São exatamente 10 horas, quando arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo, dando um retoque em minha maquiagem em seguida.
Hoje começa uma nova etapa da minha vida, não posso decepcionar minha mãe. Já basta o que houve com Colin, seria muito para ela me ver metida em problemas novamente. Agora com essa nova chance aqui em San Francisco, devo me comportar bem e esquecer os erros do passado. Ainda mais se tratando dos antigos chefes da minha mãe.Os Miller sempre foram gentis, a trataram como da família apesar de ser apenas uma empregada. E por esse motivo, não posso cometer nenhum erro.Parecendo saber do meu nervosismo, meu celular toca com o nome da minha mãe na tela. Esperando alguns segundos, respiro fundo, então aceito a chamada.— Oi, mamãe! — Digo ao atender.— Oi, minha querida! Pelo menos está animada. — Ela responde positiva.— E nervosa também...— Não fique meu amor, eu sei que você vai conseguir.Mamãe sempre foi ótima nisso. Eu não quero passar uma má impressão para a família que tem um grande carinho e respeito por ela. Não quero envergonhá-la.— Maia? Ainda está aí?— Sim, mamãe. Eu... estava calçando meus sapatos.— Não se preocupe meu bem, sei que está aflita. Você só tem que ser você mesma... minha doce Maia.— Eu te amo mamãe. Vou conseguir essa vaga!— Isso ai! Essa é minha garota! Também te amo meu amor. Se cuida.— Beijos. Até mais tarde mamãe.Desligo a ligação ao suspirar pesadamente. Implorando em meus pensamentos que eu tenha uma boa notícia para contar a ela.Como combinado, cheguei às 11 horas na mansão dos Miller. E ao passar pela entrada, logo vejo que eles são bem ricos, julgando pelo tamanho da mansão. Nem vi o resto e já me sinto perdida aqui.— É você que fará a entrevista? Estou vendo que será bem rápido.Ao me virar para ver de quem é a voz que vem atrás de mim, vejo uma bela mulher de cabelos vermelhos, aparentemente de mau-humor.— Por aqui, querida.Sem ao menos me esperar, a mulher passa a caminhar a minha frente de um jeito como se eu fosse um grande fardo.— Que falta de educação. — Resmungo baixo.Eu a sigo até a sala de estar, onde também se encontram mais duas candidatas. De repente uma sensação de medo me atinge. Será que eu fiz a coisa certa em vir? Afinal eu não sei nada de como cuidar de uma casa, que dirá de uma mansão.Mamãe ficou de me ensinar com o tempo, mas minha maior preocupação é que eu seja despedida antes mesmo de aprender. Depois do que aconteceu quando eu morava com papai, não posso me dar ao luxo de escolher outro emprego.Além do mais, seria um milagre se eu conseguisse qualquer um.— Espere aqui, quando for sua vez te chamamos.— Obrigada.Depois de um curto tempo, meu nome enfim é pronunciado. O que eu acho estranho, se tratando de uma entrevista.— Maia Silva.— Sim.— Senhor Miller, a espera em seu escritório.Juntando toda a minha coragem, eu me apresso em me levantar. Arrumo minhas roupas e caminho em direção ao escritório com a mulher de cabelos vermelhos.Ela b**e na porta suavemente e uma voz rouca a responde logo após. Espero no lado de fora até que ela me anuncie.— Senhor Miller, essa é a última candidata para a vaga. Maia Silva.Quando entro, me deparo com um homem que não consigo visualizar o rosto direito. Sua atenção está toda voltada para seu computador. Fico parada sem jeito, até que pigarreio, para informar minha presença. Me olhando debaixo para cima ele para de teclar, com uma expressão indecifrável em sua face, mas um olhar frio. — Sente-se, Senhorita Silva. Não espere que eu puxe a cadeira para você. Bom começo Maia, bom começo! Travo minha língua segurando minha raiva ao me sentar à sua frente. É mais importante que eu consiga esse emprego do que problemas. Poucos metros um do outro, espero que ele prossiga com a entrevista, mas o mesmo não abre a boca para dizer uma palavra. O que me faz ficar constrangida, já que me encara sem ao menos disfarçar. Talvez seja a minha roupa. Acho que não me arrumei adequadamente. Isso explicaria a forma como me abordou ao entrar. Percebendo que estou envergonhada o suficiente, ele desvia o foco para meu currículo em sua mesa pegando-o em seguida. Ao lê-lo em s
Presa ainda nos fios que me cercam do aspirador, eu me viro para olhá-lo percebendo que está bem próximo de mim... enquanto estende uma de suas mãos em minha direção. Me dando um sorriso deslumbrante... eu me perco enfeitiçada em seus lábios carnudos, que se movimenta, quando sua voz soa suave e rouca ao dizer... — Vem cá, deixa que eu te ajudo. Eu imaginei que isso fosse acontecer, mas não tão cedo. Hesito por alguns segundos, por perceber ironia em sua voz, mas logo aceito sua ajuda pegando em sua mão e assim conseguindo me levantar, soltando meus pés dos fios caídos no chão. No entanto, constrangida demais por ter sido flagrada desse jeito pelo meu chefe, me sinto muito envergonhada para olhá-lo nos olhos e agradecer. Porém é o que eu faço mesmo assim, causando um leve rubor em minhas bochechas. — Obrigada, Senhor Miller. Digo gaguejando, por causa do meu nervosismo que aumenta por ver o quão perto estamos um do outro. Sua mão está sobre a minha causando um arrepio pelo calor q
Ele é tão lindo que se torna impossível não babar por esse carro, tanto que eu fico deslumbrada com o assento de couro ao entrar... Sem falar no acabamento perfeito de cada detalhe. E observando bem, a única coisa simples além de mim dentro dele, é uma pequena casa entalhada em um chaveiro de madeira. Meus dedos a tocam quase como de imediato, sentindo a delicadeza em que foi feita. Eu me pergunto por que Senhor Miller, deixaria um objeto tão singular como esse em seu carro esportivo.... — Não toque nisso. — Kevin diz, me assustando pela maneira em que chega sem fazer barulho, tirando minhas mãos do seu chaveiro enquanto me encara ranzinza. Seus olhos verdes parecem me fuzilar durante o tempo em que seus dedos preenchem meu pulso com firmeza. Entretanto seu jeito enfurecido não me deixa com medo e muito menos me fere, pelo contrário... eu vejo que é ele que está machucado. Se recompondo, Miller me solta e pega suas chaves sussurrando em seguida. — Me desculpe se pareci grosso, é
Marcos que estava sentado, se levanta depois de soltar seu veneno em mim, me encarando de um jeito presunçoso. Eu diria que se ele pudesse me matar... o faria agora, nesse exato momento. — O que está fazendo aqui? Bruno está bem? Eu o pergunto sem fazer questão da forma como me tratou. Apesar de ele me tratar super mal, eu não posso fazer nada contra isso... Marcos está sendo apenas um pai zangado como qualquer outro, reagindo a essa situação rudemente. Eu acho que faria a mesma coisa se tratasse de meu filho. E somente por esse motivo, eu engulo minha raiva e deixo passar o seu tom agressivo. — Eu vim por que está mais caro. Bruno teve uma recaída, e preciso pagar um novo tratamento eficiente de fisioterapia. — Mas... e o dinheiro que eu mando todo mês? Não está cobrindo o plano de saúde? Como se eu tivesse dito algo estúpido, Marcos bufa irritado. — O dinheiro que você manda, não dá nem para tampar o buraco do dente Maia. Eu agradeço a ajuda...mas não é mais o suficiente para
Quando eu abro a porta do meu quarto, dou de cara com Senhor Miller, passando as mãos em seu cabelo, nervosamente após suspirar. — Senhor Miller, está tudo bem? O que houve com sua mãe? Digo ao me aproximar dele lentamente, um pouco tímida. — Eu fui levar o doce que minha mãe havia pedido, e quando cheguei em seu quarto, me surpreendi, sua cama estava vazia. Mamãe, sumiu. Ela nunca fez isso, não sei porque sairia de casa... essa hora da noite. Tenho certeza de que alguém deixou uma brecha para ela fugir, e eu tenho que achar o culpado! Quem foi que deixou o portão aberto?! Ele gritou outra vez, mas nessa... mais rude que a primeira. Seu funcionário que ouvia tudo calado, abaixou sua cabeça, e ficou em silêncio, não ousando responde-lo. Kevin estava muito alterado, como ninguém o respondeu, isso fez com que atiçassem ainda mais sua raiva, tanto que ele caminhou até seu empregado com os olhos negros. Foi então, que eu decidi intervir, me colocando na frente dele e do homem de meia
De volta na mansão Miller... Kevin ainda estava desnorteado com o que acabou de descobrir, tanto ele como eu. — O que vai fazer quanto a isso agora, Senhor Miller? Pergunto ainda próxima a ele em sua mesa, olhando o seu monitor. — Eu preciso de mais provas, embora eu queira muito chamar a polícia, essas imagens estão escuras.... o culpado conseguiria facilmente desviar da acusação. — Eu entendo, mas por precaução... acho que deveria manter seus olhos abertos. A vida de sua mãe corre perigo Senhor. Eu o alerto, preocupada com a doce Senhora que sumiu. Kevin foca sua atenção em mim como se ouvisse uma prece, tornando sua feição meiga em poucos segundos. — Eu gosto de ver como você a trata, diferente de muitas outras empregadas que tentaram ocupar esse cargo. Elas tinham tudo para poder ficar, trabalhavam bem... e não caíam por aí. Ele sorriu com sua última frase, me olhando feito um bobo. Mas logo ficou sério novamente me encarando. — No entanto, eram tão cheias de vaidade... q
Kevin ficou conversando com Heitor na sua sala de estar enquanto tomavam whisky. Maia foi se deitar deixando-os a sós. Na sala de estar.... — Eu o agradeço novamente, por ter trago ela. Minha mãe sofre de Alzheimer, e cada dia fica difícil saber lidar com essa doença. — Eu percebi quando ela mencionou os dados de seu casamento, pois já passamos de setembro. Eu tenho pacientes como sua mãe. Sei que é difícil e muitas vezes você daria tudo para que voltasse a se lembrar dos pequenos detalhes da vida. Kevin fica em silêncio ao começar a mexer o seu copo com o dedo, por um instante seus pensamentos o levam a interpretar que não está cuidando de sua mãe, fazendo uma tristeza profunda em seu peito pelo que aconteceu hoje. — Olha, Kevin.... não se martirize pelo que aconteceu. Somos falhos, e os erros fazem parte do crescimento. Digo de coração está fazendo a coisa certa mantendo-a em casa e não em um hospital. Isso é amor. Cuidar de quem cuidou de você antes mesmo do mais singelo suspi
A poucos passos do meu quarto paro abruptamente no corredor, ao lembrar de algo que possa me ajudar a conseguir o dinheiro da fisioterapia de Bruno. Resolvo então ir para o jardim, tirando o telefone do meu bolso ao clicar na foto de minha mãe nos contatos. Assim que piso no gramado, o cheiro das flores ao meu redor invade meu nariz me deixando tranquila. Me sento no banco de madeira, perto de tulipas que aparentam ter florido há pouco tempo. Eu não sei por que, mas este lugar me deixa relaxada, conectada comigo mesma. Depois de olhar ao meu redor, enfim ouço chamar, e logo em seguida, ela atende com sua voz angelical. — Oi meu amor. — Diz ela sorridente do outro lado da linha. — Oi mamãe, como você está? Tudo bem por aí? — Está sim, minha querida. Não se preocupe comigo, mas sim com você. Fez sua refeição no horário certo, Maia? Correndo o risco, eu minto para ela. — Sim, mamãe. Estava uma delícia. — Eu te conheço Maia.... e sei quando está mentindo. Não esqueça de cuidar de s