte, suas mãos com arranhões, com certeza por causa do momento que ele teve que descer por parte do barranco para me ajudar.

Sua expressão era impassível e por causa disso eu levantei.

— Marius, obrigada, você salvou a...

— Só salvei você porque preciso encontrar uma pessoa. Não tem nada a ver com você. — ele me interrompeu, gritando por cima da chuva.

Eu cogitei empurrá-lo barranco abaixo, mas ele havia salvado minha vida mesmo que não se importasse com isso.

Marius me segurou pelo braço, me arrastando de volta para a casa enquanto a chuva caía sobre nós, eu não lutei contra ele, cansada demais para brigar.

Com frio demais para recusar voltar para o calor da cabana, por essa razão, deixei que Marius segurasse meu braço e me arrastasse.

Sua mão estava quente, seu aperto era forte e ele caminhava determinado.

Quando finalmente chegamos na cabana, respirei aliviada já pensando no calor interior, mas para a minha surpresa, o macho se virou e me encarou.

— Por que você não tem medo de mim? — ele gritou por cima da chuva.

O que?

— Vamos entrar.

Marius se aproximou, seus olhos mais escuros, seus cabelos grudados na testa, enquanto ele perguntava entre os dentes:

— Não tem medo do que eu posso fazer com você agora por me desobedecer daquela forma?

Eu o encarei, sentindo minha energia ser renovada ao ser confrontada daquela forma.

— Você acha mesmo que eu concordaria em ficar aqui com você durante um ano, esperando que após eu encontrar a pessoa que deseja, você me liberte? — gritei de volta.

Marius avançou abruptamente, segurando meu rosto pelo meu queixo e o apertando com força.

— O que eu acho, é que você acredita que por eu deixar claro que não vou te matar, pode falar assim comigo e até me enganar, mas está terrivelmente enganada.

Eu havia sentido medo de Marius desde o segundo que ele apareceu e despedaçou os machos com facilidade, mas ele ter dito que precisava de mim viva mudou as coisas.

Me fez planejar com mais facilidade momentos oportunos para fugir.

A chuva ainda estava intensa ao nosso redor e Marius me arrastou até a casa, nós dois molhando todo o chão de madeira.

Ele segurava firme o meu braço, mesmo que eu não pretendesse fugir, o macho me arrastou para o quarto onde eu ficava trancada e me empurrou para dentro.

Observei encolhida em um canto enquanto ele tirava todos os cobertores e panos do quarto.

Olhei Marius fazer isso incrédula.

Eu estava ensopada, tremendo de frio e ele estava levando cobertores e panos essenciais para mim!

Maldito, diabólico e cruel.

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