A floricultura estava a todo vapor. A florista da praça apareceu por lá, a fim de encontrar algumas novas flores.Peguei algumas já embaladas e entreguei a ela. — Quanto custam, moça? — Nada, é apenas um presente. — Muito obrigada. — A florista sorriu e foi embora. — Espera. Ela parou um instante e eu perguntei: Você aceita trabalhar aqui?— Na sua loja? — Claro! E disse que ela poderia fazer seu expediente naquele dia mesmo. Ela me abraçou e eu retribuí. Apresentei a florista, chamada de Helena, às outras floristas chamadas de Maria e Juliana.E assim, voltei ao meu quarto. Na parede, vi um retrato em branco e preto. Eu era uma criança nele, mas as memórias não foram felizes. Devido a tanta miséria e tanta falta de sorte, eu não era uma criança com cor e vida, nem era cheia de imaginação. Só tinha o que havia de ter acontecido, uma vida miserável, sem um amor, sem família e sem um bom futuro. Às vezes, me imagino e suponho que era melhor nem nascera, mas
A cada esquina que se passa um pouco de nós é estacionado e nunca se esvai, nossos sonhos esmagados, nossa vida acaba dando certo, tão certo que pruma pro errado. A vida deveria ser mais gentil, mas ela esmaga a maior parte do tempo. As flores que plantei no dia anterior, que estavam na estufa, foram todas guardadas em um carro. Algumas delas tinham se formado, Maria me perguntou o porquê e respondi: Sei lá, elas nunca falam. Declarei aquele estabelecimento fechado, mas algumas coisas ficaram lá dentro, como o diário da babá da Luciana e a hipoteca da mansão. Que, inexplicavelmente o prédio pegou fogo logo após a minha saída.As rosas nunca diriam tal culpado, mas eu realmente mereceria um lugar que me pertencesse e me acolhesse da forma mais gentil, caso contrário, eu me tornaria o moinho de cada mundo.Por isso, na mesma época, mudei de estado, foi aí que conheci a produtora de cinema, deixei a floricultura e passei a investir no ramo da moda. Eu era boa nisso, boa em fazer
— Você pode me contar a última vez que viu o Jobim? — perguntou a moça com o gravador.— Claro! Ele me convidou para um jantar, por meio de mensagem de texto, enviada de um celular secreto. Mas antes, irei exatamente falar sobre como me sentia.Eu já via o meu coração que era doído em saber que não era compreendido. Via que não era somente eu que me sentia assim, mas havia alguém que eu projetei achando gostar de mim que me vendi ao seu coração.Meu coração já haveria de ser vendido às traças, mas ele não foi muito bem recebido, pois já estava machucado demais. Meu coração foi flechado em cheio no peito e talvez para sempre ali vá morar algo que talvez não aceite, mas sinto, sinto saudade do que nunca tive. Lembro que caminhava sobre as calçadas, o barulho do meu pé arrastado no chão não era imperceptível. As pedras andavam para lá e para cá. Havia um limão que me acompanhava descendo aquela imensa ladeira. Ele foi abandonado pelo vendedor das frutas da feira livre e seguiu sua d
O ator e produtor Jobim, estava próximo àqueles arredores de São Francisco, quando foi surpreendido por uma pergunta: Conhece Diana? — Qual Diana se trata? — Diana Perfídia, outrora Senhorita Pouplain. — Oh, céus! Minha doce Diana... por onde está?— Está mais próxima do que imagina. — Como assim? Precisamos ir até ela! — Tem que ver se ela ainda vai querer te ver, lembre-se que deu um bolo nela quando decidiram formalizar um encontro. — Como sabe disso, mocinha? — Prazer, eu me chamo Catarina Francisco, mas sou mais conhecida como a jovem do gravador. Eu fico catando histórias de pessoas para criar histórias inspiradas em formato de livros digitais. E acho que a história de vocês seria uma boa opção para uma fic.— Catarina, podemos marcar daqui há 15 minutos? Eu preciso fazer um breve xixi, você sabe, a bexiga de um idoso já não é mais a mesma.— Ok. Fico aqui te esperando. E enquanto Jobim ia em direção ao banheiro, Catarina prestava atenção na lanchonete escolhi
A sombra que você projeta, nem sempre é a sua imagem.”Taís pensou em verossimilhança na afirmação de um adulto. E ela sabia que isso era conversa que tinha alguma coisa por trás. No seu último aniversário, pediu de presente um passarinho, bem colorido e totalmente azul.Quando ganhou o passarinho, disse que cuidaria dele, com muito carinho. Ela criou o passarinho dentro de casa, o bichinho estava solto, mas se sentia preso. O passarinho começou a cada dia que se passava, por mais carinho que recebesse, mais acuado ficava. Ele estava triste e muito triste, mal conseguia cantar. A menina percebendo que o passarinho era calado pediu para que ele pudesse cantar. Mas o passarinho não cantava e Taís o achava bastante mudo e até falou a sua mãe. Um certo dia, o passarinho viu a janela aberta, tentou voar, mas de tristeza não conseguia. Taís o viu no chão e colocou em suas mãos, ele estava frio demais. Ela pediu para sua mãe esquentar o forno numa temperatura agradável e fazer um processo
— Prazer, eu me chamo Taís Lopes. E essa é a minha produtora, passarinho azul. Bom, ela se chama assim, pois desde pequena queria ter um dessa cor. Cheguei a ter, mas ele não durou muito. Foi uma das minhas maiores frustrações da vida. — Olá, Taís! Eu conheci sua mãe, a Diana e ela me recomendou conhecer sua produtora. Me chamo Catarina Francisco e sou uma jovem que gosta de escrever fics sobre histórias de amor. — Ah, então você deve ser a mocinha que está gravando depoimentos da minha mãe.— Ela te contou? — Claro. Foi uma das coisas que ela falou a semana inteira. Mas ela nunca me revelou quem seria meu pai, eu tenho uma suspeita, mas ela nunca disse nada. Eu li as cartas, sei que ele se chamava Jobim. Desconfio que seja um ator chamado Jobim Alencar, que trabalhava na mesma produtora que ela, porém, nunca fiz contato. — Bem, acho que suas suspeitas estão certas e posso te dizer que ele está por aqui, pela cidade. — Então, temos que fazer um convite. Ele precisa conhecer
Um mímico olhava para o alto, de um lado e para o outro. De onde vinha aquela sonata? O ar tinha um cheiro de coco típico do clima. As flores convidavam as pessoas para sorrir, algumas folhas se desmanchavam na rajada de vento... De uma lado uma jovem senhora saía de casa, atrasada. Seu nome era Perfídia, mas poderia ser uma Alice vestida de laranja. Não existia um coelho que poderia lhe explicar sobre os minutos, mas as horas, já falavam honestamente que o tempo era precioso demais.Do outro lado, um jovem senhor também saiu atrasado de casa, justo naquele dia, o primeiro dia do reencontro. Ele jamais admitia se atrasar, mas o tempo lhe permitiu para que o destino pudesse unir o que algum dia fez separar. No caminho, a senhora que devido ao atraso não havia tomado café decidiu parar rapidamente e comprar um achocolatado com alguns pães para comer no caminho, mas o máximo que encontrou foi uma sorveteria. Optou assim por levar um sorvete de copo, chamado gelatto, sabor de doce de le
De Taís para a menina com ares reflexivos ainda adolescente. Ela cresceu, ainda tem medo de ser vulnerável, mas é melhor escrever para se disfarçar diante dele. Estou voando agora em modo avião, querido. Não se preocupe. Um dia retornarei. O segundo lugar de um pódio pode ser tudo, mas é o lugar onde estou, do que restou, dos pedaços e das falhas que estou construindo. Estou desembarcando, deixando para trás o que quero esquecer e um sussurro pela lembrança vai me recordar você. Eu persigo o silêncio ou ele me persegue? Observo as fábulas de um realismo mágico na vida real, tipo quando bate a luz do sol na poeira e as partículas cirandam sem uma direção específica. Já perdi algumas conexões das muitas que um dia o destino quisera. Agora mudo a direção, mesmo sem uma tempestade iminente. A espera aqui é saber no que confiar e em quem...Eu estou procurando pelos pousos de prata. À espera do segundo lugar de todos os que dizem não ser nada, embora acredite ser um precipício se