Para Júlia, essa era uma oportunidade rara.— Se você se interessar, pode levar para casa e dar uma olhada com calma. Aqui tem todos os dados do experimento. — José colocou um pendrive na frente dela.Júlia levantou os olhos, seus olhos claros mostrando um leve brilho:— Obrigada, vou pensar com carinho.Às 10 horas, já era hora de Júlia voltar para casa.José a acompanhou até a porta.Júlia sorriu:— Eu moro logo em frente, não precisa me acompanhar.No entanto, José notou os dedos dela,onde havia um curativo, e comentou gentilmente:— Curativo não deve ficar muito tempo. Após passar um antisséptico, é melhor deixar a ferida exposto ao ar.Júlia encolheu instintivamente o dedo:— Obrigada. Vou fazer isso.José não insistiu mais, apenas fez um leve aceno de cabeça e então trouxe um pequeno vaso de suculentas cor-de-rosa:— Isso é para você.Júlia piscou surpresa, olhando para a planta com folhas gordinhas, que iam do verde ao rosa, realmente encantadora.Júlia não podia deixar de dizer
Depois de terminar a corrida matinal, Júlia tomou banho. Ao sair do bangeiro, percebeu que uma nova suculenta rosa havia se juntado às várias plantas verdes de formatos diferentes na varanda.Ela deu um leve toque na planta com o dedo, e a sensação macia e delicada lhe trouxe um certo alívio.O celular na mesa vibrou. Ela viu o nome de André Barbosa. Com curiosidade, atendeu o telefone:— Alô? Por que está me ligando a essa hora? Aconteceu algo?— Oi, Júlia, como você está?— Tudo bem. E você?Era a oportunidade perfeita!André se endireitou na cadeira e disse:— Ah, eu… não estou muito bem.Júlia franziu a testa:— O que houve?Ele disse:— Talvez seja o excesso de trabalho e umas bebidas a mais, meu estômago não está legal. Júlia, não sei o que está acontecendo, mas não consigo pensar em outra coisa além da sua sopa caseira… Estou com muita, muita vontade de tomar… Será que você pode fazer para mim?André não podia dizer que era Rafael quem queria a sopa, então estava sendo indireto
Lucas estava sentado no sofá, observando o jeito constrangido de André com um meio sorriso:— Você realmente não precisa se preocupar. Afinal, foi André que mentiu dizendo que queria a sopa, só assim Júlia a preparou. Ela mesma não vai aparecer por aqui.O rosto de Rafael ficou imediatamente sério, lançando um olhar frio para André:— Eu te mandei ir lá? Quem deixou você tomar essa decisão sozinho?André encolheu os ombros e deu uma leve tosse:— Eu só estava preocupado com sua saúde. Esses dias você quase não comeu nada, e se não fosse pela sopa da Júlia, você ainda estaria com fome agora…Rafael continuou com a expressão fria, sem responder.André continuou:— Aliás, eu fui à casa da Júlia hoje. Ela está morando num lugar bem pequeno e velho, sem elevador, e tem que subir sete andares todos dias. Dá para ver que as coisas não estão fáceis.André observou a reação de Rafael.Embora Rafael tivesse dito que ela merecia, não conseguiu esconder um rápido olhar de preocupação.Portanto, pa
Na biblioteca, Júlia estava focada em resolver duas provas, mas ficou presa na última questão.Ela pensou por um instante e se lembrou de ter visto um problema semelhante em algum livro. Levantou-se e foi até a seção de livros, começando a procurar o material e o tipo de problema que precisava.Após alguns minutos, encontrou o que estava procurando. Estava prestes a voltar para sua mesa quando outra obra chamou sua atenção.O título era Recombinação e Fusão de Sequências Genéticas.Júlia se lembrou do que José tinha comentado e pegou o livro instintivamente.Ela folheou as páginas e ficou surpresa ao descobrir que as ideias do livro coincidiam com as suas.Ela ficou cada vez mais envolvida, se esquecendo do tempo.Foi então que o celular em seu bolso vibrou.Uma notificação do WhatsApp apareceu na tela.Patrícia:【Adivinha onde estou?】Júlia achou que era algum tipo de brincadeira, pronta para responder, mas uma ideia passou por sua cabeça: 【Você está na universidade?!】Patrícia:【Bin
Rafael tentou aguentar ouvir por alguns segundos, mas logo desligou o celular e ativou o modo avião para garantir que não seria mais incomodado.Finalmente, com paz.Ao entrar em casa, ele sentiu um alívio imediato e soltou um suspiro pesado. Quando subiu as escadas, sem perceber, acabou indo parar na cozinha.Os utensílios estavam impecavelmente limpos, organizados em fileiras perfeitas.Na mente de Rafael, apareceu uma imagem clara, Júlia se movimentando pela cozinha. Ela costumava fazer uma sopa que levava horas para ficar pronta.Ela sempre preparava uma sopa, deixando os ingredientes de molho na noite anterior e cozinhando lentamente na manhã seguinte até tudo ficar macio.Rafael achava tudo isso um pouco exagerado e sempre sugeria que ela não se preocupasse tanto. Mas, invariavelmente, ao chegar do trabalho no dia seguinte, uma tigela quente e reconfortante de sopa estava à sua espera.Com o tempo, ele parou de insistir e simplesmente passou a gostar da comida e o cuidado que ela
A noite silenciosa foi interrompida por um sussurro que veio do outro lado da linha:— Jú, estou com dor.A voz do homem tremia um pouco.Naquele momento, Júlia sentiu um aperto no coração.Rafael era um homem teimoso e orgulhosa, que sempre insistia em ser forte. Costumava beber até ter uma úlcera ou trabalhar até esquecer de comer, o que não era raro.Naquela época, Júlia fazia de tudo para cuidar dele.Ela prestava atenção em todas as refeições e até aprendeu algumas técnicas de massagem com um terapeuta para melhorar a digestão.Depois de muito esforço e tempo, conseguiu melhorar o estômago dele.Mas tudo o que ela recebeu em troca foi um ‘que incômodo’.E, às vezes, quando ele estava impaciente, franzia a testa e dizia: “Você está parecendo minha mãe.”Essas memórias, quase esquecidas, ressurgiram naquele momento, mas logo a sensação de dor passou.Júlia disse friamente:— Eu não sou médica. Se a dor está forte, vá ao hospital.Ouvindo a voz fria de Júlia, Rafael apertou os dedos
Viviane se sentiu um desconforto e balançou o braço de Rafael:— Amor, o que foi?Rafael voltou a si e acenou com a mão:— Nada. Já estou melhor. Concentre-se nas suas aulas, não precisa mais vir até aqui. Nos próximos dias, estarei muito ocupado com o trabalho da empresa, então não vou ter tempo para ficar com você.Viviane ficou surpresa por um momento, mas logo sorriu e concordou:— Tudo bem, entendi.Ao sair da casa, o sorriso de Viviane lentamente desapareceu, e uma sensação de angústia tomou conta dela. Seus olhos ficaram sombrios.Ela sabia que Rafael estava pensando em algo, algo que não acontecia antes.Após hesitar um pouco, pegou o celular e ligou para Bruno.Dos amigos próximos de Rafael, Bruno era o único com quem ela tinha contato.Quando ele atendeu, ela sorriu:— Alô, Bruno! Tudo bem? Aconteceu algo no hospital esses dias? Acabei de sair da casa do Rafael e ele parecia estar de mau-humor. Será que foi a Júlia que o deixou assim?Do outro lado da linha, Bruno estava no b
Victor realmente fazia jus ao elogio do professor, mesmo não estudando a mesma área com que Júlia , eles encontraram vários pontos em comum durante a conversa. À medida que a conversa avançava, Júlia se sentia cada vez mais à vontade.Ela ainda está se preparando para o exame de mestrado. A maioria do conteúdo já dominou, mas ainda precisaria se aprofundar nas pesquisas mais recentes da sua área, o que exigia muita leitura e tempo, sem ser um processo instantâneo.Nesse aspecto, Victor, como estudante de pós-graduação, tinha mais experiência do que Júlia, que já estava fora da universidade há alguns anos.Rafael observava os dois de longe, vendo como os dois se davam bem, e sentia os punhos se fecharem de raiva.Ela era tão dura com ele, recusando-se a vê-lo, não importando o quanto ele implorasse. Mas para outro homem, ela sorria com tanta facilidade.Júlia preparou uma refeição cheia de pratos variados.Embora Victor soubesse que ela cozinhava bem, ficou surpreso com a quantidade e