São cartas minhas para Kevin, e cartas dele para mim que eu vejo dentro da caixa simples de papelão. Há tantas, que fico deslumbrada lendo uma por uma. E quando me dou conta, já se passaram quase uma hora.— Meu Deus!! Kevin não mentiu, eu realmente estive em sua infância.Quando sussurro para mim mesma, ouço batidas na minha porta e a voz de minha mãe em seguida.— Maia, posso entrar?— Claro, mamãe. Está aberta.Mamãe senta ao meu lado da cama, e sorri ao ver as cartas espalhadas por toda a mesma. Posso ouvir o que ela está pensando antes mesmo de dizer, então eu me pronuncio primeiro.— Sim, eu li todas elas, e... é isso mesmo, mamãe? Por que se sim, eu fiz uma besteira bem grande. — Rio de nervosa.— Leia essa carta, e tome sua própria decisão Maia, se é mesmo uma grande besteira sua briga com Kevin.Pego nas mãos de minha mãe, uma carta rosa, cujo nem precisa que eu leia para saber o que está escrito, pois quando sinto o perfume do papel, na hora aparece um flashback em minhas le
Quando cheguei em casa, mamãe esperava por outro cenário e já arrumava a mesa de jantar. Ela me olhou quando eu parei no meio da sala, feito uma estátua, com lagrimas descendo pelas minhas bochechas ao olhá-la de volta.— Kevin, não é homem para mim mãe, ele é comprometido agora. Ele seguiu sua vida e eu vou seguir a minha também. — Digo de longe.— O que aconteceu meu amor? Como assim ele é comprometido se até ontem.... ele.... me perguntou de você? — Tão surpresa quanto eu, mamãe perguntou, e nesse exato momento, algo nos tira atenção de uma para outra.Pow!! Pow!!... bateram na porta, e logo ouvi a voz de quem era.— Maia, sou eu, por favor deixa eu explicar o que você viu, não é o que você está pensando. — Exclamou Kevin, do lado de fora, continuando a bater freneticamente.Eu encarei minha mãe que já estava indo e a segurei pelo braço.— Não abra essa porta, por favor... ou eu vou ficar com raiva de você por deixa-lo me despedaçar ainda mais. Eu não preciso ouvir da boca dele que
Anos Depois...Kevin cresceu com seu projeto e hoje expande várias ONG'S e clínicas pela Califórnia. James perdeu a eleição e seu sucessor é bem mais fácil de conversar... nota-se que ele realmente quer mudar a situação do seu povo. Eu consegui me formar em dietética e hoje sou uma associada ao projeto do meu Marido... sim eu me tornei uma Miller.— Você continua tão linda como na primeira vez em que te vi. — Kevin disse ao entrar no nosso quarto enquanto eu me arrumava.— E você tão galanteador como antes, Senhor Miller.Ele riu e me abraçou por trás, passando suas mãos em minha barriga que estava enorme. 6 meses de gestação me pareciam 9 meses, eu estava louca para parir.— Tem certeza que não quer ficar em casa meu amor? Você não tem que ir, eu posso cuidar de tudo sozinho nessa compra.Kevin se referia a casa de repouso que já estávamos de olho há um bom tempo. O dono dela está endividado e por alguma razão não quis nos dizer o porquê, de sua falência. Kevin vai expandi-la em uma
Anos antes...Com o telefone em minhas mãos, ainda não consigo acreditar que Celina está prestes a partir. Uma enorme angústia me toma por completo, mas eu não consigo chorar, porque além disso, também existe raiva dentro de mim. — Querida, vá se despedir. Eles precisam de você agora Maia. Diz meu pai, após bater na porta do meu quarto e entrar. Papai que já estava ciente da situação, sabia que seria algo difícil para mim. Desde que Celina deu à luz, a depressão pós-parto tomou conta dela cada vez mais. Nem mesmo os médicos conseguiram a reanima-la, e já sabiam que sua morte estava por vir, já que não comia, não bebia, e estava desnutrida. — Eu não quero vê-la daquela maneira, esquelética e tão pálida! Eu não quero ter que me despedir do que ela se transformou, papai! Quero somente lembrar de como ela era. — Falei exaltada, em meio as lágrimas que enfim venceram meu orgulho. Naquele momento, papai me abraçou e eu solucei como criança porque naquele instante pude ver na minha tela
São exatamente 10 horas, quando arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo, dando um retoque em minha maquiagem em seguida.Hoje começa uma nova etapa da minha vida, não posso decepcionar minha mãe. Já basta o que houve com Colin, seria muito para ela me ver metida em problemas novamente. Agora com essa nova chance aqui em San Francisco, devo me comportar bem e esquecer os erros do passado. Ainda mais se tratando dos antigos chefes da minha mãe.Os Miller sempre foram gentis, a trataram como da família apesar de ser apenas uma empregada. E por esse motivo, não posso cometer nenhum erro.Parecendo saber do meu nervosismo, meu celular toca com o nome da minha mãe na tela. Esperando alguns segundos, respiro fundo, então aceito a chamada.— Oi, mamãe! — Digo ao atender.— Oi, minha querida! Pelo menos está animada. — Ela responde positiva.— E nervosa também...— Não fique meu amor, eu sei que você vai conseguir.Mamãe sempre foi ótima nisso. Eu não quero passar uma má impressão para a famíl
Quando entro, me deparo com um homem que não consigo visualizar o rosto direito. Sua atenção está toda voltada para seu computador. Fico parada sem jeito, até que pigarreio, para informar minha presença. Me olhando debaixo para cima ele para de teclar, com uma expressão indecifrável em sua face, mas um olhar frio. — Sente-se, Senhorita Silva. Não espere que eu puxe a cadeira para você. Bom começo Maia, bom começo! Travo minha língua segurando minha raiva ao me sentar à sua frente. É mais importante que eu consiga esse emprego do que problemas. Poucos metros um do outro, espero que ele prossiga com a entrevista, mas o mesmo não abre a boca para dizer uma palavra. O que me faz ficar constrangida, já que me encara sem ao menos disfarçar. Talvez seja a minha roupa. Acho que não me arrumei adequadamente. Isso explicaria a forma como me abordou ao entrar. Percebendo que estou envergonhada o suficiente, ele desvia o foco para meu currículo em sua mesa pegando-o em seguida. Ao lê-lo em s
Presa ainda nos fios que me cercam do aspirador, eu me viro para olhá-lo percebendo que está bem próximo de mim... enquanto estende uma de suas mãos em minha direção. Me dando um sorriso deslumbrante... eu me perco enfeitiçada em seus lábios carnudos, que se movimenta, quando sua voz soa suave e rouca ao dizer... — Vem cá, deixa que eu te ajudo. Eu imaginei que isso fosse acontecer, mas não tão cedo. Hesito por alguns segundos, por perceber ironia em sua voz, mas logo aceito sua ajuda pegando em sua mão e assim conseguindo me levantar, soltando meus pés dos fios caídos no chão. No entanto, constrangida demais por ter sido flagrada desse jeito pelo meu chefe, me sinto muito envergonhada para olhá-lo nos olhos e agradecer. Porém é o que eu faço mesmo assim, causando um leve rubor em minhas bochechas. — Obrigada, Senhor Miller. Digo gaguejando, por causa do meu nervosismo que aumenta por ver o quão perto estamos um do outro. Sua mão está sobre a minha causando um arrepio pelo calor q
Ele é tão lindo que se torna impossível não babar por esse carro, tanto que eu fico deslumbrada com o assento de couro ao entrar... Sem falar no acabamento perfeito de cada detalhe. E observando bem, a única coisa simples além de mim dentro dele, é uma pequena casa entalhada em um chaveiro de madeira. Meus dedos a tocam quase como de imediato, sentindo a delicadeza em que foi feita. Eu me pergunto por que Senhor Miller, deixaria um objeto tão singular como esse em seu carro esportivo.... — Não toque nisso. — Kevin diz, me assustando pela maneira em que chega sem fazer barulho, tirando minhas mãos do seu chaveiro enquanto me encara ranzinza. Seus olhos verdes parecem me fuzilar durante o tempo em que seus dedos preenchem meu pulso com firmeza. Entretanto seu jeito enfurecido não me deixa com medo e muito menos me fere, pelo contrário... eu vejo que é ele que está machucado. Se recompondo, Miller me solta e pega suas chaves sussurrando em seguida. — Me desculpe se pareci grosso, é