Capítulo-7

De volta na mansão Miller...

Kevin ainda estava desnorteado com o que acabou de descobrir, tanto ele como eu.

— O que vai fazer quanto a isso agora, Senhor Miller?

Pergunto ainda próxima a ele em sua mesa, olhando o seu monitor.

— Eu preciso de mais provas, embora eu queira muito chamar a polícia, essas imagens estão escuras.... o culpado conseguiria facilmente desviar da acusação.

— Eu entendo, mas por precaução... acho que deveria manter seus olhos abertos. A vida de sua mãe corre perigo Senhor.

Eu o alerto, preocupada com a doce Senhora que sumiu. Kevin foca sua atenção em mim como se ouvisse uma prece, tornando sua feição meiga em poucos segundos.

— Eu gosto de ver como você a trata, diferente de muitas outras empregadas que tentaram ocupar esse cargo. Elas tinham tudo para poder ficar, trabalhavam bem... e não caíam por aí.

Ele sorriu com sua última frase, me olhando feito um bobo. Mas logo ficou sério novamente me encarando.

— No entanto, eram tão cheias de vaidade... que o coração era podre. As pessoas hoje em dia, esquecem do que devem preservar e se iludem com a beleza artificial exterior... Porém não você Maia. Você é tão linda por fora, como é por dentro. E, o jeito que defendeu Jacinto, me fez ter certeza de que escolhi uma boa pessoa para frequentar minha casa.

Miller diz com tanta convicção, que não consigo desviar meu olhar de seus olhos verdes, que brilham como uma esmeralda enquanto tentam me ler.

Eu me pergunto se sou realmente uma pessoa boa, por que no fim... sempre decepciono pessoas e as afasto de mim. É como Marcos disse, eu tento tirar a água do barco com uma peneira, me negando a enxergar a verdade.

— Eu te ofendi com alguma palavra? — Miller perguntou preocupado ainda me observando.

Eu então, despertei de meus pensamentos e me afastei dele, quando notei que estávamos a poucos centímetros do rosto um do outro.

— Não, você não me ofendeu. — Digo fria ao brincar com a manga de meu casaco.

Um longo silêncio se estende pelo escritório, até que Miller decide falar novamente quando se levanta da cadeira.

— Melhor irmos, não podemos perder mais tempo aqui.

— Não seria melhor que outra pessoa fosse no meu lugar?

—Bom, se você notou... outra pessoa está fora de cogitação depois daquele vídeo. Você é a única que eu posso confiar agora. Portanto vou entender se você quiser voltar para seu quarto, deve estar cansada, é seu primeiro dia e já está passando por isso.... me desculpe.

Kevin sorri sem jeito enquanto pega seu casaco no encosto da cadeira e veste. Por alguns segundos eu viajo em seus bíceps que se contraem conforme ele se movimenta até que ouso abrir minha boca para responde-lo.

— Não tem problema, eu posso ir com você.

Miller sorri para mim ao abrir a porta de seu escritório. Logo chegamos na sala de estar, mas antes que possamos ir para a garagem trombamos com alguém no corredor.

Senhora Miller aparece ao lado de Jacinto e um rapaz de aparência cansada que logo fica verde ao ver Kevin e reconhece-lo.

— Mamãe.... onde você esteve? Por que saiu assim mãe?!

Kevin exclamou quando correu para abraça-la, tomando-a em seus braços enquanto beija sua testa.

— Henrique Emanuel furou comigo. — Responde ela fazendo uma cara de brava, que derrete todos.

— Depois conversamos mãe. Por agora... me conte, quem é seu amigo?

Kevin volta sua atenção para o homem que esteve em silêncio até agora. O mesmo levanta suas mãos e o cumprimenta... assim que Esther se pronuncia respondendo à pergunta de seu filho.

— Ele é um amigo de seu pai, disse que o Henrique estava muito nervoso com o nosso noivado.

— Boa noite, meu nome é Heitor Sandles.

— Kevin Miller.

— Sim, eu sei quem você é. — disse Heitor em um sorriso, sabendo que se tratava do mais novo dono da rede de notícias que as pessoas mais leem nos Estados Unidos.... o jornal "Herdeiros" fundado por Henrique Emanuel Miller, que infelizmente morreu há poucos anos.

Kevin o olha fixamente e depois chama seu mordomo com um gesto de mão. Rapidamente Jacinto aparece ao seu lado, por já estar na sala.

— Leve minha mãe para o quarto e traga algo para beber.

— Ah, eu não quero dormir agora. Você está ficando muito chato. — Contestou sua mãe.

— Tem que descansar mãe, sua noite foi agitada. Amanhã conversaremos sobre isso.

A respondendo como se fosse o pai dela, Kevin a beija outra vez em sua testa. Em seguida ela sai do local com Jacinto, segurando em seu braço.

Miller retira sua carteira do seu bolso enquanto eu os observo de longe, sem me intrometer.

— Aqui está, isso deve cobrir o mal inconveniente e o trabalho que teve ao trazê-la.

Esticando suas mãos Kevin tenta entregar dinheiro a Heitor, que fecha a cara na hora por esse gesto.

— Está errado Senhor Miller, eu não quero seu dinheiro. Apenas fiz por que esse é meu trabalho. Cuidar das pessoas. Fico feliz que ela esteja bem agora, se me derem licença... eu tenho que ir.

Heitor diz frio já caminhando em direção ao corredor da entrada.

— Ei, eu conheço essa sigla... você trabalha no hospital UCSF Medical Center?

Eu o pergunto antes que saia de vista. Heitor volta com as mãos no bolso ao se virar para me responder.

— Sim, eu trabalho lá. Sou da equipe da enfermagem.

— Ah, fico feliz em saber... a propósito sou Maia.... eu, o frequentei por um tempo quando uma amiga esteve doente.

— Bom, espero que não tenham que voltar para lá então. Não que seja ruim, apesar de sermos um hospital simples, tratamos nossos pacientes bem. No entanto... é triste conviver com pessoas que poderiam estar fazendo outra coisa, invés de perder a vida em um leito hospitalar.

Eu sorrio fraco de lado ao ouvi-lo, eu sei como ele se sente por experiência própria.

— Não vamos voltar. — Digo a ele escondendo minha dor.

— Eu sinto muito pela maneira que eu interpretei a situação. Você aceita uma bebida como pedido de desculpas Heitor?

Kevin sorri amigavelmente para Heitor ao se aproximar de nós. O mesmo retribui o jeito anfitrião do Senhor Miller, anuindo um sim, por ver o arrependimento dele em seus olhos.

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