Eu devo ter desmaiado com o choque da situação, ou de exaustão por ficar tanto tempo de cabeça para baixo, porque quando acordei estava sendo colocada em um sofá macio e cheiroso. Que cheiro era aquele? Tão masculino...
Espera, onde eu estava?
Tudo retornou em uma avalanche para a minha mente, Paul em cima de mim, sua ereção me pressionando... o sangue depois.
Aquele sorriso sarcástico. Os olhos ameaçadores e confiantes.
Abri os olhos bem a tempo de ver o macho colocando um coberto sobre a minha saia, que estava levantada!
Nossos olhos se encontraram por alguns segundos e minha primeira reação foi chutar seu rosto com toda a minha força, o macho caiu para trás do sofá parecendo bem surpreso e eu pulei do sofá, pegando a primeira coisa que vi, um livro bem pesado. Eu o jogaria nele assim como fiz com a pedra.
— Seu tarado desprezível! Não serei sua escrava sexual! Se tentar me tocar novamente, vai se arrepender! — ameacei.
O lobo se levantou e limpou o nariz, que estava sangrando. Notei também que ele estava vestido agora, com uma calça jeans desgastada, e uma camiseta azul escura igualmente desgastadas.
Ele me olhou com um olhar frio e silencioso, segundos depois repetiu parecendo incrédulo:
— Escrava sexual? É isso que você pensou?
— Para o que mais teria me arrastado até aqui? — falei, minha voz tremula.
Ele respirou fundo e me encarou, da ponta dos pés até o alto da minha cabeça com uma expressão avaliadora que me fez me encolher.
— Não se tenha em tão alta estima, fêmea, você não preenche os requisitos para uma escrava sexual minha.
— Há! E quais seriam eles? — eu não tenho ideia do porque eu perguntei, mas me pareceu importante na hora.
Ele novamente me olhou com aquela expressão presunçosa e avaliadora, mas dessa vez eu estufei o peito e ele pareceu notar, mesmo que por um segundo.
— O primeiro deles é ser bonita. — ele disse e simplesmente virou as costas, indo embora para um outro cômodo.
— O que? Você acabou de me chamar de feia? — gritei, e o macho parou, se virando lentamente.
— Isso é importante?
— Mas é claro, primeiro, porque você está errado! Eu não sou feia e preencho todos os requisitos para uma escrava sexual! — Pela deusa o que eu estava dizendo?
Marius me olhou parecendo visivelmente confuso, até que perguntou:
— Por que parece que está se candidatando? — questionou e eu vi como aquilo o confundiu.
Engoli em seco, como eu era burra.
— Eu não estou, só quis dizer que não deve sair por aí chamando as pessoas de feias. — falei rápido demais.
O macho cruzou os braços e inclinou a cabeça par o lado, como se estivesse pensando sobre o que eu disse, então, se virou e entrou em um outro cômodo.
Rapidamente eu olhei ao redor, estava em uma cabana relativamente grande, era bem cuidada, com um sofá grande escuro, uma área onde supus que ele cozinhasse, mas não vi nenhum fogão ou sinal de eletricidade. Havia velas e uma lamparina em um canto, armários de madeira, e a porta.
Sim, a porta. Ah que eu sabia que era minha saída.
Corri em sua direção, no mesmo instante que a porta por onde Marius havia desaparecido segundos antes, se abriu.
Ele percebeu para onde eu estava indo no mesmo instante, mas não se moveu.
Segurei a maçaneta e girei com força, usei o peso do meu próprio corpo para forçar a porta, mas ela não se moveu. Suspirei, frustrada percebendo que ela estava trancada.
Me virei e olhei para trás, para onde Marius estava.
Ele havia se sentado no braço do sofá, quando nossos olhares se encontraram, ele puxou um cordão do pescoço, de onde pendia a m*****a chave.
Rangi os dentes, com raiva.
— Se não vai me matar, e diz que não serei uma escrava sexual, para que me manter aqui como sua prisioneira? Por que me sequestrou. — desabafei.
— Quantos anos tem, fêmea?
— Meu nome é Jane! — rosnei.
Ele cruzou os braços.
— Só Jane?
— Sou órfã.
Ele assentiu, parecendo ficar pela primeira vez desconfortável.
Marius pigarreou, antes de dizer:
— Sou Marius Blaine.
— Eu sei. — falei sem pensar.
— É claro que sabe. O lobo louco que massacrou sua própria alcateia em um acesso de loucura. — ele disse, sua voz era amarga e eu vi como aquilo parecia aborrece-lo.
— Por que me sequestrou?
Ele suspirou.
— Quantos anos tem?
— O que isso importa, eu quero ir embora! Está claro que não quer me matar, ou já teria feito.
Me virei para a porta e comecei a chutá-la e socá-la, deixando que minha emoções me dominassem.
Nem pensar que eu ficaria como prisioneira de um lobo louco como ele.
— Eu quero sair! Socorro! — gritei desesperadamente.
Logo senti mãos me puxarem pelo cabelo, me levando a força para o sofá, olhei naqueles olhos escuros e vi que ele não estava usando nem um porcento de sua força, me segurando pelo cabelo com apenas uma mão, enquanto a outra, unia minhas duas mãos, pelos pulsos, como algemas.
— Ninguém vai ouvir você aqui. Estamos há muitos quilômetros longe de qualquer estrada ou cidade, e ninguém conhece esse ponto da floresta. Está completamente sozinha aqui comigo, Jane.
Marius me empurrou para o sofá, me obrigando a me sentar, enquanto eu me debatia contra ele.
Ele havia soltado meus cabelos, mas sua mão ainda estava fechada ao redor dos meus pulsos como algemas, eu tentei chutá-la, mas ele colocou uma de suas pernas grande e pesada sobre as minhas, me imobilizando.
— O que está fazendo! Me solte!
— Pare de lutar, sua fêmea louca. Não sabe que eu poderia torcer seu pescoço sem esforço, por acaso não tem medo? — ele rosnou.
Eu tinha, mas estava completamente dominada pela raiva naquele momento.
— O que quer de mim? Por que me sequestrou? — arfei, quase sem folego de tanto tentar escapar de suas garras.
Quando finalmente desisti, foi que percebi como estávamos próximos.
Eu podia sentir o calor irradiando de Marius, seu rosto masculino e seus olhos ameaçadores me encarando.
— Quando você fará dezoito?
— Em um ano. Acabei de fazer dezessete.
Marius suspirou profundamente e afrouxou o aperto em meus pulsos, sua perna ainda em cima das minhas. Após uma longa pausa, enquanto ele me encarava com seus olhos enigmáticos e profundos, ele revelou:
— Ficará comigo até receber o seu lobo.
Eu pisquei, tentando assimilar o que aquele macho estava dizendo.Ele havia dito que eu seria sua refém até receber o meu lobo? Mas isso seria daqui um ano! Meu rosto devia ter empalidecido, porque ele pigarreou e acrescentou:— Se me obedecer e se comportar, não teremos problemas. Essa marca no seu pescoço indica que será uma loba rastreadora e eu preciso encontrar uma pessoa, quando fizer isso, poderá partir sem problemas.Ele dizia tudo aquilo como se fosse um acordo irrecusável, como se estivesse me dizendo que ganhei uma bolsa de estudos ou um concurso, e eu podia ver em seus olhos que ele acreditava que estava me fazendo uma espécie de “favor”.— Não serei sua prisioneira. Encontre quem precisa sozinho. — Foi a primeira coisa que me veio na cabeça e saiu antes mesmo que eu pudesse pensar muito sobre.Ele franziu o cenho, então jogou outra perna em cima de mim, eu tentei me levantar, mas ele colocou uma mão em meu peito para me empurrar para trás, contra o sofá.Ao fazer isso, mi
Meus olhos já estavam mais acostumados com a escuridão, ainda assim, estava cada vez mais difícil de continuar e eu não conseguia me lembrar qual era a trilha que ele havia usado. Eu estava quase inconsciente e de cabeça para baixo, sendo carregada por ele a força.A chuva caía ao meu redor de modo torrencial, uma tempestade retumbava acima, o som dos trovões cada vez mais alto, enquanto eu corria pela mata.— Merda, como vou encontrar o caminho de volta? — murmurei para mim mesma.Parei perto de uma arvore, me apoiando temporiamente, enquanto respirava, minhas roupas estavam ensopadas e eu começava a sentir o frio cortante. Minhas mãos estavam geladas e eu abracei a mim mesma, olhando ao redor e tentando saber para onde deveria ir. Ele conseguiria me achar? Devia ser difícil seguir o meu cheiro através dessa chuva, então eu estava em vantagem, isso se eu não estivesse perdida.Passei as mãos no rosto, tentando tirar o excesso de água, que nublava minha visão, assim que avancei,
Fiquei por um segundo paralisada quando Marius pegou o último cobertor e me ocorreu que aquele quarto já era frio demais, mas agora eu estava molhada e realmente com frio...— Você está tentando me matar! — reclamei e Marius não olhou para trás fechando a porta atrás de si. Ele realmente havia feito isso? Me manter presa molhada em um quarto frio como aquele?Senti meus olhos arderem e rapidamente limpei meu rosto, não deixando que as lágrimas descessem.Eu já devia estar acostumada em ser castigada, eu havia sido castigada e menosprezada desde que me lembro, então porque estava com esse nó na garganta agora?Respirei fundo e comecei a tirar as roupas molhadas, seria melhor ficar nua, logo meu corpo secaria e eu me encolheria no colchão velho.Quando tirei a última peça, me senti imediatamente melhor por não estar mais com as roupas molhadas grudadas em meu corpo.Mesmo assim, meus dentes ainda batiam uns nos outros devido ao frio.Fui para a cama me deitando encolhida como se fosse u
POV MARIUSQuando fechei a porta, ainda podia sentir o cheiro de sangue que vinha do quarto, que vinha da fêmea...Fechei os olhos tentando controlar o terror que senti pelos segundos que acreditei que ela estava ferida, e que aquilo de alguma forma era minha culpa. Eu a havia sequestrado, e por causa disso ela quase morreu caindo daquele barranco, mas em três anos ela era a minha melhor chance de encontrar Alissa...Respirei fundo, minha mente mergulhando no momento que sua expressão pareceu ficar surpresa com o que eu disse. “Eu não tinha permissão de ficar perto de ninguém” porque afinal eu havia compartilhado isso?As palavras haviam saído mais rápido do que eu poderia prever.Minha mente mergulhou nas lembranças do passado, me levando como se eu não pesasse nada, e de repente, eu estava de volta naquele inverno aos sete anos de idade, diante de toda a alcateia Lua de prata. Diante do Alfa e de sua Luna.Minhas pernas tremiam e eu podia ver os olhos de todos os machos e as fêmeas
POV JANE Seus braços ao meu redor eram fortes, musculosos e quentes.Não percebi que meus joelhos estavam cedendo a dor até que ele estivesse praticamente apoiando todo o meu peso com seus braços ao meu redor.Eu daria tudo para um analgésico naquele momento...Marius me olhava assustado e eu fique curiosa sobre como ele poderia ser tão inexperiente com essas coisas, mesmo sendo um macho, ele não deveria parecer tão assustado.— Você está tremendo, isso é muito sério? — ele perguntou, visivelmente preocupado.Ele me olhava com seriedade esperando uma resposta, respirei fundo e me apoiei mais em seu corpo forte e musculoso, enquanto seu rosto estava muito próximo do meu.De repente, Marius olhou para os meus lábios, mas durou apenas um segundo e isso fez com que eu me lembrasse de seu olhar na noite passada, de como havia se demorado em desviar seu olhar.Olhos selvagens, famintos.Engoli em seco, tentando afastar esses pensamentos.Pensamentos como esse não deviam ser permitidos para
Rolei de um lado para o outro na cama, enquanto não conseguia dormir.Não por causa dos desconfortos do meu período, mas porque não saía da minha cabeça sobre o que Marius dissera sobre a loba que desejava encontrar. “Alissa é uma loba especial para mim.” Ele havia dito isso com tanta confiança e tristeza ao mesmo tempo.Minha mente não conseguia parar de criar diversas explicações e cenários para isso, sobre quem ela era, onde estava, o que exatamente eles significavam um para o outro?Eu havia ficado pensando nisso a noite toda e eu já podia ver a luz fraca do sol entrando pelas frestas da janela.Eram companheiros? Não, se fossem, todos saberiam e uma coisa que eu tinha certeza era que lobos negros não tinham companheiras destinadas. A alcateia Garras sombrias, quando essa existia, tomava fêmeas a força. E eu me lembrava de Marius Blaine, ou melhor, do que diziam sobre quem ele era.Um lobo negro que surgiu na Alcateia Lua de prata, e pela generosidade do Alfa Ikenon e sua Luna,
Orfanato DelisterPOV JANEEu respirei fundo, enquanto a senhora Calister nos colocava em filas muito bem-organizadas na sala principal. A Luna da alcateia Delister estava chegando para visitar o orfanato e deveríamos estar todas apresentáveis.De repente, a senhora Calister olhou para mim, então eu soube que ela me bateria.— Mas o que significa isso Jane? — ela apontou para as pequenas manchas de café na barra da minha saia, eu olhei imediatamente para Hayley que sorria maldosamente.— Senhora Calister... — tentei explicar, mas ela desferiu um tapa contra o meu rosto tão forte que eu caí para trás.Arregalei os olhos quando vi um dente meu no tapete.— A Luna Clarisse está vindo para cá ver como eu estou administrando o orfanato e você mancha sua melhor roupa! Ah, sua órfã imunda!Hayley havia jogado seu café na minha roupa de propósito, mas a senhora Calister não se importava com isso.Ela me puxou pelos cabelos e me arrastou para fora da sala, me empurrando em direção as escadas.
Meu sangue gelou enquanto tentava cobrir meus seios com os braços.Olhei para os três machos, me encarando com um olhar de luxuria em seus olhos e engoli em seco, meu coração batia tão forte que parecia que iria explodir.Dany continuava segurando Daiane, que parecia estar horrorizada com o que estava acontecendo.— Dany, me solte. O que estão fazendo? — sua voz estava tremula.Daiane ainda não havia entendido, mas eu sim.— Eu disse, sua órfã imbecil, que haveria uma festa aqui na clareira. E vocês só vão embora quando eu e meus amigos nos cansarmos! — ele rosnou, enquanto segurava o rosto de Daiane com força.A loba já estava chorando e eu senti um ódio terrível, olhei ao redor rapidamente e vi um pedaço de madeira que poderia me servir.Caio foi o primeiro que avançou em minha direção, me abaixei e peguei a madeira, o acertei no rosto com toda a minha força, ele caiu de joelhos por causa de seu olho direito que foi atingido.Nem sequer tive tempo de ficar aliviada com isso, porque