Capítulo 4

Eu devo ter desmaiado com o choque da situação, ou de exaustão por ficar tanto tempo de cabeça para baixo, porque quando acordei estava sendo colocada em um sofá macio e cheiroso. Que cheiro era aquele? Tão masculino...

Espera, onde eu estava?

Tudo retornou em uma avalanche para a minha mente, Paul em cima de mim, sua ereção me pressionando... o sangue depois.

Aquele sorriso sarcástico. Os olhos ameaçadores e confiantes.

Abri os olhos bem a tempo de ver o macho colocando um coberto sobre a minha saia, que estava levantada!

Nossos olhos se encontraram por alguns segundos e minha primeira reação foi chutar seu rosto com toda a minha força, o macho caiu para trás do sofá parecendo bem surpreso e eu pulei do sofá, pegando a primeira coisa que vi, um livro bem pesado. Eu o jogaria nele assim como fiz com a pedra.

— Seu tarado desprezível! Não serei sua escrava sexual! Se tentar me tocar novamente, vai se arrepender! — ameacei.

O lobo se levantou e limpou o nariz, que estava sangrando. Notei também que ele estava vestido agora, com uma calça jeans desgastada, e uma camiseta azul escura igualmente desgastadas.  

Ele me olhou com um olhar frio e silencioso, segundos depois repetiu parecendo incrédulo:

— Escrava sexual? É isso que você pensou?

— Para o que mais teria me arrastado até aqui? — falei, minha voz tremula.

Ele respirou fundo e me encarou, da ponta dos pés até o alto da minha cabeça com uma expressão avaliadora que me fez me encolher.

— Não se tenha em tão alta estima, fêmea, você não preenche os requisitos para uma escrava sexual minha.

— Há! E quais seriam eles? — eu não tenho ideia do porque eu perguntei, mas me pareceu importante na hora.

Ele novamente me olhou com aquela expressão presunçosa e avaliadora, mas dessa vez eu estufei o peito e ele pareceu notar, mesmo que por um segundo.

— O primeiro deles é ser bonita. — ele disse e simplesmente virou as costas, indo embora para um outro cômodo.

— O que? Você acabou de me chamar de feia? — gritei, e o macho parou, se virando lentamente.

— Isso é importante?

— Mas é claro, primeiro, porque você está errado! Eu não sou feia e preencho todos os requisitos para uma escrava sexual! — Pela deusa o que eu estava dizendo?

Marius me olhou parecendo visivelmente confuso, até que perguntou:

— Por que parece que está se candidatando? — questionou e eu vi como aquilo o confundiu.

Engoli em seco, como eu era burra.

— Eu não estou, só quis dizer que não deve sair por aí chamando as pessoas de feias. — falei rápido demais.

O macho cruzou os braços e inclinou a cabeça par o lado, como se estivesse pensando sobre o que eu disse, então, se virou e entrou em um outro cômodo.

Rapidamente eu olhei ao redor, estava em uma cabana relativamente grande, era bem cuidada, com um sofá grande escuro, uma área onde supus que ele cozinhasse, mas não vi nenhum fogão ou sinal de eletricidade. Havia velas e uma lamparina em um canto, armários de madeira, e a porta.

Sim, a porta. Ah que eu sabia que era minha saída.

Corri em sua direção, no mesmo instante que a porta por onde Marius havia desaparecido segundos antes, se abriu.

Ele percebeu para onde eu estava indo no mesmo instante, mas não se moveu.

Segurei a maçaneta e girei com força, usei o peso do meu próprio corpo para forçar a porta, mas ela não se moveu. Suspirei, frustrada percebendo que ela estava trancada.

Me virei e olhei para trás, para onde Marius estava.

Ele havia se sentado no braço do sofá, quando nossos olhares se encontraram, ele puxou um cordão do pescoço, de onde pendia a m*****a chave.

Rangi os dentes, com raiva.

— Se não vai me matar, e diz que não serei uma escrava sexual, para que me manter aqui como sua prisioneira? Por que me sequestrou. — desabafei.

— Quantos anos tem, fêmea?

— Meu nome é Jane! — rosnei.

Ele cruzou os braços.

— Só Jane?

— Sou órfã.

Ele assentiu, parecendo ficar pela primeira vez desconfortável.

Marius pigarreou, antes de dizer:

— Sou Marius Blaine.

— Eu sei. — falei sem pensar.

— É claro que sabe. O lobo louco que massacrou sua própria alcateia em um acesso de loucura. — ele disse, sua voz era amarga e eu vi como aquilo parecia aborrece-lo.

— Por que me sequestrou?

Ele suspirou.

— Quantos anos tem?

— O que isso importa, eu quero ir embora! Está claro que não quer me matar, ou já teria feito.

Me virei para a porta e comecei a chutá-la e socá-la, deixando que minha emoções me dominassem.

Nem pensar que eu ficaria como prisioneira de um lobo louco como ele.

— Eu quero sair! Socorro! — gritei desesperadamente.

Logo senti mãos me puxarem pelo cabelo, me levando a força para o sofá, olhei naqueles olhos escuros e vi que ele não estava usando nem um porcento de sua força, me segurando pelo cabelo com apenas uma mão, enquanto a outra, unia minhas duas mãos, pelos pulsos, como algemas.

— Ninguém vai ouvir você aqui. Estamos há muitos quilômetros longe de qualquer estrada ou cidade, e ninguém conhece esse ponto da floresta. Está completamente sozinha aqui comigo, Jane.

Marius me empurrou para o sofá, me obrigando a me sentar, enquanto eu me debatia contra ele.

Ele havia soltado meus cabelos, mas sua mão ainda estava fechada ao redor dos meus pulsos como algemas, eu tentei chutá-la, mas ele colocou uma de suas pernas grande e pesada sobre as minhas, me imobilizando.

— O que está fazendo! Me solte!

— Pare de lutar, sua fêmea louca. Não sabe que eu poderia torcer seu pescoço sem esforço, por acaso não tem medo? — ele rosnou.

Eu tinha, mas estava completamente dominada pela raiva naquele momento.

— O que quer de mim? Por que me sequestrou? — arfei, quase sem folego de tanto tentar escapar de suas garras.

Quando finalmente desisti, foi que percebi como estávamos próximos.

Eu podia sentir o calor irradiando de Marius, seu rosto masculino e seus olhos ameaçadores me encarando.

— Quando você fará dezoito?

— Em um ano. Acabei de fazer dezessete.

Marius suspirou profundamente e afrouxou o aperto em meus pulsos, sua perna ainda em cima das minhas. Após uma longa pausa, enquanto ele me encarava com seus olhos enigmáticos e profundos, ele revelou:

— Ficará comigo até receber o seu lobo.

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