Anos antes...Com o telefone em minhas mãos, ainda não consigo acreditar que Celina está prestes a partir. Uma enorme angústia me toma por completo, mas eu não consigo chorar, porque além disso, também existe raiva dentro de mim. — Querida, vá se despedir. Eles precisam de você agora Maia. Diz meu pai, após bater na porta do meu quarto e entrar. Papai que já estava ciente da situação, sabia que seria algo difícil para mim. Desde que Celina deu à luz, a depressão pós-parto tomou conta dela cada vez mais. Nem mesmo os médicos conseguiram a reanima-la, e já sabiam que sua morte estava por vir, já que não comia, não bebia, e estava desnutrida. — Eu não quero vê-la daquela maneira, esquelética e tão pálida! Eu não quero ter que me despedir do que ela se transformou, papai! Quero somente lembrar de como ela era. — Falei exaltada, em meio as lágrimas que enfim venceram meu orgulho. Naquele momento, papai me abraçou e eu solucei como criança porque naquele instante pude ver na minha tela
São exatamente 10 horas, quando arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo, dando um retoque em minha maquiagem em seguida.Hoje começa uma nova etapa da minha vida, não posso decepcionar minha mãe. Já basta o que houve com Colin, seria muito para ela me ver metida em problemas novamente. Agora com essa nova chance aqui em San Francisco, devo me comportar bem e esquecer os erros do passado. Ainda mais se tratando dos antigos chefes da minha mãe.Os Miller sempre foram gentis, a trataram como da família apesar de ser apenas uma empregada. E por esse motivo, não posso cometer nenhum erro.Parecendo saber do meu nervosismo, meu celular toca com o nome da minha mãe na tela. Esperando alguns segundos, respiro fundo, então aceito a chamada.— Oi, mamãe! — Digo ao atender.— Oi, minha querida! Pelo menos está animada. — Ela responde positiva.— E nervosa também...— Não fique meu amor, eu sei que você vai conseguir.Mamãe sempre foi ótima nisso. Eu não quero passar uma má impressão para a famíl
Quando entro, me deparo com um homem que não consigo visualizar o rosto direito. Sua atenção está toda voltada para seu computador. Fico parada sem jeito, até que pigarreio, para informar minha presença. Me olhando debaixo para cima ele para de teclar, com uma expressão indecifrável em sua face, mas um olhar frio. — Sente-se, Senhorita Silva. Não espere que eu puxe a cadeira para você. Bom começo Maia, bom começo! Travo minha língua segurando minha raiva ao me sentar à sua frente. É mais importante que eu consiga esse emprego do que problemas. Poucos metros um do outro, espero que ele prossiga com a entrevista, mas o mesmo não abre a boca para dizer uma palavra. O que me faz ficar constrangida, já que me encara sem ao menos disfarçar. Talvez seja a minha roupa. Acho que não me arrumei adequadamente. Isso explicaria a forma como me abordou ao entrar. Percebendo que estou envergonhada o suficiente, ele desvia o foco para meu currículo em sua mesa pegando-o em seguida. Ao lê-lo em s
Presa ainda nos fios que me cercam do aspirador, eu me viro para olhá-lo percebendo que está bem próximo de mim... enquanto estende uma de suas mãos em minha direção. Me dando um sorriso deslumbrante... eu me perco enfeitiçada em seus lábios carnudos, que se movimenta, quando sua voz soa suave e rouca ao dizer... — Vem cá, deixa que eu te ajudo. Eu imaginei que isso fosse acontecer, mas não tão cedo. Hesito por alguns segundos, por perceber ironia em sua voz, mas logo aceito sua ajuda pegando em sua mão e assim conseguindo me levantar, soltando meus pés dos fios caídos no chão. No entanto, constrangida demais por ter sido flagrada desse jeito pelo meu chefe, me sinto muito envergonhada para olhá-lo nos olhos e agradecer. Porém é o que eu faço mesmo assim, causando um leve rubor em minhas bochechas. — Obrigada, Senhor Miller. Digo gaguejando, por causa do meu nervosismo que aumenta por ver o quão perto estamos um do outro. Sua mão está sobre a minha causando um arrepio pelo calor q
Ele é tão lindo que se torna impossível não babar por esse carro, tanto que eu fico deslumbrada com o assento de couro ao entrar... Sem falar no acabamento perfeito de cada detalhe. E observando bem, a única coisa simples além de mim dentro dele, é uma pequena casa entalhada em um chaveiro de madeira. Meus dedos a tocam quase como de imediato, sentindo a delicadeza em que foi feita. Eu me pergunto por que Senhor Miller, deixaria um objeto tão singular como esse em seu carro esportivo.... — Não toque nisso. — Kevin diz, me assustando pela maneira em que chega sem fazer barulho, tirando minhas mãos do seu chaveiro enquanto me encara ranzinza. Seus olhos verdes parecem me fuzilar durante o tempo em que seus dedos preenchem meu pulso com firmeza. Entretanto seu jeito enfurecido não me deixa com medo e muito menos me fere, pelo contrário... eu vejo que é ele que está machucado. Se recompondo, Miller me solta e pega suas chaves sussurrando em seguida. — Me desculpe se pareci grosso, é
Marcos que estava sentado, se levanta depois de soltar seu veneno em mim, me encarando de um jeito presunçoso. Eu diria que se ele pudesse me matar... o faria agora, nesse exato momento. — O que está fazendo aqui? Bruno está bem? Eu o pergunto sem fazer questão da forma como me tratou. Apesar de ele me tratar super mal, eu não posso fazer nada contra isso... Marcos está sendo apenas um pai zangado como qualquer outro, reagindo a essa situação rudemente. Eu acho que faria a mesma coisa se tratasse de meu filho. E somente por esse motivo, eu engulo minha raiva e deixo passar o seu tom agressivo. — Eu vim por que está mais caro. Bruno teve uma recaída, e preciso pagar um novo tratamento eficiente de fisioterapia. — Mas... e o dinheiro que eu mando todo mês? Não está cobrindo o plano de saúde? Como se eu tivesse dito algo estúpido, Marcos bufa irritado. — O dinheiro que você manda, não dá nem para tampar o buraco do dente Maia. Eu agradeço a ajuda...mas não é mais o suficiente para
Quando eu abro a porta do meu quarto, dou de cara com Senhor Miller, passando as mãos em seu cabelo, nervosamente após suspirar. — Senhor Miller, está tudo bem? O que houve com sua mãe? Digo ao me aproximar dele lentamente, um pouco tímida. — Eu fui levar o doce que minha mãe havia pedido, e quando cheguei em seu quarto, me surpreendi, sua cama estava vazia. Mamãe, sumiu. Ela nunca fez isso, não sei porque sairia de casa... essa hora da noite. Tenho certeza de que alguém deixou uma brecha para ela fugir, e eu tenho que achar o culpado! Quem foi que deixou o portão aberto?! Ele gritou outra vez, mas nessa... mais rude que a primeira. Seu funcionário que ouvia tudo calado, abaixou sua cabeça, e ficou em silêncio, não ousando responde-lo. Kevin estava muito alterado, como ninguém o respondeu, isso fez com que atiçassem ainda mais sua raiva, tanto que ele caminhou até seu empregado com os olhos negros. Foi então, que eu decidi intervir, me colocando na frente dele e do homem de meia
De volta na mansão Miller... Kevin ainda estava desnorteado com o que acabou de descobrir, tanto ele como eu. — O que vai fazer quanto a isso agora, Senhor Miller? Pergunto ainda próxima a ele em sua mesa, olhando o seu monitor. — Eu preciso de mais provas, embora eu queira muito chamar a polícia, essas imagens estão escuras.... o culpado conseguiria facilmente desviar da acusação. — Eu entendo, mas por precaução... acho que deveria manter seus olhos abertos. A vida de sua mãe corre perigo Senhor. Eu o alerto, preocupada com a doce Senhora que sumiu. Kevin foca sua atenção em mim como se ouvisse uma prece, tornando sua feição meiga em poucos segundos. — Eu gosto de ver como você a trata, diferente de muitas outras empregadas que tentaram ocupar esse cargo. Elas tinham tudo para poder ficar, trabalhavam bem... e não caíam por aí. Ele sorriu com sua última frase, me olhando feito um bobo. Mas logo ficou sério novamente me encarando. — No entanto, eram tão cheias de vaidade... q